sábado, 28 de maio de 2011

Grandes Vencedores da Palma de Ouro - De Michael Haneke, A fita branca

Um filme em preto e branco, sem música, que antecipa o nazismo e que se pretende inflexivo sobre as origens do mal. A fita branca não poderia deixar de ser uma obra com a assinatura de Michael Heneke, um cineasta que sempre se mostrou à vontade em grafar a violência como idiossincrasia humana. Na briga pela Palma de ouro em 2009, Haneke levou a vantagem em uma competição em que os principais candidatos rondavam a violência, mas não com a mesma propriedade narrativa. A fita branca antes de ser um exercício de estilo é um decágono sobre as raízes da maldade.




A competição

O júri presidido pela atriz francesa Isabelle Huppert não tinha uma tarefa fácil. Esse foi o último grande ano do festival até aqui. Além de algumas gratas surpresas como O profeta, de Jacques Audiard, disputavam a Palma de ouro Pedro Almodóvar com Abraços partidos, Quentin Tarantino com Bastardos inglórios, Ken Loach com À procura de Eric, Ang Lee com Aconteceu em Woodstock, Park Chan-Wook com Sede de sangue, Lars Von Trier com Anticristo, Jane Campion com O brilho de uma paixão e Marco Bellocchio com Vincere. Era uma seleção de respeito. Tanto que Huppert foi acusada por setores da crítica de que a premiação de Haneke foi outorgada em favorecimento ao diretor que é seu amigo pessoal. Uma bobagem. A fita branca era digno da distinção que recebeu.


Além da Palma
Indicado a dois Oscars (filme estrangeiro e fotografia), Indicado ao Bafta de filme estrangeiro, indicado ao César de filme estrangeiro e quatro prêmios no European Film Awards (filme, direção, roteiro e fotografia)


Curiosidades
- O ator Ülrich Mühe, de A vida dos outros, era a opção de Haneke para ser o pastor no filme. Mas o ator morrera poucos meses antes do início das filmagens
- Heneke confessou em entrevista após a Palma em Cannes que havia pensado em A fita branca como uma minissérie para a TV, mas logo abandonou a ideia
- As cenas foram filmadas em cor e alteradas para preto e branco na pós-produção. O processo de conversão foi supervisionado pelo diretor de fotografia Christian Berger

3 comentários:

  1. Filme horrível. Em comparação ao "Inglorious Basterds" ou ao "Un Prophète" fica muito muito pior classificado... Do Haneke adorei o Cache mas, este filme, falhou no ritmo, criação de personagens, argumento, etc. Para mim um dos filmes mais overhyped dos últimos tempos! Fiz questão de ver duas vezes por estar a correr o risco de não estar a ver alguma coisa que devia... Só se à terceira se fizer luz :)
    Cumps
    Baú-dos Livros

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  2. Acho um excelente filme. Visceral e econômico. Não mostra sangue, nem nada explícito, mas é um filme violento e que opressiona o espectador, gosto amargo o filme inteiro. Não diria apenas em relação ao Nazismo, mas "A Fita Branca" é um grandioso ensaio sobre a gênese da maldade atrelada à uma educação opressora. E o ar de mistério, o enigma por trás daqueles personagens infelizes, caralho, só intensificam a grandiosidade desse roteiro cuidadoso e da exímia direção de Haneke, tanto na condução da história como seus atores. Burghart Klaussner arrasa, mas fico imaginando como seria Ulrich Mühe ali, porraaann! rs. Não sabia dessa curiosidade.

    Assisti a todos os filmes que você enumerou que estavam concorrendo com o filme de Haneke em Cannes 2009. Eu concederia o prêmio a "Sede de Sangue", que acho uma obra-prima monumental, mas "A Fita Branca" mereceu com êxito. Mrs. Huppert arrasou! =D


    abs!

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  3. Luiz Azevedo: Tb acho Bastardos inglórios um filme superior. Mas vejo muitos méritos na escolha de A fita branca para a Palma de ouro. O que não me impede de entender a sua perspectiva...
    abs

    Elton:Concordo contigo sobre A fita branca. E sobre Sede de sangue tb. Mas daria a Palma de ouro para Bastardos inglórios.
    Abs

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