terça-feira, 26 de outubro de 2010

Crítica - O solteirão

Um ator em estado de graça!

Michael Douglas e Susan Sarandon em cena de O solteirão: Douglas dispara na corrida pelo Oscar com uma composição assombrosa de um homem frágil e refratário

Não é segredo para ninguém que um bom ator em um bom momento pode potencializar, e muito, a experiência que se tem dentro de uma sala de cinema. É mais ou menos isso que faz Michael Douglas em O solteirão (Solitary man, EUA 2010). Não se deixe enganar pelo péssimo título nacional, este filme não é uma comédia sobre um homem livin´ la vida loca. Há humor, mas do tipo desesperançoso que se camufla em constrangimento e comiseração. Douglas é Ben, um homem que estragou um casamento sólido e uma bem sucedida carreira de empresário. Não testemunhamos o personagem desmoronar em seu destino, mas o flagramos debatendo-se com a insurgente verdade de sua vida. Ele está só. Ben vislumbra no namoro com uma socialite nova-iorquina (Mary Louise Parker) a chance de escalar o topo novamente (devido as boas conexões do pai da moça). Mas Ben, por razões que vamos descobrindo à medida que o filme avança, está entregue a impulsos auto destrutivos que não parecem ter limites e após dormir com a filha de sua namorada põe essa “nova” chance a perder.
Daí em diante, vemos a derrocada de um homem que se recusa a assumir responsabilidades e encarar a vida de frente. A jornada de Ben para dentro de si mesmo é de uma poesia angustiante. O roteiro de Brian Koppelman é brilhante por não defender o personagem e, pelo contrário, expor as fissuras em sua alma à medida que o conhecemos mais. Nesse sentido, a atuação de Michael Douglas é providencial. O ator domina a figura de Ben com densidade maiúscula. É possível tocar a amargura do personagem. Sente-se carinho, piedade e desprezo por Ben, mas mais do que isso, Douglas permite que compreendamos aquela figura, suas escolhas e suas reminiscências. Todo esse processo só se torna orgânico graças a performance extraordinária do ator. Aqui Douglas está em seu melhor momento desde Garotos incríveis (2000) e uma indicação ao Oscar seria, no mínimo, justa para honrar tal estado de graça.

6 comentários:

  1. Não sei se pelo título ou pelo cartaz, mas estou com um medo desse filme. Talvez dê uma chance a ele apenas por você ter gostado.

    bjs

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  2. Ops, estava logada com o Cine, mas o comentário acima é meu mesmo, hehe.

    bjs

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  3. Que elenco bom. Quero conferir!

    Abs.
    Rodrigo

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  4. Bom ver Michael Douglas em grande estilo nesta temporada... Gostei muito dele em Wall Street e agora fiquei curioso por vê-lo em O Solteirão, principalmente, sob um ponto em seu texto lá no Salada que você mencionou: um filme que todo homem deveria assistir.

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  5. Não sou fã de Michael Douglas, mas ele sempre foi um ótimo ator. Que bom que ele voltou as telas em grande estilo, pois cansei de vê-lo como coadjuvante em filmes de comédia-romântica, sempre como o pai do noivo.

    Susan Sarandon também é uma ótima atriz e merece reconhecimento. Não assisti o filme ainda, mas estou curiosa.

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  6. Amanda: Esclarecido.rsrs. O filme é muito bom Amanda. Tenho certeza que vc vai gostar. Bjs

    Rodrigo: O elenco é de classe mesmo. Abs

    Fernando: Pois é, Douglas é uma das grandes sensações de 2010,sob vários aspectos, e O solteirão tem potencial para canalizar esse movimento. Abs

    Película Criativa: Vc fez boas obeservações a respeito do rumo da carreira de Douglas, mas em 2010 ela voltou para os trilhos. O solteirão é muito bom sim, faz valer a curiosidade. Bjs

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