domingo, 4 de dezembro de 2011

Insight

O que a possível fusão entre dois estúdios independentes pode significar para o cinema americano?

Estudada há alguns anos, a fusão entre a Lionsgate e a Summit está próxima de acontecer, aponta o noticiário econômico internacional. Mas essa possibilidade afeta, e muito, a produção cultural americana. A Summit, por exemplo, cresceu de tamanho com a saga Crepúsculo. A empresa passou a ser uma das principais players fora do grupo dos grandes estúdios hollywoodianos. A Lionsgate, que já esteve perto da falência algumas vezes,  possui um catálogo de filmes muito maior do que a Summit e também está presente na tv com a produção de séries como Mad men e Weeds.
A Summit começou a produzir e distribuir filmes em 2007 e logo achou sua galinha dos ovos de ouro na “literatura” de Stephenie Meyer. Mas Crepúsculo está chegando ao fim e o estúdio se vê atolado em dívidas e juros altos. A renegociação das dívidas só foi possível graças aos direitos sobre a série Crepúsculo. E essa boiada está acabando. Justamente por isso, em 2009 surgiram as primeiras conversas entre Summit e Lionsgate. As negociações não avançaram em virtude de desacordos quanto ao valor de mercado das empresas e sobre a configuração da fusão (como seriam agrupados os direitos de cada empresa e quais CEOs seriam subordinados e quais seriam os mandatários, entre outras grandes miudezas).

O catálogo da empresa tem, entre outros, filmes como Crash
- no limite, A última ceia e a série Jogos mortais
A fusão, segundo informes do noticiário econômico Bloomberg, parece mais encaminhada nessa rodada de negociações. A verdade é que a Lionsgate precisa de mais musculatura para disputar com as divisões independentes da Fox, da Sony e da Universal. Já a Summit, está em face de ver o caixa secar com o fim da saga dos vampiros que brilham.
A fusão teria impacto diverso na indústria do cinema no médio e no longo prazo. Em um primeiro momento promoveria uma grande apreensão na produção independente americana. Afinal, não chega a ser uma boa notícia - em um cenário macroeconômico - a fusão de duas empresas rivais. Contudo, a fusão daria uma liquidez maior à empresa dela resultante no médio prazo. Seria um bom abrigo para produtores independentes que não possuem astros ligados a seus projetos ou para roteiros comercialmente inviáveis. A má noticia aí é que a capitalização inerente a um negócio desse porte e as metas que serão estabelecidas a partir de então, conduzirão a Summit/Lionsgate a um comportamento cada vez mais similar ao dos grandes estúdios o que pode esterilizar a produção independente nos próximos anos. A Fox Searchlight, por exemplo, mais adquire do que produz fitas independentes. A Lionsgate ainda é vista como uma importante parceira para produtores e artistas independentes. A fusão poderia transformar essa percepção.
Cena do penúltimo filme da saga Crepúsculo: dívidas e pouca representatividade no mercado forçam a necessidade de uma fusão entre dois dos últimos estúdios independentes do cinema americano


São riscos que se corre em qualquer negócio competitivo. O cinema independente americano passa por um momento relativamente próspero e estúdios como a Summit e a Lionsgate, assim como festivais como Sundance e Tribeca, têm importante função nessa lógica produtiva. O cenário se acinzenta um pouco com a possibilidade de fusão, mas um arco-íris pode estar à espreita. 

2 comentários:

  1. Eu, particularmente, acho a fusão ótima, especialmente porque oferece a oportunidade da Summit de trabalhar no mercado mais independente da Lionsgate e oferece a essa, por outro lado, a chance de trabalhar com maiores distribuidores, tendo uma penetração maior para seus lançamentos. Espero que eu esteja certa em relação a isso e ambos os lados dessa fusão ganhem com a transação.

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  2. Kamila: Entendo seu otimismo Ka, mas como esclareci no texto, infelizmente, as coisas não são tão preto no branco assim. No médio prazo a fusão pode se mostrar positiva, mas pode transformar a empresa resultante em mais um estúdio sem muita atenção para produções independentes. O jeito é aguardar a resolução do imbróglio.
    Bjs

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