quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010 - Cenas de cinema: FATOS

O ano em que os festivais não emplacaram


É sempre a maior rivalidade. Principalmente entre os três grandes festivais de cinema internacional. Berlim (que acontece em fevereiro), Cannes (realizado em maio) e Veneza (que ocorre em setembro). É natural que esses festivais oscilem em qualidade (Berlim já perdeu aquele pedigree há muito tempo), mas nada se compara ao que houve em 2010. Os três não conseguiram superar a vexamosa definição de entressafra, principalmente no caso de festival francês (que embora tenha tido o melhor cardápio dos três, era também sob o qual pesavam maiores expectativas). Se houve algo de positivo (e que reforça o negativo) é que nos três eventos, o vencedor eleito pelo júri provocou surpresa.
A crítica de cinema internacional, embora tenha sugerido alguma benevolência, não perdoou o ano pífio de Berlim, Cannes e Veneza.


Sem grandes lembranças

A principal temporada para a indústria do cinema é o verão do hemisfério norte (de maio a setembro), quando há as férias escolares e os grandes blockbusters invadem as telas. Todo ano existe uma verdadeira operação para medir o rendimento (financeiro) desta temporada. Embora em 2010 não se possa reclamar desse aspecto (só Toy Story 3 e A origem juntos bateram na porta dos U$ 2 bilhões), em termos de qualidade o verão de 2010 deixou a desejar. Fora esses dois filmes são poucas as (boas) lembranças. Certamente foi o verão mais anêmico dos últimos cinco anos.

Woody e sua turma são responsáveis por uma das poucas boas lembranças do verão de 2010


Hollywood goes deep


Em 2010 dois filmes chamaram a atenção pela predisposição em vasculhar as relações de poder forjada nos bastidores. O primeiro deles é um velho conhecido. Oliver Stone voltou a Wall street em Wall street - o dinheiro nunca dorme. A crise financeira de 2008 foi a inspiração para o retorno. O cerebral David Fincher propôs-se a desvendar os bastidores do surgimento do maior site de relacionamentos que existe: o facebook. Claro que os processos milionários que pautaram os bastidores desse evento também tiveram vez na obra de Fincher.

 
Um cinema mais encorpado


2010 é o melhor ano da história do cinema nacional. Em números consolidados é bom que se diga. Se a produção cinematográfica não foi lá muito vistosa, os números de bilheteria não mentem: o brasileiro viu filmes nacionais como nunca.
Ajudaram, é bem verdade, a levantar esses números o contingente espírita que lotou cinemas para assistir Nosso lar e Chico Xavier. Mas a grande alavanca foi mesmo Tropa de elite 2. A continuação do filme de 2007 ainda será tomada, na frente comercial, como um divisor de águas para a captação de recursos da produção cinematográfica brasileira. Desde já, no entanto, se inscreve como a principal bilheteria da história do cinema nacional.


Um novo tipo de comédia romântica I

Comédia romântica é sempre a mesma coisa. Quem já não cansou de ouvir isso? Pois bem, em 2010 elas podem ter sido a mesma coisa. E foram, mas o referencial é mais novo. Filmes como Caçador de recompensas (com Gerard Butler e Jennifer Aniston), Encontro explosivo (com Tom Cruise e Cameron Diaz) e Par perfeito (com Ashton Kutcher e Katherine Heigl) se esmeram na mistura de comédia de ação abalizada por Sr.& Sra. Smith (2005). Nenhum dos três, no entanto, se equipara ao charme do original.


Um novo tipo de comédia romântica II

Outro segmento bem explorado nas comédias românticas de 2010 foi a maternidade as avessas. Aquela que vem antes do final feliz. Em Plano B, Jennifer Lopez conhece o amor de sua vida logo depois de sair de uma sessão de inseminação artificial (que vingou né?!), a outra Jennifer (Aniston), por sua vez, tem o frasquinho de inseminação artificial trocado pelo amigo apaixonado e atrapalhado (Jason Bateman) em Coincidências do amor. Já Katherine Heigl dispensou a inseminação artificial e “herdou” um filho de um casal de amigos em Juntos pelo acaso.Com a conveniência de um Josh Duhamel a tiracolo.

Depois dá saída de Grey´s anatomy, Katherine Heigl assumiu de vez o posto de nova darling das comédias românticas em fitas como Juntos pelo acaso e Par perfeito



Um novo tipo de comédia romântica III

E a nova tendência no marcado das comédias românticas é o amigos e amantes. Se em 2010 o gênero apostou em dois nichos específicos (e não foi tão bem sucedido assim), a fórmula para 2011 parece ser apostar em outro nicho. A amizade colorida sempre teve vez no cinema e em 2011 Justin Timberlake e Mila Kunis vão provar se ela ainda segura as pontas em Friends with benefits (amigos com benefícios em tradução literal) e Ashton Kutcher e Natalie Portman vão se engraçar em No strings attached (literalmente sem compromissos).



Já não tão empolgante

2010 começou sob a efervescência do 3D. Avatar lotava cinemas e fazia com que a indústria corresse atrás do prejuízo. Ou dos lucros, melhor dizendo. O ano se aproxima do final e depois de Fúria de titãs, Alice, Resident evil e todas as animações do ano, 2010 se aproxima do fim com o 3D saturado. Não que o espectador não tenha o interesse em assistir uma produção em 3D, apenas não se sente tão motivado a isso. Além das muitas opções, os óculos ainda representam uma chateação danada numa sessão de 3D. Sabe como é, não dá para namorar né?!

 
Um mundo dos vampiros ... e zumbis


Na esteira do sucesso dos vampiros (que depois de três anos de ebulição parecem acalmar), vieram os zumbis. Não é dejà vu. Aconteceu novamente. Só que na TV. Depois dos sucessos de True Blood (que em 2010 continuou ótima) e The vampire diares (uma série de vampiros que consegue ser anêmica), os zumbis chegaram com força com The walkind dead. Nos cinemas, a saga Crepúsculo marcou presença com Eclipse. Ainda que com menos bilheteria do que esperado. Os produtores colocaram a culpa na Copa do mundo. Sabe como é, Edward ou o atacante uruguaio Fórlan? Pois é...


Por um Rio de Janeiro mais lindo

Todo mundo sabe o que vem acontecendo no Rio de Janeiro nesses últimos anos e o que se sucedeu no mês passado na cidade maravilhosa. Dois filmes em 2010, de alma carioca, vieram a público pleitear um Rio de Janeiro mais pacífico. A suprema felicidade dialoga com o passado para, através da nostalgia, reencontrar um Rio de Janeiro que parece só habitar a memória dos mais antigos e Tropa de elite 2 se utiliza do presente para tentar moldar o futuro. Juntos, mobilizados por um Rio melhor, ambos os filmes ganharam as telas e as manchetes do país.



As maiores bilheterias do ano


Embora tenha sido um ano um tanto fraco em matéria de qualidade cinematográfica, 2010 trouxe grandes sucessos de bilheteria. Toy Story 3, A origem, Alice no país das maravilhas e Harry Potter e as relíquias da morte – parte 1 (que ainda está em cartaz) garantiram a sustância das bilheterias em um ano que, visto de longe, poderá ser tido como de vacas gordas.


As dez maiores bilheterias do ano:


Box Office americano

1- Toy story 3 = U$ 415 milhões
2- Alice no país das maravilhas = U$ 334, 191 milhões
3- Homem de ferro 2 = U$ 312 milhões
4- Eclipse = U$ 300 milhões
5- A origem = U$ 292, 316 milhões
6- Meu malvado favorito = U$ 250 milhões
7- Harry Potter e as relíquias da morte – parte 1 * = U$ 244, 236 milhões
8- Shrek para sempre = U$ 238, 395 milhões
9- Como trinar seu dragão = U$ 217, 581 milhões
10- Karate kid = U$ 176 milhões

 
Box Office internacional **


1- Toy story 3 = U$ 1,063 bilhão
2- Alice no país das maravilhas = U$ 1,024 bilhão
3- A origem = U$ 823,5 milhões
4- Shrek para sempre = U$ 737,4 milhões
5- Harry Potter e as relíquias da morte – parte 1* = U$ 713,3 milhões
6- Eclipse = U$ 692, 9 milhões
7- Homem de ferro 2 = U$ 621 milhões
8- Meu malvado favorito = U$ 534 milhões
9- Fúria de titãs = U$ 493, 2 milhões
10- Como treinar seu dragão = U$ 493,1 milhões


* Ainda em cartaz
** cifras americanas incluídas

4 comentários:

  1. Katherine é um show!!!
    Gostei de A Verdade Nua e Crua...

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  2. Boa retrospectiva, acho que 2010 teve altos e baixos, mas o saldo é positivo. Das comédias românticas, gostei de "Juntos pelo acaso". E a onda 3D já cansou mesmo.

    bjs

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  3. O atacante uruguaio fórlan, sem sombra de dúvidas hauhauahuahuahaua
    òtima a lista Rei, curioso que as maiores bilheterias do ano, foram de filmes infantis ou os destinados à adolescentes, é lógico que muuuuuito marmanjo chorou ao ver toy story 3, não estou falando que esse ou outro é feito exclusivamente para criança, mas achei interessante ver que de uma forma ou de outra, são filmes destinados á esse público. As crianças e os jovens, tem ido mais ao cinema do que os adultos? não foram feitos filmes bons de adultos para esses irem ao cinema conferir?
    O que você acha? não sei se consegui me expressar bem, eu sou meio enrolada haha, mas espero que tenhe entendido o que quis dizer e perguntar !
    Um beijo :)

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  4. Marcelo: Ela é um show mesmo. Dos filmes recentes dela, esse foi o que mais gostei tb Marcelo. Abs

    Amanda: Valeu Amanda.Acho que 2010 teve mais baixos do que altos, mas vamo que vamo. Fico feliz que o 3D já esteja cansando, pq assim corrobora a minha teoria (e a de muitos cineastas como Burton e Nolan): é uma febre. A tecnologia será digerida, mas não será transformadora...
    bjs

    Laís:rsrs.Valeu Laís. É verdade. As maiores bilheterias são de produções destinadas ao público infanto-juvenil. E isso não é exclusividade de 2010. Esse movimento já surge há algum tempo. Repare na força das animações, que se consagraram como um gênero e tem se mostrado o mais lucrativo (além de um dos mais baratos). É natural que produções do verão americano predominem entre as maiores bilheterias, afinal, essa é a temporada de ouro de Hollywood. A segunda parte da sua pergunta, sobre se foi ou não produzido bons filmes para adultos é um pouco mais escorregadia. Acho que sim. Toy stroy 3, Homem de ferro 2 e Alice são filmes que buscam a pluralidade de público. Há uma uniformização na produção mainstream hollywoodiana com vistas a potencializar os lucros (aumentando o público de seus produtos/filmes). Daí, também, a importância de um filme como A origem.Um filme que pode ser visto(e apreciado) por um adolescente, mas que exige um espectador em domínio de suas faculdades mentais. A origem ter encontrado seu público e (mais que isso ter feito quase um bilhão de U$) pode realinhar um pouco essa perspectiva. Podemos ter produções com uma plataforma mais adulta nos próximos verões. A conferir! Enquanto isso, a Oscar season vem aí recheada de filmes adultos.
    Ah, e eu, creio, entendi perfeitamente o que vc quis dizer!
    Beijão

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