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Existem parcerias no cinema que existem por um curto período criativo, mas cuja intensidade reverbera por décadas. Não há exemplo mais feliz dessa constatação, talvez seja até mesmo o único caso, do que a parceria entre o diretor turco, filho de gregos, Elia Kazan e o ator que por muitos é considerado o maior de todos, Marlon Brando. Foram apenas três filmes em um período de 4 anos. Mas esses trabalhos foram, pela ordem, Uma rua chamada chamada pecado (1951), também conhecido no Brasil como Um bonde chamado desejo, Viva Zapata (1952) e, talvez o melhor dos três, Sindicato de ladrões (1954).
Nem Marlon Brando, nem Kazan eram grandes em seus ofícios e a parceria lhes valeu o reconhecimento que precisavam para se imortalizarem. Uma rua chamada pecado foi apenas o segundo filme de Brando, enquanto que Kazan – apesar de já ostentar alguns trabalhos – ainda não tinha prestígio e cacife em Hollywood.
Ambos uniram-se para contar histórias proletárias. Imigração, corrupção, violência e o torpor do desejo foram características entremeadas nos três trabalhos que fizeram juntos.
Uma rua chamada pecado, é bem verdade, tinha pedigree. Baseada na famosa peça de Tennessee Williams, o filme foi indicado a 12 Oscars. Foi a primeira indicação de Kazan como diretor e de Brando como ator, nenhum dos dois venceria, mas a consagração do filme antecipava a consagração da dupla.
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Explode um novo símbolo sexual: Marlon Brando passou a ser referencial de masculinidade no cinema
O papel valeu a Brando, ainda, o status de símbolo sexual. Tanto o ator quanto o diretor irromperiam por polêmicas no fim da década, mas a qualidade do trabalho que realizaram juntos se imporia na memória cultural. Antes de Brando ter problemas conjugais, suspeitas pairando sobre sua sexualidade e de se engajar de forma agressiva na causa indígena e de Kazan colaborar com o macarthismo, eles realizaram Viva Zapata, filme sobre o revolucionário mexicano Emilio Zapata, e Sindicato de Ladrões. O primeiro filme valeu a Brando mais uma indicação ao Oscar de melhor ator e foi louvado em muitos festivais, além do sucesso crítico que amealhou. Já a derradeira colaboração recebeu 12 indicações ao Oscar e prevaleceu em oito, inclusive nas categorias de ator (para Brando) e direção (para Kazan). O filme é uma forte crítica a nossa organização social. Às manobras políticas que ditam o rumo das vidas de trabalhadores e pessoas de bem e aos interesses escusos que lhe dão sustentação. Ainda hoje, o filme é lembrado como um clássico maior que seu tempo.
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Kazan viu-se execrado pela classe artística quando colaborou com a caça aos comunistas perpetrada pelo senador americano Joseph McCarthy. Ironicamente, Sindicato de ladrões foi a combustão que seus detratores precisavam para tomar o diretor turco como hipócrita. Tanto Brando quanto Kazan partiram inferiorizados pelos escândalos e pela perda de relevância que o tempo cuida de providenciar a quem muito se dedica a arte. Entretanto, vistos no cosmo dessa parceria, não há como contestar, questionar ou evitar o aplauso para três filmes que primam pela excelência e constituem uma parceria, literalmente, sem par na história do cinema.
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Elia Kazan em foto anterior a sua consagração: Nos anos 50 nenhum diretor foi tão bem sucedido artisticamente quanto ele no cinema americano
Parece ser realmente impossível traçar um paralelo entre a vida e a obra de Kazan. Contudo, não seria a vida de todos nós, também, paradoxal?! A vida imita a arte!
ResponderExcluirPareceu-me interessante essa parceria entre Kazan e Brando. Os filmes como já sabemos são ícones, embora não tenha assistido nenhum deles. Frutos como dessa parceria não surge todo dia e é preciso apreciá-los.
ResponderExcluirABS!
Adoro esses seus momentos "curso de cinema", rsrsrs Também ainda não assisti a nenhum dos filmes, mas acho que vou dar uma de joão sem braço e descolar o "sindicato dos ladrões", pelo menos, com aquela minha bat-amiga, :P
ResponderExcluirDepois o Kazan e o Brando romperam ou só não rolou de trabalharem mais juntos? Pq pelo que vc conta, os três filmes foram incríveis - e a regra, pelo menos no futebol, é não mexer em time q está ganhando.
Beijos
Cássio: Bem pensado Cássio. Mas nós "consumidores de cinema" sempre desenvolvemos esse tipo de paralelo. Por mais paradoxal que isso possa ser. abs
ResponderExcluirFernando:É preciso apreciá-los. Taí uma grande verdade. Particularmente não gosto muito de Viva Zapata, mas os outros dois filmes são não menos que espetaculares. Abs
Aline: Vai começar pelo melhor então.rsrs.Não houve rompimento, pelo menos não formal, entre eles. Como pontuei no texto, a parceria se deu no princípio da carreira de Brando. Os filmes foram feitos quase que a toque de caixa(foram três em quatro anos), ou seja, foi um período criativo intenso, mas eles seguiram rumos diferentes. Especialmente Brando que passou a ser um ator muito requisitado. Atravessou a década de 60 e nos anos 70 estrelaria outros clássicos de outro grande diretor (Coppola) O poderoso chefão e Apocalipse Now.
bjs