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sábado, 23 de fevereiro de 2013

Oscar Watch 2013 - Crítica dos indicados a 85ª edição do Oscar


Neste domingo, 24 de fevereiro, irá acontecer uma das mais imprevisíveis edições do Oscar em anos recentes. O que é muito bom. A despeito das surpresas e esnobadas de sempre, a lista que compõe os indicados na 85ª edição dos prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood é das mais coerentes dos últimos anos. O que não quer dizer que seja a que apresenta mais qualidade. De maneira geral, os filmes desse Oscar 2013 são bons, mas não há nada de excepcional. Não há um A rede social ou Cisne negro como em 2011, ou Shame, Precisamos falar sobre o Kevin, Os homens que não amavam as mulheres, A separação e O artista, filme que gravitaram o Oscar do ano passado. A média, no entanto, é bem satisfatória em uma produção destacada por sua inteligência, modernidade e universalidade.
Lincoln, que lidera a corrida com 12 indicações, é um paradoxo. É um filme talhado para o Oscar pelos artistas que reúne e pelo tema nobre que aborda, mas não é um material do qual o Oscar se aproxima na maneira como é desenvolvido. Argo, por sua vez, que desde que foi lançado era apontado como um “Oscar contender” é muito pop para um prêmio que tem se ressentido de sua veia pop nos últimos anos. De qualquer maneira, a essa altura do campeonato, a disputa parece restrita a eles dois. Com alguma chance de O lado bom da vida, o melhor dos nove indicados a melhor filme, se beneficiar da rebarba de uma disputa em que a coerência da academia está posta a prova. Se premiar Argo, tendo deixado seu diretor (Ben Affleck) de fora da lista dos nomeados, o Oscar atentará contra o próprio bom senso e homogeneidade institucional - além de admitir ser influenciado por premiações como Globo de Ouro e Critic´s Choice Awards de maneira jamais ensaiada. Se for com Lincoln, jamais se desvencilhará da sombra de que o prêmio talvez tenha sido outorgado para cobrir os próprios rastros. Uma opção para fugir à polêmica talvez seja a vitória do filme de David O. Russell e, nesse caso, se premiará o melhor pelas razões erradas. Algo que, ironicamente, o filme Lincoln esmiúça na melhor linha de “os fins justificam os meios”.

O enigma de Argo: o filme de Ben Affleck representa um desafio institucional para a Academia...

Entre os diretores o imbróglio é semelhante. Ang Lee, por As aventuras de Pi, e Steven Spielberg, por Lincoln, estão na dianteira da disputa por terem constado da lista do sindicato dos diretores. Mas em um ano tão atípico, e pelo fato de nenhum deles ter ganhado prêmios de expressão (todos foram para Ben Affleck), não podem ser apontados como favoritos genuínos. Se favorecem pelo fato de serem também vencedores do Oscar. Se a Academia optar por O lado bom da vida, é provável que o cada vez melhor David O. Russell fature como diretor. Se Argo for a opção, ou mesmo Lincoln, o peso do nome Steven Spielberg deve prevalecer.
Entre os roteiros, principalmente na categoria de roteiro adaptado, a briga está diretamente vinculada à disputa principal. Para Argo vencer como melhor filme é essencial que triunfe aqui, o que não é necessariamente o caso de O lado bom da vida e Lincoln. De qualquer maneira o melhor roteiro é o de Lincoln, o grande trunfo do filme de Spielberg. Assim como a melhor direção é de Ang Lee, verdades que não aumentam as chances de vitórias destes nessas categorias. O mais provável é que Argo vença entre os roteiros adaptados.
Michael Haneke deve prevalecer entre os roteiros originais pelo belo texto de Amor. Há precedente na categoria. O grande Pedro Almodóvar já ganhou por Fale com ela em 2003. Uma opção pode ser o ótimo trabalho de Mark Boal em A hora mais escura. Quentin Tarantino por Django livre, apesar das vitórias no Globo de ouro e no Bafta, é zebra aqui.

Atuações
Como de hábito, a disputa por melhor ator traz cinco trabalhos fascinantes. Há três grandes atores na disputa, dois já duplamente oscarizados. Recaí sobre um deles, um imortal da atuação, o favoritismo. Mas Daniel Day Lewis, que inglês pode ser o primeiro a faturar um Oscar por viver um presidente americano – e logo o maior de todos, Abraham Lincoln – não tem o melhor trabalho do ano. Ainda que seja um belo trabalho. Joaquin Phoenix, por O mestre, é de longe o melhor ator do ano e entre os indicados. Ele, francamente, é o único com chances de vencer Day Lewis. Ainda que o terceiro Oscar do britânico seja uma das apostas seguras da edição. Hugh Jackman (Os miseráveis), Bradley Cooper (O lado bom da vida) e Denzel Washington (O voo), todos defendendo os grandes papéis de suas carreiras, não têm chances.
Entre as atrizes a disputa é mais intensa. Via de regra, apenas Naomi Watts (O impossível) não tem chance alguma. A favorita, com méritos, é Jennifer Lawrence (O lado bom da vida), a vitória, no entanto, deve ser de Emmanuelle Riva (Amor). Além do burburinho em torno de sua candidatura no melhor dos momentos (quando os votos estavam sendo preenchidos e enviados para a Academia), seria uma opção hypada (estabelecer um novo recorde no Oscar, global – sempre um bálsamo em termos de mídia – e digna) a um eventual Oscar precoce – como cravam alguns – à bela Lawrence.

Day Lewis em Lincoln e Phoenix em O mestre: o melhor ator enfrenta o ator com a melhor atuação. O que vale mais para o Oscar?

Entre as coadjuvantes femininas, a maior certeza da edição: Anne Hathaway por Os miseráveis ganhará seu primeiro Oscar. A melhor é Helen Hunt, mas ela já ganhou e Hathaway é jovem, pop, boa e incrivelmente midiática. São fatores que nas circunstâncias em que essa disputa se encontra, desestabilizam-a.
Já o páreo entre os coadjuvantes masculinos é mais difícil. Todos já vencedores do Oscar e, de alguma maneira, com chances de repeteco. Os prêmios satélites do Oscar se dividiram e Tommy Lee Jones, vencedor do prêmio do sindicato dos atores, chega com um favoritismo inventado. Na verdade, um prêmio a Jones está diretamente vinculado à força de Lincoln no Oscar. O mesmo seria para Alan Arkin (Argo). Mais provável é que a academia opte por Philip Seymour Hoffman (O mestre), ator que pressiona a Academia na parede por um novo Oscar com atuações cada vez mais espetaculares, ou Robert De Niro que em O lado bom da vida lembra o ator que desafiou Nelson Rodrigues a reclamar para si o manto da unanimidade. Ainda que especulado, um segundo Oscar para a Christoph Waltz por Django livre seria uma surpresa e, francamente, tido o nível da categoria, uma injustiça.

O melhor do resto
Amor deve faturar o Oscar de filme estrangeiro, mas o chileno No é uma ameaça tangível, ainda que distante. As aventuras de Pi pode ser o campeão de prêmios do ano com eventuais triunfos nas categorias técnicas como efeitos visuais, trilha sonora – que também pode ir para Argo – fotografia – que também pode ir para Operação Skyfall – e direção de arte.
O prêmio de montagem é outro curinga da noite. A melhor edição é mesmo de Argo, mas o discreto e eficiente trabalho em O lado bom da vida ou os bem costurados A hora mais escura ou As aventuras de Pi podem prevalecer. Fato é que se Lincoln faturar nesta categoria, saiba que ganhará o Oscar de melhor filme mais adiante na noite.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Oscar Watch 2013 - A peleja dos filmes

1- As aventuras de Pi; 2- Amor; 3- Indomável sonhadora; 4- Argo; 5- Django livre; 6 - O lado bom da vida; 7 - Os miseráveis; 8 - Lincoln; 9 - A hora mais escura



Quando perder é ganhar

Argo é sobre Hollywood e sobre como as aparências são cruciais em jogo de manipulação e dissimulação que aproximam CIA e Hollywood. A melhor pior ideia que Hollywood teve, por sinal, foi deixar Ben Affleck de fora da lista dos diretores indicados. A solidariedade com o filme o impulsionou a um favoritismo na corrida que parecia impensável há alguns meses. Ótimo storytelling, Argo é um filme fácil de se gostar ainda que não seja especialmente notável. Sua vitória seria um legítimo “argo fuck yourself” para alguns cânones hollywoodianos.

Prós:
- Ganhou absolutamente todos os prêmios majors da temporada
- É a maior unanimidade em uma temporada de premiações desde Quem quer ser um milionário? em 2009
- Ganhou os prêmios de direção e filme no Critic´s Choice Awards, no Globo de Ouro e no Bafta, uma demonstração de que sua candidatura a melhor filme está bem consolidada
- Ganhou os prêmios dos sindicatos dos atores, diretores e produtores. Nos últimos dez anos, apenas três filmes (O discurso do rei, Quem Quer ser um milionário? e Chicago) contaram com o apoio dos três sindicatos e eles ganharam o Oscar de melhor filme.
- A percepção de que há muito voto solidário em favor de Argo pelo fato da Academia ter esnobado Ben Affleck entre os diretores. Vale lembrar que apenas o brunch de diretores da Academia elege os indicados a melhor diretor, mas todos os membros da academia escolhem os vencedores. Tanto na categoria de filme, como na de diretor.
- Ser um filme basicamente sobre Hollywood. Isso tem contado pontos nos últimos anos.
- Ter uma veia patriótica, ainda que moderada
- O vencedor do ano passado, O artista, também era sobre Hollywood

Contras:
- O vencedor do ano passado, O artista, também era sobre Hollywood
- Apenas três vezes na história do Oscar um filme venceu como melhor filme sem ter o diretor indicado e apenas uma vez nos últimos 60 anos
- O fato de ter relativamente poucas indicações em que pode ser considerado favorito depõe contra suas chances
- Muitos acadêmicos podem optar por um filme que tenha o diretor indicado por questões de coerência


Bom, mas nem tanto

Os miseráveis até conseguiu uma presença robusta no Oscar com suas oito indicações. Mas se tem um filme que parece fadado a não conquistar nenhuma das estatuetas a qual concorre é o musical de Tom Hooper. Prova disso é que é o único dos concorrentes a melhor filme que não tem uma indicação por roteiro. O desalento só não é maior porque Anne Hathaway é favorita na categoria de atriz coadjuvante e deve lavar a alma do musical de Tom Hooper. De qualquer jeito, a coragem do cineasta de fazer um musical do clássico de fundo social de Victor Hugo recebeu valiosa distinção da academia.

Prós:
- Prevaleceu nas categorias técnicas em premiações como o Bafta e o Critic´s Choice Awards
- É um sucesso de bilheteria até certo ponto improvável para um musical
- Ganhou o Globo de ouro de melhor comédia/musical
- Tem sua força em suas interpretações e isso pode cativar o maior colegiado da academia que é o dos atores
- Deve agradar o voto mais conservador
- É uma história essencialmente francesa e os franceses estão em voga no Oscar nos últimos anos

Contras:
- Não ter sido indicado em montagem, direção e roteiro praticamente liquida qualquer chance de vitória
- O fato de Tom Hooper ter ganhado em grande escala no Oscar recentemente com O discurso do rei
- É um musical até certo ponto vanguardista e as liberdades tomadas por Hooper podem incomodar o voto mais conservador


Blockbuster de coração

As aventuras de Pi é o filme mais família dos indicados. É também o de narrativa mais complexa já que boa parte do tempo se passa em um bote salva vidas em que um adolescente tem um tigre digital como companhia. Ang Lee realiza um filme com forte conotação espiritual sem ser presunçoso. É um filme digno das 11 indicações que recebeu. Pode ser uma opção mais convencional a filmes sisudos ou modernos demais para o Oscar.

Prós:
- É um épico de alma intimista. Hollywood costuma apreciar filmes assim
- Foi indicado a todos os prêmios major da temporada
- Tem uma das maiores bilheterias internacionais entre os indicados a melhor filme. Como o Oscar hoje é um prêmio global...
- Está presente em praticamente todas as categorias técnicas

Contras:
- Não tem nenhuma performance indicada. É o único dos indicados a melhor filme nessas circuntâncias
- A percepção de que merece mais prêmios por sua destreza técnica
- A pecha de que a indicação já é reconhecimento suficiente
- Ter sido rodado em 3D e a tecnologia ainda não conquistou muitos acadêmicos


Um clássico menor

Django livre é uma desforra à tarantina. O western sobre um escravo vingador de Quentin Tarantino não é o filme que se esperava dele depois de Bastardos inglórios, mas ainda é entretenimento em alto nível. Django livre consolida Tarantino como uma das figuras do Oscar, mas é seu filme com menos chances de vitória nesta categoria.

Prós:
- Diverte como poucos dos incluídos entre os indicados e isso há de contar para alguma coisa
- O espírito de reescrever a história que Tarantino tem apresentado pode cativar muitos eleitores
- Tem ótimas atuações e bons diálogos
- Quentin Tarantino é um sujeito com muitos fãs

Contras:
- Ser muito inferior a Bastardos inglórios que é relativamente recente pode afugentar votos
- Quentin Tarantino é um sujeito ao qual muitos têm restrições
- O fato de Tarantino não ter sido indicado a melhor diretor
- Não é tão inventivo quanto seus principais filmes


Realismo fantástico

A Academia parece cada vez mais propensa, mais do que selecionar um pequeno indie, a selecionar um de narrativa imaginativa. Foi assim com A árvore da vida no ano passado e com Distrito 9 em 2010. Indomável sonhadora embarca no realismo fantástico e ganha o apoio do Oscar. É o tipo de filme que ainda não tem chances de ganhar, mas que pavimenta o caminho para que outros que venham depois possam sonhar mais alto.

Prós:
- É o time pequeno do ano e tem muita gente, dentro da academia inclusive, que gosta de torcer para time pequeno
- Pode se beneficiar do hype da indicação para Quvenzhané Wallis de apenas 9 anos

Contras:
- A pecha de que a indicação já é suficiente
- A existência de outro independente muito mais baladado: O lado bom da vida
- Não ter tido uma campanha de marketing forte na corrida pelo prêmio


O melhor?

O lado bom da vida é um filme excelente em todos os predicados que caracterizam o bom cinema (direção, roteiro, atuação, montagem, etc), mas é também uma comédia romântica – ainda que bifurcada com um drama sobre transtornos psicológicos. Há quem entenda que não é “material de Oscar”, mesmo sendo o melhor entre os filmes indicados. Para vencer precisa superar esse paradigma.

Prós:
- O filme caiu nas graças do colegiado dos atores e em uma disputa parelha isso pode ser uma vantagem
- É independente e os independentes têm prevalecido no Oscar nos últimos cinco anos
- É o mais leve e otimista dos indicados a melhor filme
- Os últimos filmes com indicações para melhor ator e atriz, direção e roteiro e filme, o chamado big five, venceram o Oscar de melhor filme: Menina de ouro e Beleza americana entre eles
- Ser promovido por ninguém menos que Harvey Weinstein também conhecido como papa Oscars

Contras:
- É para todos os efeitos uma comédia e comédias não costumam ganhar o Oscar de melhor filme
- Não ganhou nenhum prêmio major na temporada
- A percepção de que é um “filme de atores”
- Weinstein levou a melhor nas duas últimas disputas por melhor filme. Três consecutivas pode ser demais até para ele

O maior herói americano

Não é super-homem, mas um “self made man”, como gostam de classificar os americanos. Abraham Lincoln também é um “self made politician” e Lincoln, o filme de Spielberg que lidera a corrida pelo Oscar, é mais sobre essa faceta do único presidente capaz de unir democratas e republicanos em vias de consenso. Nem sempre foi assim e o ótimo filme de Spielberg se ocupa dessa história. O Oscar seria apenas mais um estandarte na gloriosa história do político mais influente da América.

Prós:
- É o filme líder de indicações no ano
- Apresenta um personagem com uma base consolidada de fãs e admiradores dentro e fora da Academia
- É dirigido por uma figura muito querida que é Steven Spielberg e tem como protagonista outra figura querida e admirada que é Daniel Day Lewis
- Não é uma biografia quadrada
- Esteve presente em todas premiações majors da temporada e na liderança da corrida em todas elas
- Depois de filmes estrangeiros brilharem nos últimos dois anos, é uma produção essencialmente americana sobre a grandeza americana
- É um filme de rara inteligência tanto na filmografia de Spielberg quanto na média das produções premiadas com o Oscar de melhor filme
- É o maior sucesso de bilheteria nos EUA entre os indicados a melhor filme
- A badalação em torno da atuação de Day Lewis pode computar votos para o filme
- Muitos propensos a votar a favor de um terceiro Oscar para Spielberg podem se decidir pelo filme, mesmo que não o enxerguem como o melhor do ano

Contras:
- Não ganhou nenhum prêmio major na temporada
- É considerado anticlimático demais para os padrões de Spielberg e pode afugentar votos habituais do diretor
- É mais um filme sobre política do que sobre Lincoln propriamente dito e filmes políticos não costumam prevalecer no Oscar
- Apesar das muitas indicações em diversos prêmios, Lincoln não converteu as indicações em vitórias e adquiriu a pecha de “filme derrotado”
- Não é o melhor filme do ano e, para alguns, nem mesmo o melhor sobre escravidão no ano 


Honesto e sem concessões

A indiferença da vida especialmente a essa fabricação humana que é o amor é um dos eixos centrais desse doloroso e pouco passional filme de Michael Haneke que foi surpreendentemente abraçado com ímpeto pela Academia. Mais uma investigação da fragilidade da vida e de suas reminiscências do que um tratado sobre o mais nobre dos sentimentos, Amor é um filme agigantado por sua humanidade. Faz bem ao Oscar tê-lo em seu pool de nomeados.

Prós:
- É um filme calcado no desempenho dos atores, algo sempre reverberante junto ao maior colegiado que compõe a Academia
- É um filme extremamente humano e atemporal
- É falado em francês e a França anda em alta em Hollywood
- É simples no seu desenvolvimento e complexo em sua contextualização. Menina de ouro, com estrutura semelhante, já triunfou no Oscar em situação parecida
-É um filme estrangeiro e de um diretor cult. Há muito apelo nessa convergência de características; especialmente em um ano sem grandes filmes

Contras:
- Tem ritmo demasiado lento em comparação com a média de filmes vencedores do Oscar e dos filmes contra os quais concorre neste ano
- A percepção de que é um “filme de atores”
- A resistência ainda bastante forte de se premiar uma produção estrangeira
-Filmes com temática semelhante já receberam bastante atenção do Oscar nos últimos anos como Menina de ouro, Longe dela e Mar adentro
-A percepção de que basta a vitória na categoria de filme estrangeiro para honrar o trabalho de Haneke


Mais escuro do que claro

Certamente o mais fraco dos indicados a melhor filme, A hora mais escura é também o que reunia mais expectativas. Ainda que uma condição não esteja relacionada à outra, o filme sobre a caçada a Osama Bin Laden se revela oportunista e perigosamente impreciso em suas formulações episódicas e estruturais. A polêmica pode ter diminuído o tamanho do filme no Oscar, mas o hype de ser o primeiro filme a abordar um dos maiores feitos americanos na guerra contra o terror lhe garantirá um lugar distinto na história.

Prós:
- É um registro no estilo documental que tanto agradou os votantes que deram a vitória à Guerra ao terror há três anos
- É um elaborado misto de thriller de espionagem com filme político. Em um eventual revival dos anos 70, é um candidato imbatível no Oscar
- Foi o filme mais premiado pela crítica na temporada
- Estabelece um novo paradigma no cinema comercial americano: o filme-reportagem

Contras:
- É nitidamente oportunista ao flertar com ideias republicanos e democratas as vezes em uma mesma cena
- É um filme demasiadamente anticlimático para um vencedor do Oscar
- Há pouco espaço para os atores brilharem e isso pode ressentir o voto desse colegiado
- Reza a mesma missa de Guerra ao terror
- As polêmicas barulhentas acerca do terrorismo e da tortura podem fazer acadêmicos que apreciem o filme pensarem duas vezes antes de votar nele
- O fato de Kathryn Bigelow não ter sido indicada na categoria de direção  

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Crítica - Lincoln


Seriedade e robustez

É ousada a proposta de Steven Spielberg em Lincoln (EUA 2012). Visto superficialmente, pode não parecer, mas Lincoln é um tratado lúcido e altivo do que muitos consideram uma arte e tantos outros uma ciência: a política em todas as suas reminiscências. Seja aquela ampla, saliente, de palanque ou aquela mais obscurantista, de bastidores, de limiar ético. Lincoln é, também, um perfil vultoso de uma das figuras mais emblemáticas da história americana e, por consequência, da história mundial.
Steven Spielberg realiza seu filme mais acadêmico no sentido da contenção, da destreza técnica e da articulação sóbria das ideias fomentadas por um roteiro não menos do que brilhante do dramaturgo Tony Kushner, que já havia escrito o texto de Munique para o cineasta. Lincoln, no entanto, não é o melhor filme “adulto” de Spielberg, seara a qual pertencem produções como O resgate do soldado Ryan, A cor púrpura, O terminal, Prenda-me se for capaz, entre outros. Em parte pela opção de Spielberg por abster-se de trabalhar com a emoção que tanto lhe apraz e favorecer um estudo minucioso de engrenagens políticas que começaram a se estabelecer naquele momento histórico. É uma opção corajosa que ilumina Lincoln enquanto peça analítica, mas o restringe enquanto experiência cinematográfica multifacetada.
A trama, como se sabe, acompanha os esforços do presidente Abraham Lincoln para aprovar na Câmara dos Representantes (o equivalente a nossa Câmera dos Deputados) a 13ª emenda que abolia a escravidão em todo os EUA. O filme observa o incrível engenho político de Lincoln para trazer à vida a História. Spielberg não teme a palavra e faz com que ela rompa a era das sombras que se testemunha naquele período de guerra. Em seu filme mais falado, o diretor deixa o roteiro de Kushner falar por si à medida que desaglutina manobras políticas, atos de coragem e estratégias de improviso sempre sob judice da palavra.

Palavra e sombras: Lincoln é um perfil de um dos presidentes mais importantes da história dos EUA

O arrojo estrutural de Spielberg, viabilizado em sua contenção como diretor, não teria o efeito que tem se não fosse por Daniel Day Lewis. Tamanha a força da interpretação do ator como Lincoln que se crê que está Lincoln entre atores. Essa sensação se dá com Lincoln banhado por um elenco afiado e nitidamente inspirado. Day Lewis é tão robusto e perene em cena que reclama para si a memória de Lincoln. Não é um feito desprezível. Não à toa varre a categoria de melhor ator do ano na temporada de premiações.
O que mais fascina em Lincoln, no entanto, é que não há ambição de se patentear como registro histórico ou explicar o homem por trás do mito. Trabalha-se com o mito para falar de política e também humanidade. É uma inversão de lógica bem vinda. Sob essa perspectiva, é satisfatória a opção consciente de Spielberg de não fazer aqui seu melhor filme, mas aquele que melhor exprime sua visão de mundo como homem e cineasta. Lincoln, antes de ser cinema, é um perfil de um Lincoln, o político habilidoso e atormentado, por Steven Spielberg.

domingo, 27 de janeiro de 2013

Filme em destaque - Lincoln


O filme certo sobre o personagem perfeito

Steven Spielberg faz um perfil do presidente americano mais celebrado de todos os tempos no filme recordista de indicações ao Oscar 2013 e que pode lhe valer o terceiro Oscar de direção


“Tenho loucura por biografias. É o que leio em meu tempo livre”, disse o cineasta Steven Spielberg em entrevista ao UOL Cinema sobre a gênese do projeto que levaria Lincoln, campeão de indicações ao Oscar 2013, aos cinemas. Segundo Spielberg, tudo começou quando a historiadora Doris Kearns Goodwin, que colaborou com ele em Amistaad (1997) lhe informou que estava preparando uma biografia de Abraham Lincoln focada nos últimos quatro meses de vida do presidente.
Mas o caminho para a realização do filme foi árduo. A começar pela escalação do personagem título. Spielberg sempre teve em mente Daniel Day Lewis, mas Day Lewis se mostrou resistente a aceitar o papel. O roteiro teve de ser rescrito duas vezes até que o ator entrasse a bordo.  Mas é o ator, de acordo com a grande maioria das críticas, o sopro de vida do filme. ´”Daniel Day Lewis em uma minuciosa composição é mais Lincoln do que o próprio Lincoln”, escreveu elogioso o The New York Times. A revista Time deu capa para o filme e chamou Day Lewis de “o maior ator do mundo”. Spielberg conta que se emocionou quando Day Lewis retornou ao corpo de Day Lewis ao fim das gravações. “Trabalhei muito com ele, dirigi Daniel assim como faço com todos os outros atores. Mas a verdade é que ele apareceu no set como Abraham Lincoln no primeiro dia de filmagem e voltou a ser Daniel Day Lewis depois do último dia de filmagem. Fui até ele para dar parabéns e ele me respondeu com sua voz normal, com o sotaque britânico. Desatei a chorar. Foi emoção demais. Não estava preparado para reencontrar Daniel”.
Spielberg e emoção são elementos próximos, mas em Lincoln o cineasta surge contido e menos propenso à manipulação de emoções na plateia. Na crítica do portal G1, essa condição não passou despercebida. “(Lincoln) - a despeito de facilidades como a música chorosa e clichê, de certa militância – existe para contar uma história. E não apenas para santificar alguém que era, de antemão, tido por santo”.
Spielberg e Day Lewis: respeito e admiração mútua
A história em questão é essencialmente americana. Justamente por isso, a versão que circulará no mercado internacional tem cenas adicionais. Spielberg justifica sua opção pelo fato de que não pode exigir do exterior o mesmo conhecimento da história dos EUA que os americanos devem ostentar. Essa decisão vem de outra proposta de Spielberg. “Eu não queria começar o filme com um longo prólogo ao estilo de Star wars. Queria que todas as informações viessem da própria narrativa”.
Lincoln deixa de fora momentos decisivos da jornada do 16º presidente americano e se concentra nas negociações que deram vida a emenda que aboliu a escravidão nos EUA. Foi justamente essa opção por um recorte mais humano do estadista, sem se desvencilhar de sua expertise política, que garantiu Daniel Day Lewis na produção.
Indicado a 12 Oscars e com grandes chances de render as terceiras estatuetas de ator, a Day Lewis, e de diretor, a Spielberg, Lincoln, nas palavras do homem louco por biografias, não é um filme para engrandecer a figura de um dos mais importantes presidentes dos EUA. “Ele está na nota de U$ 5 e na moeda de um centavo. Não precisamos de mais monumentos a Lincoln. O que precisamos é de um olhar sobre este homem, o tempo em que ele viveu, como ele viveu e como ele tomou as decisões históricas que ele tomou”.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Oscar Watch 2013 - ... e Deus criou Daniel Day Lewis




Ele é quase um meme de toda temporada de premiações. É certamente uma sombra vultosa em que deseja, mesmo antes de iniciada a temporada do Oscar, participar dela. E um modelo para atores e aspirantes a atores em todo o planeta. Quando Daniel Day Lewis tem um filme na praça, a competição por qualquer prêmio torna-se menos competitiva e mais contemplativa. Para uma carreira de mais de 30 anos, Day Lewis ostenta um número relativamente pequeno de filmes: são 23 ao todo, se consideras produções para a televisão inglesa nos anos 80. Mas a qualidade dos filmes e de seus trabalhos compensam a preleção aguda. Day Lewis ostenta um invejável número de 106 nomeações a prêmios, das quais incríveis 74 foram convertidas em vitórias e algumas mais devem vir até 24 de fevereiro, quando ele muito provavelmente erguerá sua terceira estatueta do Oscar.
O londrino sempre se mostrou avesso à badalação de Hollywood e não costuma se engajar em busca de novos projetos. Diretores que anseiam por trabalhar com ele precisam frequentemente cortejá-lo, como fez Steven Spielberg que teve que bancar três versões de roteiro até que encontrasse a que motivou o ator a embarcar no projeto Lincoln. O 16º presidente americano sempre foi do interesse de Spielberg que via em Day Lewis o intérprete perfeito para o personagem. Mas Day Lewis é sempre o intérprete perfeito de qualquer personagem. Houve, no entanto, quem questionasse sua última incursão no cinema, no musical Nine, de Rob Marshall. Fazendo as vezes de Fellini, no entanto, o ator conferiu mais pompa e dramaticidade a um registro que se pretendia apenas pop.
A filmografia do ator revela um homem sem medo de personagens desafiadores e coerente com a metodologia que elegeu para exercer seu ofício. Devido a sua energia na tela e às histórias de bastidores que dão conta de como prefere permanecer encarnado no personagem, Day Lewis criou para si um estigma de ator difícil, genioso e genial. Um dos poucos que fará por merecer uma cinebiografia no futuro mais por seu talento, do que por sua celebridade.
Se mantivesse um ritmo de produção mais assíduo, na década passada foram apenas quatro filmes, Day Lewis poderia banalizar seu status de divindade da atuação. A Time, mais importante revista semanal do mundo, recentemente lhe fez matéria elogiosa e lhe outorgou o título de “maior ator do mundo”. No entanto, a opção por projetos selecionados entrecortados por longos hiatos não é algo com esse fim. Day Lewis gosta de cinema, mas entende ser esse seu trabalho e um trabalho privilegiado que lhe proporciona outros privilégios, como maior atenção à família.
Dono de personagens icônicos, Day Lewis pode fazer história no domingo, 24 de fevereiro de 2013. Pode tornar-se o segundo homem a ter três Oscars por atuação. A diferença entre ele e Jack Nicholson, o outro homem que até agora detém exclusividade sobre essa marca, é que dois dos Oscars de Nicholson foram como coadjuvante. Se Day Lewis conquistar o terceiro por Lincoln, os três terão sido como protagonista. E mais: Day Lewis terá conquistado seu terceiro Oscar na quinta indicação. Nicholson teve doze. Um atestado da referida perfeição que não deixa margem para erros e desencontros.

Cinco grandes momentos de Daniel Day Lewis


Sangue negro

Nesse poderoso filme, o ator reproduz com assombrosa força o mito do capitalista nessa obra perene e fundamental de Paul Thomas Anderson

O último dos moicanos

Nessa impactante fita de Michael Mann, o ator provou ser eficiente em cenas de ação sem descuidar do relevo dramático do personagem

Em nome do pai

Na segunda colaboração com o cineasta Jim Sheridan, a primeira foi em Meu pé esquerdo, Day Lewis faz um homem injustamente acusado de terrorismo. Uma atuação potente com tons agudos

Gangues de Nova Iorque

Em seu segundo trabalho com o diretor Martin Scorsese, o primeiro foi Na época da inocência, Day Lewis rouba o protagonismo de um ascendente Leonardo DiCaprio ao construir um gangster primordial de uma Nova Iorque em formação

Minha adorável lavanderia

A estreia efetiva de Day Lewis no cinema não poderia ter se dado de maneira mais intensa do que nesse drama com fundo gay de Stephen Frears. Day Lewis demonstra toda a sua minúcia e deixa transparecer o talento que logo o marcaria para todo o sempre



domingo, 20 de janeiro de 2013

Oscar Watch 2013 - O fator Argo na corrida pelo Oscar, o boom das bilheterias e outras reminiscências da temporada de premiações



Existe uma grita contra o Oscar. Bem, ela sempre existe. Mas em 2013 ela é um pouco diferente. Parte majoritariamente dos chamados “Oscar pundits”, figuras que se notabilizam por comentar e antever o raciocínio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Como a lista dos indicados divulgada em 10 de janeiro pela Academia reservou algumas surpresas, a gritaria foi geral. Muitas expectativas foram desarmadas; inclusive as nomeações de Ben Affleck e Kathryn Bigelow como diretores de Argo e A hora mais escura, os dois filmes mais festejados pela crítica no ano. O que se passa, na realidade, é que a crítica americana em geral andava empolgada com a maneira que vinha influenciando o Oscar nos últimos anos. Desde a consagração feroz de Guerra ao terror em 2010 até a inserção potente de candidatos como A rede social (2011) e A árvore da vida (2012), filmes pouco compatíveis com o gosto histórico da academia, mas celebrados pela crítica, entre os principais concorrentes a melhor filme. Em 2013, mais do que qualquer outra coisa, essa porta foi fechada. Filmes bem criticados obviamente tiveram vez no Oscar, como sempre ocorreu, mas os filmes defendidos ardorosamente pela crítica se viram diminuídos na lista dos indicados.
Com a antecipação do anúncio dos indicados ao Oscar, como reflexo, a corrida ganhou ainda um outro componente paradoxal. Argo, mesmo sem Affleck na categoria de direção no Oscar, ganhou um momentum que não pode ser desconsiderado com a consagração no Critic´s Choice Awards e no Globo de Ouro. Ambas as instituições, formadas por críticos americanos e jornalistas e estrangeiros respectivamente, elegeram Argo o melhor filme do ano e Affleck o melhor diretor. O filme, assim, se mantém na mídia com um recorte bem positivo e pode gerar reavaliações de acadêmicos que não o enxergam como preferência, mas gostam bastante do filme. É preciso dizer, contudo, que uma vitória de Argo continua imensamente improvável. Mas em um cenário de pulverização como em 2006, em que o vencedor do Oscar de melhor filme, Crash – no limite, só levou outros dois prêmios (roteiro original e montagem) e empatou em número de Oscars com outros três filmes (O segredo de brokeback mountain, Memórias de uma gueixa e King Kong), Argo veria suas chances aumentarem.
Do outro lado, Lincoln, um sucesso de bilheteria invejável com um herói americano de carne e osso altamente venerado, estrelado por um ator festejado e dirigido por ninguém menos que Steven Spielberg, é um produto talhado para o Oscar. É uma competição quase desleal em matéria de lobby, dadas as circunstâncias.

Argo, ainda que não seja o favorito ao prêmio de melhor filme, conseguiu ser o protagonista da corrida pelo Oscar. Vantagem que não pode ser desprezada...


O recado do box office
O que nos leva a outro recorte. É sabido que indicações ao Oscar impulsionam bilheterias de filmes. Segundo dados coletados pela Moviemaker magazine, que monitora o cinema independente americano, todos os filmes indicados ao Oscar de melhor filme este ano experimentaram aumento de bilheteria no fim de semana passado. Lincoln, por exemplo, a maior bilheteria entre os indicados, teve uma elevação de 17%. Nada se compara, porém, aos 40% obtidos por O lado bom da vida, filme com indicações para atores nas quatro categorias de atuação. Vencedor do prêmio do público no último festival de Toronto, a fita independente distribuída pela The Weinstein Company vinha sofrendo nas bilheterias com um circuito reduzido às principais cidades americanas. Agora, às vésperas da estreia internacional e da ampliação do circuito nos EUA, o filme experimenta essa expressiva expansão no interesse do público. Esse dado nas mãos de Harvey Weinstein pode ser desestabilizador. Ademais, é bem óbvio que o filme caiu na graça dos atores – maior colegiado da Academia.
O filme também é o que reúne melhor avaliação em redes sociais, segundo auditoria independente encomendada pelo The New York Times. São aspectos que podem adquirir peso mais significativo em uma corrida um tanto mais longa do que o usual, ao invés dos tradicionais 28 dias, em 2013 serão 44 dias entre o anúncio dos indicados e a realização do Oscar.

Bradley Cooper em cena de O lado bom da vida: o melhor avaliado nas redes sociais entre os indicados a melhor filme

Entretanto
Outra pandemia que parece tomar conta de quem acompanha mais de perto a temporada de premiações é o atrofiamento de certas convicções superadas, como a de que o melhor filme do ano tem que ter obrigatoriamente a melhor direção. Não é verdade. É fato que o melhor filme do ano precisa ter um excelente trabalho de direção, mas há tantos elementos que precisam se harmonizar com eficácia e brilhantismo que reduzi-lo à direção soa maniqueísta. É mais sensato, porém, advogar que um filme que não tem seu diretor reconhecido entre os melhores do ano (sejam dez ou cinco como no caso do Oscar) não reúne chances reais de vencer como melhor produção do ano. É preciso separar uma noção da outra. Embora elas sejam intrinsecamente relacionáveis, elas são distintas.
Por isso, não existe anomalia na lista do Oscar, como advogam alguns. A academia entende, como colegiado, que Indomável sonhadora, Amor, Lincoln, O lado bom da vida e As aventuras de Pi são filmes melhores dirigidos do que Argo e A hora mais escura. O que torna inerente a leitura de que, no entendimento da Academia, são filmes melhores, mais bem urdidos em suas minúcias. O que não implica em desprestígio para os outros filmes, que com a flexibilização da lista de indicados a melhor filme, conseguiram vaga na categoria de melhor produção do ano. A anomalia, como já previra Claquete em diversos posts anteriores, é na temporada de premiações. Não que essa anomalia, para quem gosta de emoção, seja uma notícia ruim.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Oscar Watch 2013 - As primeiras impressões dos indicados ao Oscar





Em um primeiro momento, a lista dos concorrentes à 85ª edição do Oscar é revigorante. Não exatamente pela inexistência de injustiças e esnobadas, em um prêmio da estatura do Oscar e em que o gosto de um colegiado amplo e diversificado precisa ser equalizado elas sempre acontecerão. No entanto, é uma lista com invejável personalidade e que devolve ao Oscar o título de barão dos prêmios de cinema – posição que estava se perdendo em temporadas cada vez mais previsíveis. Não que a Oscar season 2013 não tenha um favorito absoluto. Lincoln desde a fase pré-Oscar já era tido como o filme a ser batido, impressão confirmada pela liderança na corrida de todos os prêmios. Mas pelo fato de que o Oscar, com a antecipação de suas indicações forçando a antecipação de todo o calendário de premiações, favoreceu um ambiente de frescor e emoção que há muito não se via. Os sindicatos e premiações preliminares viram seu peso diminuir e muitos “gurus” protestaram quanto ao que acham uma lista injusta e surpreendente. Sobre esse tópico em particular, Claquete fará considerações mais adiante na semana.
Sobre a lista em si, é possível dizer que estão aí os indicados ao Oscar. Aqueles filmes que deixaram boa impressão junto aos acadêmicos e não os filmes que estavam monopolizando as atenções na temporada de premiações, ainda que justificadamente alguns deles estejam em destaque no Oscar.
Conforme Claquete já antecipava, a polêmica envolta em A hora mais escura custou ao filme de Bigelow a pujança que críticos se apressaram em atribuir à fita. Na celeuma entre conservadores e liberais, dentre os favoritos declarados, A hora mais escura foi o que obteve menos consistência nas indicações.
A esnobada em Ben Affleck na categoria de direção desarma os detratores do Oscar que se apressaram em dizer que as surpresas ocorreram pela antecipação do calendário simplesmente. Diferentemente de Quentin Tarantino (Django livre), Tom Hooper (Os miseráveis) e Kathryn Bigelow (A hora mais escura), Argo foi lançado em outubro. Amor, indicado a filme e direção, foi lançado nos EUA em dezembro, em poucas salas, e ainda é falado em francês. É preciso mais reflexão para entender a exclusão de Affleck da disputa. Quanto a Hooper e Bigelow, suas recentes vitórias e o fato de seus filmes não acolherem a unanimidade, podem ter sido fatores decisivos. A Tarantino, a razão de sempre: a academia não lhe engole como diretor. Mesmo assim ele já ostenta duas indicações na categoria.
Em um ano aparentemente tão atípico, uma comédia romântica com pegada dramática salta aos olhos na lista. Trata-se de O lado bom da vida. O filme de David O. Russell angariou oito indicações ao Oscar e, inclusive, nas quatro categorias de atuação. Feito inédito em 31 anos. Desde Reds que isso não acontecia. O entusiasmo com Russell não deixa de ser um contraponto a Tarantino. Ambos são diretores roteiristas com um passado de declarações improperas que atingiram maturidade autoral nos últimos anos. Mas Russell talvez seja mais palatável, certamente é menos cortante.

O lado bom da vida contraria o histórico das comédias no Oscar e conquista invejáveis oito indicações ao prêmio máximo do cinema

Outro mérito a ser observado é que pela primeira vez desde 2010, quando o número de indicados a melhor filme dilatou, houve equivalência entre as indicações a melhor filme e melhor roteiro. A ode à coerência é reforçada pelo fato de, entre os selecionados a melhor filme, não ter uma produção sequer com menos de quatro indicações – caso de Indomável sonhadora.
Algumas com cinco (Django livre, Amor, A hora mais escura), outra com sete (Argo), duas com oito (Os miseráveis e O lado bom da vida), uma com onze (As aventuras de Pi) e o campeão do ano Lincon com 12 nomeações.
É uma prova viva de que os membros da academia estão aprendendo a votar com o novo sistema de preferência que admite entre cinco a dez indicados a melhor filme.
No campo das atuações, foi o menor índice de concomitância entre os selecionados pelo SAG e pelo Oscar desde que o sindicato começou a distribuir seu prêmio. Ótima notícia também. Isso quer dizer que os membros da academia estão vendo filmes e não apenas “copiando e colando” o que o sindicato, um brunch infinitamente maior, avaliza.
Alguns filmes parecem se destacar no campo das atuações. Além de O lado bom da vida, Lincoln, O mestre e Os miseráveis, todos com mais de uma indicação, parecem ter agradado o departamento de atores. À parte O mestre, todos concorrem ao prêmio de elenco do sindicato.
Nesse momento, a briga parece se concentrar entre Lincoln e As aventuras de Pi, que estão em confronto também no Globo de Ouro, no Producers Guild Awards, no Bafta e no Directors Guild Awards, mas não se pode menosprezar a força de O lado bom da vida, de longe a presença mais sólida no Oscar. Além de estar presente em todas as categorias ditas nobres, o filme é distribuído pelo mesmo Harvey Weinstein que já tirou leite de pedra. Pode não parecer, mas a corrida ainda está começando...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Oscar Watch 2013 - Cenas de cinema especial (indicados ao Oscar 2013)


Reflexos positivos I
O anúncio dos indicados ao Oscar 2013, conforme Claquete já antecipava, desmontou expectativas de muita gente. Isso porque com a antecipação do calendário proposto pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, o tempo para o lobby dos estúdios foi reduzido, assim como o peso das premiações preliminares. A ideia da medida é recuperar o status do Oscar e sua fleuma de prêmio máximo do cinema, além de diminuir a previsibilidade da temporada. Sob essa perspectiva, a lista do Oscar 2013 é um triunfo.

Reflexos positivos II
Desde que a categoria de melhor filme foi flexibilizada, admitindo de cinco a dez nomeados, essa é a primeira vez que uma produção totalmente estrangeira entra na disputa por melhor filme. Diferentemente de O artista no ano passado, Amor é um filme feito sem envolvimento americano.

Cena de Amor: produção indicada pela Áustria para concorrer a filme estrangeiro é coproduzida por França e Alemanha e é a primeira, desde O tigre e o dragão em 2000, a figurar entre os selecionados a melhor filme no Oscar sem ter financiamento americano

Reflexos positivos III
Ainda não foi desta vez que todos os indicados ao Oscar de melhor filme estão relacionados entre os concorrentes a melhor roteiro. Mas 2013 foi o ano em que isso ficou mais próximo de acontecer desde a flexibilização da categoria de melhor filme. O que é uma boa notícia. Apenas Os miseráveis não angariou uma indicação por roteiro. Esse ajuste é sinal fidedigno que os membros da Academia estão aprendendo a votar com a nova configuração da categoria de melhor filme.

 
Reflexos negativos
Por outro lado, dissonâncias seguem presentes na lista da Academia. Se o Oscar demonstrou maturidade ao selecionar um dos filmes mais premiados do ano, mesmo ele não sendo americano e impulsionou a visibilidade de uma fita independente como Indomável sonhadora, a Academia deixou de fora nomes que pareciam pertinentes em algumas categorias como O mestre em filme e roteiro original e Ben Affleck em direção.
 
Deu a louca nos diretores
A categoria mais surpreendente talvez tenha sido a de direção. Ben Affleck (Argo) e Kathryn Bigelow (A hora mais escura), nomes dados como certos, foram deixados de fora. Ang Lee (As aventuras de Pi) e Steven Spielberg (Lincoln) confirmaram as tendências da temporada e conseguiram suas vagas. Michael Haneke confirmou as expectativas das últimas semanas e foi nomeado por Amor. David O. Russell, confirmando expectativas de Claquete, também foi indicado por O lado bom da vida. Mas a grande surpresa foi mesmo a indicação de Benh Zeitlin por Indomável sonhadora. Ele não estava no radar de nenhum dos analistas e em nenhuma projeção relevante na indústria. Mas sua indicação não deixa de ser justa e merecida.
O que mais chama a atenção, no entanto, foi a quase total divergência da lista do Oscar da do sindicato dos diretores anunciada há dois dias. Além de Spielberg e Lee, Bigelow, Affleck e Tom Hooper foram indicados lá. A aparente “loucura” é muito boa para a vigente temporada de premiações.

O quinto elemento: o jovem diretor de 30 anos, Benh Zeitlin ( na foto ao lado de sua estrela em Indomável sonhadora) surpreendeu o mundo do cinema ao derrubar favoritos e azarões com sua indicação a melhor diretor do ano
 
A mais jovem e a mais velha
Uma curiosidade dessa lista de indicados ao Oscar é que Quvenzhané Wallis é a mais jovem atriz indicada ao Oscar em 85 anos de história. Em qualquer categoria de atuação, mas especialmente na principal. Ela tem nove anos, mas tinha seis quando concebeu sua atuação em Indomável sonhadora. O recorde na categoria de atriz pertencia a Keisha Castle-Hughes indicada por A encantadora de baleias, justamente no ano do nascimento de Wallis em 2003. Não obstante esse belo fato, a atriz francesa Emmanuelle Riva se torna, aos 85 anos, a atriz mais velha indicada na mesma categoria. O recorde pertencia a Jessica Tandy que, aos 80 anos, concorreu e ganhou em 1990 por Conduzindo miss Daisy.
 
Um desempenho e tanto
E o que dizer de O lado bom da vida, hein? Oito indicações ao Oscar (filme, direção para David O. Russell, roteiro adaptado para Russell, ator para Bradley Cooper, atriz para Jennifer Lawrence, ator coadjuvante para Robert De Niro, atriz coadjuvante para Jacki Weaver e montagem). Um desempenho e tanto. Não obstante, o filme de Russell é o primeiro a ser indicado ao Oscar nas quatro categorias de atuação em 31 anos. O último havia sido Reds em 1981. Um marco e tanto. Desnecessário dizer que o filme, como Claquete já havia cravado em dezembro, é o único com chances de conquistar o chamado “big five”: filme, direção, ator, atriz e roteiro. Apenas três filmes o fizeram. O último foi O silêncio dos inocentes em 1991.

A comédia romântica que chegou lá: O lado bom da vida tem oito indicações ao Oscar e oito indicações de respeito...


Ao invés de política, o sentido da vida
Muito se esperava pelo tom político nesse Oscar. Com filmes como Lincoln, A hora mais escura, Argo e até mesmo Django livre.  Apesar desses filmes entrarem na lista de melhores do ano e de Lincoln inclusive seguir com o bastão de favorito, o saldo das indicações revela a predileção pelo sentido da vida em detrimento da radiografia política. Basta conferir os relacionados para melhor diretor e os filmes que apresentam predominância nas categorias mais importantes. As aventuras de Pi, Amor, O lado bom da vida e Indomável sonhadora são filmes que, cada qual a sua maneira, examinam a existência e suas resiliências. Sob essa perspectiva, até mesmo Lincoln pode ser visto – em comparação com Django livre, Argo e A hora mais escura – menos como político e mais como humanista. Talvez derive daí sua força no Oscar neste ano.
 
Indústria ou arte?
Um bom reconhecimento, ainda que em parte restrito, a O mestre; o destaque conferido a produções como Amor e Indomável sonhadora; a mão estendida ao também independente O lado bom da vida... O Oscar 2013 aprofunda a noção de que cada vez mais o Oscar é um prêmio do cinema e não meramente de indústria.
 
Do céu ao inferno em 24 horas...
O anúncio do Bafta ontem levou Ben Affleck ao olimpo. Além de concorrer a melhor filme, Affleck foi incluído na disputa entre os diretores e atores. No entanto, o melhor da festa não veio. Sim, Argo foi indicado a melhor filme, mas Affleck tido desde setembro como uma certeza entre os diretores não foi nomeado.
 
A grande esnobada: de favorito absoluto, Affleck se viu fora da lista dos diretores no Oscar


Os frequentes e os que estão de volta após um longo inverno
Jessica Chastain é a única atriz que foi indicada ao Oscar ano passado e que está de volta à disputa. Mas outros que foram indicados em outras categorias no ano passado estão de volta. George Clooney concorre como produtor por Argo e ano passado concorreu como ator por Os descendentes e roteirista por Tudo pelo poder. Spielberg concorreu como produtor por Cavalo de guerra e volta à disputa como produtor e diretor de Lincoln.
O que chama mais a atenção, no entanto, é a presença de atores que não iam ao Oscar há certo tempo. Denzel Washington (11 anos), Robert De Niro (21 anos), Sally Field (28 anos), Helen Hunt (15 anos), Naomi Watts (9 anos) e Joaquin Phoenix (7 anos).
 
Bicampeão ou tricampeão?

Concorrendo a melhor ator coadjuvante estão Philip Seymour Hoffman (O mestre), Tommy Lee Jones (Lincoln), Christoph Waltz (Django livre), Robert De Niro (O lado bom da vida) e Alan Arkin (Argo). Só titã! Todos já são vencedores do Oscar. De Niro já tem dois. Um como ator por Touro indomável (1981) e outro, como coadjuvante, por O poderoso chefão II (1975). Waltz ganhou por Bastardos inglórios em 2010, Jones por O fugitivo em 1994 e Alan Arkin por Pequena miss Sunshine em 2007. Hoffman ganhou como ator em 2006 por Capote.
 
Take this Waltz
Se a Academia parece relutar em reconhecer além do óbvio ululante Leonardo DiCaprio, para muitos a melhor coisa de Django livre, o mesmo não se pode dizer de seu parceiro de cena, o austríaco Christoph Waltz. Em seu segundo trabalho com Tarantino, o ator vencedor do Oscar roubou a indicação que todos davam como certa a DiCaprio.

Nesta sexta-feira (11) será publicado um artigo com as primeiras impressões do blog sobre a lista dos indicados ao Oscar. Na sexta será a vez da seção Insight trazer curiosidades e informações diversas sobre a lista deste ano.

Animação
Poucos se deram conta, mas a Academia fez justiça ao reconhecer com um indicação a ótima animação Piratas pirados que tem na dublagem de Hugh Grant o seu ponto alto.
 
Host que é host é também indicado
Há dois anos atrás, James Franco apresentou o Oscar e também esteve concorrendo como melhor ator. Ninguém imaginava que isso fosse acontecer este ano com Seth MacFarlane como host. Pois bem, aconteceu! MacFarlane foi indicado a melhor canção por sua composição “Everybody needs a best friend” para o filme Ted. Uma indicação até certo ponto surpreendente, que dá um gás para o anfitrião que a academia deposita muitas, mas muitas esperanças.
 
Globalização fail
Entre os atores indicados há três australianos (Hugh Jackman, Naomi Watts e Jacki Weaver), o que é um recorde para o país, uma francesa (Emmanuelle Riva), um austríaco (Cristoph Waltz), um inglês (Daniel Day Lewis) e quatorze americanos. É o Oscar com menos estrangeiros nas categorias de atuação em cinco anos.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Oscar Watch 2013 - Os indicados ao Bafta 2013


Foram divulgados nesta quarta-feira, 9 de janeiro, os indicados ao prêmio da Academia Britânica de Cinema, o Bafta. Como de praxe nessa temporada, Lincoln, lidera no número de indicações. Uma relativa surpresa, já que Os miseráveis é uma produção britânica e, musical que é, tinha toda a pompa e circunstância para liderar a disputa. Mas essa relativa  surpresa esconde outra. Mesmo liderando com 10 indicações, Lincoln não rendeu a Steven Spielberg uma nomeação a melhor diretor. Nem a Tom Hooper, que é britânico. Aliás, nenhum diretor britânico foi indicado. Uma raridade no Bafta e que revela que Lincoln e Os miseráveis, pelo menos aqui, não devem ir muito longe. Melhor sorte está reservada para Argo, que além da indicação para melhor filme, rendeu a Ben Affleck menções como diretor e ator. As sete indicações para o filme de Affleck acusam o favoritismo sugerido pela inclusão do ator entre os concorrentes a melhor ator do ano desbancando favoritos como John Hawkes (As sessões) e Denzel Washington (O voo). Se há um filme que mede forças com Argo, pelo menos na consistência das indicações, é A hora mais escura. A fita de Kathryn Bigelow só concorre em cinco categorias, mas elas são edição, atriz, roteiro original, direção e filme. Argo, no entanto, deve prevalecer. Não está descartada, porém, uma divisão tão incauta quanto a que norteou as nomeações. Lincoln poderia prevalecer e se configurar como o primeiro filme da história a triunfar na principal categoria do Bafta sem ter uma indicação para direção.


A inclusão de Joaquin Phoenix entre os melhores atores no Bafta pode ser uma pista de sua indicação ao Oscar   
 
 Cuidado com ele: Michael Hanake pode ser o elemento surpresa no Bafta

Essa aparente desordem é reflexo direto da antecipação do calendário de premiações forçado pelo Oscar. A bem da verdade, o Bafta, em sua extravagância tão peculiar, sempre reservou certas surpresas, o que conferia charme à temporada. Não obstante, a Academia Britânica desde que realinhou a distribuição de seu prêmio o fixando antes do Oscar, tem se mostrado capaz de influenciar escolhas decisivas da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.
Justamente por isso, as citações a Amor devem se consideradas. O filme foi lembrado em roteiro original, direção e atriz. Alguma dessas, se não todas, podem se repetir na lista do Oscar amanhã. Os europeus Javier Bardem e Helen Mirren também têm motivos para comemorar. Depois da inclusão de seus nomes entre os indicados ao Bafta, suas presenças no Oscar podem ser dadas como certas.
Esse panorama de destaques europeus não deixa de ser um contraponto em um ano que a Academia Britânica, mais do que em qualquer outro ano, se rende a artistas e histórias essencialmente americanas.

Mais pitacos
A briga por melhor filme é mesmo entre Argo e A hora mais escura, com Lincoln soprando no cangote dos dois. Já a disputa por melhor diretor acaba se mostrando uma incógnita. O Bafta se renderá a Ben Affleck? Diferentemente do Oscar, a Academia Britânica não tem o impulso de louvar diretores atores. É possível Haneke triunfar nessa categoria sem estar concorrendo a melhor filme do ano e, quem sabe, prevalecer também entre os filmes estrangeiros? Ou Kathryn Bigelow seria vitoriosa novamente três anos após prevalecer por Guerra ao terror? Não são respostas fáceis no Bafta.
Daniel Day Lewis deve prevalecer entre os atores. Hugh Jackman talvez seja sua maior ameaça. Entre as atrizes, a briga deve ser a mesma que pautará o resto da temporada de premiações e se limitar entre Jennifer Lawrence por O labo bom da vida e Jessica Chastain por A hora mais escura.
Entre os atores coadjuvantes, o favoritismo segue com Philip Seymour Hoffman (O mestre) e Tommy Lee Jones (Lincoln). Já entre as coadjuvantes, Anne Hathaway (Os miseráveis) preserva o favoritismo que ostenta durante toda a temporada.
Confira a lista completa dos indicados ao Bafta aqui.