domingo, 21 de fevereiro de 2010

ESPECIAL SIMPLESMENTE COMPLICADO - No cinema depois dos 40

É estatístico. As comédias, as românticas especialmente, se dedicam a públicos mais jovens. A bem da verdade, a maior parte da produção cinematográfica atual – a americana em particular- busca identificação com um público que oscila entre os 15 e os 35 anos. É justamente nessa faixa de idade que se concentra a maior parcela dos frequentadores de cinema. Mas isso é tema para uma seção Insight.
De qualquer maneira essa percepção dominante não é monopólica. Há hoje, principalmente na tv americana, uma preocupação para com um público mais interessado em reflexões sobre o tempo e o lugar que ocupam do que exatamente sobre a forma como o assassino premeditou todo o crime.

Courtney Cox no cartaz promocional de sua série: 40 é o novo 20

Faz sucesso no horário nobre americano a comédia Cougar Town. Estrelada por Courtney Cox, a série versa sobre uma quarentona divorciada que procura sexo casual e satisfação emocional em relacionamentos com homens mais jovens. O novo filme de Nancy Meyers, Simplesmente complicado, mostra uma mulher madura que se divide entre uma recaída pelo ex-marido e os mimos do vizinho arquiteto que secretamente sempre alimentou uma paixão por ela. A própria Nancy Meyers, há alguns anos atrás, já tinha feito um filme sobre o fato de apaixonar-se na terceira idade, Alguém tem que ceder.

Jack Nicholson e Diane Keaton em cena de Alguém tem que ceder: Nunca é tarde para amar

O filme francês, de grande repercussão na critica mundial, Medos privados em lugares públicos versa sobre os relacionamentos pessoais. De toda a ordem e natureza. E vai além. Se ocupa principalmente das omissões, receios e temores que ditam os vínculos sociais e amorosos. A galeria de personagens do filme de Alain Resnais compreende personagens maduros e jovens, e as distinções entre eles são mais sutis do que se pensa a principio.
No entanto, filmes e séries com essa premissa se comunicam com um público específico e que apresenta uma sensibilidade que permite inflexões cômicas (que flertem perigosamente com o mau gosto, caso da série protagonizada por Courtney Cox), casuais (que pretendem entreter com conteúdo, caso da nova comédia de Meyers), ou mesmo dramáticas, (que procuram investigar filosófica e psicologicamente a dinâmica das relações pessoais nessa faixa de idade, caso do filme de Resnais). De qualquer maneira, há mais gente sendo ouvida e contemplada pelo cinema.

No filme de Resnais as incertezas são mais decisivas do que o desejável: Somos as sombras de nossos medos

2 comentários:

  1. Ótimo, Reinaldo!
    As pessoas têm que acordar que o público mais maduro tem necessidades distintas porém também passam por todas as emoções embora em contextos e níveis de maturidade diferentes. Por outro lado, nunca é demais lançar filmes sobre relacionamentos mais maduros. Também não deixa de ser uma estratégia para aumentar o público > 35 anos no cinema, não sei ainda se proposital ou somente para agradar um pouquinho as lobas e lobos. Espero que seja a primeira. bjs!

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  2. Obrigado madame. Olha, vejo como uma tendência. Primeiro apenas o cinema independente abraçava essa fatia do público. Nancy Meyers e sua pegada comercial sem prescindir da inteligÊncia vem mostrando que é possível arrecadar dinheiro, mirando nesse público. Uma nova tendência vem aí. Pode acreditar.
    Bjs

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