terça-feira, 8 de setembro de 2009

Perfil

Imergir é preciso!
Ser ator em uma cidade que cultua celebridades e as germina com a mesma intensidade não é algo fácil. Principalmente se você tem um irmão ainda mais famoso para lhe fazer sombra. Joaquin Rafael Botton nasceu em San Juan, Porto Rico e passou a atender pelo nome de Joaquin Phoenix, para ajustar sua imagem a de seu irmão, River Phoenix, que morreria de overdose em 1993 e mudaria dramaticamente a carreira de Joaquin. Até ali River tinha sido não só o tutor de Joaquin em sua recém iniciada carreira, como também era um modelo para o irmão.
Foi sob as asas do irmão que Joaquin iniciou sua carreira na TV americana com participações em produções como Seven Brides for seven Brothers ( uma sitcom da qual River era um dos protagonistas) e no telefilme Backward:The riddle of dyslexia e participou de seus primeiros longas metragens como Testemunha secreta (1988) e O tiro que não saiu pela culatra (1989).
Após a morte de River, Joaquin se viu diante de um dilema. Seguir aquela que parecia ser a trilha deixada pelo irmão, ou largar tudo para trás. Seus primeiros passos foram tímidos mas enfáticos. Em filmes como Um sonho sem limites(1995) e Circulo de paixões(1997), Joaquin lembrava a entrega de seu irmão aos personagens mas o fazia com uma naturalidade aparentemente muito maior.



Phoenix: Intensidade e dedicação

Joaquin passou a chamar atenção para si depois do sucesso comercial de 8 milímetros, suspense estrelado por Nicolas Cage, em que fazia um jovem perdido em um mundo de violência. A consagração artística e o reconhecimento do público viria no ano seguinte com Gladiador. Recrutado pelo diretor Ridley Scott para viver o imperador Commodus no épico que revitalizaria o gênero em Hollywood, o ator compôs um tirano com todos os estratagemas clássicos. Pelo filme, recebeu sua primeira indicação ao Oscar. O ano de 2000 seria prolifero, não só em reconhecimento, como também pela qualidade dos trabalhos. Foi o ano em que mais lançou filmes, ainda um reflexo do interesse despertado em 8 milímetros, mas o que chamou a atenção foi a coerência e regularidade de Phoenix em seus projetos. Este muito bem em Caminho sem volta e Guerreiros buffalo, e sublime em Contos proibidos do Marquês de Sade em que contracenou com Geoffrey Rush.


dividindo a cena com Russel Crowe em Gladiador: Consagração

O talento de Phoenix no começo da década passou a ser público e notório. Todos apreciavam o intérprete de Commodus. A partir de então, o ator passou a alternar filmes de maior apelo comercial com filmes que lhe falavam ao coração. Portanto, depois de Sinais(2002) em que contracenava com Mel Gibson sob as ordens de M.Nigh Shymalan, veio Dogma do amor(2003) de Tomas Vinterberg, filme profundamente reflexivo pertencente ao movimento dogma criado em 1995. Dogma do amor, foi um dos filmes crepusculares do movimento. O ator também integrou o rol de estrelas que aderiram a dublagem de animações. Emprestou sua voz na animação Irmão Urso(2003) da Disney, um dos últimos trabalhos do estúdio em animação tradicional.
A vila (2004), em nova colaboração com M. Night Shymalan, foi uma das maiores bilheterias de sua carreira. E também foi o seu maior cachê, algo em torno dos 15 milhões de dólares. Vieram brigada 49 e Hotel Ruanda, também de 2004. No primeiro dividia a cena com John Travolta em um filme sobre os bombeiros de Nova Iorque (alçados a heróis depois do 11 de setembro) , no segundo fez um pequeno mas intenso papel na pele de um fotógrafo descrente da humanidade.
O oscar cruzaria novamente seu caminho quando viveu nas telas Johnny Cash em Johnny & June, para muitos seu melhor trabalho. Johnny & June lhe rendeu muitos prêmios, além da segunda indicação ao Oscar, e a vontade genuína de se expressar artisticamente de uma forma diferente. Vontade essa que culminou com o anúncio de sua aposentadoria do cinema no ano passado. Durante os eventos de divulgação de seu mais recente filme, Amantes, terceira colaboração com James Gray, Phoenix exortava a audiência de que havia perdido o tesão de atuar. Havia cansado de mentir, de se vender daquela maneira. Seguiria daquele momento em diante uma duvidosa carreira de cantor de rap.
De inicio sua decisão fora tomada por público e mídia como uma indefectível jogada de marketing - toda essa jornada está sendo documentada pelo cunhado de Phoenix, o também ator Casey Afleck. Contudo, mais de um ano se passou e Phoenix -que já se apresentou algumas vezes como rapper embora nenhuma delas tenha rendido algo mais do que curiosidade- não parece esboçar nenhuma vontade de retomar sua carreira como ator.
Seu precoce testamento artístico pressupõe um ator inquieto e dedicado. Disposto a compor seus personagens com o máximo de intensidade e honestidade possíveis. Se sua decisão for realmente definitiva, o cinema perde um ator que prima pela imersão total e irreversível em seus trabalhos. Talvez seja isso o que esteja fazendo agora.


O ator em fevereiro último: Surto ou marketing?
Fotos: Divulgação

2 comentários:

  1. Talento ele tem de sobra mesmo.
    Já passou por poucas e boas na vida, já aprontou muito, mas é inegavelmente competente no que faz.
    Pena que está nos deixando (acredito que é mais uma de suas inconsequências).
    Muito bom o perfil: detalhado, mas objetivo.
    Pontual, proporciona uma leitura escorreita, agradável.
    Congratulations!

    Beijos!

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  2. Ah, sei que não é lugar para isso, mas a foto do blog tá bem legal!
    Cena romântica mais clássica do cinema!
    Aliás, as fotos são sempre muito bem escolhidas!

    Beijão!

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