quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

OSCAR WATCH - O último astro de cinema


O título da matéria é emprestado da matéria de capa da revista Time, como pode se ver. O detalhe é que a capa da revista é de dois anos atrás, quando George Clooney levava Conduta de risco ao Oscar. Um drama jurídico sofisticado como poucos e que apresentava personagens mais tridimensionais do que se via em filmes do gênero. Ativista social, liberal engajado, lindo, charmoso, solteiro, inteligente, bem humorado, influente e bom ator. Esses, em linhas gerais, foram os predicados que valeram o título a Clooney. E hoje, ainda o fazem maior do que há dois anos atrás. A revista Time, principal semanário do mundo, não costuma estampar em sua capa grandes nomes da cultura. A política e a economia são os assuntos que predominam nas chamadas matérias de capa. Clooney, no entanto, fez por merecer a exceção. Para a revista, não é só o charme e o estilo que lembram Gary Grant, um dos maiores nomes da Hollywood da era de ouro, que fazem de Clooney um legítimo superstar. Para a revista, George emula tudo o que esperamos e mais importante, ansiamos, em uma estrela de cinema. Com as produções circulando cada vez mais em torno de efeitos especiais e franquias milionárias, a Time adverte para a o fim da ressonância das estrelas. A elogiosa matéria de capa com George Clooney lembra que as estrelas estão cada vez menores em Hollywood. Daí a importância de alguém como George.

O ator em um ensaio exclusivo para uma revista feminina: Credibilidade e modelo para os homens; sonho de consumo para as mulheres

Reinvenção
Clooney precisou se reinventar para atingir o olimpo hollywoodiano. De ator de produções B a astro mor, o caminho foi longo e árduo. Não é segredo para ninguém que o ator foi o doutor Doug Ross, o egocêntrico pediatra do hospital County General na série de grande sucesso da década de 90, E.R. Depois veio a carreira como astro de ação, com filmes como O pacificador, Batman & Robin e Irresistível paixão. Aos poucos Clooney foi se experimentando. Pela comédia peculiar (E aí meu irmão cadê você?), pelo blockbuster (Mar em fúria), até que fez o filme que ajudou a definir seu status atual. Herdou o papel de Frank Sinatra (o pai do cool) em Onze homens e um segredo. Daí em diante o ator só deslanchou. Combinando blockbusters como Doze homens e um outro segredo (continuação descolada do remake do filme estrelado por Sinatra) e O amor custa caro, com filmes menores como Syriana e Solaris. Estreou na direção de maneira promissora com Confissões de uma mente perigosa e se garantiu no oficio com Boa noite e boa sorte, outro projeto pequeno, muitíssimo bem sucedido.
O apelo de George Clooney vem da forma como ele se apresenta irresistível. Seja em um projeto meramente comercial, seja em um filme com conteúdo, como no recente Amor sem escalas, Clooney é sempre uma atração. Com o passar dos anos melhorou muito como ator, o que ajudou a redimensionar seu status na Meca do cinema. É hoje uma das figuras mais queridas da indústria. Uma demonstração de seu carisma e influência foi o Teleton que organizou no curto espaço de três dias para ajudar as vitimas do terremoto no Haiti. Foi a maior reunião de astros da música e do cinema já feita na história da humanidade. Os dividendos da empreitada ainda estão sendo calculados, mas a quantia arrecadada nas duas horas de show foi superior a U$ 59 milhões.
Foto do ensaio da Time de dois anos atrás: O James Bond da vida real

Amigos, prazer e Itália
Clooney não esconde seu entusiasmo pela vida e pelo que ela tem de bom para oferecer. Solteiro convicto e mulherengo incorrigível retirou-se na Itália, onde tem sua residência oficial. Atualmente namora a modelo italiana, Elisabetta Canalis, e vive em contato com seus amigos. Gosta de trabalhar com gente em quem confia. Por isso, as repetidas colaborações com os irmãos Coen, com o diretor Steve Sodebergh e com os atores Matt Damon e Brad Pitt.
Ator dedicado, ser humano preocupado com o próximo, e excelente administrador da própria carreira. George Clooney não aconteceu por acaso. Existe uma razão para se ter o sucesso que se tem. Mas qual?
“George Clooney é magnético”, disse certa vez a amiga Julia Roberts. A percepção que a última queridinha da América tem de Clooney é o que se costuma chamar por aí de cereja no bolo de qualquer comentário sobre o ator.


5 grandes momentos de George Clooney:
Tenente Tomas Devoe em O pacificador (1997)

No filme inaugural do estúdio de Steven Spielberg (Dreamworks), O pacificador, George Clooney era uma aposta arriscada. Estava em evidência, e com relativo sucesso, na TV americana, mas ainda não havia sido testado como leading man. Ao lado de Nicole Kidman, o ator brilhou na pele de um militar que precisa salvar o mundo. O filme foi bom para o estúdio, que se sedimentaria no futuro com filmes como Gladiador, Beleza americana e Shrek e para Clooney.


Danny Ocean em Onze homens e um segredo (2001)

Como o charmoso e insinuante Danny Ocean de Onze homens e um segredo, George Clooney provou-se um ator de carisma único, capaz de ofuscar um estrelado elenco e sair andando com o filme embaixo do braço. A química com Brad Pitt, Julia Roberts e Matt Damon acabou em amizade.


Michael Clayton em Conduta de risco (2007)

Como um advogado endividado, frustrado e algo solitário, George Clooney brilha nesse inteligente drama escrito e dirigido por Tony Gilroy. Conduta de risco foi a prova definitiva de que George Clooney era um ator de verdade. Se é que alguém ainda tinha dúvidas.


Harry Pfarrer em Queime depois de ler (2008)

A terceira colaboração de George Clooney com os irmãos Coen, foi a primeira em que Clooney não era o protagonista. Ainda assim o ator conseguiu roubar as cenas em que aparecia como um policial aposentado super paranóico. Na campanha de divulgação do filme, Joel Coen saiu-se com o dúbio elogio: "Ninguém interpreta um babaca como George".

Ryan Bingham em Amor sem escalas (2009)
O mais recente filme de George Clooney é daqueles projetos que parecem feitos sob medida para sua persona. Em Amor sem escalas ele vive um executivo isolado do mundo por vontade. Até ser confrontado com sentimentos e valores que evitava. O filme não teria metade de seu impacto sem Clooney. Essa constatação permite aferir o quão bom ele é em cena.

14 comentários:

  1. Fui ver Amor sem escalas e realmente George toma a tela de uma maneira que a gente só pode ficar admirando, além da sua beleza [não posso deixar de comentar isso! rsrs], o seu talento e o modo como hipnotiza a todos com sua interpretação. Eu achava que ele merecia, se não o prêmio, pelo menos outra indicação pela sua atuação neste filme, que achei honesta, simples e tocante.
    bjos

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  2. o cara é de fato foda. em o Amor sem Escalas ele atingiu o auge, provavelmente!

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  3. Que post bacana sobre George Clooney!!! Gostei ainda mais porque vi recentemente Amor Sem Escalas, cujo filme gostei muito de sua interpretação... O cara é mesmo uma das poucas estrelas que brilham de VERDADE em Hollywood...parece não ligar o fato de ser uma celebridade... no último sábado ele estava a frente da campanha de arrecadação de dinheiro para ajudar vítimas do terremotos do Haiti... agora vai falar se ele não é mesmo uma estrela de VERDADE?

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  4. Para mim, o George Clooney é um dos astros de cinema mais superestimados da atualidade. Admiro a capacidade dele de ter se reinventado, de ter se reunido às pessoas certas e de, hoje, ser alguém cuja reputação é respeitada. Porém, como ator, ele é somente mediano...

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  5. Kamila falou algo realmente importante, mas acho que isso se deve ao fato de Clooney entrar em projetos desnecessários para sua carreira.

    As grandes estrelas estão diminuindo mesmo em hollywood, mas acho que há outros atores que estampariam a capa de forma mais merecedora que Clooney, como por exemplo, Viggo Mortensen, que consegue se expressar incrivelmente em qualquer filme, e atores como ele, é difícil encontrar.

    Mas Clooney também é um bom ator, com certeza, porém, acredito que as denominações dadas a ele (charmoso, bonitão e etc) estão presentes demais na vida dele, atrapalhando seu profissionalismo, se é que me entende.

    Abraço!

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  6. Reinaldo, é um prazer conhecer sua página, cheguei a esse mundo dos blogueiros cinéfilos, ontem! Posso te linkar lá?

    Quanto ao Clooney, gosto dele principalmente depois desse (Amor Sem Escalas), porém acho sua premiação por Syriana completamente injusta, e estou aqui com (Os Homens que Miravam cabras) pra ver!

    Abraço!

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  7. Patty:Achei Clooney impressioante nesse filme. De uma vulnerabilidade acachapante. Ele vai ao Oscar. Tomara que ganhe. E quanto a beleza, é a verdade mesmo e precisa ser dita né?! rsrs
    Bjs

    Bruno: É verdade Bruno. Para mim, em Amor sem escalas ele está em seu melhor momento como ator.

    Fernando:Obrigado Fernando. É verdade. Clooney sabe administrar muito bem sua imagem. E usa sua celebridade muito mais oportunamente do que outras estrelas por aí. Enquanto Agelina posa d eembaixadora das nações unidas e faz doações esporádicas, Clooney negocia ajuda internacional para subnutridos. Promove eventos, financia ONGs, e se reúne com lideres mundiais para melhorar as condições de países como o Sudão por exemplo. E´ainda é um cara cativante em entrevistas e eventos promocionais. Ele sabe ser astro e sabe ser relevante. ABS

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  8. Kamila: Não concordo com vc Ka. acho que ele não se envaideceu como outros atores (Tom cruise é um exemplo que salta aos olhos) com seu estrelato. Como argumentei no comentário com o Fernando,Clooney adminsitra muito bem sua carreira. Manter-se em evidÊncia através de canais apropriados é uma arte e Clooney domina-a. Como ator ele melhorou muito. E acho que isso é bem óbvio se pegarmos os últimos trabalhos dele e aqueles dos anos 90. Bjs

    Raphael:Entendo o que vc quis dizer em relação ao Viggo Mortensen. Por sinal, um ator que eu adoro e torço para que seja indicado ao Oscar por A estrada (francamente, Jeremy renner não está nada demais na minha opinião em Guerra ao terror). Só que Mortensen ainda não é um astro. Não como eram os de antigamente e não comparado ao status de Clooney, Pitt, Cruise, Gibson. Esses astros dos anos 80 e 90.
    Além do mais Mortensen e Clooney tem métodos diferentes. Enquanto Mortensen compõe de fora para dentro (ele é perfeccionista). Repare como ele domina trejeitos, características, sotaques, entre outras coisas de cada personagem. Clooney prefere ressaltar nuanças mais subjetivas de cada personagem, sempre a partir de sua própria persona. Veja por exemplo, com os Coen ele sempre fez papéis d etipos idiotas. Com Sodebergh de tipos charmosos e machucados por dentro. É um ator que varia muito em torno de si mesmo.
    Sobre seu status: É óbvio que ele se acha.Seria estranho se não se achasse. Mas o acho bem menos "estrelinha" do que uns e outros...
    ABS

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  9. Grande prazer em recebê-lo Jack. Obrigado pelo elogio. Lógico que pode me linkar.Fico honrado.
    Quanto ao prêmio por Syriana é verdade. Foi injusto. Não sei se vc se lembra que nesse ano, Clooney era a atração do Oscar. Havia sido indicado como produtor, diretor e co-roteirista por Boa noite boa sorte e ator coadjuvante por Syriana. Dois filmes elogiadíssimos e muito bem recebidos pela comunidade artística. O prêmio de coadjuvante foi político e para prestigiar o ator, que verdade seja dita, teve um ano excepcional.Lembro-me de george no agradecimento dizendo: "Isso quer dizer que não ganharei como diretor". Levando a platéia aso risos .Realmente com Ang Lee...
    Tivesse esperado um pouco mais e a academia poderia premiá-lo com justiça. Mas eles já erraram assim antes. Com Russel crowe (que merecia mais por Uma mente brilhante) e Julia Roberts ( ela não foi indicada por closer e ganhou por seu mediano papel em Erin Brockvic)
    ABS

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  10. Olá Reinaldo, tudo bem? Muito bom o seu post. George Clooney alcançou um nível elevadíssimo de atuação com Amor sem escalas e, para mim, ele sabe gerenciar a sua carreira e sua auto-imagem, isso o torna diferenciado, logo à parte do estrelismo de n atores e atrizes, vejo George Clooney como um grande ator executivo, que passa credibilidade, charme e influência. Inicialmente a sua beleza quarentona chamou à atenção, mas beleza sozinha não se sustenta e, do contrário de Brad Pitt que se envolve em ações humanitárias influenciadas pela esposa Angelina Jolie, considero George Clooney muito mais autêntico neste sentido, parece "pensar mais".

    Não o acho mediano como ator, mas também não o acho excepcional, porém penso que ele é um ator articulado que trata Hollywood como um negócio, o seu negócio. Palmas para ele!

    Bjs!

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  11. Esqueci de comentar que achei ótimo comentar sobre George Clooney lembrando de Cary Grant. Ambos expressam nitidamente o que é uma beleza de playboy e, consequentemente, seu fascínio. bjs!

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  12. Olha, há uns 5 anos atrás, realmente desgostava de George Clooney. Com algumas exceções, considerava-o canastríssimo e objeto de culto desnecessário. Mas depois da explosão de "Syriana" e seu trabalho formidável em "Boa Noite, e Boa Sorte" como ator, diretor e roteirista, dei muitas chances a ele. Depois disso, subiu vertiginosamente no meu conceito e percebi como era cego pra realidade. Ele é muito gente e boa. Além de ser um dedicado ator e ativista social, é camarada, tem um senso de humor afável e tal. Meu projeto de pesquisa que fiz para a faculdade no ano passado foi justamente sobre o Macartismo, tema de base para a realização de "Boa Noite, e Boa Sorte". Pesquisei muito sobre a vida de Clooney e descobri ainda mais como o cara é um ótimo sujeito. Enfim, resultado: Hollywood precisa de astros assim e a gente agradece por ele lançar e atuar em bons filmes, como tem feito ultimamente. Vida longa ao ator! \o/

    abraço!

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  13. Três palavras resumem George Clooney: charmoso, versátil e carismático. ;)

    Beijos!

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  14. Madame: Obrigado pelas palavras madame. É isso aí! Bjs

    Elton Telles:Pois é, Clooney soube nos seduzir não é? ABS

    Mayara: Excelente escolha de adjetivos Ma. Bjs

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