sábado, 14 de maio de 2011

Grandes Vencedores da Palma de Ouro - De Quentin Tarantino, Pulp fiction-tempos de violência

Foi o ano de Tarantino. A competição em 1994 na riviera francesa era, até certo ponto, fraca. Mas o ano seria de Tarantino de qualquer jeito. Cannes serviu de trampolim para a história, na que talvez tenha sido a última edição do festival a confirmar uma tendência cinematográfica - no caso o boom do cinema independente americano (em um movimento semelhante ao testemunhado nos anos 70).
Pulp Fiction, seis anos depois, seria considerado o melhor filme da década de 90 (e o mais significativo em listas que se recusavam a apontar o melhor) por um punhado de críticos e publicações de prestígio no meio cultural.
A revolução narrativa proposta por Tarantino, regada a diálogos ácidos e violência temperamental, se submetia a um tratamento estético inovador que dialogava com pop no mesmo nível que o afirmava. Tarantino ganhava o status de autor em uma precipitação que só Cannes poderia autenticar. E os tempos de Tarantino na croisette continuariam enquanto outros se dispunham a reconhecer sua veia autoral.



A competição


O júri presidido por Clint Eastwood tinha algumas figuras de boa repercussão para julgar. Como o italiano Nanni Moretti com Caro diário, o egípcio Atom Egoyan com Exótica, o britânico Mike Figgs com Nunca te amei, o chinês Zhang Yimou com Tempo de viver, o italiano Giuseppe Tornatore com Uma simples formalidade e o polonês Krzysztof Kieslowski com a terceira parte de sua trilogia das cores, A fraternidade é vermelha. Havia o cinema independente americano na figura dos irmãos Coen (que já haviam assombrado Cannes alguns anos antes) com Na roda da fortuna e do semi desconhecido Quentin Tarantino (na França, seu Cães de aluguel só pegou depois da consagração de Pulp Fiction).
Ainda hoje Tarantino e os Coen respondem pela produção independente americana que mais reverbera internacionalmente. Em 1994, o júri cedeu a Tarantino.


Além da Palma

Sete indicações ao Oscar com vitória na categoria de roteiro original; nove indicações ao Bafta com vitória nas categorias de roteiro original e ator coadjuvante (Samuel L. Jackson); indicado a melhor filme estrangeiro no César; indicado ao Directors Guild Awards; Seis indicações ao Globo de ouro com vitória na categoria de roteiro; 4 Independent Spirit awards (filme, direção, roteiro e ator para Samuel L. Jackson);



Curiosidades

- O papel de Jules foi escrito especificamente para Samuel L. Jackson que desde então aparece em todos os filmes de Quentin (em Bastardos inglórios ele surge como o narrador e some tão subitamente quanto aparece)
- A participação de Tim Roth e Amanda Plummer como “Pumpkin” e “honey bunny” foi um capricho de Tarantino que só poderia acontecer, segundo o próprio, com esses dois atores
- John Travolta, que teve sua carreira resgatada do ostracismo graças a esse filme, em entrevista no ano 2000 disse acreditar que Tarantino será dos grandes cineastas negligenciados pela academia e que só receberá um Oscar honorário
- Quentin Tarantino ganhou seu único Oscar pelo roteiro desse filme
- Uma Thurman negou o papel. O diretor teve que fazer inúmeras tentativas de convencimento e venceu Uma pelo cansaço. Já para Kill Bill, esse approach não foi necessário.
- Sylvester Stallone foi considerado para o papel de Butch, que acabou com Bruce Willis.


* Durante o mês de maio a seção Cantinho do DVD não será publicada em virtude do especial Grandes Vencedores da Palma de Ouro

3 comentários:

  1. E nesse ano o Óscar foi para o Forrest Gump... Em Cannes o bom gosto impera! :)

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  2. Tarantino ama Cannes e Cannes ama Tarantino. É recíproco.

    Pulp Fiction é o filme mais influente da década e a primeira vez que a gente assiste, certamente não esquecemos. Não sei o que ele tem, uma aura nova, porque o tipo de filme Kurosawa já fazia, até mesmo Leone e pelo bom senso Taranta afirma suas influências. Ele só deu estilo a sua sopa!
    Abs.
    Rodrigo
    Adorei!

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  3. Luís Azevedo: Pois é... Mas não dá para dizer que o Oscar para Forrest Gump foi de todo injusto...
    Abs

    Rodrigo Mendes: E quem lucra com essa reciprocidade somos nós.Dá-lhe estilo na sopa!
    Abs

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