domingo, 5 de setembro de 2010

Insight


Passando a régua no verão americano


Conforme já se anunciava, o verão americano de 2010 foi dos mais insossos dos últimos anos. Sem um filme surpreendente como Se beber não case em 2009, sem grandes unanimidades nas bilheterias (tirando Toy story 3 e A origem) e com uma quantidade impressionante de filmes medianos para baixo. O curioso a se observar é que em 2008 tivemos filmes acima da média, o que possibilitou um aumento de bilheteria em 2009, com produções como Harry Potter e o enigma do príncipe e Transformers – a vingança dos derrotados sendo os grandes protagonistas da temporada. Sob essa perspectiva é um tanto difícil situar o verão de 2010. As produções nunca foram tão malhadas pela crítica e o público nunca demonstrou tanta falta de interesse pelo que estava no cinema. Se o rendimento no primeiro final de semana já era algo importante para uma fita na atual conjuntura da indústria, passou a ser vital entre os meses de maio e agosto. No geral, os grandes blockbusters apresentaram queda de 50% de um final de semana para o outro. Apenas A origem, Shrek para sempre, Toy story 3 e Homem de ferro 2 mantiveram a liderança das bilheterias por mais de uma semana no disputado ranking americano. Para se ter uma ideia, em 2009, além de Harry Potter e Transformers, Se beber não case, Up – altas aventuras, X-men origens: Wolverine, A proposta e A era do gelo 3, conseguiram se alongar por mais de um fim de semana no topo das bilheterias.
Esse foi, também, o primeiro verão americano com o 3D sedimentado. Se no Brasil, o impacto do 3D foi forte e contribuiu para um aumento de mais de 25% nas bilheterias, nos EUA o impacto foi mais tímido. As conversões apressadas para o 3D de filmes como O último mestre do ar e Fúria de titãs foram mais rejeitadas pelos americanos do que pelos brasileiros.

O último mestre do ar: Em 3D ou em 2D, o novo filme de Shyamalan não empolgou...



O efeito de A origem
E esse verão no cinema só se salva mesmo pelo mais recente filme de Christopher Nolan. Goste-se ou não do filme, é fato que a obra excedeu o simples entretenimento e rompeu a barreira do papo de gueto, ou seja, de quem é cinéfilo e se inseriu como debate midiático. De quebra, por se tratar de uma produção original (com ideias recicladas diriam alguns), A origem oxigena uma produção (a que chega aos cinemas no verão) que andava engessada. É essa a grande contribuição do filme e, por isso, encabeça qualquer análise positiva que possa se fazer sobre essa temporada de blockbusters. A expectativa é que o sucesso do filme, que já amealhou mais de U$ 660 milhões ao redor do mundo, desobrigue os estúdios a só investirem em adaptações de HQs, vídeo-games e livros.



Ken Watanabe, joseph Gordon Levitt e Leonardo DiCaprio em cena de A origem: o filme da temporada



Toy story 3 alcançou, há pouco, a marca de U$ 1 bilhão de dólares. O último filme lançado em um verão a ter chegado lá foi Batman – o cavaleiro das trevas. Não deixa de ser uma marca bonita para ostentar no álbum de 2010, mas os altos preços do 3D maquiaram essa conquista. Na verdade, o filme está um degrau abaixo de O cavaleiro das trevas no quesito público. Daí, novamente, o apelo de uma produção como A origem.
Em termos de apelo, esse verão devolveu aos atores o brio de suas presenças. É possível dizer que Homem de ferro 2 só arrecadou seus U$ 621 milhões ao redor do mundo graças a Robert Downey Jr., assim como Angelina Jolie foi a força motriz de Salt, que embora tenha ficado abaixo das expectativas do estúdio já soma U$ 220 milhões ao redor do mundo.


Os hits que não aconteceram
A ideia de Ridley Scott não deu certo e Robin Hood não colou. O público rejeitou a fita que emulava Gladiador em cada fotograma e a produção encerrou sua carreira comercial com U$ 310 milhões ao redor do mundo. Em casa, a coisa foi feia. O filme penou para chegar ao U$ 100 milhões e se não fosse o faturamento internacional, o prejuízo teria sido maior. M.Night Shyamalan também naufragou com seu O último mestre do ar. Detonado pela crítica e com arrecadação que só agora passa o seu orçamento, o filme soma U$ 225 milhões. Mas não há fracasso maior do que o de Jennifer Aniston. A atriz não consegue emplacar. Caçador de recompensas, filme que exibia no inicio do verão, não chegou aos U$ 100 milhões e The switch há 4 semanas em cartaz nos EUA só arrecadou R$ 16 milhões. Por falar em comédias românticas, não foi um bom ano para elas. Puxadas pelo fracasso retumbante de Sex and the city 2 que não fez nem U$ 100 milhões nos EUA, os filmes estrelados por Tom Cruise e Cameron Diaz (Encontro explosivo), Katherine Heigl e Ashton Kutcher (Par perfeito) e Julia Roberts e Javier Bardem (Comer, rezar e amar) não pegaram. Não que fossem filmes ruins, mas eles se debruçavam sobre fórmulas cansativas e manjadas, algo que contrastado com o frisson A origem, tem cansado o público cada vez mais.

A nova parceria entre Ridley Scott e Russel Crowe ficou abaixo das expectativas de público, crítica e indústria


Até mesmo o quarto filme de Shrek sofreu. Aliás, a última aventura do ogro verde é um bom parâmetro para se medir o nível desse verão. O filme estreou em primeiro lugar mas com baixo faturamento. No segundo final de semana o faturamento do filme aumentou enquanto que as estréias patinaram. Isso denota que os filmes da temporada foram pouco atrativos. Nem o mago Jerry Bruckheimer escapou. Suas duas produções de verão amargaram prejuízos calorosos. O aprendiz de feiticeiro deve figurar na lista dos maiores fracassos de 2010 e O príncipe da Pérsia: areias do tempo não garantiu por si só a continuidade da franquia.
Há quem argumente que o verão de 2010 foi prejudicado pela Copa do mundo, mas pesa contra esse argumento o fato de que a bilheteria internacional (e não a americana) foi que salvou muitos desses filmes do colapso total. Bem sabemos, que americanos não curtem tanto futebol, ou seja, mesmo assim os filmes surgiam pouco atrativos. Sobrou até mesmo para a saga Crepúsculo. Eclipse, o filme mais elogiado da saga, deu lucro. É claro. Mas consideravelmente menor do que se especulava. A fita ficou com U$ 654 milhões, quantidade inferior a Lua nova, e motivou os produtores da saga a reagendarem os últimos lançamentos para datas nos finais dos anos de 2011 e 2012.


Em um verão um tanto quanto canhestro, nem o midas Jerry Bruckheimer conseguiu lucrar suas usuais fábulas...

É, no mínimo, preocupante você tirar de 4 meses de cinema pipoca apenas dois filmes que, na leitura da indústria, tenham valido a pipoca.
É esperar por uma temporada 2011 mais equilibrada. E que A origem possa fazer por 2012 o que O cavaleiro das trevas fez por 2009. Se lá houve aumento de bilheteria, espera-se em 2012 um aumento de ousadia e criatividade.

8 comentários:

  1. É verdade, esse ano foi bem fraco os filmes da temporada de verão. Eu mesmo só assisti "Eclipse" (que foi dinheiro jogado fora!). "Excontro Explosivo" (achei muuuito massa). E ainda esta semana confiro 'A Origem' que pelo visto foi o filme mais cultuado até o momento.

    Vamos aguardar para um 2011 melhor =D

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  2. Por mais que tenha filmes bons e até ótimos, tudo ficou um tanto morno como você disse.

    Meu voto vai para Toy Story 3 e A Origem como os melhores...no TOP!

    Gostei de sua precisa análise e também espero que nós próximos anos apareção filmes do calibre " Bastardos Inglórios" e "A Origem", aliás o 3D já encheu a minha paciência, rs! O Jack Arnold e William Castle já faziam isso nos anos 50 e a coisa acabou sendo apenas experimental. Provavelmente agora com a tecnologia, a mania 3D tenha novos rumos.

    Só uma produção para o ano que vem me deixa ansioso: "As Aventuras de Tintim" do Spielberg e Peter Jackson!! Animação e em terceira dimensão também, rs!

    Abraços
    Rodrigo

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  3. Acho que este foi o Verão mais chocho dos últimos anos. As únicas obras que, realmente, se sobressaíram foram: "Toy Story 3" e "A Origem". Fora essas, gostei bastante de "Encontro Explosivo" e "Príncipe da Pérsia", ambos os filmes foram excelentes entretenimentos.

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  4. Verãozinho fraquinho, hein? Apesar de filmaços como "Toy Story 3" e "A Origem", prefiro a temporada do ano passado.

    Beijos! ;)

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  5. Até tu Jerry? Kkkkkkkkkkkkkkk. Os dias estão realmente tenebrosos...

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  6. Alan:Temporada fraca.Aliás, a última temporada digna de nota foi mesmo a de 2008. Abs

    Rodrigo:Desconfio que ano que vem será melhor do que esse Rodrigo. Para ser franco, não tem como a temporada de verão 2011 ser pior do que essa.
    Até mesmo A origem e Toy story 3 (que são ótimos filmes)não fazem esta temporada ficar em pé diante de qualquer outra temporada de verão. Abs
    e As aventuras de Tintim eu acho que está programado para o final do ano que vem. abs

    Kamila:Tb gostei de encontro explosivo, que é a melhor comédia da temporada( e isso já mostra a qualidade das comédias, né?), tb curti O príncipe da Pérsia, Esquadrão classe A e por aí vai... Mas não é nem de longe, um verão pomposo... bjs

    Annastesia: Pois é... rsrs bjs

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  7. Reinaldo...
    Olha quem voltou!!! rsrsrs

    Tava passeando lá pelo blog da Madame e me lembrei de vir ti visitar tbm!!!! E como sempre, não me decepciono!!! Sempre com suas novidades e palavras de quem entende do assunto!!! hehehe (tem que puxa um pouco o saco neh... fazia tempo que eu não vinha aqui)!!!!

    Mas a verdade já foi dita, tivemos uma temporada fraquíssima mesmo. Só me dignei a ir ao cinema assistir A Origem, e não consegui ir em Toy Story 3 (pena)!!! O resto... descartável!!!

    A próxima temporada, pelo menos, promete alguma coisa!!!

    Abração!!!

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  8. Grande Eri Jr. Que prazer em tê-lo de volta aqui. Confesso que senti saudades. Vc foi dos meus primeiros leitores mais fiéis, participativos. Que bom que resolveu voltar a Claquete. Pois é, essa temporada foi meio fraca, mas ainda bem que a Oscar season ve aí. Abração e fique por perto.

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