domingo, 27 de janeiro de 2013

Filme em destaque - Lincoln


O filme certo sobre o personagem perfeito

Steven Spielberg faz um perfil do presidente americano mais celebrado de todos os tempos no filme recordista de indicações ao Oscar 2013 e que pode lhe valer o terceiro Oscar de direção


“Tenho loucura por biografias. É o que leio em meu tempo livre”, disse o cineasta Steven Spielberg em entrevista ao UOL Cinema sobre a gênese do projeto que levaria Lincoln, campeão de indicações ao Oscar 2013, aos cinemas. Segundo Spielberg, tudo começou quando a historiadora Doris Kearns Goodwin, que colaborou com ele em Amistaad (1997) lhe informou que estava preparando uma biografia de Abraham Lincoln focada nos últimos quatro meses de vida do presidente.
Mas o caminho para a realização do filme foi árduo. A começar pela escalação do personagem título. Spielberg sempre teve em mente Daniel Day Lewis, mas Day Lewis se mostrou resistente a aceitar o papel. O roteiro teve de ser rescrito duas vezes até que o ator entrasse a bordo.  Mas é o ator, de acordo com a grande maioria das críticas, o sopro de vida do filme. ´”Daniel Day Lewis em uma minuciosa composição é mais Lincoln do que o próprio Lincoln”, escreveu elogioso o The New York Times. A revista Time deu capa para o filme e chamou Day Lewis de “o maior ator do mundo”. Spielberg conta que se emocionou quando Day Lewis retornou ao corpo de Day Lewis ao fim das gravações. “Trabalhei muito com ele, dirigi Daniel assim como faço com todos os outros atores. Mas a verdade é que ele apareceu no set como Abraham Lincoln no primeiro dia de filmagem e voltou a ser Daniel Day Lewis depois do último dia de filmagem. Fui até ele para dar parabéns e ele me respondeu com sua voz normal, com o sotaque britânico. Desatei a chorar. Foi emoção demais. Não estava preparado para reencontrar Daniel”.
Spielberg e emoção são elementos próximos, mas em Lincoln o cineasta surge contido e menos propenso à manipulação de emoções na plateia. Na crítica do portal G1, essa condição não passou despercebida. “(Lincoln) - a despeito de facilidades como a música chorosa e clichê, de certa militância – existe para contar uma história. E não apenas para santificar alguém que era, de antemão, tido por santo”.
Spielberg e Day Lewis: respeito e admiração mútua
A história em questão é essencialmente americana. Justamente por isso, a versão que circulará no mercado internacional tem cenas adicionais. Spielberg justifica sua opção pelo fato de que não pode exigir do exterior o mesmo conhecimento da história dos EUA que os americanos devem ostentar. Essa decisão vem de outra proposta de Spielberg. “Eu não queria começar o filme com um longo prólogo ao estilo de Star wars. Queria que todas as informações viessem da própria narrativa”.
Lincoln deixa de fora momentos decisivos da jornada do 16º presidente americano e se concentra nas negociações que deram vida a emenda que aboliu a escravidão nos EUA. Foi justamente essa opção por um recorte mais humano do estadista, sem se desvencilhar de sua expertise política, que garantiu Daniel Day Lewis na produção.
Indicado a 12 Oscars e com grandes chances de render as terceiras estatuetas de ator, a Day Lewis, e de diretor, a Spielberg, Lincoln, nas palavras do homem louco por biografias, não é um filme para engrandecer a figura de um dos mais importantes presidentes dos EUA. “Ele está na nota de U$ 5 e na moeda de um centavo. Não precisamos de mais monumentos a Lincoln. O que precisamos é de um olhar sobre este homem, o tempo em que ele viveu, como ele viveu e como ele tomou as decisões históricas que ele tomou”.

3 comentários:

  1. Assisti "Lincoln" hoje e achei um filme muito bem feito do ponto de vista técnico, porém muito anticlimático. Acho que ele falha em envolver os espectadores na história. Ou seja, achei o retrato da história muito frio. De todo jeito, Spielberg é Spielberg e seu filme é melhor do que muita coisa. Do elenco, meu destaque seria Tommy Lee Jones. Beijos!

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  2. Definitivamente, eu preciso conferir o filme!

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  3. Kamila: já percebi que filmes falados nãote agradam muito Ka. Quanto a essa frieza que vc alude, acho fundamental para a proposta de Spielberg.
    Bjs

    Alan: Pois é...

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