domingo, 12 de junho de 2011

Insight

Por que X-men: primeira classe é tão bom?

É a tal da pergunta gostosa de responder. Os fãs irão prover uma resposta que, embora satisfatória, divergirá completamente das que indicarão os críticos. Que também atentarão para minúcias diferentes da percepção do público que, em linhas gerais, recebeu muito bem a nova aventura mutante.
X-men: primeira classe é mais uma prova de que o cinema pipoca americano pode agregar inteligência, entretenimento e profundidade dramática. Uma combinação que falta até a produções vencedoras do Oscar – como o recente O discurso do rei, que capenga na profundidade dramática.
Matthew Vaughn é um inglês que percebe que o pop, no cinema, recebe bem intervenções autorais. Nesse sentido, ele se comunica com cineastas da estirpe de David Fincher e Christopher Nolan. Embora Bryan Singer, o primeiro diretor a assumir o universo mutante nos cinemas, seja talentoso e tenha uma concepção das mais globais acerca das possibilidades oferecidas pelo repertório dos quadrinhos, Vaughn sabe filtrar muito melhor as referências. Produtor de Guy Ritchie nos seus primeiros filmes, debutou na direção com o thriller de gangster Nem tudo é o que parece (2004). O pequeno filme inglês, além de colocar Daniel Craig na lista dos produtores de James Bond (e o leitor bem sabe que fim levou essa história), alçou Vaughn ao panteão de importações obrigatórias de Hollywood. Stardust – o mistério da estrela (2007) podia não parecer o tipo de filme para ele debutar em Hollywood. E não era. X-men - O confronto final marcaria sua gênese em Hollywood, mas o diretor se avexou com o tamanho da produção e resolveu desistir. No ano seguinte lançou a bem sacada fantasia que trazia Robert De Niro, Claire Danes e Michelle Pfeiffer. Mas o universo mutante estava em seu destino. A proposta dos produtores para Primeira classe parecia combinar com o estilo arrojado e insinuante de Vaughn fazer cinema. E Kick Ass – quebrando tudo confirmaria, no ano passado, o acerto da escolha.

Damn good: o jeitão vintage é um dos charmes dessa produção que agrada fãs, críticos e todos os outros


Vaughn ateve-se a relação entre Xavier (James McAvoy) e Erik (Michael Fassbender). Desvelar o porque desses dois homens inteligentes, que tanto se admiram, se posicionarem em campos opostos da “causa” mutante é um mote tão atraente quanto rico em suas possibilidades. Primeira classe tem nesse percurso o seu fio condutor. O filme é tão bom porque honra as expectativas alçadas pela simples constatação disso. A trajetória de Erik, a consolidação de suas convicções, é tão apaixonante – do ponto de vista filosófico - como a descoberta da vocação de Xavier e a aceitação serena de seu destino pelo mesmo.
Primeira classe se resolve como essa tese social – o judeu que lança a campanha “mutante com orgulho” e prega a opressão à raça humana – sem prescindir do entretenimento. Um achado em um verão americano que busca cifras esmerado no 3D.
Há articulações para que uma nova trilogia seja eriçada desse filme. Há potencialidades. Há, também, os atores certos e o diretor certo. O risco é perder um pouco desse equilíbrio tão vistoso nesse primeiro filme. É torcer para que isso não aconteça.

4 comentários:

  1. Ótimo insight, Reinaldo. O filme é mesmo de um equilíbrio incrível, sério e divertido ao mesmo tempo. Mas, alguns fãs estão se prendendo à detalhes de mudança na cronologia da série para reclamar do filme. Uma pena, pois é mesmo uma das melhores obras vindas dos quadrinhos nos últimos tempos.

    bjs

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  2. Para mim, "X-Men: Primeira Classe" é muito bom porque o roteiro é muito bom na construção de personagens e nas motivações deles. Além disso, o Matthew Vaughn é um bom diretor de cenas de ação e contou com a sorte de ter um elenco fantástico, com destaque para Michael Fassbender e Kevin Bacon.

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  3. Realmente excelente, um blockbuster divertido e inteligente. Magneto é um grande personagem.

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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  4. Amanda:Obrigado Amanda. Pois é, sempre tem esses fãs xiitas. Lembra daquele auê pq a teia do aranha no filme de 2002 não seria orgânica? Felizmente esses fãs são minoria.
    Bjs

    Kamila:E concordo plenamente contigo! Bjs

    Rafael: É um grande personagem mesmo e X-men é essa "coca-cola toda" pq agrega inteligência, diversão e conteúdo de maneira muito hábil.
    Abs

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