quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Crítica - Confiar

História bem contada!


Pode causar estranheza em um primeiro momento o nome de David Schwimmer na direção de um drama pesado sobre pedofilia. Em sua segunda incursão na direção, o eterno Ross de Friends mostra vigor e cálculo no desenvolvimento de uma história tensa e dramática. Confiar (Trust, EUA 2010), além de abordar as cruezas da pedofilia, estipula uma das grandes dificuldades da modernidade no tocante à educação dos filhos: como, e em que nível, controlar o que seus filhos fazem na internet?
Em Confiar, Annie (Liana Liberato), filha do meio do casal Cameron, de 14 anos, se vê embrenhada em uma espiral de sedução por um maníaco sexual. A internet tem função facilitadora nesse aspecto. Schwimmer, e o roteiro de Andy Bellin, são hábeis em delimitar todos os níveis dessa relação. Assim como brilhantemente mapeiam as consequências dessa ação hedionda.
O pai (vivido com intensidade e apelo por Clive Owen) sucumbe a uma raiva profunda, enquanto a mãe (Catherine Keener, minimalista) busca se aproximar da filha cada vez mais distante.

Cena de Confiar: inocência interrompida e rotina familiar transformada...


O mais interessante em Confiar talvez seja sua vocação para abraçar o contraditório. Em uma cena, quando o personagem de Owen explica a tragédia ocorrida com sua filha para o sócio, este se sente aliviado quando Owen menciona que a relação sexual foi com alguém que ela conheceu na internet e que o ataque não foi tão “inusitado”. Em outra, os pais se desesperam ao tomar consciência do nível de intimidade que sua filha demonstrava com seu agressor nos chats online.
Confiar é um drama muito bem urdido em suas bifurcações. Schwimmer demonstra segurança em suas escolhas e confia plenamente em um grupo de atores tão cativantes quanto competentes. O desfecho do filme, em sua catarse controlada, deixa o espectador em suspensão. A perda da inocência é tão assustadora quanto a constatação de que lobos em pele de cordeiro andam entre nós.

4 comentários:

  1. Interessante, esse passou batido para mim, mas ainda voltarei a ele, principalmente depois de ler seu texto instigante.

    bjs

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  2. Se eu já estava instigada para ver o filme só por causa do Clive Owen, depois dessa sua crítica, fiquei a fim pelo conjunto da obra, digamos assim, rsrsrs

    Beijos

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  3. Acabei de ver! Filme muito bom!! Ótimas atuações! É a mais pura realidade dos dias atuais. Vale a pena conferir!

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  4. Amanda:Acho que vc vai gostar.
    bjs

    Aline: Que bom. rsrs
    Bjs

    Anônimo: Valeu pelo endosso.
    Abs

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