quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Crítica - O ritual

Terror diferente

A razão para explicar a reticência com que O ritual (The rite, EUA 2011) vem sendo tratado por público e crítica é mais simples do que parece. A fita dirigida pelo sueco Mikael Hafström é melhor do que a resposta de um fã do gênero terror praticado por fitas da estirpe de Jogos mortais irá apontar. O ritual também, é bom que se diga, não se sustenta ante comparação com obras primogênitas como O exorcista e O bebê de Rosemary. Ainda é um filme de indisfarçável orientação comercial. Contudo, O ritual rejeita o terror fácil. A sonoplastia exagerada, a visceralidade de imagens de impacto e o odor da reciclagem temática não fazem parte do pulso do filme.

O ritual é um bom terror, mas é um drama psicológico melhor
ainda

Baseado em um roteiro de Michael Petroni, levemente inspirado em eventos reais, Hafström se interessa mais no conflito psicológico de seu protagonista do que em pregar peças em seu público. Passa por esse interesse a percepção do quão boa ou do quão ruim a experiência de assistir O ritual pode ser para o espectador.
Um jovem padre (Colin O´ Donoghue), que não apresenta convicção em sua fé, é destacado por seu superior – em uma ultima tentativa de assegurá-lo no ministério – para um curso de exorcista no Vaticano. Lá, é orientado a acompanhar as atividades do Padre Lucas (Anthony Hopkins), um exorcista pouco ortodoxo, mas muito eficiente.
O conflito de O ritual se estabelece, então, entre essas duas figuras - na superfície - e no litígio emocional do jovem padre com sua fé. Hafström não menospreza os cânones dos filmes de terror que abordam possessões demoníacas. Apenas opta por não se deixar fazer refém deles. Essa opção ajuda a entender porque filmes de terror que não se ensejam como filmes de consumo falham nas bilheterias e fracassam junto a crítica mais superficial. Um exemplo recente é a incursão do brasileiro Walter Salles em Hollywood, Água negra.
O ritual, ao dialogar com inteligência e humor dentro de um nicho em que essas são características omissas, provoca estranheza em um espectador que, a bem da verdade, não está pedindo por isso. Então, certifique-se de que é isso que você procura antes de conferir esse filme que traz um convincente Anthony Hopkins, como padre e como possuído.

2 comentários:

  1. Sua crítica está excelente Reinaldo, mas o filme não me chamou atenção. O gênero para mim já deu o que tinha que dar,acho desde O Exorcista mesmo.

    Li sua matéria anterior que falava da rabugice de Hopkins. Nada justifica ele estar num filme destes. Enfim. Prefiro terror com outra temática.

    Abs.
    Rodrigo

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  2. Rodrigo: Tb prefiro terror com outra temática Rodrigo. Mas esse aqui se sai muito bem...
    Entendo sua posição quanto aosubgênero já ter se esgotado desde O exorcista...
    O filme de Friedkim é realmente uma sombra poderosa...
    abs

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