domingo, 31 de julho de 2011

Tira-teima: Cinema argentino X Cinema brasileiro

No futebol, a rivalidade é transpirante e explosiva; na política, o tom colaboracionista imperava até os dois países se verem comandados por mulheres dispostas a não "passar recibo" aos países vizinhos. No cinema, Argentina e Brasil têm incrementado o prestígio e o apelo de suas respectivas produções. Os hermanos estão melhores em alguns aspectos e nós à frente em outros. Claquete, que como o leitor cultua cinema independentemente da procedência, preparou um Tira-Teima entre o cinema argentino e o cinema brasileiro.







Principais Prêmios

Brasil: Palma de ouro em Cannes (1959 – Orfeu Negro e 1962 – O pagador de promessas)

Urso de ouro em Berlim (2008 – Tropa de elite e 1998 – Central do Brasil)

Argentina: Dois Oscars de filme estrangeiro (1986 – A história oficial e 2010 – O segredo do seus olhos)

 
Desde que foi instituído o prêmio para o cinema latino americano no Festival de Gramado (o mais tradicional festival de cinema brasileiro), em 1993, o cinema argentino prevaleceu 50% das vezes na disputa.



O prestígio junto a crítica rival

No Brasil, há uma profunda admiração ao cinema portenho. O reconhecimento de que o cinema praticado na Argentina é maduro e envolvente já permeia a crítica nacional há algum tempo. Na Argentina, o cinema brasileiro não goza do mesmo prestígio com a crítica. Cineastas de trânsito internacional como Walter Salles e Fernando Meirelles obtém respaldo local, mas suas obras são percebidas como internacionais e não como brasileiras. O cinema brasileiro tem menos ressonância do que o de países vizinhos que usufruem da mesma língua como Chile e Uruguai.




Penetração internacional


Não há como desconsiderar o momento econômico que vive o Brasil nesse quesito. Festivais são organizados nos EUA e na Europa com o único intuito de promover o cinema tupiniquim. Não há nenhum evento com elaboração e audiência compatíveis que destaque o cinema argentino. No entanto, os filmes argentinos trafegam melhor no eixo central da Europa (por países como Espanha, Itália, Alemanha, etc). Os argentinos também são escolhidos com mais frequência para compor a programação de festivais naquele continente.
Mas em termos de mão de obra, o cinema brasileiro é mais ostensivo. De Carmen Miranda a Rodrigo Santoro, os atores brasileiros sempre tiveram mais presença em Hollywood do que os argentinos. O mesmo ocorre com os diretores. Se Juan José Campanella já trabalhou em elogiadas produções da TV americana, Fernando Meirelles é um diretor disputado a tapas para produções elaboradas para a Oscar season. Walter Salles e José Padilha também desfrutam de prestígio junto a produtores internacionais.
Heitor Dhalia, Bruno Barreto e Vicente Amorim são outros que já dirigiram produções internacionais.


Coisa nossa


Tanto argentinos quanto brasileiros passaram a prestigiar mais seus respectivos cinemas nos últimos cinco anos. Em 2010, no Brasil, testemunhou-se um crescimento de 30% do cinema nacional nas bilheterias. A produção, em 2010, foi 60% superior a do ano 2000, por exemplo.
Na argentina, o vencedor do Oscar O segredo dos seus olhos já havia se sagrado a maior bilheteria do cinema argentino na década antes mesmo do prêmio.


O coringa
Hector Babenco é argentino de nascença, mas - segundo o próprio - brasileiro de coração. São dele os premiados O beijo da mulher aranhaIronweedPixote - a lei do mais fraco e Carandiru

Os principais filmes nos últimos cinco anos


Brasil

Tropa de elite (2007)
À deriva (2009)
Os inquilinos (2010)
Tropa de elite 2: o inimigo agora é outro (2010)


Argentina

Ninho vazio (2008)
Leonera (2008)
O segredo dos seus olhos (2009)
Abutres (2010)

7 comentários:

  1. Hummm, colocaria Pablo Trapero no time dos hermanos e Beto Brant ou Bodanzky ou Caffé no nosso. Mas, ainda assim, dá uma bela pelada, hein?

    Esses dias fiz um texto também aliviando que o Brasil não tem rivalidade com a Argentina em termos de Sétima Arte, mas não necessariamente porque produzimos coisas ruins, mas pelo fato da argentina ser celeiro das produções mais urbanas e humanistas dos últimos anos. Raramente me decepciono com uma fita argentina que vem parar aqui, até aquelas comédias românticas mais bobocas são melhores do que, bem, "Qualquer Gato Vira-Lata" ou "Cilada.com".

    Enfim, sei que todos estão bem servidos e nossos cinemas miram alvos diferentes e ambos se destacam e são especiais à sua maneira. Cruzando as fronteiras, o que for cinema de qualidade pe lucro ;D


    abração!

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  2. É difícil dizer qual país vence nesta disputa. O cinema argentino produziu ótimos filmes na última década e o brasileiro também, a diferença que percebo é a quantidade de longas.

    O Brasil está produzindo cada vez mais filmes por ano e por consequência aumenta o número de filmes e também de filmes ruins (principalmente as comédias produzidas pela Globo), as vezes dando a impressão que estamos atrás na qualidade.

    No geral é quase um empate técnico.

    Abraço

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  3. É, a disputa é difícil de ser analisada, pois temos conhecimento de quase tudo que produzimos por aqui, e só chega de lá os de maior repercussão, então, fica a sensação de que tudo de lá é bom. Mas, ao mesmo tempo, coisas como O Segredo dos Seus Olhos e Abutres nos tocam tanto quanto raramente vemos por aqui. Tudo bem, falei e não disse nada. hehe. Mas, é complicado mesmo. Parabéns pela análise imparcial.

    Para ajudar nosso cinema colocaria aí no tira-teima as indicações ao Oscar, hehe. Afinal, Cidade de Deus conseguiu nos dar indicações quase impossíveis para um cinema sul-americano como melhor diretor e melhor roteiro (ainda mais escrito em português). Além de Fernanda Montenegro que foi indicada a melhor atriz em um ano que lamentavelmente Gwyneth Paltrow levou a estatueta. :p

    bjs

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  4. Ô loko! Zé Padilha no time dos principais diretores?

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  5. Fantástico Tira-teima!
    Gostei muito de "Abutres" e "O Segredo Dos Seus Olhos" e devo dizer que estou gostando do cinema de nossos visinhos. Vamos deixar a rixa no futebol, rs! Os americanos deveriam olhar para a Argentina com outros olhos, parece tabu. E brasileiros nos típicos moldes americanos. O que acontece com Santoro acontecia com Miranda.

    Gosto da frase de Babenco, pena que ele não fez um filme grandioso na linha Pixote nos último anos.

    Fez ótimos destaques aqui. Acho de grande valia destacar Darín e Moura.

    Eu tbm destacaria o Trapero. Abutres é um grande filme!

    Abs.
    Rodrigo

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  6. Eita que postagem legal! Embora não concorde com algumas inclusões dos "principais diretores" tanto no Brasil, quanto da Argentina, curti pacas a postagem. Mais uma vez, parabéns!

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  7. Elton: Mas o Trapero tá lá? Checa de novo, pô! rsrs Para mim Trapero é o melhor cineasta argentino da atualidade. Gosto muito de Brant E Bodansky,mas acho que eles ainda não tem estrutura para figurar em uma lista dessas...
    Abs

    Hugo: Concordo em partes com a sua visão. Na Argetina existem algumas diferenças conceituais em relação à produção de cinema. Aqui as influências da TV ainda são muito nítídas, lá a influência do cinema europeu (francês e espanhol majoritariamente)é muito presente...
    abs

    Amanda: Mas um bom critério para resolver essa sinuca que vc salientou é reparar que chegam aqui mais argentinos do que brasileiros lá...
    rsrs. Até entendo colocar as indicações, mas aí seriam mais argentinos tb. Tanto no Oscar quanto nos festivais de Cannes e Berlim.
    bjs

    Adecio: É preciso reconhecer que ele, além de sobejar na técnica, tem profundo domínio narrativo de uma obra...
    abs

    Rodrigo:Maso Trapero tá lá.rsrs Na primeira imagem. Como foi que vcs não repararam? Tá lá com a mulher dele... rsrs
    Valeu pelos elogios meu amigo. fico feliz que tenha aprovado o Tira-teima.
    Abs

    Luiz Santiago:Obrigadão!
    Abs

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