quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Outubro dos horrores

O que seria de um mês de outubro sem lançamentos de horror no cinema? Seria muito frustrante para fãs do gênero e um desperdício em termos econômicos e marqueteiros para os estúdios. Em 2011, dois lançamentos se destacam. O primeiro deles, que já está em cartaz nas salas brasileiras, é A hora do espanto (Fright night, EUA 2011), refilmagem do homônimo de 1985. O outro, que estréia mundialmente em 21 de outubro, é a terceira parte da mais recente franquia de terror do cinema (Atividade paranormal).


Muito mais do que uma homenagem...

A hora do espanto é um filme seminal. A fita de Tom Holland, lançada em 1985, deu vez a uma nova horda no cinema de horror com o “terrir”, um híbrido de terror e comédia que atingiu o ápice com séries como A morte do demônio, de Sam Raimi e A hora do pesadelo, de Wes Craven. O próprio Sam Raimi revisitou o “terrir” há dois anos com o excelente Arrasta-me para o inferno. E Craven ostenta a série Pânico. O “terrir” é um conceito estranho para platéias acostumadas com o graphic porn de filmes como Jogos mortais e O albergue. Mas é aí que essa refilmagem capitaneada por Craig Gillespie pode fazer a diferença. Gillespie não tem um currículo que o habilite no gênero, mas além de produzir uma série que aborda esquizofrenia de um jeito leve (United States of Tara), ele já dirigiu duas comédias de tons completamente diferentes: Em pé de guerra, em que Sean William Scott sofre bullying do namorado da mãe vivido por Billy Bob Thorton  e A garota ideal, em que Ryan Gosling apaixona-se por uma boneca inflável. Gillespie demonstra respeito pela obra inaugural do “terrir’, mas demonstra também ousadia em atualizar a trama com elementos da cultura pop.

 O cartaz do A hora do espanto original aposta mais no humor do que no terror...

Colin Farrell é o destaque de um dos cartazes promocionais do novo A hora do espanto: sangue, risos e sustos...


O novo A hora do espanto, apesar da aprovação da crítica, não empolgou nas bilheterias. O fato corroborou para o fracasso das refilmagens oitentistas nesse 2011. Além de A hora do espanto, Conan- o bárbaro foi outro filme que fez água nas bilheterias. Esse detalhe só reforça a inadequação do público ante a proposta. Outro ponto de divergência diz respeito à forma como os vampiros são mostrados aqui. Em A hora do espanto, diferentemente da moda atual, os vampiros são criaturas demoníacas, sedentas por sangue e impiedosas. Essa diferença é sublinhada em um ótimo diálogo entre Charley Brewster (Anton Yelchin) e seu amigo Ed (Christopher Mintz-Plasse). Quando o segundo tenta convencer o primeiro de que o novo vizinho é um vampiro. “Você está lendo muito Crepúsculo”, devolve Charley. Colin Farrell dá vida ao vampiro Jerry, o vizinho tipão de Charley. Farrell reveste Jerry de charme, mas de um jeito assustador e cínico. De longe a melhor retratação de um vampiro no cinema em anos. Uma curiosidade é que o ator australiano Heath Ledger foi considerado para o papel nos estágios iniciais da produção, mas a prematura morte de Ledger, em janeiro de 2008, colocou Colin Farrell na mira dos produtores. 
“Aceitei fazer porque sou fã do original e acho que a ideia não era fazer uma refilmagem pura e simples, havia como expandir esse universo e honrar o original”, ressalta Colin Farrell em entrevista promocional. O fato de contar com os ótimos Anton Yelchin e Christopher Mintz-Plasse, como os nerds da vez, ajuda a dar corpo a essa ideia.
É no mínimo inusitado, dentro da configuração cinematográfica atual, um filme de terror que faça rir e que tenha um vampiro enigmático e cruel. São dois aspectos que o novo A hora do espanto mantém em evidência calculada. Não à toa, os elogios se multiplicam.

 Medo: Charley, sua mãe e sua namorada lutam pela sobrevivência 


Nada paranormal 

Em 2009 uma fita independente tomou conta das redes sociais e teve no boca a boca digital o seu melhor marketing. Tratava-se de Atividade paranormal (2009). A fita do americano Oren Peli destronou A paixão de Cristo, de Mel Gibson do posto de filme independente de maior rentabilidade da história. Rodado com apenas U$ 15 mil, o filme faturou quase U$ 250 milhões nas bilheterias mundiais. Um feito e tanto.
Steven Spielberg havia intercedido junto a Paramount pela fita e possibilitou que Peli lançasse a produção nos cinemas. O curioso é que a cada semana que se passava, o circuito de Atividade paranormal era ampliado, em virtude do frisson nas redes sociais – especialmente no twitter. O filme foi o mais citado dentro do grupo cinema em 2009 e os leitores de Claquete o elegeram para receber o especial do mês de dezembro daquele ano no blog. O filme chegou ao país e a maior parte de seu público foi constituída por adolescentes que berravam nos cinemas quando uma porta se mexia ou um barulho surgia na tela. O hype já era grande demais.
A trama de Atividade paranormal era simples. Um casal, atordoado com suspeitas de alguma atividade durante a noite em sua casa, instala câmeras para se certificar do que estaria acontecendo. Apesar do estrondoso sucesso, e da relativa aceitação da crítica americana, Atividade paranormal não foi bem recebido pela crítica brasileira. “A opção narrativa, cuja razão é puramente orçamentária, de mostrar pouca coisa e confiar no poder da sugestão é valiosa e muito mais eficaz do que os litros de sangue da série Jogos mortais. Contudo, falta a Peli a capacidade de admoestar sua platéia.”, destacou Claquete na crítica do filme em dezembro de 2009. A crítica completa, o leitor pode conferir aqui.

Katie, Micah e a câmera: o jeitão de reality show de Atividade paranormal é um dos atrativos do filme


O sucesso, no entanto, garantiu ao filme a transmutação em franquia cinematográfica. Além de ter gerado uma refilmagem japonesa – algo inusitado principalmente na seara do terror, aonde os americanos vinham se apropriando do terror asiático - Atividade paranormal ganhou um segundo capítulo dirigido por Tod Williams, de dramas como Provocação (2004).
O segundo filme acompanhava eventos paralelos aos acontecimentos retratados no primeiro exemplar. Os dois primeiros filmes e a refilmagem japonesa podem ser encontrados nas melhores locadoras e megastores do país. O segundo filme é uma das estréias do mês no canal pago Telecine Premium.
Em 2011, chega o terceiro Atividade paranormal. Oren Peli, novamente atuando como produtor, confiou aos novatos Henry Joost e Ariel Schulman a direção da fita. É o terceiro ano consecutivo de Atividade paranormal nos cinemas. Terá mais? “Em termos de um quarto filme, eu não tenho a menor ideia”, afirmou Peli. “Eu nunca pensei que teria uma parte 2, quanto mais um terceiro”.  Mas o diretor e produtor sabe rezar a cartilha: “Mas se esse aqui for um sucesso, o estúdio provavelmente irá querer um quarto filme. Mas nós temos muito respeito pela base de fãs; nunca faremos um filme só por fazer”, argumenta o diretor e produtor que atualmente está dirigindo Área 51, um filme de terror que envolve alienígenas. Peli que também é produtor da nova fita de terror de Rob Zombie, The lords of Salem, disse que acha o terceiro filme o mais assustador: “Nós o achamos extremamente assustador! Nós estamos indo mais além para mostrar as origens das maldições que perseguem Katie e Kristi. A história acontece no final dos anos 80 quando nossos personagens são crianças e nós poderemos ver como toda aquela doidera começou”.
Talvez seja justamente isso que os fãs queiram e não é necessária nenhuma paranormalidade para perceber isso.
O poster do terceiro filme: tudo o que os fãs queriam...

5 comentários:

  1. Ainda não conferi o novo "A Hora do Espanto" e sempre fico um pé atrás com estas refilmagens.

    Gostei do primeiro "Atividade Paranormal", mas tb não assisti ainda suas continuações.

    Abraço

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  2. Dos dois filmes citados no post, o que mais me interessa é o remake de "A Hora do Espanto". Fiquei, aliás, até bem surpresa quando vi que Colin Farrell fazia parte do elenco do remake.

    Em relação à "Atividade Paranormal 3". Assisti ao trailer nesta semana, mas não gosto. Acho esse tipo de filme uma verdadeira enrolação! rsrsrs

    Beijos!

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  3. Adoro OUTUBRO meu caro, mas quando chega Novembro fico ainda mais animado, rs!

    Tb não assisti o novo "Espanto" e sou fiel ao original do Holland, rs! Aquela fala do Crepúsculo entre os mocinhos que vc aponta aqui (eu tbm assisti no trailer dublado) é bizarrinho. os tempos mudaram a não fazem mais vampiros e monstros como antigamente. Sei lá, acho que o cinema de Hollywood precisa de uma sacada original, inventiva para celebrar um terror como foi na década do toca fita. Não acho que a onda de "Atividade Paranormal" e filmes com estilo documental, caseiro e amador (ex.: Rec, Quarentena) sejam o suficiente para o retorno triunfal do gênero, como fez Craven em Pânico. Aliás, em matéria de terrir prefiro o último de Raimi e o quarto da franquia Pânico, pelo menos são filmes pela tutela de cineastas que viveram uma época que se fazia terror com anarquia.

    Até agora acho que a fórmula de filmes como Ativ. Paranormal 3 que vai estrear, se esgotou.

    Abraços.

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  4. Não aguento mais remakes e continuações, principalmente quando surgem coisas pavorosas como "Atividade Paranormal 2"!

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  5. Antonio Júnior: Mas vc já não conhece o blog Antonio?!
    Abs

    Hugo: Eu tb sou do tipo apreensivo. Mas o novo A hora do espanto é bacanão. Eu achei bem ruim o primeiro Atividade paranormal. O terceiro estreará na próxima semana.
    Abs

    Kamila: E o Farrell tá mandando muito bem! Eu acho que Atividade paranormal é msm um engodo. Mas o problema não é o gênero, é o filme...

    Rodrigo: Como sempre, de uma lucidez tremenda. Mas eu acho que Holland não vai ficar chateado com essa "puladinha" de cerca não... rsrs
    Abs

    Matheus: Pois é... Aí não tem paciência que aguente!
    Abs

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