sábado, 2 de abril de 2011

Cantinho do DVD

A diretora Susanne Bier já concorreu ao Oscar três vezes. Em 2011 saiu vencedora por Em um mundo melhor, fita dinamarquesa em que os críticos brasileiros foram uníssonos: trata-se de um melodrama pesado. E essa é a especialidade de Bier. Maturando novos tons a cada trabalho, a diretora sente-se a vontade para pincelar melodramas familiares. Sua primeira fita americana, destaque dessa edição de Cantinho do DVD, reforça as características do cinema dinamarquês que para afirmar o movimento dogma 95 acaba por distanciar-se de algumas de suas diretrizes. Coisas que perdemos pelo caminho é tão diluído em clichês que fica difícil reconhecer uma cineasta que integrara o dogma 95.




Crítica

A primeira incursão da cineasta dinamarquesa Susanne Bier no cinema americano vem respaldada por uma característica forte em sua dramaturgia: o melodrama. Coisas que perdemos pelo caminho (Things we lost in the fire, EUA 2007), no entanto, é seco e coeso, falseando as expectativas de uma produção manipuladora e emotiva. O drama é encenado com confiança absoluta nos atores, mas não evita certa previsibilidade que o diminui enquanto experiência catártica.
Após a morte do marido, Audrey (Halle Berry) se aproxima do amigo viciado que o marido recusava-se a abandonar (Benicio Del Toro). Dessa convivência forçosa que aflui diversas memórias, lembranças e ressentimentos irá surgir a esperança e motivação para que ambos saiam da inércia emocional em que se encontram.
Coisas que perdemos pelo caminho é aquele tipo de filme que agrada por sua disposição em ser edificante. Em apalpar a dor e exortar seu espectador de que ela não é definitiva. Nesse sentido, a direção fria de Bier é prejudicial. A audiência, embora naturalmente impelida a solidarizar-se com os personagens, nunca se sente cúmplice deles. Bier consagrou-se pelo sábio uso do microscópio em dramas familiares como os de Depois do casamento (2006) e Brothers (2004). Aqui, embora seja bem sucedida em lapidar as angústias que mobilizam seus personagens, a diretora falha em remanejá-los da representação arquetípica. Seu melodrama, talvez, resultasse em um filme melhor se fosse lacrimoso.
Benicio Del Toro parece compreender bem seu personagem e faz o possível. Já Halle Berry está exagerada e denota a fragilidade de Bier na direção de atores. Berry parece fazer uma personagem pertencente a outro filme tamanha sua inadequação ao tom do registro.

6 comentários:

  1. Ainda não vi este e nem tenho tanta vontade. Pra ser sincero, não gosto tanto dos filmes da Bier. Certamente, este não me vai me agradar muito.

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  2. Caraca..acabei de ver a filmografia dela, não assisti nenhum de seus filmes...quando assisti algum dou uma procurada nesse post por aqui..rsrs.!

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  3. Esse é um filme que tinha vários caminhos para dar certo. E, por alguma razão, acabou meio sem expressão. É satisfatório, mas nada me cativou...

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  4. Também não vi o filme, mas gosto já do título: Coisas que perdemos pelo caminho. Vou procurar.

    bjs

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  5. Achei esse filme muito melodramático, não me conquistou.

    Beijos!

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  6. Alan:Mas cinéfilo que é cinéfilo... brincadeira. rsrs. Eu te entendo. Abs

    Diego:Pois é, tá na hora de correr atrás do prejuízo... abs

    Matheus:Para mim o problema reside na direção. Abs

    Amanda:O título é o máximo né? Acho que o oríginal é ainda melhor!!!
    Bjs

    Mayara: Tô para achar alguém que foi conquistado por ele... rsrs Bjs

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