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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Numerologia

Malvadão
Pois é, por mais antecipado, esperado e comentado que fosse o último trabalho de Christopher Nolan, A origem não conseguiu repetir o feito do box office americano e prevalecer nas bilheterias brasileiras. A animação Meu malvado favorito, também com cópias em 3D, derrotou a fita protagonizada por Leonardo DiCaprio com folga. E na dúvida, confirmou a vitória no final de semana seguinte. Para ninguém alegar que a arrecadação do 3D fez a diferença.

Gru conquistou o Brasil com seu charme vilanesco


O paraíso do 3D

No Brasil, mais do que em qualquer outro país, o 3D pegou de jeito. Os filmes exibidos no formato rumam para a liderança das bilheterias sem dificuldade. Filmes como Meu malvado favorito, Shrek para sempre, Alice no país das maravilhas, Toy story 3 e, atualmente, O último mestre do ar têm dominado as bilheterias brasileiras desde o inicio de Abril (Karatê Kid quebrou a sequência no último fim de semana de agosto). E antes deles, era Avatar quem dominava. Nos EUA, grande referencial em termos de tendências de mercado, isso não ocorre. Pelo menos não com esse ímpeto e com essa visibilidade. O 3D devolveu aos brasileiros o gosto da experiência de ir ao cinema em família.


Porrada!
Ninguém dava crédito para eles. Aliás, a maioria ainda não dá. Mas como diria o velho lobo Zagallo: tiveram que engolir. Os mercenários se não foi um sucesso retumbante, foi um sucesso maior do que se poderia supor. O filme estreou fazendo U$ 35 milhões nas bilheterias americanas e se pagando (com a arrecadação combinada de outros países). Algo que muitos temiam que não fosse acontecer.
O desempenho do filme de Stallone impressiona ainda mais pela forte concorrência em seu fim de semana de estréia. Os mercenários derrubou a comédia romântica existencial estrelada por Julia Roberts, Comer, rezar e amar, e a ficção nerd da vez Scott Pilgrim contra o mundo. Ou seja, uma vitória na base da porrada!

A virada de Julia

E ninguém esperava que Julia Roberts fosse perder a liderança do fim de semana para o bombado, ultrapassado e sessentão Stallone. Mas foi o que aconteceu. O que mostra que a ex- namoradinha da América não é capaz de arrastar multidões aos cinemas. Embora nos últimos anos tenha estado envolvida apenas em boas produções, Julia parece ter perdido seu poder de atração. Mesmo contracenando com bonitões (e na faixa dos 40), como Clive Owen e Javier Barden, que as mulheres adoram fantasiar, a atriz não tem conseguido atingir seu público. Ou o público que ainda acredita ser seu.



Os vampiros chuparam!
Em um duelo de sangue (eta trocadilho infame), Os mercenários de Syvester Stallone fizeram os vampiros da paródia Vampire sucks (Os vampiros que se mordam no Brasil) chuparem. Em um fim de semana (do dia 20 a 22 de agosto) com 5 estréias, Stallone e sua trupe lideraram novamente. A bilheteria de U$ 16,5 milhões representou uma queda de 52% em relação ao primeiro fim de semana, mas foi suficiente para mostrar que o filme pegou. Mais do que as novas produções que pintaram no box Office.

Quem quer ver peitos em 3D?
Pois é, esse era o hype que os produtores de Piranha 3D tentaram passar ao público. Mas tudo indica que não pegou. O filme que mostra peitos em profusão (e mordidas também) não fez uma estréia marcante nos cinemas americanos. Embora tenha tido um baixo custo de produção (U$ 25 milhões), os produtores esperavam melhor sorte na largada. A sexta posição com U$ 10 milhões não foi das melhores coisas do mundo. Na semana seguinte, desapareceu do ranking, mas a continuação já está garantida. Vai entender!

Mais Avatar
James Cameron relançou no último fim de semana, em cerca de 900 salas 3D nos EUA, Avatar. O filme de maior bilheteria da história chega com menos de um ano aos cinemas novamente com 9 minutos de cenas estendidas. Segundo o diretor, “é uma homenagem aos fãs”. Afinal, não se trata de dinheiro.

Não é o último exorcismo
A grande novidade no final de agosto nas telas americanas foi O último exorcismo. A fita de terror com orçamento barato e rodada naquela estilo documentário que A bruxa de Blair celebrizou, arrecadou U$ 21 milhões em sua estréia. Orçada em U$ 2 milhões, o filme que promete carreira vitoriosa (já que coleciona boas críticas) já se pagou com folga.

*Esta é a última edição de Numerologia. A partir do mês que vem, o conteúdo da seção será integrado a Claquete destaca.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Movie Pass

Se M.Night Shyamalan é o epicentro da discórdia, e poucos cineastas podem se gabar de provocar tanto desacordo, nada melhor do que entender as raízes de seu cinema. Para isso, A vila (The village, EUA 2004) é o filme mais indicado. Embora a fita remeta a uma época em que Shyamalan já estava sedimentado como um nome forte e reconhecível em Hollywood e que a inventividade de seu cinema já era amplamente contestada, a fita protagonizada por Joaquin Phoenix reúne todos os elementos caros ao cinema do indiano. Existe uma narrativa poderosa, desenvolvida com rigor e método, pistas soltas sobre o que propõe Shyamalan com seu filme (a plenitude de seu comentário só é alcançada no desfecho de seus filmes, o que pode ser tomado como um defeito) e alguns arroubos de estilo que o diretor se permite como manifestação de sua vaidade (como suas aparições, o uso do vermelho e da água sempre em destaque, premissas inusitadas e por aí vai). Curiosamente, foi o filme (O sexto sentido) com premissa mais “comum” e o desfecho mais inusitado que lhe valeu esse status. Em A vila, destaque da seção Movie Pass deste mês, Shyamalan captura uma comunidade reclusa que vive um constante clima de tensão, já que existe um pacto de não agressão com criaturas que habitam as florestas que cercam os limites desta comunidade. É da expectativa e da privação que o diretor parte para construir um dos mais elaborados e encorpados estudos sobre o medo e a paranóia a ganharem o cinema. O final do filme, apesar de cativante, é o que menos importa no raciocínio de Shyamalan, embora o deixe mais cristalino. Justamente por essa condição, é em A vila que o cinema do diretor mais reluz. Pois foi com esse filme que Shyamalan conseguiu mimetizar a força de seu cinema sem persuadir seu público com efeitos anacrônicos de narrativa. Foi com A vila, também, que duas trincheiras se formaram ao redor do diretor. A dos que o veneram quase que incondicionalmente e a dos que o consideram um usurpador metido a mequetrefe. Para bem ou para o mal, A vila é o pendor.


domingo, 29 de agosto de 2010

Contexto


Uma aflição peculiar...

Um dos plots do muito bem construído Cabeça a prêmio, filme dirigido por Marco Ricca que está em cartaz atualmente nos cinemas brasileiros, é a conturbada relação de um pai com sua filha. É, sem dúvidas, a principal linha narrativa do filme e o núcleo cujo desfecho mais impressiona. De qualquer maneira, o que se verifica em Cabeça a prêmio é a coroação de uma teoria psicanalítica muito em voga no cinema: o complexo de Electra. Em um aprofundamento de questões mal resolvidas relacionadas a paternidade. No filme de Ricca, Mirão (Fulvio Stefanini) não é um pai presente para Elaine (Alice Braga). Pior do que isso, é um pai cheio de segredos e envolvido em negócios escusos. Esse afastamento crônico e todo o ressentimento que advém dele são muito bem trabalhados pelos atores e pelo texto de Marçal Aquino (que serve ao roteiro do filme).
O envolvimento paterno com a ilicitude em geral, e com o crime em particular, já rendeu grandes filmes como Caminho sem volta e fitas eficientes como Poder absoluto em que Laura Linney faz a filha de um Clint Eastwood ladrão de obras de arte.

Mirão a esmo: Em Cabeça a prêmio flagramos um pai que se debate por suas (más) escolhas...



Mas o cinema foi especialmente feliz ao enquadrar o avesso desse sentimento. A partir da perspectiva paterna como em filmes como As confissões de Schmidt, de Alexander Payne, em que Jack Nicholson depois de perder a mulher, tenta se ajeitar com a filha. Ou mesmo na comédia romântica Menina dos olhos, de Kevin Smith. Em Guerra dos mundos, de Steven Spielberg, o mundo como nós o conhecemos precisa chegar perto do fim para que Tom Cruise se redima como pai. Catarse semelhante ocorre em Armageddon, outro filme catástrofe que se mira nas omissões de um pai (Bruce Willis) para com sua filha (Liv Tyler) e remete a seu sacrifício final para que ela possa viver um grande amor.
Em A prova, o relacionamento entre pai e filha é minado pela genialidade dele. Novamente, a chance para redenção se apresenta. A redenção também pode vir em uma figura paterna alternativa. É o que ocorre em O profissional, em que uma ainda criança Natalie Portman é “adotada” pelo matador profissional vivido por Jean Reno.

Tim Robbins, Tom Cruise e Dakota Fanning em cena de Guerra dos mundos: no limite, um pai melhor


Jean Reno mostra como se faz em O profissional: pai postiço que é pai de verdade

Curiosamente todos esses filmes captam o mesmo estado de espírito e a mesma fase do complexo de Electra. O que difere são suas resoluções. O novo filme de Sofia Coppola (Somewhere), que estréia no próximo festival de Veneza, vem agregar valor a essa seara. Na trama, um ator famoso (vivido pelo nem tão famoso Stephen Dorff) tem sua rotina desestabilizada com a chegada de sua filha de 11 anos (vivida pela irmã caçula de Dakota Fanning, Elle).
Espera-se da cineasta que ela enriqueça essa paleta de cores com seu cinema sensível e inclinado a perspectiva feminina. De qualquer jeito, não será fácil superar a trágica e poderosa trajetória de Mirão e Alice.

A outra Fanning: a irmã mais nova de Dakota é a nova leading lady de Sofia Coppola em Somewhere


Se você gostou deste artigo e quiser repercuti-lo sob esse e outros pontos de vista, Claquete recomenda:

Armageddon, de Michael Bay (EUA 1998)
A Prova, de John Madden (The proof, EUA 2005)
Menina dos olhos, de Kevin Smith (Jersey girl, EUA 2004)
As confissões de Schmidt, de Alexander Payne (About Schmidt, EUA 2002)
O profissional, de Lu Besson (Leon, FRA 1994)
Caminho sem volta, de James Gray (The yards, EUA 2000)

Insight

O fator Shyamalan




Mesmo que não seja cinéfilo convicto, e talvez até mesmo por causa disso, você já assistiu um filme de M. Night Shyamalan, este indiano, filho de médicos, radicado nos EUA e apaixonado pela cidade da Filadélfia.
Shyamalan já tinha rodado dois filmes e colaborado com alguns roteiros quando estourou para o mundo e para a crítica com um dos mais inusitados sucessos do verão americano de 1999. O sexto sentido era uma produção de médio orçamento da Buena Vista (estúdio integrante do Grupo Disney) e não parecia talhado para a revolução que desencadeou. O filme, que fora indicado a seis Oscars (inclusive filme, direção e roteiro original, todos para Shyamalan), rendeu mais de U$ 600 milhões e realinhou a forma como filmes de suspenses seriam produzidos em um futuro próximo.
Há quem enxergue uma praga em O sexto sentido. Justamente as duas pessoas que mais teriam se beneficiado do sucesso do filme (Shyamalan e o menino que via gente morta Haley Joel Osment) passaram a viver um ostracismo itinerante em suas carreiras. Atendo-se a Shyamalan é preciso, de pronto, dizer que seus filmes seguintes não foram os equívocos que as expectativas sempre desestabilizadoras sentenciaram. É lógico que uma análise pormenorizada se faria necessária, mas superficialmente é oportuno dizer que seus filmes falharam devido a deturpações do marketing dos estúdios com que o diretor trabalhou, de seu ego monstruosamente inflamado e da enorme pressão que havia sobre seus ombros por trabalhos tão vistosos e surpreendentes quanto O sexto sentido.

Cena de O sexto sentido: Da consagração à maldição...



Shyamalan criou o hábito de lançar um filme a cada dois anos. Então, isso lhe dava tempo para desenvolver uma ideia e projetá-la da melhor maneira possível. Corpo fechado (2000) e Sinais (2002) ainda foram produzidos e distribuídos pela Buena Vista. Mas com desempenhos de crítica e bilheteria consideravelmente inferiores (principalmente do filme estrelado por Mel Gibson), Shyamalan passou a ser um artista caro para ser bancado pelo estúdio. Uma vez que o indiano é muito intolerante a intervenções e gosta de manter uma aura autoral em seus filmes. Muitos acham que seus filmes, de Sinais para cá, são pedantes, mal resolvidos e emulam a arrogância de seu criador.
Com a crítica desconfiada e o público cada vez mais disperso, Shyamalan foi rodar uma alegoria sobre o medo e a paranóia em A vila (2004), seu melhor filme depois de O sexto sentido. A produção da Touchstone distribuída pela Columbia Pictures, também não foi recebida com bons olhos. Em parte, em virtude de um crime no marketing da fita que tentava (baseado no histórico do diretor de finais surpreendentes) vender o filme como um suspense de final surpresa. Não era o caso. A vila era um elaborado estudo sobre o medo e suas reminiscências. Isso acelerou o processo de decomposição do cineasta que decidiu inverter sua lógica narrativa (que lhe valia comparações com Alfred Hitchcock) em seu próximo trabalho, A dama na água (2006).


Bruce Willis e Samuel L. Jackson no filme de super herói mais real do cinema: "O público não entendeu o espiríto do filme", resmungou Shyamalan sobre a recepção morna que Corpo fechado teve no ínicio dessa década



Joaquin Phoenix em cena do seu segundo trabalho com o diretor, A vila: o filme foi vendido errado e Shyamalan pagou o pato...



Desta vez trabalhando para a Warner Brothers, o diretor entregou um filme ruim. A dama na água, que o próprio admitiu ter concebido a partir de uma historinha que contava para seus filhos, não tinha razão de ser. Um filme pueril, cansativo e brega. O fato de Fim dos tempos (2008), seu próximo filme – dessa vez sob o selo da Fox -, não ter ido bem, ressaltou o óbvio. Shyamalan, mais do que qualquer outra pessoa, ainda não havia conseguido digerir O sexto sentido. O cineasta é capaz de construir grandes histórias, mas tem considerável dificuldade em arrematá-las. Tenha-se um final surpresa ou não, todos os filmes de Shyamalan descambam na meia hora final. O que não ocorre com seu filme mais famoso. Na fita estrelada por Mark Wahlberg, além de uma certa militância ambientalista esvaziada de senso crítico, o diretor parece dizer que só ele é intelectualmente capaz de entender seus filmes. Não à toa, em entrevistas recentes, Shyamalan disse que faz seus filmes para si mesmo. Não pensa no público. Faz sentido.


Mark Wahlberg fica tão deslocado quanto o público em Fim dos tempos, mais um filme que começa muito bem...



De qualquer jeito, para a Paramount ele fez O último mestre do ar, primeiro trabalho não original em sua carreira. Uma concessão impensável há dez anos que devolve o seu as suas expectativas. Shyamalan vai se afastando da pecha de especial. Apesar das críticas (novamente negativas), a bilheteria não comprometerá tanto dessa vez. Sai o autor, entra o homem de estúdio e, com isso, Shyamalan talvez comece a fazer filmes pensando no público. Se isso será bom ou ruim (para ele e para a gente) o tempo dirá.

Crítica - O último mestre do ar

Inferno das boas intenções!

M. Night Shyamalan parece destinado a não repetir o sucesso de outrora. O último mestre do ar (The last airbender, EUA 2010) não é um filme de M.Night Shyamalan e essa afirmação diz praticamente tudo que é preciso ser dito. O filme, adaptação do desenho de sucesso Avatar (exibido tanto no Brasil quanto nos EUA pelo canal Nickelodeon), é, a priori, uma produção voltada para o público infantil. Contudo, é difícil crer que o filme consiga cativar esse público. Shyamalan falha no desenvolvimento da história; seu filme resulta pálido, sem personalidade e, muitas das vezes, cansativo.
O mundo de O último mestre do ar é dividido em quatro nações. Cada uma responsável por um elemento: fogo, água, ar e terra. Cabe ao Avatar, que andara sumido pelos últimos 100 anos, zelar pelo equilíbrio entre as nações. Com o sumiço do Avatar, a nação do fogo insurgiu contra as demais, provocando uma guerra sem precedentes.
O filme começa com o retorno do Avatar (interpretado pelo novato Noah Ringer) e a necessidade dele assumir seu posto de guardião da raça humana.

Shyamalan e seu avatar: ainda não foi dessa vez...

Shyamalan, que sempre teve um conceito visual apurado, até cria boas imagens, mas falha em fazer delas suficientemente cativantes. Algo que seria crucial em uma história como a que se conta e com a finalidade que se tem: criar uma franquia tão atraente quanto Harry Potter ou Avatar de James Cameron.
É preciso louvar, no entanto, a contenção de Shyamalan. Embora algumas de suas características narrativas estejam presentes e mais bem inseridas à trama (caso do uso beligerante da cor vermelha e da água), ele renuncia a certos paradigmas de seu cinema (suas aparições a la Hitchcock, por exemplo). De qualquer maneira, O último mestre do ar não funciona. Falha no humor, falha em um clímax que não desperta euforia e falha em provocar ansiedade pelo segundo filme. Prova cabal e definitiva de que Shyamalan, embora tenha se experimentado (o que é digno de nota), continua a padecer no inferno das boas intenções.

sábado, 28 de agosto de 2010

Claquete destaca


+ A adaptação de "Extremamente alto e incrivelmente perto", romance de Jonathan Safran Foer, que Stephen Daldry irá realizar vai ganhando forma. Claquete havia antecipado que havia sondagens para que Sandra Bullock vivesse a principal personagem feminina. Pois bem, não só a vencedora do Oscar por Um sonho possível, como o também oscarizado Tom Hanks foram confirmados no elenco da produção que deve começar a ser rodada no princípio de 2011.

+ Em busca do hype de outrora, os produtores de Pânico 4 confirmaram que Anna Paquin (que atualmente pode ser vista como a Sookie de True Blood) fará uma participação especial no filme. Os rumores dão conta de que deva ser algo nos moldes da participação de Drew Barrymore no filme original. Como Sookie, Anna já mostrou que sabe gritar...


+ Mais uma vez Deadpool e Ryan Reynolds são destaques aqui em Claquete destaca. Mas na terceira semana seguida, a notícia é boa. A Fox confirmou a produção do filme e com Reynolds como protagonista.

+ Nesta semana Claquete promoveu duas enquetes que repercutiam dois temas que foram centrais aqui no blog durante o mês. Christopher Nolan e Os mercenários. Sobre o primeiro, o blog quis saber qual seu melhor filme na avaliação do leitor. Batman – o cavaleiro das trevas cravou 47% da preferência dos (e) leitores consagrando-se o vencedor. No calor do momento, 35% escolheram A origem, mais recente filme de Nolan, como sua melhor obra e 17% preferem o trabalho que o revelou, Amnésia. Batman begins, Insônia e O grande truque não foram votados.
Na outra enquete o páreo foi mais disputado (embora tenham sido computados menos votos). Em uma demonstração da polarização provocada pelas declarações de Sylvester Stallone, não houve maioria na apuração sobre a fita. Para 33% o filme é irado enquanto que exatamente outros 33% manifestam indiferença para com o filme.

+ A organização do Festival do Rio, que ocorre entre os dias 23 de setembro e 7 de outubro, divulgou os primeiros integrantes da premiere Brasil, mostra em que são lançados alguns dos principais títulos nacionais. Os principais destaques são Vips, com o ator Wagner Moura, Como esquecer, de Malu De Martino e os já exibidos em outros festivais Malu de bicicleta, de Flávio Tambellini e Elvis e Madona, de Marcelo Laffitte.

+ Angelina Jolie planeja seguir os passos do mestre Clint Eastwood. A estrela pretende dirigir um filme sobre a guerra da Bósnia. “Seria uma história de amor”, revelou à Vanity Fair. Não se sabe, porém, quando esse projeto aconteceria. Além de The tourist, em que finaliza gravações, a atriz tem enfileirada participações nas produções Malévola de Tim Burton e Cleópatra que o produtor Scott Rudin planeja ser o maior filme de 2012.
+ O premiado ator Philip Seymour Hoffman debuta na direção em Jack goes boating. O filme que terá premiere no próximo festival de Toronto mostra duas pessoas tímidas, e marcadas por uma série de conflitos psicológicos, que dão início a uma relação amorosa. Amy Ryan, além de Hoffman, estrela o filme que Claquete apresenta o trailer para você agora.


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O cinema nacional em foco

O público brasileiro parece dividido entre os que gostam de cinema nacional e aqueles que o repudiam. Essa dicotomia é herança da fase das pornochanchadas brasileiras dos anos 70. Mesmo depois da retomada, cujo marco remete a Carlota Joaquina (1995), de Carla Camurati, o cinema brasileiro continuou sendo visto com desconfiança, quando não vergonha, por grande parcela de seu público. Foi preciso internacionalizar-se, com filmes como Cidade de Deus (2002), Madame Satã (2002), Carandiru (2003), Cinema, aspirinas e urubus (2005) e Tropa de elite (2007) e com figuras como Rodrigo Santoro, Alice Braga, Walter Salles, Fernanda Montenegro, o compositor Antônio Pinto e Fernando Meirelles para que o nosso cinema ganhasse um voto de confiança por aqui.
Não que a evolução tenha chega ao fim, mas a curva de ascendência é notável. Produz-se mais e melhor cinema no país. Tanto com o braço da Globo e com incentivo fiscais, como de maneira independente (caso de filmes como O cheiro do ralo, Reflexões de um liquidificador, Se nada mais der certo e A festa da menina morta).
O painel de estréias nacionais para esse segundo semestre demonstra essa abrangência multifacetada da produção nacional. Há tramas policias, dramas inusitados, dramas familiares, comédias inteligentes, comédias debochadas, comédias banais, romances, adaptações literárias, sequências de produções de sucesso e documentários. Nunca o cinema nacional foi tão bem contemplado pelo público, pela crítica e pelas exibidoras que se preparam para receber com festa produções como Tropa de elite 2, Bróder, Família vende tudo, entre tantas outras.

Selton Mello e Carlos Alberto Riccelli são dois agentes federais em Federal, dirigido por Eryk de Castro

Cena do romance Malu de bicileta, adaptação do livro do jornalista Marcelo Rubens Paiva: "A influência é de Woody Allen", declarou Marcelo Serrado sobre o espírito do filme
Nós por nós mesmos
E uma dessas produções é 5 x favela: agora por nós mesmos. O filme, que conta com co-produção da Globo filmes e da Columbia Pictures (que o distribue), é um espelho do que acontece no cinema brasileiro. Em um ponto, o levante da nova geração de cineastas e em um outro aspecto, a apropriação de sua própria história. O hype da produção é que o filme (que conta com sete diretores que tocam cinco curtas ambientados em diferentes comunidades cariocas) é todo elaborado por pessoas que viveram e, mais importante ainda, vivem naquela realidade. Se o filme resultar ingênuo é reflexo de um movimento pela democratização do cinema. Afinal, já vimos muitos sociólogos, cineastas de esquerda e intelectuais de toda sorte discorrer sobre as agruras de ser favelado, mas essa é uma perspectiva nova. Talvez por isso o filme tenha sido tão laureado no último festival de Paulínia, de onde saiu consagrado com sete prêmios (inclusive melhor filme). Aliás, a consagração teve direito a lágrimas e manifestos sócio-políticos que se já são notórios e contumazes de eventos dessa natureza no país, faltam ao nosso cinema que só sabe multiplicar o politicamente correto em celulóide. De qualquer jeito, o espectador poderá tirar a prova dos nove a partir desta sexta-feira, 27 de agosto, quando 5 x favela: Agora por nós mesmos estréia em circuito nacional.

Sim, favela de novo: Mais um filme sobre a realidade das favelas, a diferença é que o próprio faz parte de um projeto social


Cinco fatos sobre 5 X favela:
+ Cacá Diegues foi um dos diretores do filme original de 1961 e é um dos articuladores do novo projeto

+ Os diretores dos curtas moram em comunidades como Taquara, Cidade de Deus e Vidigal.

+ Com exceção do curta "Arroz com feijão", todos os roteiros foram colhidos em oficinas ministradas nas favelas

+ Como de hábito em produções ambientadas em favelas, não há atores famosos no elenco

+ O filme foi exibido em uma mostra paralela e não oficial do último festival de Cannes

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

TOP 10

10 personagens que “aprisionaram” seus intérpretes

Todo mundo já mandou aquela: "olha, esse filme é com o James Bond" ou "olha, é a menina do Sex and the city". Quem nunca ouviu uma: "o Clint Eastwood só faz tipo durão". Pois bem caro leitor, essas sentenças são reflexos de grandes personagens que acabam por limitar as opções no cinema de seus intérpretes. Alguns atores e atrizes são hábeis em se desviar dessa sina, outros acabam por sucumbir a ela. Claquete apresenta 10 personagens que "aprisionaram" seus intérpretes.


10 – James Bond (Sean Connary e Roger Moore)
Se Pierce Brosnan e, atualmente, Daniel Graig conseguiram se desvencilhar com relativo sucesso da imagem de James Bond e viver personagens completamente diferentes, o mesmo não se pode dizer de Sean Connary e Roger Moore nos primórdios do agente secreto. Connary só começou a ser levado a sério como ator no final dos anos 80, uma década antes de começar a pensar em aposentadoria. Já Moore, ainda hoje vive de bicos que a sombra de 007 lhe apresenta.


9 – Harry Callahan (Clint Eastwood)
Se a figura do tira durão e que faz as vezes de justiceiro prosperou no cinema, isso é por causa do Harry Callahan de Clint Eastwood. O famoso dirty Harry ou perseguidor implacável. Estwood já havia feito tipos impassíveis, durões e conservadores, mas desde o primeiro filme que trazia o policial mais incorruptível de São Francisco, o ator não conseguiu se desvencilhar dessa imagem.


8 – Edward Cullen (Robert Pattinson)
Não tem jeito. Nos próximos dois anos Robert Pattinson irá aparecer nas telas de cinema com personagens bem diferentes do vampiro que interpreta no grande sucesso dos cinemas, mas é inegável que a sombra de Edward Cullen (e as vantagens e desvantagens que ela projeta) acompanharão Pattinson por um longo tempo.


7 –George Downes (Ruppert Everet)
Recentemente o ator andou reclamando que pelo fato de ser homossexual tem dificuldades de arranjar trabalho. Não é bem assim. Ian McKellen, Neil Patrick Harris, Bryan Singer, Ellen De Generis entre tantos outros são homossexuais assumidos e não param de trabalhar. O que ocorre com Everet é que ele criou um personagem tão icônico, que calhou de ser também gay, em O casamento do meu melhor amigo, que ficou difícil de vê-lo de outra forma. Tanto para o público, quanto para a indústria. O sucesso pode ser uma m...


6- Super homem (Christopher Reeves)
Outro que penou para se desvencilhar de seu lado super foi Christopher Reeves. Considerado um ator limitado, Reeves tinha de lutar contra expectativas invertidas e estereótipos a cada filme fora da franquia do homem de aço. Talvez só tenha sido bem sucedido uma vez, no emblemático Em algum lugar do passado.


5- Harry Potter (Daniel Radclife)
Com a proximidade do final da saga do bruxinho Harry Potter no cinema, um dilema se instaura para o seu protagonista, Daniel Radclife: conseguir sobreviver no cinema sem o personagem. Radclife é bom ator, mas não é nada fora de série. Dos três principais da saga é, notadamente, o mais fraco. A tendência é o ator procurar papéis que o coloquem diametralmente oposto a figura de Harry. É no teatro que esses papéis irão surgir a primazia. Na peça Equus, Harry, melhor, Daniel, tirou a roupa para provar que não era Harry. Ou algo assim...


4- Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker)
Imagine que você não é uma grande atriz, mas tem uma personagem icônica nas costas para carregar. É mais ou menos isso o que ocorre com Sarah Jessica Parker. Atriz para lá de limitada que teve a sorte (ou não) de cruzar com Carrie Bradshaw, a leading lady de Sex and the city. Sarah que tem péssimo gosto fashion teve que ceder ao tato de sua personagem famosa. Não obstante, se viu atrelada a comédias românticas em que faz o tipo fútil da cidade grande que se veste bem. Até tenta escorregar desse nicho, mas lhe falta talento.


3- T -800 (Arnold Schwarzenegger)
E se o negócio é talento, o que falar de Arnold Schwarzenegger? Talvez o astro hollywoodiano mais sem talento da história recente. Schwarza, no entanto, tem um carisma do tamanho da Rússia. O T 800 que veio do futuro e da mente de James Cameron ajudou o austríaco de jeitão robótico a colar em Hollywood e Schwarza mesmo sendo governador da Califórnia ainda é visto como um exterminador. Será isso bom ou ruim?


2- Mary (Cameron Diaz)
Cameron Diaz é boa atriz. Calma. Antes que atirem as pedras.Trata-se de uma constatação empírica. Pegue os filmes em que a atriz não interpreta variações de Mary, a loira boa e disputada por Matt Dillon e Ben Stiller no filme dos irmãos Farrely. Ela até que se saiu bem em fitas como Uma prova de amor e Gangues de Nova Iorque. O problema é que ninguém quer ver Cameron nesses papéis. Nem mesmo ela.


1- Indiana Jones e Han solo (Harrison Ford)
Um caso raro de empate, entre personagens. Não dá para dizer se Han Solo (de Star Wars) e, pouco depois, Indiana Jones congelaram Harrison Ford como herói de ação, ou se isso foi a tábua de salvação para um ator truculento, arredio e de pouco talento. De qualquer jeito, essas duas figuras valeram a Ford o título informal de herói do século XX no cinema. Sempre o bonzinho, no alvorecer do século XXI , Ford foi brincar de ser vilão em Revelação (2000). Não deu certo. Ficou um tempo na geladeira e voltou a balançar o chicote de Indianas Jones dois anos atrás.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Panorama - O grande truque

Todo cineasta, principalmente aqueles mais inventivos, gosta de demonstrar para o público – principalmente quando lhe dão o aparato para isso – o grande contador de histórias que é. Christopher Nolan rodou O grande truque (The prestige, EUA 2006) com esse intento. The prestige, como bem explica o personagem de Michael Caine , é o momento em que o mágico completa sua mágica. Em que faz o imponderável. E o imponderável ronda O grande truque. O filme é, em um riquíssimo exercício de metalinguagem, o prestige de Chris Nolan. Em que ele depois de ter feito uma promessa, com o filme Amnésia (the pledge, o primeiro ato do mágico) e uma virada com o primeiro filme do Batman (The turn, o segundo ato do mágico), encena o terceiro e mais elaborado ato de todos. O grande truque é deslumbrante em termos narrativos. Desde a insidiosa técnica (a vibrante fotografia, a direção de arte monumental, o figurino exato e etc) até a delineação dos personagens. Os amigos mágicos vividos por Christian Bale e Hugh Jackman (os interpretes de Wolverine e Batman; outro hype que Nolan abraçou assim como o vilão de Robin Willians em Insônia e os atores de Matrix em Amnésia) cedem gradativamente a uma obsessão vil e incontornável que destruirá não só a amizade deles como também suas vidas.
Nolan amadurece alguns pontos que já havia abordado em Insônia e Amnésia e, ao final de seu filme, tece um comentário um tanto quanto insidioso em relação a eles. Para o diretor, o homem é o reflexo de suas ações. Sejam elas quais forem. São elas, e a ideia que fazemos delas, a cova em que nos deitamos.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Crítica - Cabeça a prêmio

Uma história bem contada!

É revigorante assistir um filme, cuja grande preocupação de seu diretor é fazer com que o público o entenda; que sinta a história. O filme em questão é Cabeça a prêmio (Brasil 2010) e o diretor é Marco Ricca, debutando na função.
Talvez por ser ator, talvez pelo convívio com um diretor que foi melhorando a cada trabalho na relação com seus atores (no caso o cineasta Beto Brant), Marco Ricca confia plenamente na capacidade de seus atores de contarem a história. Através de olhares, gestos e expressões poderosas que surgem em suas faces na hora e meia de filme. Ricca se mostra um diretor respeitoso também. Tem apreço pela imagem (além dos closes contemplativos em seus atores, focaliza as paisagens do Mato Grosso brasileiro com curiosidade e compaixão) e senso de ritmo. Embora haja o prenúncio de tragédia durante o transcorrer de seu filme, o diretor não se apressa. Não cede a impulsos estilísticos, tão pouco incide em um mal do cinema moderno, mastigar as sensações para a platéia.
Em Cabeça a prêmio temos Mirão (Fulvio Stefanini), um pecuarista envolvido no tráfico de drogas que se ressente do caminho tomado. Sem um bom dialogo com a mulher e com a filha, papel de Alice Braga, Mirão se afunda em si mesmo. Paralelamente, testemunhamos a relação amorosa entre o piloto que transporta as drogas (vivido pelo uruguaio Daniel Handler) e a filha de Mirão, a cobiça de seu irmão para com os negócios da família e a visão de mundo conflitante de dois de seus capatazes (esplendidamente interpretados por Cássio Gabus Mendes e Eduardo Moscovis).
A trama se desenrola candidamente e Ricca em momento algum se sobrepõe ao trabalho dos atores. Eduardo Moscovis está especialmente inspirado. Brito, seu personagem, é um tipo irresoluto. Pacato. Um homem que não gosta de sua natureza, mas receia rejeitá-la por não saber ser outra coisa. Um comentário sutil, mas de muita força, que se materializa no decorrer da fita e ganha verniz com a solução de seu personagem.
Contudo, o grande nome do elenco é mesmo Fulvio Stefanini. Seu personagem é o eixo da trama, mas curiosamente é o menor de todos. O ator sabiamente potencializa suas cenas com uma expressão corporal que dá a dimensão exata da dor de seu personagem. É em Fulvio, que a força do cinema de Ricca - e o que parece ser uma de suas diretrizes enquanto cineasta – resplandece. Privilegiar o ator. Focar em sua capacidade de colocar a platéia onde o diretor deseja. Por valorizar essa opção, Ricca demonstra ser um cineasta intuitivo e o fato de Cabeça a prêmio ser um filmaço, mostra que essa é uma opção valorosa para cineastas que já estão por aí há um bom tempo.

Um outro olhar sobre A origem


O especial aqui no blog acabou, mas A origem continua provocando acaloradas discussões. É o filme do ano. No sentido de se colocar como debate central sobre o cinema e de conduzir o público a extremos do tipo: “amei”, “odiei”, “é um horror!”, “é espetacular!”. Enfim, A origem polariza e continua a reverberar na mídia com o mesmo ímpeto de quando estreou.
Um dos grandes críticos de cinema do país, e um dos que atuam há mais tempo também, Inácio Araújo, do jornal Folha de São Paulo, escreveu em seu blog uma opinião contrária ao filme. Diferentemente de muitos dos algozes do filme de Nolan, o articulista da Folha embasa muito bem sua opinião. Apesar de Claquete na crítica publicada no dia 9 de agosto (clique aqui para ler de novo) ter se pronunciado favoravelmente ao filme de Nolan, é benéfico para o cinema - e para o debate que A origem conclama cinéfilos e espectadores incautos a participarem - repercutir a crítica de Araújo.
O articulista classifica o filme como “uma versão pedante e intimidadora de Onze homens e um segredo”. Segundo o crítico, isso ocorre porque “ onde Onze Homens e um segredo se apresentava como uma saudável diversão, para nós, e alegre aventura, para os personagens, desta vez existem vários aspectos cuja intenção é colocar o espectador na defensiva e colocá-lo em posição de ou gostar do filme ou se sentir uma besta”.
O crítico encerra o seu raciocínio definindo A origem como um “falso brilhante”. Categoria de filme que, segundo ele, pode até impressionar o espectador em um primeiro momento, mas que no instante seguinte desaparece de suas preocupações, de suas lembranças, de seu mundo. Pode-se discordar de Inácio, mas suas palavras não são de todo vazias. Para ler todo o texto do crítico da folha, clique aqui.

domingo, 22 de agosto de 2010

Panorama - Batman begins


Era grande a expectativa pelo Batman de Christopher Nolan. Se Burton havia embarcado na fantasia gótica e Joel Schumacher feito do homem morcego uma alegoria carnavalesca, esperava-se de Nolan um choque de realidade. E foi isso o que ele injetou em Batman begins (EUA 2005). A começar pela caracterização de Christian Bale. O Batman passava a ser um traço da personalidade de Bruce Wayne. Uma materialização de seus traumas, anseios e frustrações. Em Batman begins, presenciamos o surgimento de um herói forjado por problemas psicológicos e um ego inflamado. Não há benevolência e boas intenções aqui. O senso de justiça de Batman é frequentemente questionado pela presença da personagem de Rachel (Katie Holmes) em um comentário que seria potencializado na figura de Harvey Dent (Aaron Eckhart) no filme seguinte. Novamente, a obsessão do protagonista figura como um dos eixos centrais do filme. Tudo o que Bruce Wayne quer é se justificar e fazer de seu Batman algo justificável. Não é preciso dizer que Nolan compõe um painel assombroso. Gothan City nunca esteve tão crua e, ao mesmo tempo, revigorada esteticamente. O fato de Chicago servir como locação para a cidade expõe a verve do cinema de Nolan calcado na busca pela verdade da ambientação. O diretor é pouco afeito a maneirismos de pós-produção e a tecnologias efêmeras como o 3D. O vaticínio de Nolan é posto a prova na franquia do homem morcego; em que soube - como ninguém - conjugar fórmulas comerciais, pressupostos de gênero, linhas filosóficas e vertente autoral. Ele se superaria, e a tudo feito até então, com a segunda parte de sua visão do cavaleiro das trevas.

Insight

As séries que compõem o Emmy 2010

Será realizada no próximo domingo a cerimônia de entrega dos prêmios Emmy. Quando a academia de artes e ciências televisivas dos EUA premia a excelência em seu primetime, isto é, séries, humorísticos, realitty shows, jornalísticos, talk shows e derivados.
O Emmy tende a ser mais conservador na distribuição de seus prêmios do que o Globo de ouro, em um panorama semelhante ao que ocorre com o cinema (entre Globo de ouro e Oscar).
Em 2010, no entanto, essa tendência deve se reverter. Além de apresentar um alto índice de novidades entre seus indicados (as novatas Glee e Modern Family são líderes em indicações), existe a contingência de afinar o gosto com o público. Se Lost e Grey´s anatomy já saíram vitoriosos em outras ocasiões, a inclusão de True Blood entre os finalistas na categoria de série dramática só pode ser creditada ao hype da série.
Pegando os indicados a melhor série dramática, podemos vislumbrar a deferência que a academia faz a liberdade proporcionada pela TV por assinatura nos EUA. Quatro dos seis indicados são de canais pagos. Dexter (Showtime), Breaking Bad e Mad men (AMC) e a já mencionda True blood (HBO). Todos os programas também são exibidos na TV paga brasileira. Apenas Lost e a novata The good wife (outra novata) são exibidos na TV aberta americana.
A qualidade destes seis programas é indiscutível. Mad men, franco favorito a vencer pela terceira vez o Emmy de melhor drama, no entanto, está um degrau acima de seus companheiros na categoria.
A série criada por Matthew Weiner é triunfante ao esmiuçar a forma como a sociedade americana, como a conhecemos hoje, se construiu. Outra série que elabora um interessante painel da sociedade americana, mas sob outra perspectiva, é Glee. Grande fenômeno de audiência e mídia (sim, porque são duas coisas diferentes), a série criada por Ryan Murphy conseguiu fazer de um musical (gênero para lá de contestado no cinema), um sucesso na TV.
O paralelo com Mad men é proposital. Ambas devem prevalecer em suas categorias. Esse prenúncio do favoritismo ilibado das duas produções aponta para um Emmy disposto a fazer concessões, mas não muito. Por outro lado, a veia conservadora da premiação não deve permitir grandes novidades nas categorias de atuação. Por mais que Alec Baldwin já tenha sido premiado por 30th Rock, é difícil crer que Mathew Morrison por Glee ou mesmo o sensacional Jim Parsons por The big bang theory possam prevalecer. Embora seja pacífico de que uma surpresa “previsível” como essa seria muito positiva para a instituição Emmy.
De modo geral, a lista dos contemplados é das mais equilibradas dos últimos tempos. Com os hypes que se vão (Lost que foi bem lembrada, The Office e Monk ), os que chegam (Glee, True Blood, apesar do atraso de um ano do Emmy em reconhecer isso, e a já citada Modern family) e os programas sólidos que resistem a rótulos do gênero (Dexter, Mad men e Damages). Independentemente dos resultados da premiação de domingo que vem, dá para afirmar que a TV americana vive tempos prodigiosos.

Para conhecer todos os indicados ao Emmy 2010, clique aqui!

O canal Sony irá exibir a cerimônia de premiação no próximo domingo (dia 29 de agosto), a partir das 20h.

sábado, 21 de agosto de 2010

Claquete destaca

+ Muita gente ficou em polvorosa quando surgiu um boato sobre Angelina Jolie viver Marylin Monroe e George Clooney, Frank Sinatra, em uma nova cinebriografia sobre a diva. Logo a notícia seria desmentida tanto por Jolie quanto por representantes de Clooney. Existiam indícios vívidos de que o anuncio era furado. O primeiro deles remete ao fato de que Angelina e Clooney não se dão bem. A atriz é contra a amizade de Brad com o ator que por sua vez tolera a nova senhora Pitt em respeito e consideração ao amigo. O segundo indício remete ao fato de que o diretor Andrew Dominik está envolvido na pré-produção de Blonde, uma biografia sobre a estrela que terá Naomi Watts no papel de Marylin. Essa produção já havia sido noticiada aqui em Claquete. Produções desse calibre não costumam serem tocadas de maneira concomitante. Basta lembrar de quando o filme sobre a vida de Alexandre o grande estrelado por Leonardo DiCaprio e dirigido por Baz Lhurman virou vinagre depois que a produção de Oliver Stone começou a ser rodada com, adivinhem, Angelina Jolie. É preciso saber decodificar Hollywood. Claquete ajuda!


+ Sylvester Stallone está incontido. Em entrevista a uma rádio de Los Angeles, o diretor e ator mais comentado da semana em Hollywood declarou que gostaria de ter Bruce Willis como o vilão de Os mercenários 2 (aproveitando um gancho de sua participação no primeiro filme). “Ainda é cedo, já que não há roteiro e tudo está no campo das ideias, mas isso seria um senhor ponto de partida”, finalizou Sly sobre Willis como o homem a ser batido por sua trupe no segundo filme.


+ Devem começar ainda este ano na Austrália as filmagens de Dracula year zero, que Alex Proyas (O corvo) dirigirá para a Universal. Sam Worthington estrelará a produção que mostrará um jovem conde na Romênia marcado por uma trágica história de amor. Resta saber se essa nova visão do mais famoso personagem vampiro será mais mais afeita a Crepúsculo ou a True Blood.


+ O diretor Robert Rodriguez declarou em entrevista ao jornal Los Angeles Times nesta semana que ficou bem empolgado com o roteiro de Deadpool. O diretor evitou comentar o conflito de agendas e de interesses entre Fox e Warner, já que tanto Deadpool quanto Lanterna verde contam com Ryan Reynolds como protagonista. Sendo que o filme da Warner já está pronto e será lançado ano que vem. A boca pequena em Hollywood é que caso a Fox dê o sinal verde para a produção de Deadpool, outro ator seria escalado para viver o protagonista.


+ Não se sabe se Piranhas 3D, que estreou ontem nos EUA, vai ser o filme do verão, tudo indica que não seja esse o caso, mas a julgar pelo frisson que foi a premiere do filme em Los Angeles esta semana pode-se dizer que a fita é forte concorrente.

Jerry o´Connel (que também esteve no badalado Pânico 2) é o bendito fruto entre as mulheres: nus frontais e tripas para fora...


+ Foi divulgado essa semana o primeiro trailer de Black Swan, thriller psicológico dirigido por Darren Aronosky que debutará, agora em setembro, nos festivais de Veneza e Toronto. O mundo do balé serve de pano de fundo para uma trama envolvendo ciúmes, inveja, obsessão e sexo (por que não haveria como não ter sexo com todos esses componentes). Apesar de um trailer movimentado o buzz foi todo em cima do beijo lésbico entre Natalie Portman e Mila Kunis. Para quem se interessou por essa parte apenas, no filme há uma tensa cena de sexo entre as duas.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Tira- Teima





Os principais diretores com que trabalhou:
Stallone: Woody Allen (Bananas), James Mangold (Cop Land), Richard Donner (Assassinos), Renny Harlin (Risco total),
Schwarzenegger: James Cameron (Exterminador do futuro 1 & 2 e True Lies), Andrew Davis (Efeito colateral), John McTiernan (Predador), Paul Verhoeven (O vingador do futuro), Ivan Reitman (Júnior)
Fator galã:
Enquanto Stallone vira e mexe vivia galãs (O demolidor e O especialista, para citar alguns), Schwarzenegger não apostava neste tipo de papel. Mesmo assim arriscou umas bitocas em Penelope Ann Miller em Um tira no jardim de infância.

Eu e os prêmios:
Ambos os atores não compõe o perfil de intérpretes caros a premiações. Mas ambos já foram reconhecidos com indicações ao Oscar e ao Globo de ouro. Stallone foi indicado ao Oscar de melhor ator e roteiro original em 1977 por Rocky, enquanto que Schwarzenegger recebeu duas indicações ao Globo de ouro como intérprete. A última delas por Júnior (1994).


Shwarza e Sly na premiere de Os mercenários em Los Angeles: Quem é mais bonito?


Ligados por ...
...Sharon Stone:
ambos contracenaram com a atriz no inicio da década de 90. Schwarzenegger foi o primeiro no cult O vingador do futuro (1990), já Stallone viveu calientes cenas com a diva loura em O especialista (1994).

...Exterminador do futuro: Stallone recusou a oferta para ser o protagonista do primeiro filme da saga criada por James Cameron. O papel de Kyle Reese acabou com Michael Biehn e o filme revelou para Hollywood um sujeito de sotaque carregado e tanto carisma quanto músculos.

...Uma piada em Demolidor: Quando o personagem de Stallone acorda no futuro proposto pelo filme de 1993, a policial vivida por Sandra Bullock explica como Arnold Schwarzenegger foi eleito presidente (a partir de uma emenda constitucional galvanizada pela popularidade de seus filmes) e por isso, a biblioteca em que estavam se chamava Arnold Schwarzenegger presidential library. O detalhe é que na época do lançamento do filme, o ator austríaco ainda não alimentava, ou pelo menos não admitia, interesse na vida política.


Para quer ser astro de Hollywood? Stallone tira uma senhora casquinha de Sharon Stone em O especialista

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Crítica - O aprendiz de feiticeiro

Potter goes to New York!

Sim. Ultrajante. Essa é a palavra que você deve estar remoendo após ler este título. O aprendiz de feiticeiro (The sorcerer´s apprentice, EUA 2010) não se equipara a nenhum dos filmes da saga Harry Potter. Mas gostaria. Eis a questão. A nova produção da Disney, tocada pelo time (o produtor Jerry Bruckheimer, o diretor Jon Turtletab e o ator Nicolas Cage) que fez do despretensioso A lenda do tesouro perdido, um estouro de bilheteria, tenta seduzir os fãs do bruxinho de Hogwarts. Mas falta estofo a narrativa e competência no desenvolvimento da ideia.
Não que O aprendiz de feiticeiro seja uma lástima. Não é. É um filme pipoca que diverte enquanto as pipocas durarem. Nicolas Cage faz um feiticeiro milenar incumbido por Merlin de encontrar seu descendente direto. Essa busca nos leva para a Nova Iorque de hoje e ao nerd (porque hoje ser nerd está na moda, vide o sucesso de Sheldon e sua turma em The big bang theory) vivido pelo promissor Jay Baruschel. O resto é o desenvolvimento de uma fórmula manjada, temperada com alguns efeitos de ponta e uma atuação caricata de Nicolas Cage. Sim. Você já viu isso antes. E não foi em nenhum filme de Harry Potter.

Panorama - Insônia


Christopher Nolan pegou este remake de um filme norueguês obscuro, para ser seu segundo trabalho. Insônia (EUA 2002) é, até hoje, o único filme em que não colaborou no roteiro, mas isso não faz deste thriller um projeto menos autoral do cineasta.
Nolan teve a bela sacada de escalar Robin Willians, um ator mais afeito a comédias, para fazer um vilão tão enigmático quanto impassível. Nolan contava com a estranheza da platéia em ver Willians tão deslocado de sua zona de conforto e isso foi providencial para que Insônia pudesse ser digerido da forma que Nolan objetivava. Apesar desse hype em torno de Willians, a história que Nolan quer contar aqui, prescinde de seu personagem. Al Pacino faz um veterano policial destacado para conduzir a investigação do assassinato de uma adolescente no Alasca. Ele e seu parceiro (papel de Martin Donovam) estão vivenciando uma crise, pois discordam sobre assumirem ou não sua parte em um escândalo de corrupção. Após uma confusa perseguição ao suspeito do crime, o personagem de Pacino atira acidentalmente no de Donovam. Segue-se o inferno na vida deste personagem. Atormentado pela culpa, incapaz de dormir pela inadequação a uma cidade em que o sol não se põe, e ainda sendo chantageado pelo criminoso que pretende prender.
Nolan, a partir desse escopo, constrói um filme singular. Tenso, dramático e dotado de algumas belas reflexões sobre a matéria prima do cinema de Nolan. A obsessão e suas circunstâncias. Seja por dormir ou por justiça, Nolan constrói sua trama em cima do interesse de seus personagens em conseguirem seu intento. A policial vivida por Hillary Swank, por exemplo, se investe da responsabilidade de descobrir o que de fato aconteceu naquela desastrada perseguição que culminou na morte do parceiro de Pacino.
Voltando a Willians, importante pontuar que o ator sempre foi conhecido (pelo menos até levar o Oscar em 1998) por querer ser levado a sério e não ser encarado apenas como um comediante. Logo, essa era uma obsessão de Willians enquanto ator. Muito bem explorada por Nolan em seu filme.
Um thriller policial de invejável fôlego que se não oferece um comentário ativo do diretor sobre suas indagações enquanto cineasta, entretém com certo fascínio.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Crítica - O bem amado

Fanfarrice à brasileira!

Existem textos sagrados. Mesmo que caiam em domínio público. Se Shakespeare é o primeiro nome que lhe vem à mente, na esfera nacional, Dias Gomes certamente ocupa lugar de destaque. O vigor de uma de suas mais famosas obras, O bem amado, ainda impressiona. O cerne da crítica de Dias Gomes permanece imutável pelo brilhantismo com que o mesmo capturou a classe política brasileira. Mesmo que circunscrita a uma época, a prosa de O bem amado é itinerante em sua aura machadiana. Depois de ser adaptada para a TV (tanto em uma bem sucedida novela quanto em uma minissérie notável) e seguir para o teatro, O bem amado (Brasil 2010) ganha os cinemas. O diretor Guel Arraes, que tem familiaridade tanto com a linguagem televisiva e teatral quanto com a cinematográfica, incumbiu-se de adequar o texto de Gomes ao cinema e, ainda mais importante, a uma platéia mais escaldada em tempos de mensalão e congêneres.
Arraes sai-se moderadamente bem da tarefa auto imposta. Não é fácil restringir um material tão vasto quanto esse. Ainda mais complicado é apresentar algo essencialmente novo, que não fora visto antes. É essa a grande aflição do filme. Arraes preocupou-se em delimitar esquerda e direita, apenas para pincelá-las como farinha do mesmo saco. Embora faça justiça aos fatos, essa opção que descaracteriza levemente a visão de Gomes, faz de O bem amado um filme que passa ao espectador a pretensão de se levar a sério. Não que a seriedade seja malquista aqui, mas por vezes a sensação que se tem é que ela se sobrepõe a piada. E não se pode tomar como certo, dada a ambientação e o trabalho do elenco, que essa fosse a ideia inicial.
Marco Nanini, por sua vez, vive com invejável fôlego o prefeito populista de fala atravessada Odorico Paraguaçu. O ator que já havia encarnado o personagem no teatro dá um baile com sua convicção cênica. Outro que está especialmente aprazível é José Wilker. Seu Zeca Diabo é de um naturalismo que encanta em um painel que às vezes esbarra na superficialidade.



O show é dele: as irmãs cajazeiras e o público se rendem ao vigor de Marco Nanini

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ESPECIAL OS MERCENÁRIOS - Crítica

Mais do mesmo? Yeah!

Velho demais para isso: Stallone, aos 64 anos, começa a fazer piada com sua idade em Os mercenários

Não. Os mercenários (The expandables, EUA 2010) não é o melhor filme do ano. Passa longe disso. Na verdade, tão pouco é o melhor filme de ação dos últimos tempos. Aliás, nem mesmo é tão bom quanto poderia ser. Contudo, Os mercenários é o mais representativo filme de ação dos últimos tempos. Explica-se: A fita dirigida por Sylvester Stallone não se resume apenas ao hype de reunir um time de astros decadentes de um cinema de ação que não mais se garante em uma época de heróis mascarados e bruxos adolescentes. Os mercenários é cinema bruto. Em toda a abrangência da palavra. O romantismo e a nostalgia por uma época que não volta mais vem embalada em piadas que ora constrangem, ora contam com nossa solidariedade. Há também tiros, pontapés e Stallone admitindo a fragilidade do maior herói da década de 80. Pode parecer pouco. Pode parecer redundante. Essa sensação de que você já viu isso antes, e de forma mais sofisticada, é justamente o que potencializa o impacto de Os mercenários. Um filme crepuscular em que astros que nunca foram levados a sério se juntam para não serem levados a sério juntos.

Jet Li, Stallone e Lundgren: em busca de alguma relevância...

Misteriosamente, no Brasil, tanto Stallone quanto seu filme têm sido levados muito a sério. Uma prova de que o brasileiro ainda não sabe apreciar determinados produtos em seu devido contexto. Mas é sobre essa falta de senso de oportunidade que Mickey Rourke, em um tipo de cena que ele também já fez melhor, discorre no momento que antecede o clímax do filme.
Os mercenários, depois da consagradora bilheteria de estréia, deve ter uma sequência. Não se enganem. Virá exatamente mais do mesmo por aí. A própria trama de Os mercenários parece um remendo da que Stallone providenciou para Rambo IV, mas esse não é o ponto. A questão é manter-se relevante fazendo a mesma coisa que sempre se fez. Stallone chamou um pessoal que não sabia mais o que era ser relevante no cinema e, junto com eles, foram os reis da América. Mesmo que esse reinado dure apenas um final de semana.

domingo, 15 de agosto de 2010

Claquete documenta - Shine a Light


Existem duas reações possíveis a um documentário reverente. O total apego a ele ou a insatisfação crescente. Não há meio termo. Se documentários que investigam figuras políticas com pontos de vista alinhados à esquerda geralmente se ajustam a segunda vertente, os filmes que vasculham a obra e carreira de ícones da música se ajustam a primeira. É uma contingência que não segue padrões que não aqueles de nossa orientação pessoal. Tal qual nossa recepção a essas obras, é importante notar a predisposição do realizador ao se lançar a elas. Martin Scorsese é fã dos Rolling Stones, assim como Oliver Stone é admirador de Hugo Chavez, além de compartilharem a mesma ideologia (o que ajuda a entender Ao sul da fronteira, que será tema de um futuro Claquete documenta).
O diretor nova-iorquino já havia filmado os Stones para um especial de TV, assim como havia produzido (ao lado de Clint Eastwood) e filmado o primeiro episódio de um especial sobre jazz e blues, dirigido um documentário sobre a vida de Eric Clapton e, mais recentemente, rodado outro sobre a vida de Bob Dylan. Mas a relação de Scorsese com os Stones é especial. O grupo de rock que rivalizou com os Beatles marca presença constante na trilha sonora dos filmes do diretor. Seja em Os infiltrados (2006), seja em Touro indomável (1980) ou em Os bons companheiros (1990). Os melhores momentos de Scorsese são ao som de Rolling Stones. E foi justamente ao Rolling Stones que Scorsese recorreu logo após sua consagração com o Oscar.
Shine a light tem uma proposta um pouco diferente dos outros filmes que Scorsese fez sobre lendas musicais. Não há nenhum tipo de investigação. Há algumas entrevistas (principalmente de arquivo), uma ou outra cena de bastidores (a melhor é quando Scorsese enquadra os Stones – como se isso fosse possível?) e muita música. Scorsese tenta capturar o que a banda tem de melhor: sua energia. Não é uma tarefa fácil, mas em HD fica mais impressionante. Shine a light é, a rigor, um show de rock com múltiplas câmeras. A diferença é que Scorsese é o responsável por esse show de rock. Sim, imperdível é a palavra que você está procurando!

ESPECIAL OS MERCENÁRIOS - Insight

O cinema brucutu em todo o seu esplendor

Na última sexta-feira estreou aquele que promete ser o filme brucutu definitivo. Pelo menos em números absolutos, Os mercenários se garante. Vamos a eles: explosões? Check. Tiros ao ponto de ensurdecer desavisados? Check. Mocinha em perigo? Check. Piadas canastras em profusão? Check. Sylvester Stallone? Check. Arnold Swarzenegger? Check. Bruce Willis? Check. Jason Stathan? Check. Um país de terceiro mundo de nome fictício? Check. Fiapo de história? Check. Protagonista declarando que os “heróis da década não são homens”? Check.
Os mercenários é o supra-sumo do gênero ação. E, mais que isso, quer sê-lo. A grande gozação do filme é se vender como a hipérbole que é. Mas há predecessores legítimos. O cinema brucutu é um conceito que, embora pareça grosseiro, é dos mais bem definidos e alinhados do cinema contemporâneo. Surgiu, como não podia deixar de ser, nos anos 80. De uma variação de westerns típicos (como Era uma vez no oeste) com thrillers urbanos que apostavam em protagonistas carismáticos (Operação França e a série Desejo de matar).

Gene Hackman em dos clássicos da ação dos anos 70: Operação França, de William Friedkin, influencia até hoje

Esse tipo de filme tem como diretrizes, histórias que girem em torno de honra, mesmo que não na superfície, camaradagem e sobre a “coisa certa”. Os mercenários reúne as três características. Embora nossos heróis sejam mercenários (e o conceito de honra torne-se movediço), eles estão imbuídos de uma missão nobre: derrubar um ditador. Missão esta que só se torna mais digna de honra a medida que o filme avança. Há a camaradagem, explicitada no relacionamento dos personagens (nesse tipo de filme a nostalgia com o passado é de vital importância), e há a coisa certa a se fazer. Seja quitar dívidas com o passado, seja aliviar a consciência, seja fazer do mundo, um lugar melhor. O cinema brucutu é regido por esses três princípios e todos os apêndices que produções estreladas por todo esse pessoal que está no filme, e Jean Claude Van Damme e Steven Seagal que se negaram, apresentaram.
Os mercenários encerra uma era. Provavelmente ainda haverá filmes brucutu por aí (afinal, Jason Stathan e Jet Li ainda são garotos), mas o ato final está encenado. Em todo o seu esplendor.


Stallone e Stathan, dois dos expoentes do cinema brucutu: a galera reunida

sábado, 14 de agosto de 2010

Claquete destaca

+ Uma continuação de Os mercenários já está em vias de fato. Na premiere londrina do filme esta semana, Stallone e alguns produtores associados apresentaram a possibilidade à imprensa condicionando-a, obviamente, a bilheteria do primeiro filme que estreou nesta sexta-feira.


+ Senhores do crime 2 vai mesmo acontecer. A mais bela e pungente história de ascensão no mundo do gangsterismo desde O poderoso chefão terá Viggo Mortensen e Vincent Cassel às ordens de David Cronenberg uma vez mais.


+ Semana passada você ficou sabendo que a produção de Entrando numa fria com as crianças enfrentava problemas. Pois bem, com as mudanças de rumo na história a Paramount decidiu alterar o título nacional do filme. Little fockers se chamará no Brasil Entrando numa fria maior ainda com a família.E aí, topa entrar nessa fria?


+ Um dos desenhos mais descolados de todos os tempos finalmente ganhou um longa metragem. Zé colméia, uma produção da Warner Brothers, com as vozes de Dan Aykrod como Zé Colméia e Justin Timberlake como Catatau chega às telas americanas em dezembro. No Brasil, o filme está previsto para 4 de fevereiro.


+ Josh Brolin está em negociações para atuar em Young adults, novo filme de Jason Reitman. Charlize Theron já está confirmada na produção, cujo roteiro é de Diablo Cody.


+ Chegou esta semana as locadoras de todo o país, o último filme de Martin Scorsese. Ilha do medo é seguramente das melhores produções a ter estreado em 2010 nos cinemas. O filme que é uma mistura entre o cinema de horror B e o noir que marcaram o cinema americano entre as décadas 30 e 70 deverá figurar nas listas de melhores do ano em dezembro.


+ Como era de se esperar o filme Deadpool corre o risco de não acontecer. A Warner está fazendo lobby contra a produção, já que Ryan Reynolds que retomaria o personagem que encarnou em X-men origens: Wolverine é o intérprete do lanterna verde no filme que o estúdio lança ano que vem. A Fox, que já negociava com Robert Rodriguez para dirigir o filme, não confirma que a produção avance sem Reynolds.

+ Um dos principais lançamentos desse final de ano é The town ou, como se chamará no Brasil, Atração perigosa. O segundo trabalho de Affleck na direção é novamente uma trama policial ambientada em Boston. Affleck vive um fora da lei com coração no filme que conta com grande elenco. Blake Lively, Jon Hamm, Chris Cooper, Rebecca Hall e Jeremy Renner, em seu primeiro papel após Guerra ao terror, são alguns dos destaques. The town será exibido agora em setembro nos festivais de Veneza e Toronto.


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

ESPECIAL OS MERCENÁRIOS - Crônica de uma filmagem no Rio de Janeiro

Correria: Stallone acelera em uma das primeiras imagens de bastidores divulgadas da produção


Com a proximidade da estréia de Os mercenários, o noticiário pop e cultural nacional é invadido por denúncias de calote, piadas sem graças, revanchismos e outros “ismos” envolvendo a produção do mais recente filme estrelado e dirigido por Sylvester Stallone.
Não se pode negar as razões de todos os lados e frentes dessa batalha informal. Estão certos os brasileiros ao chiarem de um gringo que faz piada com as tradições (?) alheias e está certo o gringo ao fazer uma crítica, ainda que sem sal e azeite, a um país com complexo de vira lata e a um povo que não sabe receber com humor o humor, ainda que o humor em questão seja pobre.

O terceiro mundo é aqui: locações cariocas remetem a ilhota latino americana fictícia



É preciso lembrar que o filme, Os mercenários, é um coro da América da Era Reagan, deslocada de seu espaço tempo. A verve de Bush pai (e filho em consequência) resplandece no Rambo que recusa a aposentadoria. É preciso levar a democracia aonde a luz não alcança. No cinema também. O Brasil tem feito de tudo para ser anfitrião de filmagens. Seja de produções estrangeiras (de preferência) ou nacionais. O festival de Paulínea, cuja mais recente edição se encerrou no mês passado, serve apenas para esse propósito. A O2 de Fernando Meirelles firmou contratos internacionais prevendo que produções estrangeiras venham filmar no Brasil. O próprio Fernando Meirelles fez isso com seu Ensaio sobre a cegueira. Stallone veio ao Rio de Janeiro atraído por todos aqueles tambores que provocam os gringos e também pela promessa de um orçamento barato e custos operacionais dentro do satisfatório (partindo do ponto de vista americano aqui). Como toda a produção, o planejado não avança aos fatos. Pequenas bifurcações são feitas pelo caminho. A primeira delas, pelo menos a mais midiática, foi a respeito da “mocinha local”.

Jason Stathan é flagrado saindo do hotel para mais um dia de gravações no Rio de Janeiro



Stallone bate aquele papo com o cineasta brasileiro Fernando Meirelles: hoje há ressentimento, processos judiciais e troca de acusações de falta de profissionalismo


Stallone queria uma brasileira para viver a donzela em perigo. Juliana Paes, notada em uma capa de revista, foi a primeira escolha. Um bate papo e um screen test depois e Stallone perguntava sobre outra bela morena. A morena em questão era Cléo Pires. Cléo fez o teste e também bateu o papo. Stallone gostou do que viu. Mas Cléo não entrou para o casting porque não obteve liberação da Globo, já que o cronograma de filmagens da fita batia com o da novela em que ela estava no momento. Cléo ficou azeda e a Record ganhou mais uns pontinhos na disputa, que crê poder ganhar algum dia, travada com a emissora carioca. Gisele Etié, a Bela feia que não é feia (para quem não sabe), foi a escolhida. A atriz que não é brasileira (mas isso é só um detalhe) faz a coisa nossa no filme tão contestado de Stallone (um dos poucos filmes que a crítica brasileira parece malhar com gosto). Ah! Tem as florestas do Rio de Janeiro também! Mas no filme, que até tem macaco, elas não são nossas...

Gisele, Stathan e Stallone em um intervalo das filmagens: descontração

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

ESPECIAL OS MERCENÁRIOS - TOP 10

10 filmes de ação anos 80 em plenos anos 00

E já que é o mês da ação, em virtude disso da reverência a década que marcou o cinema do gênero, Claquete reúne os 10 filmes dos anos 00 que se encapsularam no tempo e revivem os anos 80. Filmes que em tudo remetem ao cinema de ação praticado na época. Tem até filmes estrelados por duas das figuras do mês, Arnold Schwarzenegger e, ele, Sylvester Stallone.


10 - 12 rounds, Renny Harlin (12 rounds, EUA 2009)
Renny Harlin é responsável por algumas das melhores perolas da ação ointentista (Duro de matar 2 e Risco total são dele) e ele continua fiel ao cinema brucutu. Em 12 rounds, o lutador John Cena dá uma de ator. Ele não chega a convencer dramaticamente, mas quem está se importando? Ele corre contra o tempo para salvar a mulher que ama. A mesma Ashley Scoot que cai nas mãos de The Rock no próximo filme que aparece nessa lista.


9 - Com as próprias mãos, Kevin Bray (Walking tall, EUA 2004)
E The Rock, ou Dwayne Johnson como ele prefere, não podia faltar na lista. O maior bombadão a aportar no cinema de ação desde Schwarzenegger e Stallone, o ator não avexa seus antecessores. Em Com as próprias mãos ele leva lei a uma cidade marcada por corrupção e desordem. E ainda dá uma lição de moral (e de muitas técnicas marciais) no ricaço da cidade.


8- Rambo IV, de Sylvester Stallone (Rambo IV, EUA 2008)
Hellooo? Ele é dos anos 80! E vive nos anos 00 como se vivesse nos anos 80. O mundo de John Rambo em uma ilhota asiática vizinha de um país em guerra civil é regida pelos mesmo ideiais de quando ele invadia o Afeganistão ou derrubava uma tropa inteira. Uma mulher, no caso Julia Benz (da série Dexter) faz Rambo empunhar uma metralhadora novamente. Mas ele só empunha a metralhadora mesmo...


7 - Quebrando regras, de Jeff Wadlow (Never back down, EUA 2008)
Se karate kid está ganhando uma nova versão chapa branca, pode-se dizer que Quebrando as regras, estrelado por Dijimon Hounsou e Sean Faris como mestre e pupilo respectivamente, é o remake de coração da fita que apresentou Daniel San ao mundo. Com pegada jovem e porrada a valer, o filme não faz feio e empolga tanto os nostálgicos da ação dos anos 80 quanto a nova geração que se liga em videogames.


6 - Efeito colateral, de Andrew Davis (Collateral Damage, EUA 2002)
Como o filme parte de um atentado terrorista em Nova Iorque, o lançamento da fita – prevista inicialmente para outubro de 2001- foi postergado para fevereiro do ano seguinte. E nada mais revigorante do que vê Arnoldão se deslocando para a Colômbia para cassar os terroristas responsáveis pelo atentado que tirou a vida de sua mulher e filho. Para ficar ainda mais bonito, o personagem de Schwarzenegger é um bombeiro, figura alçada a herói depois dos atentados de 11 de setembro nos EUA.


5 – O vingador, de F.Gary Gray (A man apart, EUA 2003)
Vin Diesel bem que tentou ser o brucutu mor da década. Se dependesse apenas desse filme, conseguiria. Como ele fez uma porção de porquarias, meio que se queimou com a rapaziada. Mas O vingador, filme em que faz um policial embrenhado em uma jornada de vingança, faz crer que ele ainda pode dar certo. Caso ainda queira.


4 - Busca implacável, de Pierre Morel (Taken, França 2008)
Essa produção de Luc Besson rodada na França é uma verdadeira declaração de amor do famoso produtor e cineasta ao cinema brucutu dos anos 80. Liam Nesson incorpora Charles Bronson e vai a França resgatar sua filha sequestrada por uma quadrilha de contrabando sexual. Ação brucutu com ar de gentleman para ninguém botar defeito!


3 - Carga explosiva, de Corey Yuen (The transporter, EUA/FRA 2002)
E se existe um filme que desencadeou o revival oitentista na década e antecipou os retornos de John McLane e Rambo, foi Carga explosiva. O Frank Martin de Jason Stathan é tão icônico, embora menos reverenciado, quanto seus pares. O filme fez estrondoso sucesso, consolidou Stathan como astro de ação e gerou duas continuações para lá de descoladas.


2- Atirador, de Antoine Fuqua (Shooter, EUA 2007)
Se Mark Wahlberg é o cara, esse é o filme do cara! Dirigido pelo expert Fuqua, Atirador mostra o bom e velho exército de um homem só. Wahlberg tem de se virar para provar que é vítima de um complô para incriminá-lo pelo atentado à vida do presidente dos EUA. Filme que transpira testosterona e é muito, mas muito anos 80 mesmo. E isso é um elogio!


1 – Chamas da vingança, de Tony Scoot (Man on fire, EUA 2004)
Quer fazer o filme definitivo sobre o exército de um homem só? Chame Denzel Washington para fazê-lo. Foi o que fez Tony Scoot e o resto é história. Chamas da vingança tem apelo, e de sobra, até com quem não gosta de filme de ação. Não é um trunfo qualquer. De quebra tem a frase do gênero. Um personagem em dado momento exorta sobre a carnificina que está por vir: “Existe quem faça arte na gastronomia, na pintura, no cinema... A arte de Crissy (personagem de Denzel Washignton) é matar. E ele está pronto para fazer sua obra prima.” É o primeiro lugar ou não é?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

ESPECIAL OS MERCENÁRIOS - Time de pesos pesados


Se você tem mais de 30 anos, passou sua adolescência sonhando em ver um filme que reunisse Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger e Bruce Willis em uma mesma cena. Pois bem, este filme chegou e se chama Os mercenários. A fita dirigida por Stallone é a epopéia máxima de um gênero cinematográfico que viveu seu auge nos anos 80. Se você tem vinte e poucos anos e curte filmes de ação, provavelmente já viu Jason Statham e Jet Li (os legítimos herdeiros do cinema de ação dos anos 80) juntos nos filmes O confronto (2001) e Rogue – o assassino (2007). Contudo, outro dos bem sacados motes de Os mercenários é promover esse encontro de gerações. Na fita, Li e Statham se juntam a Stallone, ao ator Terry Crews (o Julius do seriado Everybody hates Chris), a Dolph Lundgren (outro dinossauro do cinema de ação que esteve presente nos filmes Rocky IV e Soldado Universal) e aos lutadores Steve Austin e Randy Couture (que estão aqui para aumentar a massa muscular do grupo) para formar os mercenários do título. Willis e Schwarzenegger fazem uma participação carinhosa e afetiva no filme e dividem uma mesma cena com Stallone. Steven Seagal e Jean Claude Van Damme, dois dos outros expoentes oitentistas do cinema de ação, se recusaram a participar do projeto. Mickey Rourke e Eric Roberts, que já trabalharam com Stallone previamente, também participam da máquina do tempo pilotada por Sly.
Stallone em locação no Rio de Janeiro: Aqui quem manda sou eu...

Outros dois atores que estavam ligados ao projeto tiveram de se desligar por não poderem acompanhar o cronograma de filmagens. Wesley Snipes acabou de fora devido a seus problemas com a receita federal americana (o ator inclusive teve pedido de prisão temporária expedido semanas atrás) e Forest Whitaker chegou a iniciar as gravações, mas não pode continuar por estar ligado a outros filmes que estavam com as filmagens em andamento. Depois de Stallone sondar o rapper 50 Cent, acabou contratando Crews que tem tino para o humor e físico para a ação.

Eric Roberts, o irmão menos famoso de Julia, faz mais um bad ass em um filme de Stallone. A última vez foi em O especialista (1994)


A história é o que menos importa
Se você quer saber sobre o que gira a trama de Os mercenários, então lá vai: Um grupo de mercenários é enviado para um país da América do Sul para derrubar um ditador. É nesse fiapo de história que quem quiser pode relacionar a uma vaga inspiração em Hugo Chavez que Stallone arranja desculpas para tiros, explosões e tudo aquilo que caracteriza o cinema de ação que hoje é sombra de produções milionárias e adaptadas de outras mídias e plataformas.
Os mercenários também é vitrine. Nesta caso para a mexicana, mas de coração e carreira brasileiros, Giselle Itié. A atriz venceu a disputa com atrizes como Juliana Paes e Cléo Pires para estrelar a produção como a “garota local” que vai mexer com o personagem de Statham. Sim porque Stallone já está velho demais para essas coisas...
A atriz já acertou com uma agência para representá-la em Hollywood. Os mercenários é, em última instância, a materialização do sonho americano de uma mexicana residente no Brasil.



Stallone e Gisele curtindo: o Rocky adora realizar sonhos americanos...