domingo, 27 de fevereiro de 2011

Insight

As lições de 2010 para a indústria do cinema

No dia da celebração do que de melhor o cinema produziu no ano passado, convém atentar para as grandes lições que 2010 oferece para a indústria do cinema americano. Muito provavelmente desde 1999, os estúdios não entregavam uma safra tão boa de filmes. A rede social, O vencedor, Bravura indômita, A origem e Toy story 3 têm em comum um grande estúdio por trás (respectivamente Sony, Warner, Paramount e Disney).
Nos últimos anos, tem predominado no Oscar o perfil de produção independente. Isso ocorreu, logicamente, pela orientação da academia de reconhecer uma produção mais adequada aos padrões artísticos, mas também porque desde que Beleza americana, Matrix, Quero ser John Malkovich, O sexto sentido, Magnólia, O informante e A espera de um milagre brilharam, os estúdios não alinhavam em um mesmo ano tantas produções voltadas para um público adulto em que sobejam qualidade e técnica. Em comum, também, o fato de que esses estúdios foram buscar cineastas autorais no seio do cinema independente para aferir sustância a seus filmes (David O.Russell, Christopher Nolan e Darren Aronofsky para citar alguns) Aronofsky, por exemplo, está à frente do novo filme do Wolverine. Em uma demonstração eloquente de que os estúdios de cinema estão convencidos de que um cineasta visionário é mais indicado do que um subordinado a desmandos de produtores em tempos como esses.
A boa bilheteria de um filme como A origem demonstra que é válido apostar em projetos originais. O reconhecimento a engenhosidade narrativa de A rede social atesta que há uma demanda reprimida por entretenimento adulto e inteligente nos multiplexes. David Fincher já foi escalado pela mesma Sony que produziu e distribuiu A rede social para tocar dois projetos com ambição de blockbusters: o remake americano de The girl with the dragon tattoo e a adaptação do clássico "20 mil léguas submarinas". 2011 será um ano ainda marcado por muitos remakes, continuações e adaptações de HQs, mas o público foi responsável por uma pequena revolução nos cinemas. Ao prestigiar produções renovadas, sagazes, inteligentes e, ainda assim, que pedem pipoca, contribuíram para que a produção de meados de 2012 para frente seja de fazer salivar o cinéfilo e atiçar ainda mais as caixas registradoras dos estúdios de cinema. Contrariando as profecias de James Cameron, o cinema vai bem sem o 3D. Muito bem, diga-se.

4 comentários:

  1. Excelente análise. Acho que a mais importante lição de 2010 veio do 3D. Não faz diferença, sinceramente. Acho que a indústria ainda não aprendeu a usar a tecnologia, uma vez que ela funciona bem em alguns filmes e em outros seria completamente dispensável...

    ResponderExcluir
  2. Bela análise Reinaldo, abordando o que 2010 teve de bom. O 3D pode ser bonito mas chega a irritação com filmes nao adequados para a técnica tridimensional do super espetáculo, e 2010 ultrapassou os limites que culminarão em 2011. Creio, ainda.

    O ano passado teve realmente ótimas safras, com Oscar ou sem Oscar, pareceu 1939 e 1968.

    Abs.
    RODRIGO

    ResponderExcluir
  3. seu blog é demais, cara, além de dar esse "enlighten" que as vezes eu não pego haha
    muito bom!

    ResponderExcluir
  4. Kamila: A questão não é nem essa Ka. A indústria está encarando o 3D como um chamariz para o público prestigiar os filmes nos cinemas. O que essa safra de 2010 mostrou, foi que o 3D é desnecessário. Basta uma boa e velha história...
    Como diria o sábio Hitch: "It´s always about a good screenplay!".
    bjs

    Rodrigo: Não precisa ir nem tão longe Rodrigo... vivemos 2005 e 1999, bons anos para o cinema americano tb.
    Abs

    Renan: Cara, obrigado pelo elogio sincero! Vc não sabe como isso me faz feliz!Continue por aqui!
    Abs

    ResponderExcluir