sábado, 17 de março de 2012

Cantinho do DVD

O destaque da seção Cantinho do DVD desta semana é um filme de gangster um tanto anticlimático. O pior dos pecados quer ser, também, filme de arte. Mas o diretor Rowan Joffé não é Martin Scorsese ou Brian De Palma e isso fica bem claro conforme a trama protagonizada pelo ascendente Sam Riley - que em breve será visto em On the road de Walter Salles - avança. Leia a crítica a seguir:




Crítica
Os filmes de gangster, na demasia com que são produzidos, envolvem uma gramática cinematográfica muito particular. São produções que falam sobre inadequação, ambição, impossibilidades e outras questões humanas que se cristalizam em metáforas tão bem acampadas por cineastas como Martin Scorsese, John Huston, Francis Ford Coppola, Sidney Lumet e Brian de Palma. Rowan Joffé, filho do cineasta Roland Joffé não é um desses cineastas. Por mais que O pior dos pecados (Brighton Rock, ING/EUA 2010) tenha fonte fidedigna, o romance de Graham Greene, não consegue se materializar em uma obra pulsante e convicta – ainda que tenha seus momentos. A impressão que fica é que Joffé até é um roteirista talentoso, é dele o texto do primoroso Um homem misterioso, mas ainda se mostra um diretor oscilante. O que não deixa de ser natural, já que O pior dos pecados ainda é seu segundo longa-metragem.
Joffé busca amparar-se na atmosfera setentista do cinema americano. Dos planos às falas dos personagens, a despeito da trama ser ambientada nos anos 60, percebe-se que o diretor constrói seu filme em referências nem sempre bem fundamentadas visualmente ou dramaticamente.  
Pinkie (Sam Riley) é um gangster que tenta subir na vida depois da morte do líder do grupo. Mas a influência de seu grupo na cidade está cada vez menor e Pinkie ainda precisa administrar uma testemunha que o viu matar um homem. Não fica muito bem estipulado o por que Pinkie se envolve com a garçonete Rosie (Andrea Riseborough). Já que matar vai se tornando algo cada vez mais banal para ele. Joffé não consegue convencer seu espectador do thriller que realiza. Ainda que a trama ganhe fôlego com sutilezas impensadas no terceiro ato, O pior dos pecados se mostra um filme bem irregular, com atores pouco convincentes (Sam Riley, em particular, é uma decepção) e com uma proposição mal ajambrada. Não funciona como thriller, como filme de gangster e muito menos como drama. Rosie, no entanto, é uma personagem bem construída. É sua jornada de abnegação que vale ser observada no filme. E qualquer menção positiva a O pior dos pecados (que conta com uma divertida ponta de Andy Serkis) se deve a essa personagem.

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