domingo, 9 de dezembro de 2012

Oscar Watch 2013 - A desforra dos estúdios



Há três particularidades que convergem para fazer da corrida pelo Oscar na temporada 2012/2013 algo raro dentro do contexto erigido nos últimos anos. A primeira, e cujos efeitos só poderão ser precisados em revisão histórica, é o estreitamento do calendário promovido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood ao antecipar em cerca de 15 dias o anúncio dos indicados ao Oscar. A segunda, e em si um fato que chama muito a atenção, é o baixo apelo do cinema independente na temporada. Depois de ser protagonista nos últimos seis anos (o último filme de estúdio a vencer o Oscar foi Os infiltrados em 2006), o cinema independente se vê diminuído na atual temporada. São poucos os filmes que suscitam algum buzz. Da Focus, braço independente da Universal, aquele que reúne mais chances de indicação é Um fim de semana em Hyde Park. Há alguma expectativa em torno de Anna Karenina e Moonrise kingdom, mas nada muito empolgante. A Fox searchlight, que já brilhou com longas como Pequena miss Sunshine (2006) e Quem quer ser um milionário? (2008) e no ano passado arrancou uma indicação para A árvore da vida, tem suas maiores aspirações concentradas em Hichtcock . Mas o braço independente da Fox também almeja algo com os elogiados As sessõesIndomável sonhadora, adquiridos pelo selo no festival de Sundance 2012.  
Cartaz de O voo: feijão com arroz
bem feito por um estúdio
A precariedade dos candidatos independentes ganha mais verniz nas bem acabadas produções de estúdio de 2012. A Paramount, por exemplo, aposta suas fichas em O voo. Drama convencional que marca o retorno de Robert Zemeckis à direção de um longa em live action. Fala-se que o filme, que centra suas forças na performance de Denzel Washington, é o feijão com arroz bem temperado e que uma campanha bem conduzida, pode colocá-lo bem posicionado na disputa pelo ouro. A Fox, por sua vez, investe pesado no marketing de As aventuras de Pi e crê ser possível transformar o épico espiritual de Ang Lee em uma das forças da temporada. O filme é tido por muitos como obra-prima, o que sempre ajuda. A Warner detém um precioso leque! Tem O hobbit, com toda a aura que o sucesso crítico de O senhor dos anéis é capaz de despertar, o blockbuster O cavaleiro das trevas ressurge, e o elogiadíssimo drama Argo – no qual investe suas mais preciosas fichas. A Universal, de longe o grande estúdio com mais dificuldade em produzir indicados a melhor filme – e que não ganha desde Uma mente brilhante em 2001 – deposita fortes esperanças no musical Os miseráveis, de Tom Hooper.
A Disney juntou forças à DreamWorks de Steven Spielberg para formatar o perfeito candidato à múltiplas indicações ao Oscar, trata-se de Lincoln. Filme que vê seu buzz ampliar à medida que surgem críticas de elogios rasgados e o interesse do público aumenta. Já a Sony, que há dois anos sofreu uma dura derrota quando tinha A rede social na disputa – e tudo fazia crer na vitória de uma produção de estúdio naquele ano – traz para a disputa A hora mais escura, de Kathryn Bigelow.
Conciliando a boa qualidade dos filmes de estúdio nesse ano e o baixo índice de postulantes entre os independentes, tudo leva a crer que o Oscar 2013 lavará a alma de estúdios que há muito pareciam ter perdido o caminho para a maior festa do cinema.

3 comentários:

  1. Bom, se a presença maciça de filmes de estúdio significar a alta qualidade deles, acho até que a temporada (e especialmente a cerimônia) do Oscar fica mais excitante. Mas é chato pensar que filmes tão bons podem ser prejudicados. Ano passado, mesmo com mais destaque para os independentes, deixaram "Drive" de fora, né?! E, pra mim, nenhum outro filme era mais merecedor. Pelo menos a temporada atual tá parecendo mais empolgante. ***Jennifer Lawrence!!!*** hahah... Parabéns pela cobertura! Abraço.

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  2. Gosto do cinema independente, acho que ele é fundamental para que a indústria cinematográfica possa experimentar e fazer projetos mais diferentes, mas fico muito feliz de ver a volta dos grandes estúdios à festa do Oscar. Já que se trata da premiação mais importante da indústria cinematográfica, ela tem que ter toda a pompa e circunstância que uma ocasião desse tipo exige. Então, que venham grandes filmes, grandes estúdios e, principalmente, grandes estrelas. Beijos!

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  3. José: Pois é, Drive, Shame, Precisamos falar sobre o Kevin... e mesmo assim foi um Oscar do cinema independente. Acho que é uma boa notícia essa "ofensiva" dos estúdios de cinema. Olhando daqui, me parecem bons os filmes e isso é um sinal claro de que os estúdios tiveram que melhorar suas fichas para competir com a produção independente.
    Abs

    Kamila: Depois da explosão do cinema independente patrocinado pela Miramax dos irmãos Weinstein nos idos dos anos 90, ainda não se instaurou o equilíbrio na academia entre a produção de indústria e a produção à margem dela. Esses primeiros anos dessa década podem estar sendo este parametro.
    Bjs

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