terça-feira, 5 de março de 2013

Crítica - As sessões



Sexo e poesia!

O diretor Ben Lewin, que também é roteirista do filme, tinha um desafio em suas mãos. Como fazer, de maneira factível e palatável, um filme sobre um homem que depende de um pulmão de aço para viver que quer perder a virgindade? As sessões (The sessions, EUA 2012), baseado em um artigo de Mark O´Brien – vítima de poliomielite e que no filme é interpretado com graciosidade e ternura por John Hawkes, é um primoroso insight sobre sexualidade e, também, sobre o desejo de viver. Desvinculando-se da correção política, Lewin faz um registro iluminado da vida ao apresentar um recorte inusitado sobre a vida de pessoas com deficiências físicas ou motoras.
Tudo no filme transpira sutileza, desde a composição dos atores até a abordagem da terapia sexual que move a trama. John Hawkes e Helen Hunt – como a terapeuta sexual que guia essa fase de descobrimento e coragem de Mark – estão perfeitos em cena. Hunt é sutil na sugestão dos sentimentos contidos de sua personagem pega de surpresa por um desejo inesperado e Hawkes reveste Mark de candura e graça ao apoiar seu registro em uma faceta louvável do personagem: seu senso de humor, sua fé e sua postura positiva diante da vida que lhe foi tão madrasta.
Hawkes ainda alcança outro mérito. Convence como um homem de 38 anos mesmo já tendo 53 anos.
Helen Hunt e John Hawkes: mais do que trunfos, a espinha
dorsal de um filme luminoso
Mark, em parte por sugestão de sua editora (ele é jornalista e poeta em um verdadeiro achado existencial para conviver melhor consigo e com o mundo), em parte por sentir que lhe falta essa experiência, deseja fazer sexo. Curiosamente, a primeira pessoa que consulta para saber se deve ou não levar a ideia adiante é um padre (William H. Macy, ótimo). Eles rapidamente desenvolvem uma relação de amizade e cumplicidade e o padre Brendan compreende o chamado do personagem e relativiza a doutrina católica para que Mark possa viver sua experiência. Mas essa não é a única saída poética desse filme cativante.
A postura de Mark para com a vida e a maneira como ele toca personagens diversos é mais do que uma solução dramática para um filme bem intencionado, é pura poesia. Desde as sensações experimentadas com a terapeuta à vontade para tirar a roupa, mas receosa de se despir de outros sentimentos até o desfecho agudo em emoção.
As sessões apresenta o sexo como elemento essencial da existência, mas não lhe dá a importância que não tem. A importância, no final das contas, está em ser romântico. E isso, Mark O´Brien era. 

5 comentários:

  1. Um filme incrível mesmo, daqueles que dá vontade de recomendar a todos. Sensível, gostoso de acompanhar, pra cima. E, sim, romântico.


    bjs

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  2. “As Sessões” chamou a minha atenção pela leveza, delicadeza e respeito com que tratou seu tema principal. A história central do filme é muito curiosa e única. Achei uma abordagem sensacional feita pelo diretor e roteirista Ben Lewin com o apoio de duas grandes atuações de John Hawkes e Helen Hunt.

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  3. Amanda: É isso mesmo!
    Bjs

    Kamila: ... e disse tudo!
    bjs

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  4. Meu caro já estava com vontade de conferir depois de um trailer e agora com sua crítica... "Sexo e Poesia" já resumiu lindamente. Curioso.

    Helen Hunt de volta em toda forma é o que parece e John Hawkes um ator que já vi em tantos filmes (até mesmo no recente Lincoln), uma espécie de "Octavia Spencer da indústria" sem medo de fazer figuração e pontinhas...o que é difícil depois de uma nomeação ao Oscar, enfim....deve valer a pena!

    Abs.

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  5. Obrigado Rodrigo. Desconfio que vc não irá resistir ao charme desse cativante filme...
    abs

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