sábado, 16 de abril de 2011

"Saúde do mercado de cinema"

Vai ter Nicolas Sarkozy e sua patroa, a primeira dama Carla Bruni. Vai ter Jack Sparrow e Sean Penn em dose dupla. Penélope Cruz também aparecerá. Assim como os diretores mais importantes de sua carreira: Pedro Almodóvar e Woody Allen. O melhor cineasta do mundo também exibirá seu novo trabalho. O dinamarquês Lars Von Trier, que se autodefiniu o melhor cineasta do planeta, apresentará em Cannes a ficção existencialista Melancholia. Mas não é só. As mulheres vão em peso a croisette. Jodie Foster exibirá o seu Um novo despertar fora de competição. Na briga pela Palma de ouro estará a escocesa Lynne Ransay com We need to talk about Kevin, um filme que acompanha um casal que começa a desconfiar dos instintos de seu filho. John C. Reilly e Tilda Swinton estrelam. Outra diretora em que repousam grandes expectativas é a australiana Julia Leigh. Em sua estréia, ela dirige a também australiana Emily Browning (Suker Punch) em Sleeping beauty. Um filme anunciado como uma mistura de fantasia e realidade. Genérico, mas curioso.

O mundo a seus pés: Com Lars Von Trier na programação, é certo que teremos declarações polêmicas na riviera francesa em 2011



O organizador do Festival de Cannes, Thierry Fremaux ao anunciar os 20 concorrentes a Palma de ouro declarou que a seleção de 2011 é um “testemunho da saúde do mercado cinematográfico”. Segundo Fremaux, a inclusão de cineastas prestigiados como Terence Malick (que exibe o aguardado A árvore da vida, prometido para a edição do ano passado), dos irmãos Dardenne, com The kid with the bike e do italiano Nanni Moretti com Habemus papam, ratificam a posição de pulmão cinematográfico de Cannes.
O evento também abrigará a premiere internacional de Piratas do Caribe: navegando em águas misteriosas, honrando outra tradição recente da riviera francesa: ser palco de grandes lançamentos hollywoodianos. Indiana Jones, Kang Fu Panda, Wall street: o dinheiro nunca dorme e Robin Hood foram alguns dos grandes filmes americanos a terem Cannes como plataforma de lançamento.


Os irmãos Dardenne, duas vezes premiados em Cannes, voltam este ano com The kid with the bike


Idiossincrasias

Carla Bruni talvez desfile sua beleza pela croisette. Já a presença de seu marido, o presidente francês só é certa no documentário de Xavier Durringer (La Conquetê), uma crítica voraz a administração Sarkozy. Sean Penn é outra figura muito querida em Cannes. Em 2010, embora no elenco do concorrente Jogo de poder, Penn não compareceu ao festival por estar envolvido com os esforços humanitários no Haiti. Em 2011, Fremaux, ainda que involuntariamente, conferiu duas razões para o ator americano dar as caras. A primeira é o aguardado A árvore da vida em que Penn protagoniza como um homem que busca sentido para a vida. O segundo é This must be the place, do italiano Paolo Sorrentino (em seu primeiro filme internacional), em que o ex de Madonna aparece de batom, cabelos longos e vive um roqueiro em busca de redenção.
Pedro Almodóvar, segundo relatos de bastidores, não queria exibir seu A pele que eu habito em competição. A edição da fita teria sido apressada e Almodóvar estaria prevendo polêmicas acerca de uma cena indigesta. O thriller de terror que reúne o diretor espanhol a Antônio Banderas, no entanto, é o filme que desperta mais expectativas nesse momento.

Um Almodóvar para incomodar muita gente: A pele que eu habito reúne o diretor e Antônio Banderas duas décadas depois de Ata-me



Outros filmes aguardados e que não entraram no line up de Cannes foram On the road, de Walter Salles, The grand master, de Wong Kar Wai e A dangerous Method, de David Cronenberg. Esses filmes, provavelmente, irão compor a mostra oficial de Veneza em setembro.
Na mostra Um certo olhar, o grande destaque recai sobre o novo drama independente de Gus Vant Sant, Restless. Para o Brasil, o interesse aponta para Trabalhar cansa, longa de Juliana Rojas e Marco Dutra. A dupla já esteve em Cannes antes competindo com curtas metragens.
É inegável que a edição de 2011 parece mais inspirada que a de 2010. Diretores de prestígio, produções comentadas com larga antecedência e uma seleção de personalidades cativante. Cannes pode até não cumprir as expectativas que suscita, mas o júri que será presidido por Robert De Niro terá algumas reticências a preencher.



Competição pela Palma de ouro:

A pele que eu habito, de Pedro Almodóvar
L´Apollonide, de Betrand Bonello
Foot note, de Joseph Cedar
Pater, de Alain Cavalier
The kid with the bike, de Jean-Pierre e Luc Dardenne
Hearat Shulayin, de Joseph Cedar
La Havre, de Aki Kaurismäki
Hanezu no Tsuki, de Naomi Kawase
Sleeping beauty, de Julie Leigh
Polisse, de Maiwenn
La source des femmes, de Radu Mihaileanu
Ichimei, de Takashi Miike
Habemus papam, de Nani Moretti
We need to talk about Kevin, de Lynne Ramsay
Michael, de Markus Schleinzer
This must be the place, de Paolo Sorrentino
Melancholia, de Lars Von Trier
Drive, de Nicolas Winding Refn
Once upon a time in a Annapolia, de Nuri Bilgen Ceylan
A árvore da vida, de Terence Malick

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