quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Filme em destaque - A hora mais escura


Chris Pratt e Joel Edgerton em cena do novo e comentado filme de Kathryn Bigelow sobre a caçada a Osama Bin Laden. Filme, que concorre a cinco Oscars, gerou mais polêmicas do que a própria ação que matou o terrorista


“É o elenco masculino mais bonito jamais reunido em um filme”. Escreveu a crítica de cinema Sasha Stone do blog Awards Daily sobre A hora mais escura, que foi listado por ela, por razões totalmente diversas da beleza de seu elenco masculino, como um dos melhores filmes de 2012. O filme de Kathryn Bigelow, que estreia nos cinemas brasileiros nessa sexta-feira com a força de suas cinco indicações ao Oscar (filme, atriz para Jessica Chastain, roteiro original, montagem e edição de som), de fato reúne um numeroso elenco e com proeminência masculina. Jason Clarke, Mark Strong, Kyle Chandler, Alexander Karim, Edgar Ramirez, James Gandolfini, Joel Edgerton, Mark Valley e Chris Pratt são os nomes que validam (ou não) a afirmação de Sasha Stone.

Mudança aos 45 do segundo tempo
O elenco, no entanto, não foi a maior das preocupações de Kathryn Bigelow na confecção de A hora mais escura. Desde o Oscar conquistado em 2010 por Guerra ao terror, Bigelow e seu atual namorado, o jornalista, roteirista e produtor Mark Boal, alimentavam a ideia de fazer um filme sobre a busca por Osama Bin Laden. A outra ideia era fazer um filme sobre o tráfico de drogas na tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. Esse projeto ficou para depois. Quis o destino que o projeto escolhido para dar sequência ao premiado Guerra ao terror sofresse profundas mudanças estruturais já sendo desenvolvido. Isso porque o presidente Barack Obama anunciou em maio de 2011 que os EUA haviam achado e matado o terrorista mais procurado do mundo. “Tivemos que mudar tudo”, disse Bigelow ao Los Angeles Times. “Mas a essência da história continua a mesma”.
A personagem de Jessica Chastain, a obstinada agente da CIA Maya, é um decalque de muitos personagens aos quais Mark Boal teve contato em sua pesquisa, mas a figura central é uma mulher que esteve envolvida durante dez anos na investigação que culminou na morte de Bin Laden. Jessica Chastain foi sempre a opção número um de Bigelow para viver essa personagem. Bigelow ligou pessoalmente para Chastain para lhe apresentar o projeto.

As faces da polêmica
A hora mais escura se consagrou o filme mais premiado pela crítica em 2012. No início da temporada de premiações muitos criam que o feito conquistado pelo time Bigelow/Boal com Guerra ao terror se repetiria. Os responsáveis pelo filme vendiam a ideia de filme –reportagem, e destacavam que o roteiro refletia intenso trabalho investigativo e de pesquisa. Essas declarações motivaram uma primeira resposta da CIA desautorizando o filme como fonte fidedigna do que de fato aconteceu em relação à captura de Bin Laden. Depois, o Senado americano quis saber se a produção do filme teve acesso a documentos sigilosos. Comissões do congresso passaram, então, a se interessar por um debate pouco conclusivo aludido pelo filme: a efetividade da tortura na ação que matou Bin Laden.
A sucessão de polêmicas obrigou Bigelow a defender seu filme e a opção por um cinema questionador. Críticos ao redor do mundo puseram em dúvida se A hora mais escura é mesmo honesto em seus questionamentos e proposições. Se não é apenas um produto oportunista. O marketing do filme, patenteou um estrategista do Oscar ouvido pelo USA Today, errou e feio na promoção do filme. Se as polêmicas custaram uma posição de maior prestígio no Oscar 2013 ao filme, só é possível especular. Certo é que elas não foram tão positivas como muitos imaginavam.
A hora mais escura, ainda que permaneça entre os dez filmes mais vistos do box office americano, não apresenta o vigor nas bilheterias que fitas envoltas em polêmicas costumam exibir. Seria o elenco masculino mais uma das infindáveis polêmicas que envolvem A hora mais escura?  

3 comentários:

  1. É um filme tecnicamente muito bem feito. Mas, faço coro às polêmicas e me preocupo com a bandeira que Kathryn Bigelow levanta nessa Guerra ao Terror Norte-Americana... Acho que é preciso refletir não apenas em relação às torturas, mas a própria caça de seres apontados como demônios, como se o mal que eles fizeram fosse justificativa para outras violências. Ainda me lembro daquela foto da Espanha após o atentado terrorista lá, com a rua cheia, pedindo paz. Essa sim, é uma atitude humanitária.

    bjs

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  2. Gosto do cinema da Kathryn Bigelow e sou fã absoluta da Jessica Chastain. Por isso mesmo, estou bem ansiosa em relação a este filme, que parece ser muito bom! Parabéns pela reportagem.

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  3. Amanda: É um filme com sérios problemas, a apologia disfarçada de ode à verdade que faz da tortura é apenas um desses problemas.
    bjs

    Kamila: olha, os filmes recentes delas são ótimos. Mas gostava mais dos filmes antigos, sabia?
    Bjs

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