quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Panorama - A fita branca



À época do festival de Cannes do ano passado (do qual saiu vencedor) e em seu lançamento no Brasil, sob as expectativas da vitória no Oscar (que não se confirmou), o último filme de Michael Haneke foi tomado como uma elaborada e intrincada análise sobre a gestação do nazismo. Em A fita branca (Das Weisse Band, Alemanha 2009), acompanhamos um remoto vilarejo alemão que é acometido por estranhos casos de violência.
O que Haneke reproduz aqui, e com insuspeita propriedade, é a força desestabilizadora que uma educação repressora e opressiva exerce sobre crianças. É sobre a gestação do mal (e sua proliferação aguda e ostensiva), portanto, que versa A fita branca. Datar o elaborado trabalho de Haneke é um prejuízo intelectual e não faz justiça a obra. As origens do nazismo permeiam o registro. A ambientação às vésperas da primeira guerra mundial permite tal dedução, mas essa restrição tem mais a ver com o exercício da crítica de fustigar sentido específico do que com a robustez do comentário (que em si não se esgota) de Haneke. Aliás, o filme não se resolve. Em uma demonstração vívida de que o nazismo é apenas um dos elementos, não o foco do ataque de Haneke. Um autor que sempre prima pela profundidade, mas há quem insista na circunstância.

2 comentários:

  1. reinaldo, desde sua vitória em cannes que quero muito vê-lo, lendo seu texto agora, a vontade aumentou ainda mais.
    excelente texto ;)

    abs [agora que me toquei: imagine se eu te abraçasse cada vez que mandasse uma abraço via comentário ? hehehehe. sem condições, enfim: se sinta abraçado! ha.]

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  2. Alan: Valeu. O filme é excelente Alan. Se tiver curiosidade, a crítica dele está disponível no blog. Consulte a página de críticas 2010.

    Pode deixar que eu me considero abraçado.rsrs. Abs (ops!)rsrs

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