segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Crítica - A família

Aos bons companheiros...

E se James Conway, personagem de Robert De Niro em Os bons companheiros, clássico mor do cinema de Martin Scorsese, se tornasse um delator e entrasse para o programa de proteção a testemunhas do FBI? É a partir desse raciocínio fanfarrão que Luc Besson, partindo de um romance policial francês chamado “Malavita” – traduzido nos EUA para “badfellas” (trocadilho infame com o nome original de Os bons companheiros, Goodfellas), volta à direção com A família (Malavita, FRA/EUA 2013).
O filme é uma reverência a um dos maiores dogmas do cinema americano, o filme de gangster. É, ainda, uma homenagem formal a Martin Scorsese, que surge como produtor executivo do filme, e é, também, uma homenagem para lá de afetiva à carreira de Robert De Niro - com especial carinho a sua eloquência no uso da palavra “fuck”.
Por essas razões, A família já se assevera como um entretenimento acima da média, especialmente para cinéfilos, que poderão se deliciar com referências sortidas ao longo da fita.
A trama é simples, Giovanni Manzonni entregou sua família (a mafiosa) ao FBI e desde então sua rotina é constituída de mudanças e novas identidades enquanto frustra as tentativas da máfia de matá-lo e a sua família – aquela do núcleo tradicional.
De Niro e Michelle: quando atuar é um prazer...
O filme começa com Manzonni e sua família chegando à Normandia, cidadezinha histórica, mas pacata do sul da França. A graça inicial reside no fato dele e sua família – composta ainda por Michelle Pfeiffer (a esposa), Dianna Agron (filha mais velha) e John D´Leo (filho mais novo) – penarem para deixar para trás o ranço de mafiosos e a maneira como estes lidam com a vida e seus dissabores.
Há ainda Tommy Lee Jones como o agente do FBI carrancudo responsável pela segurança da família. É especialmente charmoso ver Tommy Lee Jones em seu melhor papel (o agente da lei carrancudo) medindo forças com De Niro em seu melhor papel (o gangster cheio de carisma). 
Como se não bastasse toda a finesse no trato dos clichês dos filmes de máfia, Besson ainda oferta uma das melhores cenas do cinema em 2013 e uma deferência espirituosa a Scorsese quando coloca o personagem de De Niro como palestrante convidado de um cineclube de sua vizinhança que exibirá o clássico americano Os bons companheiros.

Essa afetuosidade a instituições do cinema americano e a leveza com que pisca o olho para o público fazem de A família um filme diferenciado tanta da perspectiva da sátira, como da comédia.

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