sábado, 24 de agosto de 2013

Ser Batman é a verdadeira segunda chance de Ben Affleck?


Foto: Acess Hollywood

A notícia foi cataclísmica nas redes sociais. Ben Affleck será o novo Batman. A percepção majoritária é negativa, mas não poderia se esperar nada diferente de um anúncio até certo ponto surpreendente como esse. Daniel Craig foi o último a experimentar a grita dos fãs comumente chamados de xiitas. Tobey Maguire para homem-aranha e Heath Ledger para o coringa também experimentaram fúrias semelhantes. No caso de Affleck não são nem mesmo esses que promovem um levante contra sua escolha para encarnar Bruce Wayne e seu alter ego neste novo ciclo do personagem.
A Warner soltou essa informação na quinta-feira e Claquete foi um dos primeiros veículos do Brasil a reproduzi-la em sua fan page. De acordo com o comunicado oficial, a opção por Affleck é de oferecer um contraponto ao Superman ainda em formação interpretado por Henry Cavill. “Ben provê um interessante contraponto ao Superman de Henry. Ele tem os atributos e recursos para caracterizar um homem mais velho e mais sábio que Clark Kent; que carregue cicatrizes da experiência que é combater o crime, mas que mantém certo charme que o mundo vê no bilionário Bruce Wayne”, disse Zack Snyder no documento liberado pela Warner à imprensa. A contestação à Affleck diz respeito a seus recursos como intérprete e sua capacidade de dar conta da complexidade de um personagem como Bruce Wayne.
A fala da presidente mundial de marketing e distribuição da Warner, Sue Kroll, no entanto, permite ir além do óbvio na análise da escolha de Affleck para o papel. Ela disse que “estamos entusiasmados que Ben esteja dando sequência ao extraordinário legado da Warner com o personagem. Ele é um ator tremendamente talentoso que dominará esse papel neste que já é o mais antecipado filme do verão de 2015”.
A Warner queria Ben Affleck envolvido com os personagens da DC de qualquer maneira. Há algum tempo especula-se seu nome para a direção do filme da Liga da Justiça. Essa especulação tinha corpo antes mesmo da confirmação oficial de que o filme seria, de fato, feito; o que só veio a acontecer em julho na última edição da Comic Con.
Affleck desconversava, mas jamais negou de fato que voltar a se envolver com um filme de super-heróis estivesse fora de seu rol de interesses neste momento da carreia. Já é notório para o leitor de Claquete, que Ben Affleck desperta grandes expectativas na Warner que o quer em seu rol de grandes artistas, pelo menos como diretor. Tê-lo como Batman é uma demonstração que essa intenção está ganhando terreno. Uma demonstração de ambas as partes. Primeiro porque a responsabilidade não deve ter vindo sem ônus para o estúdio. Affleck já chamou a atenção por conciliar estética comercial e veia autoral em seus filmes. É um dom raro em um diretor e um baita de um diferencial aplicado em filmes de super-heróis no cenário pós O cavaleiro das trevas (2008). O ator e diretor, assumindo o traje de Batman deve ter mais liberdade para tocar seus projetos como diretor no estúdio. Além do mais, é possível que tenha ficado encaminhado para que Affleck assuma a cadeira de diretor em um eventual futuro filme do homem morcego e da Liga da Justiça. A ideia é criar um universo e com Affleck a bordo isso torna-se plenamente possível. O que não quer dizer que irá acontecer. É preciso ter em mente que Zack Snyder, que para todos os efeitos não foi feliz na reinvenção do Superman em O homem de aço, será o primeiro a pôr as mãos nesse novo Batman. Portanto, o que é bonito no papel, pode não permanecer assim na prática.


A internet foi à loucura com a escolha de Affleck para viver Batman. Claquete selecionou algumas montagens bacanas a respeito do imbróglio que se deu no mundo digital. Na primeira imagem, uma brincadeira com a curtição no QG da Marvel a respeito da escolha da rival. Na foto seguinte, o texto diz "George Clooney deve estar aliviado com a possibilidade de que finalmente alguém interpretará um Batman pior que ele" e no texto baixo, aludindo o fenômeno nerd "Guerra dos Tronos", a chamada: "Se prepararem... uma fúria nerd está chegando".



Assumindo os riscos
Todo mundo sabe o histórico de mau ator que Ben Affleck carrega. Aqui mesmo em Claquete este tópico frequentemente volta a receber certo destaque. Todo mundo sabe, também, que Affleck foi um dos responsáveis para o fracasso, ainda que o filme não seja de todo ruim, de Demolidor – o homem sem medo (2003), uma da primeiras incursões de um personagem Marvel no cinema depois do êxito do primeiro X-men em 2000. A partir daquele fatídico 2003, Affleck carregou um estigma tão duro para um ator quanto para um atacante em jejum de gols: não ser bom em seu ofício.
Desde que começou a dirigir, mostrando ser genuinamente bom e cada vez melhor nisso, Affleck recuperou muito da simpatia de público, crítica e, principalmente, indústria. Mas era diferente. O incômodo com as constantes comparações e apartes entre o Ben Affleck diretor e o Ben Affleck ator ainda estavam lá. Pairando sobre um ator que evoluía conforme se consolidava, também, como diretor.
Entrar no olho do furacão ao assumir o papel do Homem-morcego depois de sua mais bem sucedida encarnação com a dupla Christopher Nolan/Christian Bale é um risco calculado. O que não quer dizer que não seja um risco grande. Affleck se investe da responsabilidade de apagar o lastro de más impressões deixadas desde que despontou como ator no fim dos anos 90. Somente um papel de grande projeção midiática, nos termos de Tony Stark/Homem de ferro para Robert Downey Jr pode fazer isso. Mas se o tiro sair pela culatra, o tombo poderá pôr a perder as recentes conquistas de Affleck como artista.

Ben Affleck aceitando a pressão: o risco é calculado, seu efeitos imprevisíveis...

De qualquer jeito, é Hollywood sendo cinematográfica também nos bastidores. Sob a perspectiva do marketing, a escolha é ótima. Affleck hoje é um artista respeitado e uma marca de prestígio no cinema americano. Em termos de ambição é um gol de placa, pois se vislumbra critério e aplicação nos planos da Warner de consolidar o universo DC nos cinemas. Resta observar o desenvolvimento dessa história e torcer para que ele em si não seja mais interessante do que os filmes que vem por aí.

4 comentários:

  1. Ótima matéria, fella!
    Só digo uma coisa: Michael Keaton Feelings.

    Abs.

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  2. Uhuuulll! Parabéns pela pontualidade de Claquete em ter sido o primeiro veículo brasileiro a divulgar a notícia! Devo ressaltar que foi pela fan page daqui mesmo que soube da novidade \o/

    Pois então... eu fui muito surpreendido. Achava que com o respeito conquistado na indústria recentemente e seu Oscar com "Argo", Affleck iria se arriscar mais atrás das câmeras. E ser o novo Batman CLARO que é um grande risco, mas achava que seus interesses eram outros. Sério, ainda mais com a má reputação de "Demolidor", se vc, Reinaldo, chegasse em mim e me desse 20 chances para chutar quem seria o novo Batman, Affleck jamais passaria pela minha cabeça.

    Bom, não o considero um grande ator, mas é aquilo que você diz no início do texto: Tobey Maguire e Heath Ledger também foram emparedados pelos fãs e deu no que deu - gosto muito dos 2 em seus respectivos papeis. Vamos ver no que vai dar... só lamento que a campanha Claquete para o Jon Hamm (que eu apoiava) não deu certo rs.

    Abs!!!

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  3. Vc viu o abaixo-assinado contra o Ben Affleck como intérprete de Batman?
    Achei impagável!!! Enfim, não acho que ele vá dar conta de um personagem tão icônico, atores com bem mais estofo do que ele caíram do cavalo tentando...

    Bjs,
    Aline

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  4. Rodrigo Mendes: Total Michael Keaton feelings!
    Abs

    Elton Telles: Acho que é aquela história do fins e dos meios, sabe? Affleck está estabelecendo um vínculo para a vida com a Warner e quer sim se enveredar por projetos mais autorais atrás das câmaras. E esse é um passaporte efetivo para isso. De quebra, poderá redimi-lo como intérprete. Tb lamento o fato da campanha por Jon Hamm não ter vingado. rsrs. Esse sim seria um Batman sem margem para discussões e calcaça o número das pretensões do estúdio quanto a um Batman mais velho...
    abs

    Aline: Impagável mesmo! Ah, esses tempos de internet... Eu já aposto o contrário. Acho que ele dá conta sim. Precisamos, é claro, nos desobrigar da comparação com o Batman de Nolan. That´s one time thing!
    Bjs

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