domingo, 28 de fevereiro de 2010

OSCAR WATCH - Contexto

Por que esses dez filmes?

Judeus, guerra, Iraque, alienígenas, ficção científica, crise econômica, relacionamentos amorosos, Tarantino, George Clooney, James Cameron, 3D, mulheres e audiência. Essas são as palavras chaves para definir os filmes selecionados para a disputa de melhor filme. O escopo, esse ano, é maior; uma vez que são 10, os indicados a melhor filme. É inegável que a academia sempre elabora um comentário sobre o estado das coisas na sociedade com o anuncio dos principais filmes concorrentes ao Oscar. Pelo menos a critica em geral, e a americana em particular, enxerga essa disposição todos os anos. Assim como a escolha do vencedor nunca se dá puramente por méritos artísticos. O melhor filme no Oscar é fruto de uma combinação de interjeição política e social, campanha de marketing assídua, baixo índice de rejeição e, sim, qualidade artística.
De ano para ano, varia o grau de influência de um desses fatores. Mas invariavelmente, a escolha do melhor filme do ano se dá em virtude da combinação desses aspectos.


Cena de Amor sem escalas: relacionamentos amorosos e crises financeiras pautam uma história sobre o nosso tempo

Depois de Bush e de Obama...
Os favoritos do ano são Avatar, um mega sucesso de bilheteria que acena com uma tecnologia capaz de fazer os estúdios de cinema faturarem mais, pelo menos no curto prazo, e Guerra ao terror, um filme sobre a guerra do Iraque (algo ainda presente no contexto socioeconômico americano) apolítico, o primeiro filme de guerra com essa característica em anos.
Em 2007 e 2008, os dois últimos anos da era Bush, filmes com visões e perspectivas pessimistas da América (Os infiltrados e Onde os fracos não têm vez) venceram. Em 2009, na euforia da era Obama, um filme com um traço de globalização e com uma mensagem de redenção e esperança (Quem quer ser um milionário?) triunfou. Esse ano, com Obama com um índice de popularidade não mais do que satisfatório, com uma guerra no Afeganistão cada vez maior, e a do Iraque ainda longe de um desfecho, parece oportuno revisitar a guerra sem tomar partidos. Entender a fissura que a mesma causa na nossa humanidade parece oportuno. Tanto Avatar, em um viés mais fantasioso, quanto Guerra ao terror, abraçando a realidade sem pudores, se prestam a esse serviço.

Cena de Guerra ao terror: A guerra do Iraque ainda não acabou, mas o foco do cinema sobre ela mudou


Os dois lados de uma mesma moeda
Mas as semelhanças acabam aí. Os dois filmes se situam diametralmente opostos no que toca o modelo de produção cinematográfica. Também diferem quanto ao público ao qual se destinam. Avatar é o filme mais caro e de maior bilheteria da história do cinema e busca um público predominantemente jovem e entusiasta de tecnologia. Guerra ao terror é um filme barato, que sofreu para conseguir distribuição e que quase ninguém viu. Ambos mimetizam o alcance do cinema e o que o mesmo significa nesse século XXI. Não que premiar um em detrimento do outro seja uma sentença de morte de um modelo de produção (caso Avatar seja o vencedor) ou preconceito com o entretenimento para as massas (caso Guerra ao terror seja o vencedor). Mas inadvertidamente essas questões estão atreladas a decisão da academia. E é bom que estejam. É, afinal de contas, equilibrando-se entre os sucessos comerciais, os dramas independentes, os filmes de atores, os roteiros sensacionais e as inovações tecnológicas que o Oscar ajuda a dimensionar o cinema no passar dos anos.

Anúncio de Avatar na campanha para angariar indicações ao Oscar: o 3D busca o aval da academia

Sempre os judeus
Educação, Um homem sério e mais compulsoriamente Bastardos inglórios, trazem em seu âmago elementos que abordam o judaísmo e seu espaço-tempo de forma bastante elaborada. O Oscar, talvez por que Hollywood e o cinema em uma escala mais ampla sejam um negócio bem judeu, sempre conferiu destaque a filmes que se dedicassem ao jew living status. Esse ano, os três filmes que iluminam o universo judeu são de uma eloquência ímpar. Em Educação há o breve, e subliminar elemento anti-semita, algo que assim como ocorre no filme, ocorre na vida. O anti-semitismo nunca é declarado. Um homem sério foca a comunidade judaica. Suas idiossincrasias e reminiscências. Em Bastardos inglórios, Tarantino oferece uma catarse judaica como nunca se vira antes. E se tirássemos os escalpos dos nazistas? Se espalhássemos o terror entre eles como eles fizeram conosco? Se matássemos Hitler em um cinema?
Os judeus e seus anseios nunca foram tão bem assistidos pela academia.

Cena de Bastardos inglórios: E se?

O amor, a audiência e o gênero maldito
E o Oscar precisa fazer as pazes com a audiência. Nos últimos 20 anos, as cerimônias que mais tiveram audiência foram as de 1998 e 2004. Não por coincidência os anos dos triunfos de dois blockbusters. Titanic e O senhor dos anéis: o retorno do rei respectivamente. Essa é a única razão de filmes como Avatar e Um sonho possível estarem entre os indicados a melhor filme. Atrair a atenção do espectador comum para a cerimônia.
Por outro lado a academia reconheceu a excelência de um gênero sempre preterido, a ficção cientifica. Distrito 9, uma poderosa parábola sobre preconceito, e Avatar. A maturação do amor, o mais nobre e dolorido dos sentimentos, também chama atenção nos selecionados desse ano. Amor sem escalas e Educação tratam do tema com sobriedade e sofisticação.
Cena de Educação: o amor é um dos fragmentos no caminho da maturidade

Os dez filmes do Oscar desse ano significam muita coisa. Indelével, no entanto, é que com cinco fica mais fácil saber o que a academia quer dizer. O discurso não se dilui. Assim como a qualidade dos indicados.

Os 25 melhores filmes da década: 13- Marcas de violência

Você deveria perguntar a seu marido, por que ele é tão bom em matar pessoas”



Sinopse:
Tom Stall leva uma vida tranquila e feliz na pequena cidade de Millbrook, no estado de Indiana, onde mora com sua esposa e seus dois filhos. Um dia esta rotina de calmaria é interrompida quando Tom consegue impedir um assalto em seu restaurante. Considerado um herói, Tom tem sua vida inteiramente transformada a partir de então. Surge em sua vida Carl Fogarty, um misterioso homem que acredita que Tom não é exatamente quem diz ser.

Comentário:
David Cronenberg realiza aqui o melhor filme sobre o conceito psicanalítico do duplo. Sobre a personalidade que se tem e aquela que se deseja. Marcas da violência é um filme que se ocupa de desconstruir uma identidade forjada. O quanto de nós é instinto e o quanto de nós é manipulável? Controlável? As intensas cenas de sexo, assim como as surpreendentes e rompantes cenas de violência se prestam a potencializar esse comentário de Cronenberg. O diretor extrai outras sutilezas da brutalidade. O interesse que sempre moveu o cineasta, sobre as transformações -sejam elas físicas ou emocionais- que formam o caráter de um homem, está preservado. Contudo, Cronenberg amplia o escopo de sua análise. Ele questiona se é possível criar uma nova vida e ignorar completamente a que se tinha antes. Se os impulsos podem ser domados. E se segredos são tão sagrados quanto laços familiares. Como sugere o título do filme, as respostas que Cronenberg aventa não são aprazíveis.

Prêmios:
2 indicações ao Oscar (ator coadjuvante e roteiro adaptado); indicado ao Bafta de melhor roteiro adaptado; competição oficial pela Palma de ouro em Cannes; melhor diretor e melhor atriz coadjuvante pela associação de críticos de Chicago; 2 indicações ao Globo de ouro (filme/drama e atriz/drama); 6 indicações ao prêmio do círculo de críticos de Londres; melhor ator coadjuvante pela associação de críticos de Los Angeles; melhor ator e melhor atriz coadjuvantes pela associação de críticos de Nova Iorque;

Curiosidades:
- O filme é adaptado de uma história em quadrinhos escrita por John Wagner
- Willian Hurt, que foi indicado ao Oscar pelo filme, só aparece em uma cena e ela soma cinco minutos.
- O filme marca o inicio da parceria entre o ator Viggo Mortensen e o diretor David Cronenberg
- Harrison Ford recusou o papel principal
- A revista francesa Cahiers du cinema elegeu a cena inicial (em um único take) como uma das mais belamente filmadas de toda a história do cinema

Ficha técnica:
título original:A History of Violence
gênero:Drama
duração:01 hs 36 min
ano de lançamento:2005
estúdio:New Line
distribuidora:New Line Cinema / PlayArte
direção: David Cronenberg
roteiro:Josh Olson, baseado em graphic novel de John Wagner e Vince Locke
produção:Chris Bender, David Cronenberg e J.C. Spink
música:Howard Shore
fotografia:Peter Surschitzky
figurino:Denise Cronenberg
edição:Ronald Sanders

elenco: Viggo Mortensen, Ed Harris, Maria Bello, Willian Hurt e Jessé Eisenberg


Fonte: Arquivo pessoal


sábado, 27 de fevereiro de 2010

OSCAR WATCH - A peleja dos atores coadjuvantes

Da esquerda para a direita: Matt Damon (Invictus), Christoph Waltz (Bastardos inglórios), Christopher Plummer (The last station), Stanley Tucci (Um olhar do paraíso) e Woody Harrelson (O mensageiro)


O invencível

O austríaco Christoph Waltz é o menos conhecido dos indicados. Mas é o mais badalado. Waltz, mantém a humildade de quem ainda não domina o circo hollywoodiano, mas no fundo sabe que o universo conspira a seu favor.

Prós:
+ Ganhou tudo, absolutamente tudo de mais importante, na temporada
+ Representa a melhor forma de se reconhecer o filme de Tarantino em uma possível distribuição de prêmios pulverizada
+ Interpreta um psicopata contumaz e eles têm dominado essa categoria
+ Os próprios concorrentes já declararam que Waltz deve e merece ganhar o prêmio. Essa é a única categoria em que houve declarações desse tipo

Contras:
- Só se a academia resolver fazer justiça tardia com o competente Christopher Plummer

Primeira indicação

O vegan gente boa

Woody Harrelson é vegetariano. É politicamente correto. Democrata e muito engraçado. É o tipo de cara que quando faz algo bom, surfa na tendência de premiá-lo. Justamente por isso, e pela bela composição que faz em O mensageiro, seria o grande oponente de Waltz na noite de 7 de março. Seria ou será? “Vou curtir a festa!”, disse o ator a agência de notícias France Press. Para bom entendedor...

Prós:
+ Assim como Waltz está arrebatador na tela
+ É americano e nos últimos anos nenhum americano prevaleceu aqui
+ Esteve em bastante evidência no último ano estrelando os sucessos comerciais 2012 e Zumbilândia
+ Ganhou os três prêmios que Waltz não papou na temporada

Contras:
- Seu filme é bem menos festejado do que o que Watz estrela
- É americano e nos últimos anos nenhum americano prevaleceu aqui
- Ele mesmo já declarou Waltz vencedor
- Nos últimos anos, essa categoria não apresentou surpresas de última hora

Indicações anteriores: Melhor ator por O povo contra Larry Flynt (1996)

O reconhecimento tardio

Aos 80 anos, o veterano ator Christopher Plummer, que estrelou filmes muito premiados pela academia, como A noviça rebelde, recebe sua primeira indicação. É justa, é simpática e merecida. Para todos os efeitos, é suficiente.

Prós:
+ Pode ser beneficiado da política compensatória da academia

Contras:
- Seu filme “diminuiu” durante o curso da temporada de premiações
- A pecha de que a indicação já é suficiente
- Não é o melhor trabalho do ano, nem mesmo seu melhor trabalho e todo mundo Sabe disso

Primeira indicação

O ator que é sempre bom

Muita gente não conhece Stanley Tucci de nome. Alguns podem lembrar de sua face (já atuou em mais de 60 produções). É aquele tipo de ator que está sempre bem em qualquer papel. Tal qual Richard Jenkis, outro famoso “Já vi esse cara antes” reconhecido com uma indicação no ano passado.

Prós:
+ É uma figura bastante querida em Hollywood
+ Todo mundo diz que ele é a melhor coisa do filme de Peter Jackson
+ Também interpreta um psicopata, característica que tem rendido prêmios na categoria

Contras:
- A pecha de que a indicação já é suficiente
- O filme pelo qual foi indicado não caiu no gosto da critica

Primeira indicação

O ator que está cada vez melhor

Se teve um ator que evoluiu de forma acachapante nessa década passada, esse ator foi Matt Damon. Camaleônico, esteve em grandes franquias como a trilogia bourne e 11 homens e um segredo e em filmes menores como Syriana e O desinformante. Embora seu papel em Invictus não seja nada de extraordinário, foi um exemplo do comprometimento e dedicação desse devotado ator, e calhou de ser uma bela oportunidade de prestigiar um dos mais versáteis e lucrativos atores da atualidade.

Prós:
+ É o único astro dos indicados

Contras:
- Sua indicação tem um caráter de homenagem, uma vez que Damon teve um bom ano, mas não foi lembrado pela que a critica considerou sua melhor performance no ano (O desinformante)
- O filme que estrela “encolheu”
- A pecha de que a indicação já é suficiente
Indicações anteriores: Melhor ator por Gênio indomável (1998) e melhor roteiro original por Gênio indomável (1998)
Prêmio anterior: Melhor roteiro em 1998

ESPECIAL SIMPLESMENTE COMPLICADO - Ponto final

O que já foi dito sobre o filme:

“Como todos os filmes de Meyers é mais um pornô de designers interiores do que algo sobre emoções humanas e é muito longo.” Helen o´ hara da revista Empire

Simplesmente Complicado é o incrível tipo de entretenimento voltado para adultos que certa vez pautou Hollywood” Kevin Maher do jornal inglês Times

“Um filme refinado, equilibrado e eminentemente engraçado, apresentando três sublimes atuações de seus incrivelmente talentosos atores”, de Giles Hardy do site Commingsoon.net

“Posto de forma simples, Simplesmente complicado é um estouro”, de Lisa Kennedy do jornal Denver Post

Simplesmente complicado libera um Alec Baldwin que ainda não conhecíamos”, Wesley Morris do jornal Boston Globe

“A verdade é que todo mundo precisa de um mimo, o que poderia ser a chave para o peculiar talento da Senhora Meyers: Ela mima sua audiência desavergonhadamente”, Manohla Dargis do New York Times

“A comédia romântica sobre um casal divorciado tendo um caso consegue ser ao mesmo tempo entretenimento suave e entregar algo para se refletir” Michael O´sillivan do Washigton Post

“Meyers demonstra, como ela fez em Alguém tem que ceder e O amor não tira férias, uma limitadíssima visão de mundo” Mary F. Pols da revista Time

“Essa é uma zona de conforto para tantos espectadores, mesmo os personagens não sendo mais reais do que modelos em anúncios da Vanity Fair” Kirk Honeycutt do jornal Hollywood Reporter

De olho no futuro...

O gosto pelos malvadões
Depois de ser lorde Blackwood, o antagonista de Robert Downey Jr. em Sherlock Holmes e de encarnar o xerife de Nothingham no aguardado Robin Hood de Ridley Scoot, mais um vilão famoso (por que de não famosos ele já tem muitos), aparece na carreira do inglês Mark Strong. Foi confirmado essa semana que ele viverá Sinestro, o arqui rival do Lanterna verde, no filme que está sendo produzido para o verão do ano que vem. Ryan Reynolds, que será o herói, Tim Robbins, o pai do herói, e Blake Lively, o interesse romântico do herói, já estavam confirmados no elenco.

O herói da década?
Muita gente hesita em responder qual foi o herói dessa primeira década do século no cinema. Jason Bourne (o desmemoriado agente vivido por Matt Damon), Wolverine (o envocado mutante dos X-men vivido por Hugh Jackman) e, acreditem, o ogro Shrek (dublado por Mike Myers) são os mais lembrados. Contudo, Ryan Reynolds quer a dianteira nessa década que entra. Ele é o intérprete de dois novíssimos candidatos a esse título. Além de ser o protagonista de Lanterna verde, ele também estrela Deadpool. Spin off (filme que se origina de outro filme) do spin off de X-men, Wolverine.


Ryan Reynolds e seu tanquinho: prontos para a briga

A briga para viver o Capitão América
Jeremy Renner estava na frente. Mas já ficou para trás. O consenso entre a produção do filme e o diretor Joe Johnston (que acabou de entregar a bomba O lobisomem) permance. Procura-se um ator de recursos (físicos e dramáticos) que ainda não seja astro, mas que esteja apto a sê-lo. O nome mais bem colocado na disputa é o de John Krasinski, o Jim do seriado The Office. Correm por fora o bonitinho Chace Crawford, de Gossip Girl e Garret Hedlund, que foi um dos irmãos de Mark Wahlberg em Quatro irmãos. Dá para ver que Renner perdeu a corrida para gente mais jovem e mais bonita. Ah, essa Hollywood!

Da esquerda para a direita: Crawford, Krasinski e Hedlund

O novo começo de Superman nos cinemas
Poucas semanas depois de oficializar o nome de Christopher Nolan na produção do novo filme do superman (ainda não se confirmou o nome de Nolan como o diretor, mas quem precisa dessa confirmação, certo?), a Warner anunciou (esse sim, em termos oficiais) o nome de David Goyer (roteirista dos dois últimos filmes que Nolan dirigiu do Batman) para assumir o roteiro de Man of Steel, nome provisório do novo filme do superman. Também foi anunciado que Brandon Routh, o último ator a viver o homem de aço, está fora da jogada.


Juntando Owen Wilson e Carla Bruni
O último filme de Woody Allen ainda não estreou no Brasil.Tudo pode dar certo está previsto para maio. No meio do ano deverá estrear nos EUA e Europa, You will meet a tall dark stranger, seu mais novo filme. E Allen que ainda não anunciou se filmará no Rio de janeiro, como sonham alguns empresários tupiniquins, já toca seu próximo projeto que deve ser rodado em Paris durante o verão europeu. Depois de escalar, com direito a grande repercussão mundial, a primeira dama francesa Carla Bruni, o diretor acaba de confirmar Owen Wilson no elenco. Será muito interessante ver Wilson exercitando o humor neurótico do nova-iorquino Allen em Paris. Primeira fila já!

Vera Farmiga diz sim
Madonna tanto fez que conseguiu uma atriz indicada ao Oscar para seu próximo filme como diretora. W.E, um filme de época que mostrará paixões e intrigas na monarquia inglesa vitoriana, está sendo aguardado com ceticismo. Madonna recebeu negativas de gente como Cate Blanchet, Keira Knightely, Natalie Portman e Marion Cottilard. Vera Farmiga (que concorre ao Oscar por seu desempenho em Amor se escalas) topou o convite de Madonna. Agora é esperar para ver o que vai dar!
Vera sorri: Será que ela estará sorrindo quando o filme for lançado?

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Cantinho do DVD

A seção desta semana destaca um filme que não fez muito barulho nos cinemas, mas que reúne qualidades asseguram o interesse de qualquer um. Dirigido pela sensível Isabel Coixet e com um Ben Kingsley em grande forma, Fatal é a adaptação de um dos muitos romances premiados do americano Philip Roth. Há, ainda, a presença sexy de Penelope Cruz. Vamos a critica:


As convicções liberais como espelho da solidão



Fatal (Elegy EUA 2008) é uma redentora obra sobre como a forma de vermos e nos relacionamos com o mundo a nossa volta influi no ritmo e no resultado de nossas vidas. A fita dirigida pela competente diretora espanhola Isabel Coixet, que já havia demonstrado sensibilidade ímpar nos filmes Minha vida sem mim e A vida secreta das palavras, é adaptada do romance “O animal agonizante” do americano Philip Roth.
Roth, que já teve outros romances adaptados para o cinema, costuma se desdobrar sobre a alma masculina. É geralmente visto como sexista. Dando mais espaço a rótulos levianos do que se imagina necessário. Ou acentuando pensamentos retrógrados sobre as mulheres. Em Fatal, um professor universitário de prestigio, grande critico do puritanismo americano e adepto de levar uma ou outra de suas alunas para cama, se vê perplexo ao descobrir-se apaixonado por Consuelo, bela filha de imigrantes cubanos que parece retribuir o sentimento. O professor, no entanto, resiste ao desejo de se entregar, de se afeiçoar; por que acredita ser algo falho, equivocado e vicioso.
O romance de Roth e o filme de Coixet se ocupam de desvelar a intrínseca cadeia de sentimentos e convicções que se embaralham daí para a frente. Coixet suaviza, é verdade, a carga erótica da narrativa de Roth, mas também reduz as gratuidades. Preservando o drama, mas economizando nas emoções. Para tanto, confia plenamente no desempenho de seus atores.
Ben Kingsley vive o professor universitário com invejável fôlego. O ator consegue através de uma atuação minimalista expressar todo o desconforto, falta de tato e ego inflado de seu personagem. Penelópe Cruz, na pele da aluna enamorada, também apresenta uma atuação destacada. A atriz consegue caminhar segura entre a sensualidade latina, traço forte da personagem, e a segurança de uma mulher que sabe o que quer.
Fatal propõe um interessante jogo de espelhos. Abrange e antagoniza visões de mundo. Homem x mulher. Liberalismo x conservadorismo. Amor a vida x medo da morte. Infelizmente o filme não tem a força do livro, pelo menos no que concerne as conclusões por ele fomentadas, mas estabelece parâmetros bastante claros. É sem dúvida alguma um filme imperdível.

ESPECIAL SIMPLESMENTE COMPLICADO - Critica

É simples ou complicado?
Jogo de adultos: dilemas amorosos não conheçem limites no novo filme de Nancy Meyers

A dinâmica das relações amorosas sempre interessou Nancy Meyers. Em Simplesmente complicado (It´s complicated EUA 2009), a cineasta pondera sobre uma questão que aflige muitos ex-casais. E se ainda houver faíscas? Nossa história realmente acabou? É lógico que o escopo de Meyers é muito maior, mas a grande questão do filme é: Podemos nos apaixonar de novo por uma mesma pessoa em um momento diferente da vida?
O filme, para lá de charmoso (o que já é referência no cinema da diretora), mostra como Jane (Meryl Streep, encantadora como de hábito) lida com essa questão. Depois de 10 anos divorciada de seu ex-marido, Jake (um espetacular Alec Baldwin), eles começam a se envolver romanticamente de novo. A conturbada história entre os dois (que não é mostrada, apenas mencionada), de traição, desprezo e desconforto parece diminuir ante a atração mútua. Para complicar o cenário, Jake está casado com a mulher que fora sua amante antes e um arquiteto boa pinta, vivido com retidão por Steve Martin, começa a demonstrar interesse em Jane. As bifurcações, as simplificações e as complexidades que movem esse mezzo triângulo mezzo quadrado amoroso, que se equilibra em afinidades e valores tanto quanto em desilusões e frustrações comuns, são o que movimentam o filme de Meyers. Ela extrai humor de quase todas as cenas e conta com o inestimável esmero de seu elenco. Inspiradíssimo.

Alec Baldwin é o destaque de um elenco em grande forma

Em última análise, Simplesmente complicado é um filme que pretende entreter, divertir e servir também como material de reflexão. Não é fácil atingir todos esses objetivos, mas Nancy Meyers consegue. Entrega seu filme mais elaborado como diretora. Com um roteiro repleto de tiradas tão irônicas quanto inteligentes e uma solução tão plausível quanto agradável. O filme mostra, a despeitos dos já notáveis avanços, que o cinema de Nancy Meyers ainda vai longe. Muito longe.

OSCAR WATCH - Mamãe eu quero um Oscar! (ansiedade e polêmica em Hollywood)

Da esquerda para a direita o roteirista, e também produtor de Guerra ao terror, Mark Boal, o ator Jeremy Renner e o ansioso produtor Nicolas Chartier. A pergunta em Hollywood é: Ele pôs tudo a perder?

Todo mundo sabe que a corrida pelo Oscar é um Deus nos acuda eleitoral. Para conter o ímpeto político de alguns marketeiros e de certos estúdios poderosos, a academia estipulou algumas regras. Nada muito ortodoxo. Na prática, só inibe a cara de pau. Pois essas esquálidas regrinhas do politicamente correto não foram suficientes para Nicolas Chartier, produtor de Guerra ao terror. O produtor enviou um e-mail a diversos membros da academia pedindo votos para seu filme. Com as palavras muito sinceras e pouco espirituosas: “Precisamos que filmes independentes ganhem, portanto, se acham que Guerra ao terror é o melhor, ajudem-nos”. O produtor mandou o fair play para o espaço ao emendar: “Se todos falarem com um ou dois amigos (que votam no Oscar evidentemente) nós ganhamos e não um filme de U$ 500 milhões”. A alusão pejorativa a Avatar pode ter caído mal. Ontem a noite não se falava em outra coisa em Hollywood. O produtor mandou, algumas horas depois do primeiro e-mail, um e-mail aos mesmos destinatários pedindo desculpas pela indiscrição e pela violação das regras. A Summit, uma das distribuidoras do filme no mercado americano, também iniciou uma operação abafa. A academia não deve punir Chartier. Pelo menos não deverá censurá-lo em público. Como ainda não houve nenhum pronunciamento oficial sobre o ocorrido, especula-se que a punição possa se configurar em um desempenho bem mais tímido do que muitos creem que o filme terá no Oscar. Como mamãe dizia: O peixe morre pela boca...

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

ESPECIAL SIMPLESMENTE COMPLICADO - Complicadinhas

Para se apaixonar
Simplesmente complicado é daqueles filmes que te fazem ter vontade de se apaixonar. Porque mostra o quão relacionado à idéia de felicidade, o fato de estar amando está. O amor como ponto de fuga da zona de conforto, da apatia, do politicamente correto, do datado, do desromantizado, do convencional, do peculiar; enfim é o filme que dá sentido a expressão “amar é padecer no paraíso!”

E se...
Simplesmente complicado também é o filme que ajuda a dimensionar uma corriqueira questão para aqueles que enfrentaram divórcios. Ainda mais para os que têm filhos em conjunto. E se? E se eu tivesse tentado por mais tempo? E se tivéssemos feito diferente? E se eu ainda fosse casado com ele (a)? A solução do filme, obviamente, não é a que todo o casal chegaria. É a mais passível para aquele ex-casal vivido com gosto e energia por Alec Baldwin e Meryl Streep.

Meryl e Alec: Essa vida que vivemos...
Ah, a bossa nova...
Os filmes de Nancy Meyers sempre são pautados por um som de bossa nova. Em Alguém tem que ceder temos até mesmo uma canção de Maria Rita no filme (que também aparece em Closer, outro filme sobre relacionamentos. Coindidência?). Em Simplesmente complicado a bossa nova, em ritmo bluzeiro, dá o tom dos personagens e do estado de espírito deles. É ao ritmo da bossa de pegada bem brasileira que eles vão tocando suas relações.

Um ator contido
Todo mundo sabe que Alec Baldwin é o dono do show aqui. O ator tem as melhores falas, o personagem mais divertido e as melhores cenas. Mas Steve Martin é um show a parte. Contido, na pele de um arquiteto tímido e ainda abalado por seu divórcio, Martin surpreende aqueles que estão acostumados a seus cacoetes mais notórios como comediante em filmes como A pantera cor de rosa e Doze é demais. Em Simplesmente complicado ele faz rir sim, mas com muito mais charme.
Martin em cena com Meryl: The unusual way
Ele sabe roubar cenas
John Kracinski cresceu muito com seu personagem Jim na série americana de sucesso, The Office. A partir de então, conseguiu bons papéis em filmes como O amor não tem regras e nesse Simplesmente complicado. Aqui, em um papel menor, ele chama muito a atenção e brilha tanto quanto os veteranos Alec Baldwin e Steve Martin. Em aparições simples, bem humoradas e carismáticas.

Para quem gosta de Manoel Carlos
Simplesmente complicado é um filme indicado para quem aprecia o texto do noveleiro Manuel Carlos. Isso não é demérito, muito menos uma critica negativa. Meyers contempla a mesma classe social e os mesmos dilemas amorosos e sociais que o autor perpassa em sua dramaturgia. E o senso de humor dos dois é muito parecido. Confira e tire a prova dos nove.


Laços de família: Não! Não é a novela das oito...

Cenas de cinema

Ele não quer saber de ir embora
Gerard Butler sabe curtir férias. Depois de se esbaldar no carnaval carioca, o ator seguiu para Florianópolis e depois retornou para o Rio. Aí você confere a foto postada pelo stylist Matheus Mazzafera em seu twitter. Dá para ver que Butler está bem feliz ao lado das tops brasileiras Fernanda Motta, Ana Beatriz Barros e Alessandra Ambrósio. Quase tão feliz quanto os 4 brasileiros que o pajeiam.
Foto:reprodução/twitter
Ir embora para quê?

E como foi que Brad Pitt veio parar nessa história ?
Depois de serem fotografados juntos na semana passada em Berlim, circulou um boato de que a francesa Mélaine Laurent, que embelezou a trupe bastarda de Tarantino no filme concorre a oito Oscars, estaria envolvida com Ewan McGregor. Que é casado, diga-se. Até aí tudo bem. A imprensa marrom precisa de boatos dessa natureza para se viabilizar. O que chama a atenção é o desdobramento espetacular que o boato teve. Da foto minimamente comprometedora de McGregor e Laurent em Berlim chegou-se ao boato, não menos improvável, de que a francesinha andou dando em cima de Brad Pitt nos sets de Bastardos inglórios. “Desavergonhadamente”, informa uma fonte anônima ao National Enquirer. E não era a única. Segundo essa mesma fonte, a alemã Diane Krueger teria despertado ciúmes de La Jolie. Entendeu?


Ewan McGregor e Mélaine Laurent: Ah, deixa o Brad para lá!

Agora eles confirmam
Foi no Bafta 2010, realizado no último domingo. Robert Pattinson confirmou o óbvio e de conhecimento público. Está namorando sua colega de elenco Kristen Stewart. Segundo o ator, os pombinhos de Crepúsculo não abriam seu relacionamento para o mundo para não exasperar os fãs. “Não sabíamos o tipo de reação que essa revelação teria. Queríamos preservar a relação saudável”. O que mudou então? Além da proximidade do lançamento de Eclipse, terceiro filme da saga, Pattinson acabou de declarar que tem alergia a vaginas. Obviamente foi aconselhado a assumir que tinha uma mulher para chamar de sua. E todo mundo já tinha Kristen como dele. Sabe como é, é a fome com a vontade de comer. Mas sem malícia, por favor.

Para quem gosta de John McClane
Durante a rodada de entrevistas promocionais para divulgar o filme Cop out, que no Brasil se chamará Tiras em apuros, Bruce Willis manifestou o desejo de voltar a viver John McClane. À MTV o ator disse que se dependesse dele contrataria o diretor Len Wiseman (responsável pelo quarto filme da série) agora mesmo. Ele prevê que o quinto filme da série deva começar a ser rodado em 2011. Ainda não há nada oficial sobre o filme. Mas é bom saber que Willis está a bordo. Sem ele, não tem McClane.


McClane e seu bordão “Yuppie kay way mother fucker”: bem longe da aposentadoria

OSCAR WATCH - A vez delas?

Chega a ser até mesmo absurdo, mas Kathryn Bigelow é apenas a quarta mulher a receber uma indicação ao Oscar por direção em 82 anos de premiação. O dado, tão absurdo quanto condenável, pode suscitar muitas discussões sobre machismo e outras coisitas mais que assolam Hollywood e seu símbolo máximo de auto-congratulação. Contudo, depois das indicações de Lina Wertmuller (1977), Jane Campion (1995) e Sofia Coppola (2004) parece improvável que o Oscar desse ano não vá para Kathryn Bigelow, a quarta mulher a penetrar esse clube do bolinha que resiste em reconhecer a excelência em toda a sua pluralidade.


A pioneira: a italiana Lina Wertmüller foi a primeira diretora indicada ao Oscar

Bigelow, apontam os reacionários - ou reacionárias, vencerá por um filme que parece ter sido dirigido por um homem. Essa afirmação, tão provocativa quanto deslocada de razão, mostra que não importa o avanço que se faça, sempre haverá intriga. O Oscar, apesar de sua importância cultural inegável, não é termômetro de conquista sociais (até porque se o fosse, as mulheres estariam em maus lençóis). Porém, se quebrar um tabu como esses, da forma como se anuncia, estará inegavelmente contribuindo para mais um importante avanço sócio-econômico. Para quem estiver contando: depois de conquistarem a presidência em muitos países, agora é a vez do Oscar. Preparem os sutiãs!

Kathryn Bigelow em locação de Guerra ao terror: favoritismo, consagração e bandeira feminista em uma mesma estatueta

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

OSCAR WATCH - As 10 maiores surpresas (que valeram bons momentos) da história do Oscar

10 - A colisão de Crash na montanha brokeback (Oscar 2006)
Até havia os que previam o triunfo do filme de Paul Haggis. Principalmente depois da vitória no SAG (o prêmio do sindicato dos atores). Porém, depois da entrega dos prêmios de roteiro adaptado e direção para O segredo de Brokeback mountain, sem falar em toda a badalação em torno do filme, quando Jack Nicholson anunciou, em tom de espanto, a vitória de Crash, o auditório – e o mundo – vieram abaixo.

9 – Um italiano bobo alegre (Oscar 1999)
Impressiona a muitos, até hoje, a forma como o drama italiano A vida é bela cativou a academia de Hollywood. Com indicações em todas as categorias nobres, o filme sagrou-se uma das produções estrangeiras com melhor desempenho na história do Oscar. Contudo, nenhum dos prêmios entregues ao filme surpreendeu tanto quanto a vitória de Roberto Benigni como melhor ator. Não só sua vitória não era esperada, como sua reação tomou todos de surpresa. Benigni subiu nas cadeiras, pulou, berrou e vibrou. Poucas vezes o Oscar lembrou tanto uma conquista de copa do mundo.

8 – O beijo roubado (Oscar 2002)
A briga pelo Oscar de melhor ator estava entre Jack Nicholson por As confissões de Schmidt e Daniel Day Lewis por Gangues de Nova Iorque. Todos foram arrebatados quando Adrien Brody por O pianista foi anunciado o vencedor da categoria. O ator mais jovem a já ganhar o prêmio ainda protagonizou um dos grandes momentos da história do Oscar. Eternizando-se ao roubar um beijo de Halle Berry, que lhe entregaria a estatueta.

7 – Os cafetões brilham (Oscar 2006)
Depois de premiar o rapper Eminem, a academia seguiu quebrando tabus e contrariando alguns ritos conservadores ao premiar Jordan Huston e Cedric Coleman pela canção It´s hard out here for a pimp (algo como A vida é difícil para um cafetão) do filme Ritmo de um sonho. A cancão, interpretada pelo grupo Three six mafia valeu uma ótima piada do apresentador Jon Stewart. “Three six mafia 1, Martin Scorsese 0”, disparou o comediante. A tempo, já que no ano seguinte Scorsese ganharia seu Oscar.

6 - Sank you (Oscar 2009)
O filme japonês A partida superou o favoritismo do israelense Valsa com Bashir. Pouca gente havia visto e muitos nem sequer tinham ouvido falar do filme antes. O diretor da fita, Yojiro Takita, não sabia falar uma palavra de inglês. Visivelmente emocionado, e surpreso, disparou um Sank you. Não precisava dizer mais nada.

5 –Tom Hanks ganha novamente (Oscar 1995)
São poucos os atores que têm mais de um Oscar. Três só Jack Nicholson. Justamente por isso, impressionou meio mundo quando a academia de Hollywood concedeu o Oscar de melhor ator para Tom Hanks em 1995 por seu papel em Forrest Gump. Ele havia vencido no ano anterior por Filadélfia. Era esse o momento que o transformava não só em astro, como em lenda viva.

4 – Cidadão Kane não vence (Oscar 1942)
Para muitos, essa é uma das maiores injustiças da história do prêmio. Não é para tanto. Com bons filmes em competição, Como era verde o meu vale (o vencedor), O falcão Maltês (o melhor filme estrelado por Humphrey Bogart), Suspeita (um dos muitos grandes filmes de Hitchcock) e Sargento York, era de se imaginar que algo assim pudesse acontecer. No entanto, o filme que foi taxado de o melhor filme americano da história (para muitos ainda é) ficou sem o Oscar.

3- A (polêmica) vitória de Marisa Tomei
(Oscar 1993)
A atriz venceu as duas favoritas Miranda Richardson e Vanessa Redgrave (mãe e filha que concorriam na mesma categoria). Até hoje sua vitória para lá de inesperada por Meu primo Vinny suscita discussões. Há quem acredite que o veterano Jack Palance errou o nome da vencedora e que a academia para não voltar atrás manteve Tomei como vencedora. De qualquer maneira, para afastar polêmicas dessa natureza, a partir daquele ano o vencedor passou a levar o envelope com seu nome para casa.

2- A animação imortal (Oscar 1992)
Na realidade, essa surpresa se deu antes da cerimônia do Oscar;ocorreu no anúncio dos indicados. A animação A bela e a fera foi indicada a melhor filme do ano. Roubando a vaga de produções tarimbadas como Cabo do medo de Scorsese, Thelma & Luise de Ridley Scoot e O pescador de ilusões de Terry Gillian. Um feito notável que só foi repetido esse ano com a inclusão de Up – altas aventuras entre os selecionados para disputar o Oscar de melhor filme. Mas a conquista de A bela e a fera é ainda maior devido a dois fatores: Só haviam 5 indicados na época, ao contrário dos dez desse ano e a animação ainda não representava a galinha dos ovos de ouro que representa hoje para Hollywood.

1- Woody Allen no Oscar (Oscar 2002)
Uma das pessoas que mais ostentam indicações ao Oscar, Allen já foi contemplado como roteirista, ator, diretor, compositor e produtor. Até mesmo ganhou o Oscar, em 1977 ,com Noivo neurótico, noiva nervosa. Mas nunca havia comparecido a cerimônia do Oscar. Diz-se avesso a toda aquela badalação (Há teorias que sustentam que ele não têm mais prêmios e indicações justamente por isso). Mas Allen compareceu a cerimônia de 2002 para fazer uma homenagem a cidade de Nova Iorque, que no ano anterior fora vítima do maior atentado terrorista da história da humanidade até hoje. A participação de Allen havia sido mantida em sigilo pelos produtores da cerimônia. Foi um belo presente para Nova Iorque e para os cinéfilos.

Veja o vídeo da participação de Allen no Oscar:


Critica: O mensageiro

A guerra de cada um!
Ben Foster (de camiseta branca) e Woody Harrelson brilham como o alter ego do americano comum

Hollywood pode ser liberal. Os filmes de guerra e sobre a guerra podem ser, em sua maioria, anti-belicistas. Contudo, vez ou outra, um filme, mesmo que não inteiramente hollywoodiano, reveste-se de humanidade de tal maneira que põe toda essa discussão em uma zona periférica. O independente O mensageiro (The Messenger, EUA 2009), é bem verdade, traz alguns elementos tipicamente hollywoodianos (o maior deles talvez seja a presença do quase astro Woody Harrelson), mas tem um discurso muito mais profundo do que a média dos filmes sobre guerras feitos em Hollywood.
No filme, acompanhamos Will (Ben Foster) e Tony (Woody Harrelson) dois militares incumbidos de notificar as famílias de soldados mortos em ação no Iraque. Uma tarefa penosa, exaustiva emocionalmente e mais complexa do que se pode supor a principio, que eles têm de arcar com rigidez militar, literalmente.
A partir dessa inusitada premissa, o roteirista e diretor Oren Moverman (cujos créditos como roteirista incluí a hermética cinebiografia de Bob Dylan, Não estou lá) se dedica a investigar o sentido da guerra para algumas figuras (em especial os dois soldados que acompanhamos). O resultado como era de se imaginar não é muito diferente de traumas diversos, sequelas múltiplas, dor, tristeza e incompreensão. Mas o que abrilhanta O mensageiro é como Moverman chega a essas tão repercutidas conclusões. Ele não mostra o combate. A guerra é um fantasma para todos.
Nesse sentido, a pluralidade dos personagens, aos quais assistimos Will e Tony, em questão de minutos, despedaçarem suas vidas com as condolências oficiais é eloqüente. Desde a adolescente que escondeu do pai que se casou com um menino da vizinhança até o imigrante hispânico, cuja língua é uma barreira para a compreensão do que se diz. Moverman mostra que o sentido de uma guerra, e os efeitos dela, podem ser tudo isso que se imagina, mas também há um impacto devastador de natureza particular que não pode ser pressentido. O maior mérito de O mensageiro é lembrar isso. Relativizar o impacto cultural de um conflito como o que se tem no Iraque elevando as percepções pessoais que se tem dele.


Preparados para uma guerra emocional: Tony e Will se preparam para mais uma batalha

Supremo na pele do sargento marcado por traumas da guerra e que carrega algumas feridas também, Ben Foster emociona com a força de sua interpretação. Sutil e minimalista, ele reforça os efeitos que a guerra pode ter em um individuo e em sua relação com a sociedade. Will tateia o sentido de sua vida após voltar do Iraque e sua relação com seu novo parceiro, Tony, e com seu novo ofício são os termômetros dessa condição. Por sua vez, Tony tem seus próprios traumas. O quadro de ansiedade dele, e a razão de ter cedido ao alcoolismo, difere totalmente do que aflige Will. É na dinâmica da relação dos dois, entre si e para com a ingrata função que exercem, que O mensageiro se eterniza como um filme único sobre as reminiscências de toda e qualquer guerra.
E para mostrar que é preciso ter senso de humor até nas mais infelizes situações, o filme apresenta (em uma fala do personagem de Harrelson) a mais inusitada, e coerente, teoria do por que a guerra do Iraque está sendo um fracasso. Um filme para ser apreciado em todas as suas vertentes.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

ESPECIAL SIMPLESMENTE COMPLICADO - Por que Meryl?


Ela acabou de receber sua 16a indicação ao Oscar pelo papel de Julia Child, uma americana que revolucionou a cozinha de tantas outras, mas um papel muito mais parecido com a verdadeira Meryl Streep, ou com a imagem que o público tem dela, é o que ela interpreta em Simplesmente complicado. No filme a atriz vive Jane uma mulher bem sucedida, confortável na sua terceira idade, mas não refém dessa fase da vida. Algo tão complicado quanto desejado por tantas mulheres. A constatação disso ajuda a entender a opção por Meryl Streep para dar vida a Jane.
“Ela simplesmente domina qualquer cena em que participe e te faz acreditar em qualquer coisa que queira que você acredite”, disse certa vez Reneé Zellwegger parceira de Meryl no filme família Amor verdadeiro, por coincidência outro papel que levou Streep ao Oscar. “Não é fácil chegar na terceira idade no meio de um triangulo amoroso”, lembrou o critico de cinema Roger Ebert em sua resenha sobre o filme, “mas é fácil acreditar que um dos elementos seja Meryl”.
Ebert ajuda a elucidar a questão. Depois de expor o corpo de Diane Keaton e a bunda de Jack Nicholson em Alguém tem que ceder, Nancy Meyers mostra a libido de uma mulher que a sociedade determina que já não deveria ter. Mostra também um pouco mais de Alec Baldwin do que você poderia querer ver. E Meryl Streep além de ser capaz de emular todas as nuanças pretendidas por Nancy Meyers, consegue fazer de um Alec Baldwin em pêlo, uma coisa tolerável de se assistir.

A escolha deles!

Quem acompanha o blog há algum tempo já viu a lista das 10 melhores atuações, masculina e feminina, da década elaborada pelo blog. Quem ainda não leu poderá lê-las clicando nos links no final do artigo. Porém, o New York Times divulgou hoje um vídeo em que os principais nomes do ano (como George Clooney, Sandra Bullock, Jeff Bridges, Zoe Saldanha, Sam Worthington, Christoph Waltz e Julianne Moore) destacam as escolhas de cada um deles como a melhor atuação da década. As justificativas são muito interessantes. Desde a rasgação de seda, com fundo de verdade, de Tobey Maguire em relação ao amigo Leonardo DiCaprio, até o belo elogio (e perfeita análise) de George Clooney em relação ao desempenho de Marion Cottilard no papel que lhe deu o Oscar.
Confira o vídeo:




As 10 melhores atuações masculinas da década por Claquete
As 10 melhores atuações femininas da década por Claquete

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Movies great partnerships - Irmãos Coen e Roger Deakins


Os Coen (de óculos escuros) e Roger Deakins em locações no Novo méxico onde gravaram cenas de Onde os fracos não têm vez


Muita gente gosta do cinema dos irmãos Coen. Os irmãos cineastas criaram uma identidade bastante particular no cinema americano. Com seus personagens caricatos, seus roteiros tão inteligentes quanto intransigentes e com uma moral vaticinante, os irmãos rapidamente se tornaram cronistas contumazes da América e suas consternações. O que pouca gente sabe é que um inglês da pequena Devon, com oito indicações ao Oscar e que ministra cursos de fotografia em algumas escolas de cinema dos EUA tem muito a ver com essa identidade patenteada pelos irmãos Coen. Aos 61 anos, o diretor de fotografia Roger Deakins chega, com Um homem sério (novo filme dos Coen), a oitava colaboração com Joel e Ethan Coen.
Iniciada em 1996, com Fargo, a parceria, além de longeva, tem se mostrado bem sucedida. Deakins foi o fotógrafo de todos os filmes dos Coen desde então, com exceção de Queime depois de ler. Essa exceção deve-se ao fato de que Deakins estava envolvido em 4 filmes quando os irmãos começaram a filmar a comédia estrelada pelos amigos George Clooney e Brad Pitt; o que o impossibilitou de assumir a direção de fotografia do filme.

Deakins em ação: Ele é o diretor de fotografia vivo com mais indicações ao Oscar. Esse ano, porém, ele não concorre

“É tudo mais fácil quando você já sabe o que o diretor quer. Os ângulos que ele gosta de trabalhar e tudo o mais”, disse Deakins a revista American Cinematographer em 2008 quando fora indicado ao Oscar duplamente, pela fotografia de O assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford e por Onde os fracos não têm vez, dos Coen.
Joel Coen, por sua vez, disse a mesma publicação na ocasião que “Deakins é econômico, rápido, ativo e surpreendente. Quem não gostaria de tê-lo em uma equipe?”

Cena de Fargo: O inicio da prolífera parceria dos Coen e Roger Deakins


Eles e o Oscar
Embora ainda não tenha vencido um Oscar, Deakins é o diretor de fotografia vivo, mais indicado ao prêmio da academia. São oito indicações, das quais 4 por trabalhos desenvolvidos com os Coen.
Um homem sério também chegou ao Oscar. Com duas indicações (filme e roteiro original). Apesar de não ter recebido indicação por fotografia, Deakins pode ser considerado tão autor do filme quanto os Coen. O processo colaborativo deles avançou para um processo de criação em conjunto. Os três já trabalham no próximo filme, True Grit, que deve ser lançado ainda em 2010.

Billy Bob Thorton em cena de O homem que não estava lá: Os Coen e Deakins revitalizaram o cinema noir no século XXI


Os filmes da parceria:
Fargo (1996)
O grande Leboswki (1998)
E aí meu irmão, cadê você? (2000)
O homem que não estava lá (2001)
O amor custa caro (2003)
Matadores de velhinha (2004)
Onde os fracos não tem vez (2007)
Um homem sério (2009)

Legenda: Indicado ao Oscar

Movie Pass - Um homem sério

A seção Movie Pass desse mês destaca um filme que acabou de estrear nos cinemas brasileiros. O novo filme dos irmãos Coen, Um homem sério (A serious man, EUA 2009), porém, já é cult por natureza. Como o é toda e qualquer obra dos cineastas que miram a América com sua verve criativa e subversiva.
Com duas indicações ao Oscar 2010 (filme e roteiro original), o filme mostra a história de um homem, membro diligente de uma comunidade judaica, que sem mais nem menos tem sua vida virada do avesso. É vitima de suborno e sabotagem no trabalho, sua mulher exige o divórcio porque se apaixonou por outro (e ela age em relação a isso como se fosse a coisa mais natural do mundo), um irmão invejoso e encostado não lhe dá trégua, tão pouco os filhos...
A vida de Larry (vivido pelo bom e comedido Michael Stuhlbarg) é tomada literalmente por um tsunami. Aliás, um terremoto funciona como uma metáfora eloquente em uma das cenas do filme, cuja critica pode ser conferida no post abaixo.
O novo filme dos Coen não é fácil. Exige familiaridade com a linguagem do cinema dos irmãos e, mais que isso, disposição para rir da desgraça junto com eles.


Critica - Um homem sério

A desgraça do homem comum


Em seu novo filme, os Coen mais uma vez riem da tragédia. Só que agora, o motivo de riso é a nossa tragédia

O novo filme dos irmãos Coen, Um homem sério (A serious man EUA 2009), é uma comédia de humor negro bem ao gosto dos irmãos cineastas e de seu público cativo. Um filme hermético, com uma veia satírica em ebulição e uma visão pessimista da América.
No novo filme, os Coen adentram a comunidade judaica (de onde eles e também grande parte da comunidade hollywoodiana advém) para satirizar o homem comum em tempos que demandam cinismo e relativismo. No calidoscópio dos Coen, ser bom, integro, justo e agregador pode ser tão perigoso quanto ser passivo, apreensivo, ingênuo e conservador. É uma questão de percepção, pondera Larry Gopnik (Michael Stuhlbarg) certa vez, ao tentar entender o porque de em certo momento sua vida ter sido virada do avesso sem que ele tivesse feito nada que pudesse ser considerado errado. Ou que pudesse ter precipitado uma ação divina contra sua pessoa.
A provação a qual esse homem sério, tal qual Jó na bíblia, é submetido, o faz questionar os propósitos de se seguir códigos morais, religiosos e sociais. A busca incessante de Larry pela guia dos rabinos e as respostas evasivas que ele recebe destes remetem ao que os Coen dizem desde Fargo (1996). Em um mundo como esse, ser sério é não querer ser levado a sério.
O fato do filme se passar em uma época não bem especificada, embora a direção de arte e fotografia nos façam crer que aquele é um subúrbio dos EUA dos anos 60 ou 70, e da história se desenvolver no âmago de uma comunidade judaica só acrescentam ao comentário que o filme se comina. O mundo está perdido não é de hoje. A cena final do filme, anticlimática - como nos últimos filmes dos Coen, mostra isso de forma riquíssima e contundente. A paciência é uma virtude mais dos incautos do que dos corretos. E isso pode ser decisivo.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Os 25 melhores filmes da década:14 - Uma mente brilhante

“Eu preciso acreditar que algo extraordinário é possível”


Sinopse:
John Nash é um gênio da matemática e da economia. Mas aos poucos o belo e arrogante John Nash se transforma em um sofrido e atormentado homem, que chega até mesmo a ser diagnosticado como esquizofrênico pelos médicos que o tratam. Porém, após anos de luta para se recuperar, ele consegue domar a doença.

Comentário:
É fato que biografias de figuras famosas são reverentes por força de definição. Uma mente brilhante, esse belo e clássico trabalho de Ron Howard, foi muito criticado por deixar de fora alguns elementos controversos da vida de seu biografado, como uma possível homossexualidade. Independentemente de omissões que de fato só incomodam a quem queira se incomodar, Uma mente brilhante é um filme inspirador. Bem realizado e acadêmico no conteúdo e na forma, o filme de Howard é um esplendor de técnica. Desde a tocante trilha sonora até o vistoso trabalho de montagem.
A alma do filme, no entanto, é Russel Crowe. A caracterização do ator é daquelas que assombra por gerações. A batalha de um homem para preservar tanto sua genialidade quanto sua dignidade inebria a platéia no ritmo da performance arrebatadora do ator.

Prêmios:
4 Oscars (filme, direção, roteiro adaptado e atriz coadjuvante); 2 Baftas (ator e atriz coadjuvante);4 critic´s choice awards (filme, direção, ator e atriz coadjuvante); 4 globos de ouro (filme/drama, ator/drama, roteiro e atriz coadjuvante); prêmio do sindicato dos diretores; Melhor ator, atriz coaduvante e direção pelo associação de críticos de Phoenix; prêmio de melhor ator pelo sindicato dos atores; prêmio de melhor roteiro pelo sindicato dos roteiristas;

Curiosidades:
- Robert Redford estava atrelado ao projeto (para dirigir) até o inicio da pré-produção, mas se retirou devido a conflitos de agenda.
- O verdadeiro John Nash referendou o filme. Além de visitar os sets de filmagens e rasgar elogios para a caracterização que Russel Crowe fez dele, o matemático compareceu a cerimônia do Oscar que consagrou a fita como a melhor do ano de 2001
- Nenhuma das cenas que se passam na universidade de Harvard foi filmada lá. Elas ocorreram em uma faculdade de Manhattan
- Desde esse filme, os produtores Brian Grazer, Akiva Goldsman e Ron Howard (que também dirige) só trabalham juntos. Seja em blockbusters como O código Davinci ou em produções de Oscar como Frost/Nixon
- A revista americana Premiere incluiu o filme em uma lista que organizou dos 20 filmes mais superestimados de todos os tempos

Ficha técnica:
título original:A Beautiful Mind
gênero:Drama
duração:02 hs 15 min
ano de lançamento:2001
estúdio:Imagine Entertainment
distribuidora:DreamWorks Distribution/ Universal Pictures / UIP
direção: Ron Howard
roteiro:Akiva Goldsman, baseado em livro de Sylvia Nasar
produção:Brian Grazer e Ron Howard
música:James Horner
fotografia:Roger Deakins
direção de arte:Robert Guerra
figurino:Rita Ryack
edição:Daniel P. Hanley e Mike Hill
Elenco: Russel Crowe, Ed Harris, Jennifer Connaly, Paul Bettany e Christopher Plummer


Fonte: arquivo pessoal



OSCAR WATCH - Um prêmio mais justo do que se poderia imaginar

A diretora Kathryn Bigelow empunha seu troféu: Ela e seu filme , Guerra ao terror, foram os grandes vencedores da noite


Foi realizada hoje a cerimônia do Bafta (conhecido como o Oscar inglês). Os prêmios da academia britânica de cinema têm pouca relevância em termos de Oscar, mas são mais um adendo na temporada de premiações que se aproxima do fim. Guerra ao terror, que assim como no Oscar, liderava a corrida pelos Bafta ao lado de Avatar, sagrou-se o grande vencedor do ano com seis prêmios (filme, direção, roteiro original, montagem, fotografia e som). Enquanto que Avatar saiu apenas com dois prêmios (designer de produção e efeitos especiais). Como melhor ator, prevaleceu Colin Firth por Direito de amar. Uma surpresa na verdade; já que o favoritismo era de Jeff Bridges (Coração louco) e apenas George Clooney (Amor sem escalas) parecia cotado a lhe roubar a estatueta. Sem Sandra Bullock na disputa, Carey Mulligan por Educação foi eleita a melhor atriz. A jovem inglesa levou o único prêmio do filme britânico mais festejado da temporada, o que ressalta duas coisas. A primeira é de que a academia britânica optou por uma sobriedade na distribuição dos prêmios que dela não se esperava (muitos criticos tinham como certa uma divisão de prêmios entre Avatar - o fenomeno - e Educação - o british darling) e que a indicação de Meryl Streep (especialmente por esse filme, Julie & Julia), de fato não tem a força que muitos creem ter.

James Cameron e Susie Amis: ele não esperava por essa...


Carey Mulligan no tapete vermelho, momentos antes de receber o prêmio de melhor atriz por Educação


Os coadjuvantes, foram os bispos de sempre. Christoph Waltz, com a barba um pouco mais rasa, foi escolhido o melhor ator coadjuvante por seu trabalho em Bastardos inglórios. O diretor Lee Daniels aceitou o prêmio de melhor atriz coadjuvante para Mo´Nique por seu desempenho em Preciosa.
Amor sem escalas levou o prêmio de roteiro adaptado. O filme de Reitman e o de Tarantino ficaram com apenas um prêmio cada.


Christoph Waltz faz pose junto com seu Bafta: Será que ele já cansou de ganhar?


Duncan Jordan, filho de David Bowie, que ganhou como melhor diretor estreante por Moon, posa com seu bafta ao lado do também vencedor, como melhor ator, Colin Firth

No geral, o Bafta desse ano foi muito mais justo do que se poderia supor e do que o Oscar se anuncia. Se houve exagero no reconhecimento de Guerra ao terror é outra questão. Mas antes exagerar em um filme sério e honesto do que em um filme que se assenta em efeitos especiais e bilheteria. Avatar teve o reconhecimento que lhe era devido. Assim como os ótimos Colin Firth e Carey Mulligan. O saldo do Bafta, no final do dia, ficou no positivo. Que sirva de exemplo para a academia do outro lado do Atlântico.


O ator Robert Pattinson chega a cerimônia: Ok, ele não ganhou nada, mas entregou o prêmio de revelação do ano para a colega de Crepúsculo, Kristen Stewart. Nenhuma premiação é perfeita não é mesmo...

Insight

Sentimental ou sentimentalistaa dicotomia de duas escolas de cinema

Um ensaio sobre a honestidade de uma história; sobre a opção de um cineasta de preservar a integridade do registro ou não, mediante suas expectativas comerciais

Qual a diferença entre sentimental e sentimentalista? Atendo-se a definição semântica da palavra, extraída do dicionário, sentimental é quando se marca por sentimento, sensibilidade, ideário emocional; o que resulta do sentimento e não do pensamento ou da razão. Enquanto que sentimentalismo é a tendência a mostra-se sentimental; exagero de reações ou comportamentos sentimentais.
A partir dessas definições, é possível identificar no cinema em geral, no americano em particular – ainda mais em tempos de Oscar- filmes que se ajustam a uma e outra definição. Antes de eleger os filmes que darão escopo a essa análise e que a caracterizarão, é preciso reconhecer que faz parte de qualquer narrativa, principalmente a fílmica, iludir, deslumbrar, manipular. Mas é igualmente necessário lembrar, que existem limites e padrões desejáveis a serem preservados; e que eles serão decisivos para lograr aos filmes a acunha de sentimentais ou sentimentalistas. Uma percepção necessária na hora de se apreciar uma obra cinematográfica.

Clint Eastwood e Hillary Swank em cena de Menina de ouro: Os personagens, e seus dramas, falam por si...


Para materializar essa análise, elegem-se três dramas recentes que venceram o Oscar e um forte candidato da safra atual. Menina de ouro (2004), Crash (2005), Quem quer ser um milionário? (2008) e Preciosa (2009). Em comum, todos esses filmes têm sua origem independente e também a opção por contar dramas pessoais representativos de minorias. O preconceito e as mazelas sociais são elementos fortes e proeminentes nos quatro filmes, no entanto, a forma como esses elementos são trabalhados difere em todos os projetos. A narrativa e os discursos defendidos também são diferentes.

Cena de Quem quer ser um milionário?: Tal qual Preciosa, fala-se de esperança, mas com a falsa promessa de redenção; todo o sofrimento será compensado.


Enquanto Menina de ouro é dosado, comedido e não força a empatia do espectador com seus personagens, o drama de Danny Boyle, Quem quer ser um milionário?, procura a empatia do público com seu protagonista a todo tempo, lançando mão de subterfúgios narrativos a todo momento para cativar sua platéia, em uma “espetacularização da miséria”. Crash por sua vez cede ao moralismo. Todos os núcleos apresentados no filme têm uma função social e permitem um comentário de seu autor. A improbabilidade de certos desfechos não incomoda em virtude da força das histórias. Todas calculadas para produzir o efeito que produzem. Em Preciosa não há esse maniqueísmo. Sabe-se de antemão que a tragédia da protagonista é muito particular, embora também seja comum, e que ela não encontrará redenção no cinema, nem a platéia. Testemunha-se a força interior gestada na personagem que advém do mundo a sua volta. A honestidade de Preciosa se contrapõe vitoriosamente a veia manipulativa de Crash, embora o filme de Paul Haggis seja dramaticamente mais eficiente.

Em Crash, Paul Haggis exorta: Aqui se faz, aqui se paga. Uma parábola moralista que não deixa de se configurar em um poderoso drama

A partir desses fatos inescapáveis pode-se medir o interesse dos diretores para com sua obra e seus efeitos. Enquanto Eastwood e Daniels queriam contar boas histórias, reais, dolorosas e sem soluções fáceis, Danny Boyle e Paul Haggis (que como curiosidade é roteirista de Menina de ouro) queriam cativar, e exortar, sua platéia irrevogavelmente. Para isso, lançaram mão de artifícios narrativos mesquinhos para potencializar determinadas percepções. Cederam ao sentimentalismo, portanto. Esse fato não torna seus filmes ruins, mas os deixa um degrau abaixo dos outros dois em matéria de cinema. Eastwood e Daniels conseguiram permear seus filmes de sentimento por méritos próprios, sem pesar a mão. Sem desonestidade no relato. Rever os filmes em questão pode ser muito útil para a correta e completa assimilação desse artigo e para que a diferença entre ser sentimental e sentimentalista fique bem clara para cinéfilos e frequentadores de cinema habituais.

Gabourey Sidibe é a protagonista de Preciosa: com seis indicações ao Oscar, o filme fala de esperança sem maniqueísmos

ESPECIAL SIMPLESMENTE COMPLICADO - No cinema depois dos 40

É estatístico. As comédias, as românticas especialmente, se dedicam a públicos mais jovens. A bem da verdade, a maior parte da produção cinematográfica atual – a americana em particular- busca identificação com um público que oscila entre os 15 e os 35 anos. É justamente nessa faixa de idade que se concentra a maior parcela dos frequentadores de cinema. Mas isso é tema para uma seção Insight.
De qualquer maneira essa percepção dominante não é monopólica. Há hoje, principalmente na tv americana, uma preocupação para com um público mais interessado em reflexões sobre o tempo e o lugar que ocupam do que exatamente sobre a forma como o assassino premeditou todo o crime.

Courtney Cox no cartaz promocional de sua série: 40 é o novo 20

Faz sucesso no horário nobre americano a comédia Cougar Town. Estrelada por Courtney Cox, a série versa sobre uma quarentona divorciada que procura sexo casual e satisfação emocional em relacionamentos com homens mais jovens. O novo filme de Nancy Meyers, Simplesmente complicado, mostra uma mulher madura que se divide entre uma recaída pelo ex-marido e os mimos do vizinho arquiteto que secretamente sempre alimentou uma paixão por ela. A própria Nancy Meyers, há alguns anos atrás, já tinha feito um filme sobre o fato de apaixonar-se na terceira idade, Alguém tem que ceder.

Jack Nicholson e Diane Keaton em cena de Alguém tem que ceder: Nunca é tarde para amar

O filme francês, de grande repercussão na critica mundial, Medos privados em lugares públicos versa sobre os relacionamentos pessoais. De toda a ordem e natureza. E vai além. Se ocupa principalmente das omissões, receios e temores que ditam os vínculos sociais e amorosos. A galeria de personagens do filme de Alain Resnais compreende personagens maduros e jovens, e as distinções entre eles são mais sutis do que se pensa a principio.
No entanto, filmes e séries com essa premissa se comunicam com um público específico e que apresenta uma sensibilidade que permite inflexões cômicas (que flertem perigosamente com o mau gosto, caso da série protagonizada por Courtney Cox), casuais (que pretendem entreter com conteúdo, caso da nova comédia de Meyers), ou mesmo dramáticas, (que procuram investigar filosófica e psicologicamente a dinâmica das relações pessoais nessa faixa de idade, caso do filme de Resnais). De qualquer maneira, há mais gente sendo ouvida e contemplada pelo cinema.

No filme de Resnais as incertezas são mais decisivas do que o desejável: Somos as sombras de nossos medos