sábado, 3 de setembro de 2011

Cantinho do DVD

Existem projetos que são ótimos como projetos, mas se revelam filmes decepcionantes. É o caso de Twelve –vidas sem rumo, destaque de Cantinho do DVD desta semana. O diretor Joel Schumacher revive seus piores dias nessa trama enfadonha sobre uma nova droga que surge nas ruas de Nova Iorque. Chace Crawford vive um traficante que trafica para pagar as contas e superar a morte da mãe e 50 Cent vive um traficante que trafica para ganhar dinheiro. Os clichês se avolumam a tal ponto que Schumacher não dá conta de tudo. A crítica a seguir.


Crítica
Joel Schumacher, talvez mais do que qualquer outro diretor na ativa em Hollywood, oscila vertigisonamente na carreira. Alternando sucessos de público (Um dia de fúria, Em má companhia), sucessos de crítica (Ninguém é perfeito, O cliente, Tigerland, Por um fio, O fantasma da ópera) com fracassos retumbantes e inquestionáveis (Número 23, Batman e Robin, O custo da coragem). Twelve –vidas sem rumo (Twelve, EUA 2010) se alinha a essa última classe dos fracassos. Schumacher chamou seu chapa Kiefer Sutherland para narrar a saga de um traficante branco (e esse detalhe ganha importância em um desnecessário jogo de espelhos subliminar ao qual a fita se presta) e de seus jovens clientes abastados e problemáticos de uma Nova Iorque que Schumacher captura sempre entrecortada. Sempre saturada. A técnica com que a fita é erguida, talvez seja o que de melhor esta apresenta. O subtítulo nacional é óbvio não pela natureza do drama dos personagens, mas pela hesitante condução da trama. Schumacher não parece ter muito o que fazer com o roteiro de Jordan Melamed baseado na obra homônima de Nick McDonell. Daí as imagens granuladas, os movimentos de câmera inusitados, a alternância de closes e a opção pelo off de Sutherland – que se revela o personagem (mesmo sem sê-lo) mais interessante da fita.
Twelve – vidas sem rumo traz em seu escopo alguns novos atores interessantes. Chace Crawford, de Gossip Girl, perdeu mais uma chance de mostrar algum talento; Zoe Kravitz faz figuração como patricinha e, naturalmente, convence; Rory Culkin, o irmão do Macaulay, demonstra que leva jeito para encarnar personagens perturbados e Emma Roberts aparece mais uma vez em um papel que faz lembrar a tia famosa. Outro destaque da fita é o rapper 50 Cent que surge como um traficante. Cent atua como se estivesse em um de seus clipes. Esse desequilíbrio desabona uma história promissora sobre um grupo de jovens de um CEP gabaritado de Nova Iorque às voltas com uma nova e poderosa droga – a twelve do título. Os dramas pessoais do traficante bonitinho (que nunca convencem) e uma trama policial – logo abandonada – avacalham de vez um filme que se revela mais sem rumo do que todos seus personagens somados.

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