quarta-feira, 27 de outubro de 2010

ESPECIAL HOMENS EM FÚRIA - Perfil: Robert De Niro

O homem que é uma unanimidade

Diz o senso comum que toda a unanimidade é burra. Diz o senso comum, também, que Robert De Niro é um papa da atuação. Um dos maiores atores que já pisou no planeta. Seria um contrasenso comum ou estamos diante de uma revolução semântica? Nem tanto a Deus nem tanto ao Diabo reza outro dito popular. Robert Mario De Niro Jr. é um nova-iorquino nascido em pleno estupor da segunda guerra mundial (17 de agosto de 1943) e de ascendência italiana (característica que lhe marcou a carreira). Falar que De Niro venceu um câncer na próstata talvez seja lisonjeiro demais. Talvez de menos. Falar que fundou o Festival de cinema de Tribeca em homenagem às vítimas dos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 talvez seja desnecessário. Talvez não. Falar que é adepto de casamentos longos (é casado com Grace Hightower desde junho de 1997) talvez seja despropositado. Talvez não. Lembrar que é um democrata fervoroso que se engajou nas campanhas de Bill Clinton, Al Gore e, mais recentemente, Barack Obama talvez seja inoportuno.Talvez não. Falar que criou uma bem sucedida rede de restaurantes italianos no leste americano e que teve o tino empreendedor reconhecido por revistas do segmento talvez seja um adendo circunstancial. Talvez não.

A capa de revista que diz tudo: ator venerado nos quatro cantos da terra 


Na sexta colaboração com Scorsese, De Niro assume a loucura. Juliete Lewis à época do lançamento do filme declarou a respeito do colega de cena: "Ele me provocava um misto de medo e tesão"


Robert De Niro é um ator que provoca calafrios. Há quem diga que hoje ele só se repete e há quem diga que ele conquistou esse direito. Mas como? Basta ao incauto leitor rever a história. Comece por O poderoso chefão 2 (1972), não foi efetivamente a estréia de De Niro no cinema (ele já havia feito umas duas ou três produções obscuras), mas se oficiou como a estréia de De Niro. Laureada com o Oscar, poucas vezes uma estréia foi tão vaticinante. O talento bruto, explosivo e hipnotizante valeu um curioso status na história do cinema. Don Corleone tornou-se (com a premiação de De Niro) o único personagem a render dois Oscars para intérpretes diferentes (o outro havia sido Marlon Brando pelo filme original). E se você quer entender De Niro vá aos filmes de Scorsese. Comece pelo início, ou seja, por Caminhos perigosos (1973), continue pelo duo mais louvado da época Taxi driver (1976) e Touro indomável (1980). No meio deles, se refresque com o musical New York, New York (1977). Ainda com Scorsese, o ator pode ser visto no pouco compreendido O rei da comédia (1983), no definidor Os bons companheiros (1990), no agonizante Cabo do medo (1991) e no analítico e nostálgico Cassino (1995). Se De Niro ascendeu ao olímpo dos grandes intérpretes com Scorsese, foi com outros cineastas que ele se testou. Foi o demônio nas mãos de Alan Parker em Coração Satânico (1987) e um homem modificado pela guerra em O franco atirador (1978) de Michael Cimino. Conferiu charme a face criminosa para cineastas que se fizeram no gênero. Michael Mann (Fogo contra fogo), Brian De Palma (Os intocáveis) e Quentin Tarantino (Jackie Brown).
Mais recentemente se engajou nas comédias, filão que descobriu levar jeito parodiando a si mesmo em Máfia no divã (1999). Mas se prepara para retomar a parceria com Scorsese em um filme sobre a máfia irlandesa.
Dizer que Robert De Niro é um gênio do cinema talvez seja redundante.Talvez não.

Ao lado de outro ícone do cinema, Al Pacino, nos sets de As duas faces da lei (2008)

4 comentários:

  1. O meu ator favorito desde que assisti O poderoso chefão II aos nove anos na Rede do Plin Plin. Pois é, no século passado a Globo exibia filmes, hoje em dia... Adorei sua participação-tosqueira em Machete (cult trash irresistível!). Entrou completamente na brincadeira. De Niro é demais. Seu ídolo Brando deve estar todo orgulhoso.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Verdade, nem toda unanimidade é burra. Ótimo perfil, além de merecido.

    bjs

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  4. Annastesia: Brando está orgulhoso. Com certeza. De Niro tb é um de meus atores preferidos. Concordo quanto ao novo paradigma estabelecido pela Globo e concordo que Machete seja um cult trash irresistível (como o são aliás os filmes de Robert Rodrigues).
    Bjs

    Amanda: Obrigado Amanda. Bjão

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