domingo, 26 de junho de 2011

Insight

As novas mudanças no Oscar e como elas deixam o jogo mais justo

Há duas semanas, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (AMPAS) divulgou novas alterações em seu estatuto e, embora elas sejam simples, confundiu muita gente. A primeira confusão é intrínseca à própria mudança. Quando decidiu por incluir dez filmes na categoria principal, reavivando uma prática abandonada na década de 40, ficou instituído que em três anos (em 2012) a medida seria reavaliada. Contrariando essa posição, nova mudança foi articulada para deixar mais justa a categoria de melhor filme. A partir do próximo Oscar, o número de indicados pode variar de cinco a dez. O objetivo, segundo o diretor executivo da AMPAS, Bruce Davis, é desobrigar o acadêmico a arredondar para dez o número de indicados. A medida também visa evitar a perda de prestígio do prêmio. Uma vez que com dez indicados, o desnível entre os concorrentes se avoluma. Para não perder a qualidade de vista, outro sensor foi instituído. Para ser validado como um candidato ao Oscar de melhor filme, uma fita tem que ser a preferência de 5% dos votos coletados. Ou seja, não basta ser listado como melhor filme do ano. Se uma produção não encabeçar a lista de pelo menos 5% dos votantes, ela não entra na disputa. É uma peneira valiosa que deve restringir a disputa a seis ou sete filmes. A tendência é que naturalmente a categoria volte a ser disputada entre cinco filmes. Anos excepcionalmente positivos podem dilatar a categoria, mas não será uma constante.
A meritocracia será mais difícil de ser burlada por esse sistema.

Cena de Um sonho possível, indicado ao Oscar de melhor filme em 2010: o tipo de fita que a academia quer evitar entre os indicados a melhor produção do ano


A escolha evidencia, conforme Claquete já havia sinalizado em artigos anteriores, o desacerto – do ponto de vista da qualidade da disputa – que foi instituir dez filmes na categoria principal. A nova solução, além de preservar um elemento surpresa saudável (só se saberá o número de concorrentes no momento do anúncio), devolve o prestígio furtado do Oscar em nome da busca pela audiência jovem. Contudo, não há como evitar o gosto de que as novas mudanças obedecem o clima da estação.
Outras modificações atingiram as categorias de documentário, curta-metragem e animação. O número de concorrentes agora varia obrigatoriamente de acordo com o número de candidatos inscritos para obter uma vaga. A variação se dará entre três e cinco concorrentes. O Oscar de efeitos especiais também recebe novo gás. Poderão ser indicados entre três e dez filmes, de uma pré-lista elaborada pelo departamento de efeitos especiais.


Vai mudar de novo?
Provavelmente sim. Ainda que naturalmente a disputa pelo Oscar de melhor filme se aproxime de cinco indicados, a academia deverá oficializar nos próximos anos o realinhamento da disputa com cinco filmes. Contudo, essa regra dos 5% e a não obrigatoriedade de ter dez filmes na disputa tornam o Oscar muito mais justo. Bem sabemos que houve anos em que muitos filmes fizeram por merecer uma sexta vaga. Há muitos exemplos recentes. Em 2008, último ano com cinco concorrentes, produções como Foi apenas um sonho, Gran Torino e Batman – o cavaleiro das trevas ficaram de fora da disputa por melhor filme. Dificilmente ficariam se essa regra já estivesse em vigor. No ano anterior ocorreu o mesmo com filmes badalados como Jogos do poder, Antes que o diabo saiba que você está morto e Na natureza selvagem.
O mais justo que se pode fazer é deixar que a qualidade dos filmes dite o número de concorrentes dentro de um parâmetro como o atualmente estabelecido (de 5 a 10). Ademais, injustiças sempre irão haver. A ideia é diminuir o espaço para que elas aconteçam. De qualquer ângulo que se veja, as novas medidas vêm cumprir essa função.

6 comentários:

  1. Eu acho essa nova regra muito boa e, sinceramente, estou muito ansioso pelos resultados que ela trará. Como você bem apontou em seu texto, ela serve para evitar longas que aparecem injustamente entre os finalistas, a exemplo do fraquíssimo "Um Sonho Possível"!

    ResponderExcluir
  2. Eu acho que as tentativas são válidas. Cinco era pouco, dez talvez seja muito, quem sabe assim funciona, né?

    bjs

    ResponderExcluir
  3. Pra ser bem sincera, achei a volta a cinco filmes completamente sem compreensão. Se esse sistema atual, com 10 filmes indicados, já era falho, por quê ter mudado ele no primeiro lugar??

    Entretanto, sou favorável a toda mudança que vá melhorar os prêmios da Academia.

    ResponderExcluir
  4. Matheus Pannebecker: Tb recebi muito bem essa nova regra Matheus. Estou otimista.
    Abs

    Amanda: Acho que cinco são pouco em alguns anos. Justamente por isso recebi com bons olhos a boa nova...
    bjs

    Kamila: Mas não foi bem uma volta aos cinco filmes,né? Acho que a academia está tateando na matéria. Eles querem a audiência, mas se ressentem de desqualificar a disputa pelo melhor filme do ano... Acho que, gradativamente, vamos voltar aos cinco filmes. A seleção natural irá se impor...
    bjs

    ResponderExcluir
  5. Eu ando com muita leitura atrasada, mas prometo ir pondo em dia aos poucos, ok?

    Isso pra dizer que gostei muito da matéria e fiquei animada com as mudanças propostas pela academia. Mais animação e menos injustiça no horizonte? Ah, eu topo! rsrsrs

    ResponderExcluir
  6. Aline: Ok. Espero que a leitura aqui te estimule.
    Sim, a ideia é ter menos injustiças. Eu, particularmente, recebi com bons olhos a notícia...
    bjs

    ResponderExcluir