segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Critica - Invictus

Sobre triunfar e perdoar!

Eastwood e toda a classe de seu cinema a serviço de um ideal e de uma homenagem

É interessante observar a evolução de Clint Eastwood enquanto cineasta. Se existe um tema que pauta sua obra de maneira uniforme, esse tema é a vingança. Esteve presente em dois de seus melhores trabalhos como cineasta, Os imperdoáveis e Sobre meninos e lobos. A obsessão de Eastwood por desvelar os mecanismos e o combustível desse sentimento, no entanto, dão vez ao fomento de um gesto muito mais nobre e de difícil gestação; o perdão. A capacidade de perdoar já estava presente em seu último filme, Gran Torino, mas é o principal elemento de Invictus (EUA 2009). O filme, embora seja um exemplar mais convencional- que cede a certos preceitos de um cinema mais acadêmico, mais tradicional – preserva a essência desse diretor tão inquieto quanto um pré-adolescente.
Invictus, que é baseado em um livro reportagem de John Carlin, debruça-se sobre os esforços do recém-empossado presidente da África do Sul, Nelson Mandela, para encurtar os laços de ódio que segregavam brancos e negros em uma África do sul ainda às sombras do Apartheid, um dos regimes segregacionistas mais rígidos e cruéis da história da humanidade.
Invictus (que herda o nome de um poema que inspirava Mandela a manter-se esperançoso) mostra os bastidores da estratégia de Mandela para conseguir esse intento. Através do esporte, da copa do mundo de rúgbi em particular, ele via uma oportunidade de ouro de unir seu país. Eastwood se ocupa, então, de mostrar essa história. Mas sempre com atenção aos detalhes. Detalhes que valorizam o registro. Como a luta entre o homem e o líder (potencializada pela sublime atuação de Morgan Freeman) que se obriga a ser um exemplo de agregação mesmo contrariando a família com quem não mantém fortes laços (essa dialética familiar é outra obsessão de Eastwood); ou a transformação que seus seguranças atravessam pelo convívio, a principio forçado; ou ainda, quando a trajetória de vida do presidente inspira o desacreditado capitão do time sul-africano. Esses detalhes, principalmente quando a platéia se dá conta deles, acrescem muito ao filme.
Contudo, Invictus cede ao sentimentalismo. Algo que seria inevitável em uma trama como a retratada, poderia ser suavizado como o próprio Eastwood fizera em outro filme que gravita em torno do esporte, Menina de ouro.
Esse “porém” minimiza a força de Invictus enquanto cinema, mas não diminuí o impacto de sua história. É um filme sobre como chegar ao triunfo. Mas também sobre como fazê-lo da maneira mais nobre, mais humana e mais inspiradora. Invictus não é nem de longe o melhor Eastwood. Mas é um filme obrigatório para quem gosta do cineasta e para quem gosta de filmes edificantes.

5 comentários:

  1. Achei o Morgan Freeman brilhante nesse filme!

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  2. Já sabemos que o filme não é o melhor do diretor, no entanto Invictus mostra mais uma vez que Clint Eastwood é um invicto no cinema, não importa qual o foco de sua obra, como a registra. Ele resgata vários valores, desde o perdão, a redenção, a superação e a união para mostrar um cinema espetacularmente humano. Definitivamente, é um diretor à serviço da humanidade e, este é um dos maiores presentes que o Cinema pode trazer para nossas vidas. bjs!

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  3. Raphael Café: Obrigado pela visita e pelo comentário Raphael. Espero que goste do meu blog. Tb achei Morgan inspirado nesse filme. ABS

    Madame: Clint é sempre Clint. E como manda o clichê, um Clint menor é um Clint acima da média. Bjs

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  4. Tentarei ver esta semana. È do Clint, vale a pena dedicar seu tempo para ver. E ainda mais se tratando de Nelson Mandela...

    Beijos! ;)

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  5. Cara, vi o filme e hoje e gostei bastante. Me surpreendeu, não esperava gostar tanto. O filme é tão inspirador, que me fez escrever um texto sobre ele. Depois dá uma olhada lá: http://cambioedesligo.blogspot.com/2010/02/invictus.html

    Abs!

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