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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Oscar Watch 2013 - A peleja dos filmes

1- As aventuras de Pi; 2- Amor; 3- Indomável sonhadora; 4- Argo; 5- Django livre; 6 - O lado bom da vida; 7 - Os miseráveis; 8 - Lincoln; 9 - A hora mais escura



Quando perder é ganhar

Argo é sobre Hollywood e sobre como as aparências são cruciais em jogo de manipulação e dissimulação que aproximam CIA e Hollywood. A melhor pior ideia que Hollywood teve, por sinal, foi deixar Ben Affleck de fora da lista dos diretores indicados. A solidariedade com o filme o impulsionou a um favoritismo na corrida que parecia impensável há alguns meses. Ótimo storytelling, Argo é um filme fácil de se gostar ainda que não seja especialmente notável. Sua vitória seria um legítimo “argo fuck yourself” para alguns cânones hollywoodianos.

Prós:
- Ganhou absolutamente todos os prêmios majors da temporada
- É a maior unanimidade em uma temporada de premiações desde Quem quer ser um milionário? em 2009
- Ganhou os prêmios de direção e filme no Critic´s Choice Awards, no Globo de Ouro e no Bafta, uma demonstração de que sua candidatura a melhor filme está bem consolidada
- Ganhou os prêmios dos sindicatos dos atores, diretores e produtores. Nos últimos dez anos, apenas três filmes (O discurso do rei, Quem Quer ser um milionário? e Chicago) contaram com o apoio dos três sindicatos e eles ganharam o Oscar de melhor filme.
- A percepção de que há muito voto solidário em favor de Argo pelo fato da Academia ter esnobado Ben Affleck entre os diretores. Vale lembrar que apenas o brunch de diretores da Academia elege os indicados a melhor diretor, mas todos os membros da academia escolhem os vencedores. Tanto na categoria de filme, como na de diretor.
- Ser um filme basicamente sobre Hollywood. Isso tem contado pontos nos últimos anos.
- Ter uma veia patriótica, ainda que moderada
- O vencedor do ano passado, O artista, também era sobre Hollywood

Contras:
- O vencedor do ano passado, O artista, também era sobre Hollywood
- Apenas três vezes na história do Oscar um filme venceu como melhor filme sem ter o diretor indicado e apenas uma vez nos últimos 60 anos
- O fato de ter relativamente poucas indicações em que pode ser considerado favorito depõe contra suas chances
- Muitos acadêmicos podem optar por um filme que tenha o diretor indicado por questões de coerência


Bom, mas nem tanto

Os miseráveis até conseguiu uma presença robusta no Oscar com suas oito indicações. Mas se tem um filme que parece fadado a não conquistar nenhuma das estatuetas a qual concorre é o musical de Tom Hooper. Prova disso é que é o único dos concorrentes a melhor filme que não tem uma indicação por roteiro. O desalento só não é maior porque Anne Hathaway é favorita na categoria de atriz coadjuvante e deve lavar a alma do musical de Tom Hooper. De qualquer jeito, a coragem do cineasta de fazer um musical do clássico de fundo social de Victor Hugo recebeu valiosa distinção da academia.

Prós:
- Prevaleceu nas categorias técnicas em premiações como o Bafta e o Critic´s Choice Awards
- É um sucesso de bilheteria até certo ponto improvável para um musical
- Ganhou o Globo de ouro de melhor comédia/musical
- Tem sua força em suas interpretações e isso pode cativar o maior colegiado da academia que é o dos atores
- Deve agradar o voto mais conservador
- É uma história essencialmente francesa e os franceses estão em voga no Oscar nos últimos anos

Contras:
- Não ter sido indicado em montagem, direção e roteiro praticamente liquida qualquer chance de vitória
- O fato de Tom Hooper ter ganhado em grande escala no Oscar recentemente com O discurso do rei
- É um musical até certo ponto vanguardista e as liberdades tomadas por Hooper podem incomodar o voto mais conservador


Blockbuster de coração

As aventuras de Pi é o filme mais família dos indicados. É também o de narrativa mais complexa já que boa parte do tempo se passa em um bote salva vidas em que um adolescente tem um tigre digital como companhia. Ang Lee realiza um filme com forte conotação espiritual sem ser presunçoso. É um filme digno das 11 indicações que recebeu. Pode ser uma opção mais convencional a filmes sisudos ou modernos demais para o Oscar.

Prós:
- É um épico de alma intimista. Hollywood costuma apreciar filmes assim
- Foi indicado a todos os prêmios major da temporada
- Tem uma das maiores bilheterias internacionais entre os indicados a melhor filme. Como o Oscar hoje é um prêmio global...
- Está presente em praticamente todas as categorias técnicas

Contras:
- Não tem nenhuma performance indicada. É o único dos indicados a melhor filme nessas circuntâncias
- A percepção de que merece mais prêmios por sua destreza técnica
- A pecha de que a indicação já é reconhecimento suficiente
- Ter sido rodado em 3D e a tecnologia ainda não conquistou muitos acadêmicos


Um clássico menor

Django livre é uma desforra à tarantina. O western sobre um escravo vingador de Quentin Tarantino não é o filme que se esperava dele depois de Bastardos inglórios, mas ainda é entretenimento em alto nível. Django livre consolida Tarantino como uma das figuras do Oscar, mas é seu filme com menos chances de vitória nesta categoria.

Prós:
- Diverte como poucos dos incluídos entre os indicados e isso há de contar para alguma coisa
- O espírito de reescrever a história que Tarantino tem apresentado pode cativar muitos eleitores
- Tem ótimas atuações e bons diálogos
- Quentin Tarantino é um sujeito com muitos fãs

Contras:
- Ser muito inferior a Bastardos inglórios que é relativamente recente pode afugentar votos
- Quentin Tarantino é um sujeito ao qual muitos têm restrições
- O fato de Tarantino não ter sido indicado a melhor diretor
- Não é tão inventivo quanto seus principais filmes


Realismo fantástico

A Academia parece cada vez mais propensa, mais do que selecionar um pequeno indie, a selecionar um de narrativa imaginativa. Foi assim com A árvore da vida no ano passado e com Distrito 9 em 2010. Indomável sonhadora embarca no realismo fantástico e ganha o apoio do Oscar. É o tipo de filme que ainda não tem chances de ganhar, mas que pavimenta o caminho para que outros que venham depois possam sonhar mais alto.

Prós:
- É o time pequeno do ano e tem muita gente, dentro da academia inclusive, que gosta de torcer para time pequeno
- Pode se beneficiar do hype da indicação para Quvenzhané Wallis de apenas 9 anos

Contras:
- A pecha de que a indicação já é suficiente
- A existência de outro independente muito mais baladado: O lado bom da vida
- Não ter tido uma campanha de marketing forte na corrida pelo prêmio


O melhor?

O lado bom da vida é um filme excelente em todos os predicados que caracterizam o bom cinema (direção, roteiro, atuação, montagem, etc), mas é também uma comédia romântica – ainda que bifurcada com um drama sobre transtornos psicológicos. Há quem entenda que não é “material de Oscar”, mesmo sendo o melhor entre os filmes indicados. Para vencer precisa superar esse paradigma.

Prós:
- O filme caiu nas graças do colegiado dos atores e em uma disputa parelha isso pode ser uma vantagem
- É independente e os independentes têm prevalecido no Oscar nos últimos cinco anos
- É o mais leve e otimista dos indicados a melhor filme
- Os últimos filmes com indicações para melhor ator e atriz, direção e roteiro e filme, o chamado big five, venceram o Oscar de melhor filme: Menina de ouro e Beleza americana entre eles
- Ser promovido por ninguém menos que Harvey Weinstein também conhecido como papa Oscars

Contras:
- É para todos os efeitos uma comédia e comédias não costumam ganhar o Oscar de melhor filme
- Não ganhou nenhum prêmio major na temporada
- A percepção de que é um “filme de atores”
- Weinstein levou a melhor nas duas últimas disputas por melhor filme. Três consecutivas pode ser demais até para ele

O maior herói americano

Não é super-homem, mas um “self made man”, como gostam de classificar os americanos. Abraham Lincoln também é um “self made politician” e Lincoln, o filme de Spielberg que lidera a corrida pelo Oscar, é mais sobre essa faceta do único presidente capaz de unir democratas e republicanos em vias de consenso. Nem sempre foi assim e o ótimo filme de Spielberg se ocupa dessa história. O Oscar seria apenas mais um estandarte na gloriosa história do político mais influente da América.

Prós:
- É o filme líder de indicações no ano
- Apresenta um personagem com uma base consolidada de fãs e admiradores dentro e fora da Academia
- É dirigido por uma figura muito querida que é Steven Spielberg e tem como protagonista outra figura querida e admirada que é Daniel Day Lewis
- Não é uma biografia quadrada
- Esteve presente em todas premiações majors da temporada e na liderança da corrida em todas elas
- Depois de filmes estrangeiros brilharem nos últimos dois anos, é uma produção essencialmente americana sobre a grandeza americana
- É um filme de rara inteligência tanto na filmografia de Spielberg quanto na média das produções premiadas com o Oscar de melhor filme
- É o maior sucesso de bilheteria nos EUA entre os indicados a melhor filme
- A badalação em torno da atuação de Day Lewis pode computar votos para o filme
- Muitos propensos a votar a favor de um terceiro Oscar para Spielberg podem se decidir pelo filme, mesmo que não o enxerguem como o melhor do ano

Contras:
- Não ganhou nenhum prêmio major na temporada
- É considerado anticlimático demais para os padrões de Spielberg e pode afugentar votos habituais do diretor
- É mais um filme sobre política do que sobre Lincoln propriamente dito e filmes políticos não costumam prevalecer no Oscar
- Apesar das muitas indicações em diversos prêmios, Lincoln não converteu as indicações em vitórias e adquiriu a pecha de “filme derrotado”
- Não é o melhor filme do ano e, para alguns, nem mesmo o melhor sobre escravidão no ano 


Honesto e sem concessões

A indiferença da vida especialmente a essa fabricação humana que é o amor é um dos eixos centrais desse doloroso e pouco passional filme de Michael Haneke que foi surpreendentemente abraçado com ímpeto pela Academia. Mais uma investigação da fragilidade da vida e de suas reminiscências do que um tratado sobre o mais nobre dos sentimentos, Amor é um filme agigantado por sua humanidade. Faz bem ao Oscar tê-lo em seu pool de nomeados.

Prós:
- É um filme calcado no desempenho dos atores, algo sempre reverberante junto ao maior colegiado que compõe a Academia
- É um filme extremamente humano e atemporal
- É falado em francês e a França anda em alta em Hollywood
- É simples no seu desenvolvimento e complexo em sua contextualização. Menina de ouro, com estrutura semelhante, já triunfou no Oscar em situação parecida
-É um filme estrangeiro e de um diretor cult. Há muito apelo nessa convergência de características; especialmente em um ano sem grandes filmes

Contras:
- Tem ritmo demasiado lento em comparação com a média de filmes vencedores do Oscar e dos filmes contra os quais concorre neste ano
- A percepção de que é um “filme de atores”
- A resistência ainda bastante forte de se premiar uma produção estrangeira
-Filmes com temática semelhante já receberam bastante atenção do Oscar nos últimos anos como Menina de ouro, Longe dela e Mar adentro
-A percepção de que basta a vitória na categoria de filme estrangeiro para honrar o trabalho de Haneke


Mais escuro do que claro

Certamente o mais fraco dos indicados a melhor filme, A hora mais escura é também o que reunia mais expectativas. Ainda que uma condição não esteja relacionada à outra, o filme sobre a caçada a Osama Bin Laden se revela oportunista e perigosamente impreciso em suas formulações episódicas e estruturais. A polêmica pode ter diminuído o tamanho do filme no Oscar, mas o hype de ser o primeiro filme a abordar um dos maiores feitos americanos na guerra contra o terror lhe garantirá um lugar distinto na história.

Prós:
- É um registro no estilo documental que tanto agradou os votantes que deram a vitória à Guerra ao terror há três anos
- É um elaborado misto de thriller de espionagem com filme político. Em um eventual revival dos anos 70, é um candidato imbatível no Oscar
- Foi o filme mais premiado pela crítica na temporada
- Estabelece um novo paradigma no cinema comercial americano: o filme-reportagem

Contras:
- É nitidamente oportunista ao flertar com ideias republicanos e democratas as vezes em uma mesma cena
- É um filme demasiadamente anticlimático para um vencedor do Oscar
- Há pouco espaço para os atores brilharem e isso pode ressentir o voto desse colegiado
- Reza a mesma missa de Guerra ao terror
- As polêmicas barulhentas acerca do terrorismo e da tortura podem fazer acadêmicos que apreciem o filme pensarem duas vezes antes de votar nele
- O fato de Kathryn Bigelow não ter sido indicada na categoria de direção  

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Insight - Depois da obra-prima



O ano de 2012 pregou uma pegadinha em cinéfilos, críticos e em alguns cineastas. O ano reuniu os trabalhos sequenciais de muita gente que vinha do pico de suas carreiras. Michael Haneke, por exemplo, vinha do soberbo e irrevogável A fita branca (2009), um colosso de cinema sob qualquer ângulo que se observe. A Palma de ouro em Cannes, e mais um punhado de prêmios internacionais, pareciam coroar uma carreira pungente e acadêmica que ainda não havia sido reconhecida a contento. Mas aí veio Amor.
Paul Thomas Anderson, por seu turno, havia atingido a glória com Sangue negro (2007). Filme que para muitos críticos o levara ao panteão dos diretores imortais. Não era preciso fazer mais nada; mas já que ele não decidiu se aposentar, se investiu da necessidade de fazer algo minimamente compatível com a imensa expectativa que um filme como Sangue Negro para sempre ensejaria sobre sua obra futura. E aí veio O mestre.
Bastardos inglórios: o auge de
Tarantino
Outros cineastas prestigiados também se viram as voltas com expectativas semelhantes em 2012. Christopher Nolan mudou a percepção que o mundo tinha de adaptações de quadrinhos nos cinemas com O cavaleiro das trevas (2008). Uma mudança muito mais profunda e complexa do que um primeiro olhar faz crer. Ele fez A origem em 2010 que só fez aguçar a curiosidade pelo desfecho da trilogia que para sempre será entoada como a obra máxima de Nolan. O cavaleiro das trevas ressurge, no entanto, não sobreviveu às expectativas desestabilizadoras que confluíram a seu encontro.
Outro arista americano revolucionário, Quentin Tarantino, talvez ostentasse um desafio ainda maior. Mais icônico e reconhecido do que Nolan, Tarantino apresentou ao mundo em 2009, sua obra prima: Bastardos inglórios. O próprio, em recurso metalinguístico muito bem sacado admitiu isso dentro do próprio filme – tamanha era a clareza de que aquele se tratava, enfim, do auge de sua carreira. Django livre, a despeito do imenso sucesso de público e das indicações ao Oscar, é uma curva descendente em relação a Bastardos inglórios.
Esses quatro casos servem para dar nova dimensão a uma angústia que marca boa parte dos diretores de cinema depois de apresentarem ao mundo, aquilo que crítica, público e indústria chamam de obra-prima. Cineastas como M.Night Shyamalan, para ficar em um exemplo bastante famoso, não sabem se desvencilhar dessa arapuca.

Paul Thomas Anderson orienta Daniel Day Lewis no set de Sangue negro: auge da carreira ou de seu primeiro ciclo?

Paul Thomas Anderson orienta Joaquin Phoenix no set de O mestre: de quantas obras-primas uma carreira imortal necessita?


Atenção às similaridades
Salta aos olhos, o fato desses quatro cineastas serem escritores/diretores e de gozarem de total liberdade em seus projetos. A falta de liberdade é constante reclamação de Shyamalan e foi o que motivou Woody Allen, por exemplo, a ir filmar na Europa.
Haneke e Anderson, em particular, obtiveram resultados muito melhores do que Tarantino e Nolan com seus lançamentos de 2012. Amor, ainda que não seja um filme tão importante em ramificações sociológicas quanto o é A fita branca, apresenta predicados tão eloquentes quanto.
É um filme em que Haneke mantém sua postura estética e o interesse sobre o comportamento humano em face de circunstâncias adversas; ainda que tenha mudado o escopo de análise, ele manteve firme seu olhar. A história do casal de idosos às voltas com o desfalecimento da mulher não é, nesses termos aventados, diferente do casal vítima de uma dupla de sádicos (Violência gratuita) ou de uma vila consternada por uma série de ataques injustificados (A fita Branca).
O mesmo compasso serve para analisar o mais recente filme de Paul Thomas Anderson. À parte a óbvia relação da religião ser parte proeminente tanto em Sangue negro como em O mestre, Anderson alinhava personagens para servir como parâmetro para um estudo minucioso da alma humana. De convenções como ambição, pertencimento, ego, felicidade, capitalismo, entre outros. A observação pode ser estendida para outras de suas obras como Magnólia (1999) e Boogie Nights (1997). Mas é inegável que esses seus dois últimos filmes dialogam em um nível muito particular. Nos arranjos do texto, porém, O mestre é mais sofisticado.
Haneke de costas no set de Amor:
fidelidade estética e liberdade temática
Já Nolan e Tarantino se aproximam não só pelo fato de ambos terem obtidos resultados menos satisfatórios em suas empreitadas posteriores as suas obras-primas, mas por mais do que aprofundarem seus interesses narrativos, reciclarem fórmulas bem sucedidas sem o mesmo apelo de outrora.
Tarantino nos tirou o fôlego ao reescrever a história em Bastardos inglórios e conferir ao cinema uma importância redentora até então inédita. Ele resolveu utilizar o mesmo recurso em um western spaghetti com um escravo vingador no período pré-guerra civil americana. Se o rebuscamento de Bastardos inglórios falta a Django livre, estão lá a presença luxuosa de Christoph Waltz – a evocar Bastardos a todo o tempo – e o manancial de referências cinematográficas e culturais que tanto acrescem ao cinema tarantinesco. Se Django livre viesse ao mundo antes de Bastardos inglórios, os dois filmes teriam melhor estima do que já ostentam. Na ordem real, Django livre acaba por engrandecer o trabalho anterior de Tarantino.
Com Nolan acontece mais ou menos a mesma coisa. Ele filtra muito da estrutura narrativa de seus dois maiores acertos (A origem e O cavaleiro das trevas) no desfecho da trilogia do Batman, mas não adensa o filme dramaticamente. O conflito eriçado em O cavaleiro das trevas ressurge já surge esgotado.  

Christopher Nolan no set de O cavaleiro das trevas ressurge: uma trilogia dramaticamente esgotada em dois filmes

Positivo
É certo, porém, que esses quatro cineastas apresentaram em 2012 obras expressivas e catalisadoras de merecida atenção. São filmes que, em alguns casos, não se comparam aos trabalhos anteriores, mas que ainda estão acima da média dominante do cinema mundial. Mais do que qualquer coisa, entretanto, esses cineastas demonstraram em 2012 que há, sim, vida depois da obra-prima.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Crítica - Amor


A dureza da realidade

Se na temática, a visita da morte e o dissabor de sua presença cadenciada, Amor (Amour, AUS/FRA/ALE 2012) encontra referências diversas na produção cinematográfica internacional, na hollywoodiana em particular, na construção estética alinhavada por Michael Haneke, que tem na aspereza do registro o seu norte, o filme encontra sua singularidade.
Haneke acompanha a rotina do casal de idosos formado por Georges (Jean-Louis Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva), de boa ascendência cultural – estão ligados à música clássica – e tranquilidade financeira. Essa rotina é modificada a partir do momento que Anne sofre um AVC (acidente vascular cerebral), ainda que a doença nunca seja nomeada, os sintomas a sugerem. Georges passa a cuidar da esposa que gradativamente tem seu quadro piorado.
O que Amor propõe é uma observação seca, algo incômoda e certamente desarborizada do desfalecimento de uma mulher, de um casal e de uma história de amor. A opção por um registro naturalista valeu a Haneke críticas reiteradas a seu “desprezo pela humanidade”, mas não é culpa do cineasta que a vida seja tão sufocante e absorta em sua crueza. O que Haneke propõe aqui é um demorado olhar sobre a espessura da crueldade com que a vida pode nos experimentar. Tanto no aspecto físico, quanto emocional. Ao acompanhar sem trilha sonora, uma marca de seu cinema, a jornada de exaustão e frustração tanto de Georges quanto de Anne, Haneke firma com seu público um entendimento de honestidade ímpar. O que há de belo em Amor, há também de terrível. Assim é a vida, uma convergência de superlativos em sua banalidade. Em certo momento, Anne diz a George, quando ainda conseguia elaborar sentenças verbais, que seu marido às vezes é um monstro, mas também capaz de gestos de incrível gentileza. Esse paradoxo capitaliza não só Georges, capaz de gestos monstruosos em sua generosidade, mas o filme também.
Trintignant: um ator expressivo das tribulações
internas de seu personagem
Com cinco indicações ao Oscar (Filme, direção, roteiro original, atriz e filme estrangeiro), Amor é um retrato de cores fortes do padecimento de um sentimento e de uma alternativa francamente desagradável de como perpetuá-lo. Dessa complexa bifurcação, o filme tira sua força. Providenciais para esse resultado são Emmanuelle Riva e, especialmente, Jean-Louis Trintignant. Riva oferece-se ao olhar concentrado e rigoroso de Haneke com o despudor das grandes atrizes, enquanto Trintignant reveste Georges de toda a complexidade que habita um homem desesperado, cansado, desnorteado e, ainda assim, fiel apaixonado.
Amor certamente não é o filme mais cândido a tratar de amor e morte, contudo é o mais pungente a fazê-lo. 

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Filme em destaque - Amor



Eterno?
 Indicado a cinco Oscars, a produção austríaca ganhadora da Palma de Ouro estreia no Brasil com a promessa de ser uma dolorosa reflexão sobre vida, amor e tudo aquilo que os une


Amor é um presente ao mundo”, disse o cineasta Alexander Payne em entrevista ao jornal O Globo. “Se um dia, ele for mostrado para pessoas que estão 2.000 anos no nosso futuro, elas vão olhar e dizer: ‘isso é verdade. É vida’”, completou o diretor de filmes como As confissões de Schmidt (2002) e Os descendentes (2011). Payne fez parte do júri que outorgou a segunda Palma de Ouro da carreira de Michael Haneke para essa coprodução entre Áustria, Alemanha e França que chega agora ao Brasil badalada pelas cinco indicações ao Oscar 2013 (filme, direção, roteiro original, atriz para Emmanuelle Riva e filme estrangeiro) e pela conquista do Globo de Ouro de melhor produção em língua não inglesa de 2012. “Amor é dessas raras unanimidades que o cinema produz de vez em quando”, opinou o crítico do New York Times, A.O Scott.
“Foi gratificante ter conseguido fazer um filme capaz de interessar às pessoas mesmo sendo filmado quase que por inteiro em uma só locação: um apartamento onde duas pessoas de idade experimentam a dor”, envaidece-se ao O Globo o diretor franco alemão. “É muito mais prazeroso filmar em um espaço só e condensar as emoções, do que trabalhar aberto; em vários cenários. A técnica é mais complicada, a pós-produção é mais complicada, mas a satisfação de poder entender como as pessoas agem numa situação de simplicidade plena não tem igual”.
Haneke atribui a seu par de atores (Jean-Louis Trintignat e Emmanuelle Riva), dois patrimônios do cinema francês, o sucesso crítico de seu filme, que nos EUA está lotando as 15 salas em que está em cartaz e deve ter seu circuito ampliado na esteira das indicações ao Oscar. Os atores devolveram a gentileza em Cannes informando à imprensa que Michael Haneke é o diretor mais rigoroso com que trabalharam em suas longevas carreiras – ambos já são octogenários.
A fama de perfeccionista de Haneke não é nova, mas em Amor, o diretor se permite algumas novidades em sua carreira. Tido como um cineasta propenso a analisar o alcance da violência e suas ramificações sociais, esse projeto causa certa surpresa. Ainda que Haneke o tenha tratado de maneira seca. “Ele me disse que não queria uma atuação sentimental”, disse Riva em Cannes.
Outra mudança foi na direção de fotografia. Depois de anos de colaboração com Christian Berger, que inclusive valeu indicação ao Oscar na categoria para A fita branca (2009), Haneke escalou o iraniano Darius Khondji, responsável pela fotografia de Meia-noite em Paris (2011) para o novo filme. São mudanças de abordagem que podem não denunciar muito, mas revelam um cineasta exercitando mesclas estéticas e temáticas em sua obra.

Haneke informou a Riva que não queria nenhum vestígio de sentimentalismo em sua atuação. O rigor deu certo e a atriz pode ganhar o Oscar no dia em que completará 86 anos


Filme-tratado
Para Amanda Aouad, crítica do CinePipocaCult, Amor, pelo incômodo e reflexão que provoca, é um filme merecedor de palmas. Em sua crítica, ela observa ser a nova obra de Michael Haneke um filme-tratado. “Todo o filme é construído em pausas, detalhes, gestos e sentimentos. É sufocante e belo ao mesmo tempo”.
Haneke, não vê estranheza na mudança de rota em sua filmografia: “O que me interessa é o comportamento humano”. Aouad, que enxerga na direção do franco alemão um elemento vital para a força do filme, sacramenta: “Amor é um retrato de um amor eterno e da forma como o destino brincou com ele, fazendo passar por uma provação extrema. E que chega ao seu final com uma forma tamanha que nos deixa sem ar”.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Oscar Watch 2013 - As primeiras impressões dos indicados ao Oscar





Em um primeiro momento, a lista dos concorrentes à 85ª edição do Oscar é revigorante. Não exatamente pela inexistência de injustiças e esnobadas, em um prêmio da estatura do Oscar e em que o gosto de um colegiado amplo e diversificado precisa ser equalizado elas sempre acontecerão. No entanto, é uma lista com invejável personalidade e que devolve ao Oscar o título de barão dos prêmios de cinema – posição que estava se perdendo em temporadas cada vez mais previsíveis. Não que a Oscar season 2013 não tenha um favorito absoluto. Lincoln desde a fase pré-Oscar já era tido como o filme a ser batido, impressão confirmada pela liderança na corrida de todos os prêmios. Mas pelo fato de que o Oscar, com a antecipação de suas indicações forçando a antecipação de todo o calendário de premiações, favoreceu um ambiente de frescor e emoção que há muito não se via. Os sindicatos e premiações preliminares viram seu peso diminuir e muitos “gurus” protestaram quanto ao que acham uma lista injusta e surpreendente. Sobre esse tópico em particular, Claquete fará considerações mais adiante na semana.
Sobre a lista em si, é possível dizer que estão aí os indicados ao Oscar. Aqueles filmes que deixaram boa impressão junto aos acadêmicos e não os filmes que estavam monopolizando as atenções na temporada de premiações, ainda que justificadamente alguns deles estejam em destaque no Oscar.
Conforme Claquete já antecipava, a polêmica envolta em A hora mais escura custou ao filme de Bigelow a pujança que críticos se apressaram em atribuir à fita. Na celeuma entre conservadores e liberais, dentre os favoritos declarados, A hora mais escura foi o que obteve menos consistência nas indicações.
A esnobada em Ben Affleck na categoria de direção desarma os detratores do Oscar que se apressaram em dizer que as surpresas ocorreram pela antecipação do calendário simplesmente. Diferentemente de Quentin Tarantino (Django livre), Tom Hooper (Os miseráveis) e Kathryn Bigelow (A hora mais escura), Argo foi lançado em outubro. Amor, indicado a filme e direção, foi lançado nos EUA em dezembro, em poucas salas, e ainda é falado em francês. É preciso mais reflexão para entender a exclusão de Affleck da disputa. Quanto a Hooper e Bigelow, suas recentes vitórias e o fato de seus filmes não acolherem a unanimidade, podem ter sido fatores decisivos. A Tarantino, a razão de sempre: a academia não lhe engole como diretor. Mesmo assim ele já ostenta duas indicações na categoria.
Em um ano aparentemente tão atípico, uma comédia romântica com pegada dramática salta aos olhos na lista. Trata-se de O lado bom da vida. O filme de David O. Russell angariou oito indicações ao Oscar e, inclusive, nas quatro categorias de atuação. Feito inédito em 31 anos. Desde Reds que isso não acontecia. O entusiasmo com Russell não deixa de ser um contraponto a Tarantino. Ambos são diretores roteiristas com um passado de declarações improperas que atingiram maturidade autoral nos últimos anos. Mas Russell talvez seja mais palatável, certamente é menos cortante.

O lado bom da vida contraria o histórico das comédias no Oscar e conquista invejáveis oito indicações ao prêmio máximo do cinema

Outro mérito a ser observado é que pela primeira vez desde 2010, quando o número de indicados a melhor filme dilatou, houve equivalência entre as indicações a melhor filme e melhor roteiro. A ode à coerência é reforçada pelo fato de, entre os selecionados a melhor filme, não ter uma produção sequer com menos de quatro indicações – caso de Indomável sonhadora.
Algumas com cinco (Django livre, Amor, A hora mais escura), outra com sete (Argo), duas com oito (Os miseráveis e O lado bom da vida), uma com onze (As aventuras de Pi) e o campeão do ano Lincon com 12 nomeações.
É uma prova viva de que os membros da academia estão aprendendo a votar com o novo sistema de preferência que admite entre cinco a dez indicados a melhor filme.
No campo das atuações, foi o menor índice de concomitância entre os selecionados pelo SAG e pelo Oscar desde que o sindicato começou a distribuir seu prêmio. Ótima notícia também. Isso quer dizer que os membros da academia estão vendo filmes e não apenas “copiando e colando” o que o sindicato, um brunch infinitamente maior, avaliza.
Alguns filmes parecem se destacar no campo das atuações. Além de O lado bom da vida, Lincoln, O mestre e Os miseráveis, todos com mais de uma indicação, parecem ter agradado o departamento de atores. À parte O mestre, todos concorrem ao prêmio de elenco do sindicato.
Nesse momento, a briga parece se concentrar entre Lincoln e As aventuras de Pi, que estão em confronto também no Globo de Ouro, no Producers Guild Awards, no Bafta e no Directors Guild Awards, mas não se pode menosprezar a força de O lado bom da vida, de longe a presença mais sólida no Oscar. Além de estar presente em todas as categorias ditas nobres, o filme é distribuído pelo mesmo Harvey Weinstein que já tirou leite de pedra. Pode não parecer, mas a corrida ainda está começando...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Oscar Watch 2013 - Cenas de cinema especial (indicados ao Oscar 2013)


Reflexos positivos I
O anúncio dos indicados ao Oscar 2013, conforme Claquete já antecipava, desmontou expectativas de muita gente. Isso porque com a antecipação do calendário proposto pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, o tempo para o lobby dos estúdios foi reduzido, assim como o peso das premiações preliminares. A ideia da medida é recuperar o status do Oscar e sua fleuma de prêmio máximo do cinema, além de diminuir a previsibilidade da temporada. Sob essa perspectiva, a lista do Oscar 2013 é um triunfo.

Reflexos positivos II
Desde que a categoria de melhor filme foi flexibilizada, admitindo de cinco a dez nomeados, essa é a primeira vez que uma produção totalmente estrangeira entra na disputa por melhor filme. Diferentemente de O artista no ano passado, Amor é um filme feito sem envolvimento americano.

Cena de Amor: produção indicada pela Áustria para concorrer a filme estrangeiro é coproduzida por França e Alemanha e é a primeira, desde O tigre e o dragão em 2000, a figurar entre os selecionados a melhor filme no Oscar sem ter financiamento americano

Reflexos positivos III
Ainda não foi desta vez que todos os indicados ao Oscar de melhor filme estão relacionados entre os concorrentes a melhor roteiro. Mas 2013 foi o ano em que isso ficou mais próximo de acontecer desde a flexibilização da categoria de melhor filme. O que é uma boa notícia. Apenas Os miseráveis não angariou uma indicação por roteiro. Esse ajuste é sinal fidedigno que os membros da Academia estão aprendendo a votar com a nova configuração da categoria de melhor filme.

 
Reflexos negativos
Por outro lado, dissonâncias seguem presentes na lista da Academia. Se o Oscar demonstrou maturidade ao selecionar um dos filmes mais premiados do ano, mesmo ele não sendo americano e impulsionou a visibilidade de uma fita independente como Indomável sonhadora, a Academia deixou de fora nomes que pareciam pertinentes em algumas categorias como O mestre em filme e roteiro original e Ben Affleck em direção.
 
Deu a louca nos diretores
A categoria mais surpreendente talvez tenha sido a de direção. Ben Affleck (Argo) e Kathryn Bigelow (A hora mais escura), nomes dados como certos, foram deixados de fora. Ang Lee (As aventuras de Pi) e Steven Spielberg (Lincoln) confirmaram as tendências da temporada e conseguiram suas vagas. Michael Haneke confirmou as expectativas das últimas semanas e foi nomeado por Amor. David O. Russell, confirmando expectativas de Claquete, também foi indicado por O lado bom da vida. Mas a grande surpresa foi mesmo a indicação de Benh Zeitlin por Indomável sonhadora. Ele não estava no radar de nenhum dos analistas e em nenhuma projeção relevante na indústria. Mas sua indicação não deixa de ser justa e merecida.
O que mais chama a atenção, no entanto, foi a quase total divergência da lista do Oscar da do sindicato dos diretores anunciada há dois dias. Além de Spielberg e Lee, Bigelow, Affleck e Tom Hooper foram indicados lá. A aparente “loucura” é muito boa para a vigente temporada de premiações.

O quinto elemento: o jovem diretor de 30 anos, Benh Zeitlin ( na foto ao lado de sua estrela em Indomável sonhadora) surpreendeu o mundo do cinema ao derrubar favoritos e azarões com sua indicação a melhor diretor do ano
 
A mais jovem e a mais velha
Uma curiosidade dessa lista de indicados ao Oscar é que Quvenzhané Wallis é a mais jovem atriz indicada ao Oscar em 85 anos de história. Em qualquer categoria de atuação, mas especialmente na principal. Ela tem nove anos, mas tinha seis quando concebeu sua atuação em Indomável sonhadora. O recorde na categoria de atriz pertencia a Keisha Castle-Hughes indicada por A encantadora de baleias, justamente no ano do nascimento de Wallis em 2003. Não obstante esse belo fato, a atriz francesa Emmanuelle Riva se torna, aos 85 anos, a atriz mais velha indicada na mesma categoria. O recorde pertencia a Jessica Tandy que, aos 80 anos, concorreu e ganhou em 1990 por Conduzindo miss Daisy.
 
Um desempenho e tanto
E o que dizer de O lado bom da vida, hein? Oito indicações ao Oscar (filme, direção para David O. Russell, roteiro adaptado para Russell, ator para Bradley Cooper, atriz para Jennifer Lawrence, ator coadjuvante para Robert De Niro, atriz coadjuvante para Jacki Weaver e montagem). Um desempenho e tanto. Não obstante, o filme de Russell é o primeiro a ser indicado ao Oscar nas quatro categorias de atuação em 31 anos. O último havia sido Reds em 1981. Um marco e tanto. Desnecessário dizer que o filme, como Claquete já havia cravado em dezembro, é o único com chances de conquistar o chamado “big five”: filme, direção, ator, atriz e roteiro. Apenas três filmes o fizeram. O último foi O silêncio dos inocentes em 1991.

A comédia romântica que chegou lá: O lado bom da vida tem oito indicações ao Oscar e oito indicações de respeito...


Ao invés de política, o sentido da vida
Muito se esperava pelo tom político nesse Oscar. Com filmes como Lincoln, A hora mais escura, Argo e até mesmo Django livre.  Apesar desses filmes entrarem na lista de melhores do ano e de Lincoln inclusive seguir com o bastão de favorito, o saldo das indicações revela a predileção pelo sentido da vida em detrimento da radiografia política. Basta conferir os relacionados para melhor diretor e os filmes que apresentam predominância nas categorias mais importantes. As aventuras de Pi, Amor, O lado bom da vida e Indomável sonhadora são filmes que, cada qual a sua maneira, examinam a existência e suas resiliências. Sob essa perspectiva, até mesmo Lincoln pode ser visto – em comparação com Django livre, Argo e A hora mais escura – menos como político e mais como humanista. Talvez derive daí sua força no Oscar neste ano.
 
Indústria ou arte?
Um bom reconhecimento, ainda que em parte restrito, a O mestre; o destaque conferido a produções como Amor e Indomável sonhadora; a mão estendida ao também independente O lado bom da vida... O Oscar 2013 aprofunda a noção de que cada vez mais o Oscar é um prêmio do cinema e não meramente de indústria.
 
Do céu ao inferno em 24 horas...
O anúncio do Bafta ontem levou Ben Affleck ao olimpo. Além de concorrer a melhor filme, Affleck foi incluído na disputa entre os diretores e atores. No entanto, o melhor da festa não veio. Sim, Argo foi indicado a melhor filme, mas Affleck tido desde setembro como uma certeza entre os diretores não foi nomeado.
 
A grande esnobada: de favorito absoluto, Affleck se viu fora da lista dos diretores no Oscar


Os frequentes e os que estão de volta após um longo inverno
Jessica Chastain é a única atriz que foi indicada ao Oscar ano passado e que está de volta à disputa. Mas outros que foram indicados em outras categorias no ano passado estão de volta. George Clooney concorre como produtor por Argo e ano passado concorreu como ator por Os descendentes e roteirista por Tudo pelo poder. Spielberg concorreu como produtor por Cavalo de guerra e volta à disputa como produtor e diretor de Lincoln.
O que chama mais a atenção, no entanto, é a presença de atores que não iam ao Oscar há certo tempo. Denzel Washington (11 anos), Robert De Niro (21 anos), Sally Field (28 anos), Helen Hunt (15 anos), Naomi Watts (9 anos) e Joaquin Phoenix (7 anos).
 
Bicampeão ou tricampeão?

Concorrendo a melhor ator coadjuvante estão Philip Seymour Hoffman (O mestre), Tommy Lee Jones (Lincoln), Christoph Waltz (Django livre), Robert De Niro (O lado bom da vida) e Alan Arkin (Argo). Só titã! Todos já são vencedores do Oscar. De Niro já tem dois. Um como ator por Touro indomável (1981) e outro, como coadjuvante, por O poderoso chefão II (1975). Waltz ganhou por Bastardos inglórios em 2010, Jones por O fugitivo em 1994 e Alan Arkin por Pequena miss Sunshine em 2007. Hoffman ganhou como ator em 2006 por Capote.
 
Take this Waltz
Se a Academia parece relutar em reconhecer além do óbvio ululante Leonardo DiCaprio, para muitos a melhor coisa de Django livre, o mesmo não se pode dizer de seu parceiro de cena, o austríaco Christoph Waltz. Em seu segundo trabalho com Tarantino, o ator vencedor do Oscar roubou a indicação que todos davam como certa a DiCaprio.

Nesta sexta-feira (11) será publicado um artigo com as primeiras impressões do blog sobre a lista dos indicados ao Oscar. Na sexta será a vez da seção Insight trazer curiosidades e informações diversas sobre a lista deste ano.

Animação
Poucos se deram conta, mas a Academia fez justiça ao reconhecer com um indicação a ótima animação Piratas pirados que tem na dublagem de Hugh Grant o seu ponto alto.
 
Host que é host é também indicado
Há dois anos atrás, James Franco apresentou o Oscar e também esteve concorrendo como melhor ator. Ninguém imaginava que isso fosse acontecer este ano com Seth MacFarlane como host. Pois bem, aconteceu! MacFarlane foi indicado a melhor canção por sua composição “Everybody needs a best friend” para o filme Ted. Uma indicação até certo ponto surpreendente, que dá um gás para o anfitrião que a academia deposita muitas, mas muitas esperanças.
 
Globalização fail
Entre os atores indicados há três australianos (Hugh Jackman, Naomi Watts e Jacki Weaver), o que é um recorde para o país, uma francesa (Emmanuelle Riva), um austríaco (Cristoph Waltz), um inglês (Daniel Day Lewis) e quatorze americanos. É o Oscar com menos estrangeiros nas categorias de atuação em cinco anos.