segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Crítica - O impossível



Como o mistério das estrelas

Existe uma momento chave em O impossível (The impossible, EUA/ESP 2012) que exige certa cumplicidade com o filme para ser percebida como tal. Uma anciã se aproxima de um garoto de pouco mais de cinco anos, ambos sobreviventes do destruidor tsunami que assolou o sudeste asiático em dezembro de 2004, e põe-se a falar sobre estrelas com o menino. Ela explica ao jovem observador que muitas daquelas estrelas que brilham já estão mortas há muito tempo. Mas que eram tão luminosas que seu brilho continua chegando a nós. O garoto então lhe pergunta como diferenciar uma estrela morta de uma viva, no que ela lhe diz ser impossível. Daí a mágica e beleza do universo. Passa por essa cena, singela e algo emocionante, muito da racionalização por parte da realização de O impossível para eventos que francamente prescindem de qualquer lógica e elaboração. O impossível acompanha a história real de uma família que sobreviveu de maneira sempre e cada vez mais surpreendente o devastador tsunami quando estavam reunidos para as festividades de fim de ano na Tailândia.
O diretor Juan Antonio Bayona, depois do surpreendente O orfanato, demonstra que sabe trabalhar muito bem com emoções sem perder a sobriedade no trato com elas. Não obstante, constrói uma lógica visual impactante para alinhavar os efeitos devastadores de uma tragédia natural do porte de um tsunami. Bayona deixa o drama da família Bennett falar por si e evita a todo custo a sobrecarga de emoção. Uma decisão acertada que torna O impossível uma experiência ainda mais aterradora em seu confronto com as probabilidades.
O final feliz, que se escora no momento chave que abre essa crítica, é um atestado da força familiar. Essa instituição tão fragilizada atualmente se ergue como a grande vencedora do filme, cristalizando o apreço de Hollywood por histórias maiores do que a vida. O fato de ser uma história real torna tudo o mais ainda mais impactante.
Nada disso, porém, seria possível se não fossem os desempenhos impressionantes do elenco principal. Tom Holland, como o filho mais velho do casal Bennett, é daquelas forças da natureza capazes de fazer frente ao tsunami. Ewan McGregor, relativamente com pouco tempo em cena, consegue dimensionar toda a fragilidade e esperança de seu personagem. Mas é Naomi Watts, revelando força interpretativa extraordinária, que faz de O impossível algo a mais. Ela atrela a força do filme a sua personagem. Reside nos rumos de sua Maria, o julgamento que o espectador fará do filme. Isso, em parte, pode estar relacionado ao fato do filme seguir de muito perto sua perspectiva, mas é a atriz quem oxigena o filme com uma atuação visceral em minúcias que vão além da face de sofrimento e dor.

9 comentários:

  1. Nossa! O filme vem tendo uma reação muito positiva de todo mundo. Realmente, preciso conferir!!

    ResponderExcluir
  2. De minha parte, fiquei um pouco decepcionado, o filme oscila demais. Claro, tem um forte impacto visual (a cena do tsunami é fantástica) e emociona de verdade em alguns momentos, mas o final derrapa de forma absurda, só vendo pra entender. E os personagens nem são assim tão carismáticos, o que segura são as belas interpretações do elenco. Bom, e só.

    ResponderExcluir
  3. Tenho que concordar com Rafael aí em cima, que o final me incomodou um pouco, principalmente em dois detalhes. Mas, no geral é um filme muito competente mesmo, os efeitos visuais são incríveis, a sensação de angústia, de nos colocar ali dentro também. E as atuações são impecáveis. E já que você falou em atuação, não posso deixar de citar a própria Geraldine Chaplin, protagonista da pequena cena que você destaca, que aparece e surge do nada, de forma enigmática e passa essa bela mensagem.

    bjs

    ResponderExcluir
  4. Alan Raspante: É realmente melhor do que parece Alan. Não é o filme, mas é um filme bem bom!
    abs

    Rafael W: Sim, bom e só. Concordo contigo. Mas o final não me incomoda. Há coisas extraordinárias que prescindem de qualquer lógica e essa família ter sobrevivido a um Tsunami e se reencontrado é uma delas... a realidade teima em superar a ficção para o mal e, felizmente, tb para o bem.
    Abs

    Amanda:Pois é Amanda. Entendi bem o que te incomodou e te entendo. Mas a mim não incomodou. Vejo tudo como uma manifestação desse mistério que muitos atribuem à beleza do universo, outros à fé e outros a Deus propriamente dito. E bem, Geraldine Chaplin faz realmente uma bela intervenção, melhor apreciada por quem se predispuser a ser cúmplice do filme como tento transmitir em minha crítica.
    beijos

    ResponderExcluir
  5. Eu realmente adorei o filme. As cenas do tsunami são fantásticas! Pretendo adquirir o blu-ray futuramente para ver o making off.
    A cena mais emocionante, na minha opinião, foi o encontro dos 3 irmãos. Nossa! Quase choro! São lindinhos demais e é incrível como crianças tão pequenas puderam passar um sentimento tão forte para o espectador! E o grito do Lucas realmente dói na alma! rs
    Enfim, talvez a forma como o final foi mostrado tenha sido um pouco monótona, mas mesmo assim gostei do desfecho.
    Outra coisa que gostei foi a forma como o diretor demonstra o "amor ao próximo". O resgate da Maria pelas pessoas do povoado foi muito bonito! Sei lá, deu aquela esperança de que o ser humano pode ser algo muito melhor.
    Enfim, é um filme para se apreciar e refletir sobre o valor da família e do próximo.
    E parabéns pelo blog, voltarei mais vezes ;)

    ResponderExcluir
  6. filme excelente, reamente a cena dos irmão se encontrando, é o top

    o impossíveL(O MILAGRE) POUCOS ENTENDEM A SEMELHANÇA

    JA ASSISTI DUAS VEZES,
    a cena da anciã conversando com o garotinho, foi linda, e incrivelmente no dia que estava no cinema, nao entendi muito bem, mas muitos gargalharam, nao vi nenhuma comédia, mas sim uma cena muito inteligente e comovente

    ResponderExcluir
  7. Belíssima e minunciosa crítica!!!
    O filme é emocionante, incrível e maravilhoso diga-se de passagem... eu simplesmente adorei o filme, me emocionei bastante!
    Assisti achando q o filme fosse um filmizinho de meia boca, mas me enganei! O filme é surpreendente!
    Na torcida para que a Naomi ganhe o Oscar 2013 por sua a tuação!

    Ass: Júnio Pessoa

    ResponderExcluir
  8. O impossivel !!!

    Um dos melhores filmes que vi na minha vida, acabei de assistir a este filme e ainda estou em estado de êxtase.... você assiste e não tem como não chorar, torcer... filme baseado em Emoções FORTES , Fé, Família, Amor, sentimentos que no dia a dia não damos valor, mais no momento mais desesperador você lembra que solidariedade, humanismo e a tua família são capazes de te fazer vir a tona e lutar e renascer....Estou altamente emocionada pelas cenas que vi nesse filme, o melhor de tudo é uma historia real, quem puder assistir tenho certeza que não vai ser arrepender.... simplesmente PERFEITOOOOOOOOOOOO!!!

    ResponderExcluir
  9. Eu não entendi o final, o que me entristeceu!!! Mas o filme é emocionante e bastante realista!!!
    Agradeço desde ja quem poder me explicar o fim kkkkk

    ResponderExcluir