Uma aflição peculiar...
Um dos plots do muito bem construído Cabeça a prêmio, filme dirigido por Marco Ricca que está em cartaz atualmente nos cinemas brasileiros, é a conturbada relação de um pai com sua filha. É, sem dúvidas, a principal linha narrativa do filme e o núcleo cujo desfecho mais impressiona. De qualquer maneira, o que se verifica em Cabeça a prêmio é a coroação de uma teoria psicanalítica muito em voga no cinema: o complexo de Electra. Em um aprofundamento de questões mal resolvidas relacionadas a paternidade. No filme de Ricca, Mirão (Fulvio Stefanini) não é um pai presente para Elaine (Alice Braga). Pior do que isso, é um pai cheio de segredos e envolvido em negócios escusos. Esse afastamento crônico e todo o ressentimento que advém dele são muito bem trabalhados pelos atores e pelo texto de Marçal Aquino (que serve ao roteiro do filme).
O envolvimento paterno com a ilicitude em geral, e com o crime em particular, já rendeu grandes filmes como Caminho sem volta e fitas eficientes como Poder absoluto em que Laura Linney faz a filha de um Clint Eastwood ladrão de obras de arte.
Mirão a esmo: Em Cabeça a prêmio flagramos um pai que se debate por suas (más) escolhas...
Tim Robbins, Tom Cruise e Dakota Fanning em cena de Guerra dos mundos: no limite, um pai melhor
Jean Reno mostra como se faz em O profissional: pai postiço que é pai de verdade
Mas o cinema foi especialmente feliz ao enquadrar o avesso desse sentimento. A partir da perspectiva paterna como em filmes como As confissões de Schmidt, de Alexander Payne, em que Jack Nicholson depois de perder a mulher, tenta se ajeitar com a filha. Ou mesmo na comédia romântica Menina dos olhos, de Kevin Smith. Em Guerra dos mundos, de Steven Spielberg, o mundo como nós o conhecemos precisa chegar perto do fim para que Tom Cruise se redima como pai. Catarse semelhante ocorre em Armageddon, outro filme catástrofe que se mira nas omissões de um pai (Bruce Willis) para com sua filha (Liv Tyler) e remete a seu sacrifício final para que ela possa viver um grande amor.
Em A prova, o relacionamento entre pai e filha é minado pela genialidade dele. Novamente, a chance para redenção se apresenta. A redenção também pode vir em uma figura paterna alternativa. É o que ocorre em O profissional, em que uma ainda criança Natalie Portman é “adotada” pelo matador profissional vivido por Jean Reno.
Em A prova, o relacionamento entre pai e filha é minado pela genialidade dele. Novamente, a chance para redenção se apresenta. A redenção também pode vir em uma figura paterna alternativa. É o que ocorre em O profissional, em que uma ainda criança Natalie Portman é “adotada” pelo matador profissional vivido por Jean Reno.
Tim Robbins, Tom Cruise e Dakota Fanning em cena de Guerra dos mundos: no limite, um pai melhor
Jean Reno mostra como se faz em O profissional: pai postiço que é pai de verdade
Curiosamente todos esses filmes captam o mesmo estado de espírito e a mesma fase do complexo de Electra. O que difere são suas resoluções. O novo filme de Sofia Coppola (Somewhere), que estréia no próximo festival de Veneza, vem agregar valor a essa seara. Na trama, um ator famoso (vivido pelo nem tão famoso Stephen Dorff) tem sua rotina desestabilizada com a chegada de sua filha de 11 anos (vivida pela irmã caçula de Dakota Fanning, Elle).
Espera-se da cineasta que ela enriqueça essa paleta de cores com seu cinema sensível e inclinado a perspectiva feminina. De qualquer jeito, não será fácil superar a trágica e poderosa trajetória de Mirão e Alice.
A outra Fanning: a irmã mais nova de Dakota é a nova leading lady de Sofia Coppola em Somewhere
Espera-se da cineasta que ela enriqueça essa paleta de cores com seu cinema sensível e inclinado a perspectiva feminina. De qualquer jeito, não será fácil superar a trágica e poderosa trajetória de Mirão e Alice.
A outra Fanning: a irmã mais nova de Dakota é a nova leading lady de Sofia Coppola em Somewhere
Se você gostou deste artigo e quiser repercuti-lo sob esse e outros pontos de vista, Claquete recomenda:
Armageddon, de Michael Bay (EUA 1998)
A Prova, de John Madden (The proof, EUA 2005)
Menina dos olhos, de Kevin Smith (Jersey girl, EUA 2004)
As confissões de Schmidt, de Alexander Payne (About Schmidt, EUA 2002)
O profissional, de Lu Besson (Leon, FRA 1994)
Caminho sem volta, de James Gray (The yards, EUA 2000)
Armageddon, de Michael Bay (EUA 1998)
A Prova, de John Madden (The proof, EUA 2005)
Menina dos olhos, de Kevin Smith (Jersey girl, EUA 2004)
As confissões de Schmidt, de Alexander Payne (About Schmidt, EUA 2002)
O profissional, de Lu Besson (Leon, FRA 1994)
Caminho sem volta, de James Gray (The yards, EUA 2000)
Oi, Reinaldo,
ResponderExcluirValeu a pena esperar pela "Contexto". Muito bem sacado essa relação, principalmente a "inversão" do conceito, onde não é a filha que está em processo de formação e sim o pai.
Ah, "O profissional" é um super filme, também recomendo, rsrsrs
Beijos
Obrigado pelos elogios Aline. O profissional é realmente um ótimo filme. bjs
ResponderExcluirMe simpatizo muito por filmes assim, poderia ter mais do tipo, claro, bem feitos, rsrs. Gosto muito de "O Profissional" e curiossíssima por "Cabeça a Prêmio" e "Somewhere".
ResponderExcluirBeijos! ;)
Parabéns pelo blog. Adorámos.
ResponderExcluirTambém gostamos de ver o filme O profissional... achámos interessante!
Bons filmes
Mayara: Pois é Ma e quem não gosta de filme bem feito que refletem nosso mundo, né? ! rsrs. Bjs
ResponderExcluirMariana &Roberta: Obrigado pelo elogio. Espero que volte mais vezes.
bjs