quinta-feira, 26 de novembro de 2009

OSCAR WATCH - De olho no futuro

You can put your money on them!

A arte da adivinhação é um negócio complicado. Muito admirada, é cortejada por oportunistas e perseguida por gente um pouco mais séria, ela é em algumas profissões, uma qualidade bastante desejada e que se pretende imperceptível. Médicos e economistas fazem uso dela quase ininterruptamente. O truque é não demonstrar que se trata de uma adivinhação. Escondê-la por meio de fundamentações deslocadas ou superadas pode ser uma ferramenta útil. Nós, cinéfilos, nos lançamos a essa arte, mais imputáveis à primeira categoria do que à segunda, sempre que se espraia a temporada de premiações no cinema. Apaixonados por cinema, mídia, críticos e publicações especializadas tentam antecipar os integrantes das mais badaladas premiações. E apontar também os vencedores. Como a temporada de premiação ainda não se iniciou seria precoce dar nome aos bois. Ou seja, dizer quem vai ao Oscar, globo de ouro e congêneres. Como os primeiro termômetros (os prêmios de sindicato e associação de críticos) só se iniciam em dezembro, e muitos dos concorrentes nem sequer estrearam, seria pueril acreditar ser possível fazer prognósticos certeiros. Contudo, alguns projetos e alguns nomes podem, e devem, ser levados em grande consideração. Em parte devido ao calibre da produção em questão, em parte pelo bafafá da critica ou por pura intuição. São esses que Claquete apresenta aqui para você. Nesses, você pode investir seu dinheiro.

Nine
O musical dirigido por Rob Marshall (Chicago) é a adaptação da peça de mesmo nome, que por sua vez foi inspirada no filme 8 e ½ de Fellini. Musicais são por hábito benquistos pela academia e festejados no círculo de críticos. Imaginem um filme com esse pedigree. Que além de esmerar-se na obra mor de Fellini, conta com um elenco sublime com nomes como Daniel Day Lewis, Nicole Kidman, Judi Dench, Penélope Cruz, Fergie, Kate Hudson, Sophia Loren e Marion Cottilard. Há ainda um dado curioso sobre Nine que pode lhe favorecer. Na presente década que se encerra, o ator Daniel Day Lewis (conhecido por ser um ator bissexto) só atuou em três filmes. Gangues de Nova Iorque (2002), O mundo de Jack e Rose (2005) e Sangue negro (2007). O ator engatou em Nine, menos de um ano depois de terminar seu trabalho em Sangue negro. Algo raríssimo. Certeza de que é coisa boa.

Exuberância e pompa: Nine é figurinha certa no Oscar 2010

George Clooney
Se existe outra figura muito querida em Hollywood, essa figura é George Clooney. Diferentemente de Day Lewis, Clooney trabalha quase em ritmo industrial. Alia projetos comerciais, como a trilogia de Onze homens e um segredo, com projetos mais sentimentais, como Boa noite e boa sorte. Esse ano, o ator, embora em proporções mais tímidas, tem a chance de reviver seu ano artístico mais glorioso. Em 2005 por Boa noite e boa sorte e Syriana, Clooney foi figura carimbada em todas as premiações possíveis e imagináveis. Esse ano ao reeditar a parceria com o co-roteirista de Boa noite e boa sorte Grant Heslov, que estréia na direção em The man who stares at goats, e ao juntar forças com outro atual american darling, o diretor Jason Reitman, em Amor sem escalas, Clooney vê suas chances, literalmente, dobrarem na temporada mais concorrida de Hollywood.
Clooney já está preparando o smoking

Matt Damom
Ele surgiu junto com Ben Afleck e foi no Oscar que se apresentou ao mundo. Daí em diante, ele e seu chapa seguiram caminhos opostos. Matt Damon é um ator confiável e que gosta de trabalhar com diretores criativos e ressonantes como Martin Scorsese, Paul Greengrass e Steve Soderbergh. Contudo, desde Gênio indomável ele não figura entre os credenciáveis para o oba oba das premiações do cinema. Até agora. Ao juntar-se a Clint Eastwood para rodar um filme sobre o apartheid africano (eles já estão juntos em um segundo projeto, denominado hearfter) e de colaborar de forma mais séria, mas sem perder o senso de humor, com Soderbergh em O desinformante, Damom parece aposta certa esse ano. Afinal de contas já passou da hora de enaltecer não só o talento, mas o excelente faro para bons papéis desse ator. E ele ainda deu a canja de estar, para variar, ótimo.

Damom: Muito mais do que Jason Bourne
Carey Mulligan
Todo ano é preciso evidenciar o trabalho de uma atriz ou ator da nova geração. Essa passagem de bastão, com o aval da indústria, é tão tradicional quanto saudável. E esse ano é a vez de Carey Mulligan de 24 anos. Não tão nova assim, mas talhada para brilhar. Algo que deve acontecer intensamente após sua performance em Sedução (an education) correr o mundo. Por viver uma adolescente indecisa (convenhamos nada de novo) em um drama sobre as escolhas da vida e como nos cercamos delas, Mulligan despertou elogios vultosos da critica americana. Seu nome, portanto, já é quente.

Ela vai polarizar atenções...

Distrito 9
Certamente esse filme fará figura nas cerimônias de premiação do inicio de 2010. Oxalá não belisca uma vaga entre os 10 finalistas a estatueta de melhor filme do ano no Oscar. Algo que parecia improvável com 5 concorrentes, soa natural em um pleito com 10. Não houve, pelo menos até agora, filme mais feliz em ajustar originalidade á um discurso que a academia de Hollywood aprecia (preconceito racial). E é ficção científica, um gênero há muito desprestigiado na categoria principal do Oscar que pode voltar com força esse ano (ainda há Avatar de James Cameron).
O nome do querido e admirado Peter Jackson por trás da produção ajuda bastante.

Audrey Tautou
Hollywood anda se rendendo as estrangeiras ultimamente. Elas têm ganhado cada vez mais papéis importantes e, no que mais impressiona, prêmios importantes. As vezes por filmes que não são nem mesmo falados em inglês, caso de Marion Cottilard que por seu papel como Edith Piaf tirou, há dois anos, o Oscar da favorita Julie Christie ( já ela uma estrangeira, uma inglesa) por Longe dela. Kate Winslet, Penélope Cruz, Tilda Swinton são algumas outras estrangeiras que tem roubado a cena, e o careca dourado, das americanas.
Audrey Tautou tem uma vantagem que Marion não tinha. Já é conhecida do público e da critica americana, estrelou o blockbuster O código DaVinci, e estrela uma biografia (sub gênero afeito a premiações) de uma personalidade extravagante, Coco Channel. O fato de o filme ser falado em francês é só um detalhe em um circuito de premiações cada vez mais internacional.


Audrey faz pose: Repara como ela tem estilo...


Abraços Partidos
O filme não foi escolhido para ser o representante espanhol na luta por uma vaga entre os selecionados estrangeiros do Oscar da categoria. O que parece suicídio ou sandice é, na verdade, fruto de uma pendenga entre Almodóvar e o ministério da cultura da Espanha. Seu filme, no entanto, deverá estar presente em premiações diversas, inclusive no Oscar. Além da possibilidade de ganhar em quase todas as premiações de críticos como melhor filme estrangeiro, Penélope Cruz pode ser lembrada também.

Bastardos Inglórios
Não é só Tarantino quem acha que esse filme é sua obra prima. Muita gente o acha superior até mesmo a Pulp fiction. E isso deve se refletir na temporada de ouro. Algumas indicações já são tidas como certas. Caso da nomeação do austríaco Christoph Waltz na categoria de ator coadjuvante. Outros palpites são aventados como direção de arte, fotografia, figurino e roteiro. Mas ao que importa: não se assustem em ver Quentin (como diretor) e o próprio filme entre os highlights da temporada.

Clint Eastwood
Outra figura que, principalmente a partir dessa década, só se dedica a filmes “com cara de Oscar”. Só por esse rótulo já dá para ter uma idéia do que esperar de Invictus sobre a cruzada de Nelson Mandela por uma África do Sul mais pacífica. Clint pode até não ganhar nada, mas é convidado de honra em toda a premiação que se preze.

Clint em preto e branco: bem longe do "Go ahead punk. Make my day!"

Jane Campion
Uma das únicas três mulheres a conseguir uma indicação ao Oscar na categoria de direção, Campion não deve repetir a dose, mas o roteiro de Brilho de uma paixão deve lhe valer passe livre entre a nata da produção cinematográfica de 2009. O filme ainda tem outras chances também, mas definitivamente, é na figura da cineasta que residem as reais chances de triunfo.

Janie Campion entre os protagonistas de seu filme, Ben Wishaw e Abbie Cornish

Precious
Todo ano tem que ter um independente para polarizar as atenções. Precious é a bola da vez. O filme sobre uma adolescente negra e obesa hostilizada por onde quer que passe tem cativado a todos desde o festival de Sundance em janeiro. O cume de seu desempenho, no entanto, se aproxima.

It´s complicated
Nancy Meyers talvez seja a diretora e roteirista que melhor saiba manusear temas espinhosos com graça e presença de espírito. Seus filmes geralmente agradam público e critica, mas não recebem muita atenção nas cerimônias de premiação (por se tratarem de comédias leves). It´s complicated, estrelado pela acadêmica Meryl Streep, é o filme na hora certa, do jeito certo. É aqui que Meyers abraça o drama dos temas que freqüentemente aborda, mas sem abrir mão do senso de humor, e confia seu ótimo roteiro a um belo elenco. Em um ano com 10 filmes indicados ao Oscar, Nancy Meyers pode ser a surpresa mais cantada de todos os tempos.



Meryl Streep e Alec Baldwin em cena de Simplesmente complicado: Com um título desse tudo fica fácil...

4 comentários:

  1. muito bom post...ainda vou ter esse "tino" pra escrever...mas até lá...de tudo que escreveu...eu concordo com relação ao PRECIOUS ou PRECIOSA(provavelmente o nome por aqui)...se essa guria não ganhar pelo menos um oscar de coadjuvante...ele deve tentar emagrecer e procurar utro trabalho...ficou muito boa no filme...seu "tamanho" passa uma sensação de culpa na gente muito forte!!! é doidera!!

    abraços!!!

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  2. Rei ,ate hoje não falei o que achei do It´s complicated lá no filmow ,Pois é que so o trailer não da pra ter uma ampla visão do filme ,
    Mas as cenas ,conta um pouco sobre o relacionamento complicado e mal resolvido e a troca por uma pessoa mais nova que a esposa ,é muito mais comumm do que se pensa esse tipo de situação.
    O engraçado é quando ele se ver longe da familia e a ex nos braços de outro .impressionante o sentimento de posse do homem no relacionamento...rs
    Quando eu assistir o filme terei mais detalhes da comedia romatica .

    Ps : Desculpa demora da resposta ,mas comedia romantica não muito meu forte ...rs

    beijos

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  3. Imagina Lu! Don´t worry. Nossa vc disse tudo. "impressionante o sentimento de posse do homem no relacionamento". É a mais pura verdade.
    Eu acho que Simplesmente complicado vai ser um filme muito bom(claro sou suspeito já que venero Nancy Meyers). Mas realmente acredito que pode pintar o filme nas premiações esse ano. É como dizem um long shot... A minha próxima é na mega sena (rsrs)

    bjs

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  4. Fala Sapão, blz cara? Obrigado pela visita. E obrigado pelos elogios. Espero que vc esteja gostando aqui de Claquete. Quanto a Precious. To contigo. Acho que Monike e até Mariah Carey podem pintar no páreo. Mas é o filme mesmo quem deve brilhar.
    Abs

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