quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Crítica - Philomena

Uma história de interesse humano

Philomena (Philomena, ING 2013) é um filme de encantamento único. Dirigido com sobriedade, mas adornado em carinho, por Stephen Frears, o drama inspirado em uma extraordinária história real, emociona ao apostar no talento de Judi Dench que busca rima no cinismo calibrado de Steve Coogan.
Philomena (Dench) foi forçada a renunciar a seu filho pelas freiras que cuidavam dela em uma residência mantida pela igreja católica na Irlanda. Os bebês de mães solteiras eram vendidos, por assim dizer, a abastados americanos que tentavam a adoção.
No aniversário de 50 anos do filho da qual foi separada, Philomena é tomada por um enorme desejo de localizá-lo. É aí que entra em cena a figura do jornalista Martin Sixsmith (Coogan), um jornalista caído em desgraça após ter sido envolvido em um escândalo político. 
Instigado pela filha de Philomena a ajudar a mãe a encontrar seu filho perdido, Sixsmth, um típico inglês pedante de classe média, resiste a embarcar em uma história de “apelo humano”, mas para fugir da depressão que lhe assedia, acaba cedendo.
O filme de Frears, com roteiro de Coogan e Jeff Pope, a partir do livro “The lost child of Philomena Lee", de Martin Sixsmith, então se organiza como um legítimo filme sobre humanidades. Em momento algum há o interesse de atacar a igreja católica ou estabelecer uma lógica melodramática. Frears evita o pieguismo, seja na trilha sonora sempre eficiente de Alexandre Desplat, seja no tempero certo ofertado pela singeleza do humor.
Coogan e Dench: dupla dinâmica

Há algumas belezas que tornam Philomena um filme mais insinuante. A busca pelo filho perdido de Philomena revela a Martin muito sobre perdão e dignidade e oferece poesia e conforto a Philomena ao descobrir, entre outras coisas, que seu filho convivia com um segredo tão angustiante como o dela.
Indicado a quatro Oscars (filme, roteiro adaptado, trilha sonora e atriz), Philomena é um filme simples que sobeja por uma realização madura, de propósitos bem estabelecidos e conta com dois atores no auge da forma. Coogan, mais conhecido pelas comédias, capricha no registro dramático e confia ao cinismo de seu personagem o norte do filme. Judi Dench é sempre outra história. Mas em Philomena ela demonstra como a sutileza serve bem às grandes intérpretes. Com doçura e graciosidade, Dench sobe o tom do registro nos momentos certos e sempre arrebata a plateia.
Com tantos predicados, Philomena distingue-se essencialmente por ser um filme que faz justiça, tanto ao básico do cinema, como à extraordinária vida de uma mulher que soube buscar paz no caos. 

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