sexta-feira, 2 de julho de 2010

Panorama - Tempestade de gelo


Panorama este mês destaca a obra de um dos cineastas mais expressivos e premiados da atualidade. O taiwanês Ang Lee terá seus principais filmes analisados no decorrer deste mês de julho no espaço. E o primeiro deles é Tempestade de gelo. Um filme tenso, humano e surpreendente. Com todo o peso desses adjetivos. Sem mais delongas, Claquete convida o leitor para descobrir este filme na primeira edição da novíssima Panorama.



Antes de Paul Tomas Anderson usar metáforas expansivas para denotar o estado de espírito de seus personagens em Magnólia, Ang Lee já havia lançado mão deste recurso no filme Tempestade de gelo (The ice Storm, EUA 1997). A fita, apenas a segunda incursão no cinema americano do diretor taiwanês, é um elaborado estudo sobre as transformações que acometeram a sociedade americana. O filme, que se passa na década de 70, captura exatamente o bonde da revolução cultural (e o forte componente sexual inerente) que varreu o mundo, de forma geral, e os EUA, em particular.
A fita se sustenta dentro de temas caros à cinematografia de Lee (ele voltaria a abordar esse período da história americana, sob outro prisma no menos bem sucedido Aconteceu em Woodstock). Estão lá o choque entre um liberalismo efervescente e o conservadorismo chapado, o desmoronamento das tradições familiares e o sexo como elemento catalisador de mudanças pessoais. Tempestade de gelo flagra uma família em frangalhos. A família Hood (composta pelos personagens de Kevin Kline, Joan Allen, Tobey Maguire e Cristina Ricci) está vivenciando aquele momento definidor que é comum a dramas familiares americanos. Mas em um filme de Ang Lee, esses dramas ganham improváveis contornos. Jogos sexuais, traições, alcoolismo e todas as disfunções que podem acometer uma família assentada em valores que começam a serem questionados.



O sexo funciona como elemento desestabilizador e deflagrador de uma nova ordem social


Tempestade de gelo é, em última análise, o melhor dos parâmetros para medir a evolução de Lee como cineasta. O filme, que teve o roteiro premiado em Cannes, continua sendo a melhor explicação da América vinda de um estrangeiro.





6 comentários:

  1. Não conhecia esse filme. Ta aí, fiquei curioso!

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  2. Grande Reinaldo!

    1) adorei a nova cara do Claquete! Mais expansivo e mais completo. Gostei das cores e do layout em geral. Parabéns pela mudança (o Pos-Premiere merece também, mas vou aguardar rs)

    2) "Tempestade de Gelo"... acho que o problema foi só comigo mesmo. A premissa e o elenco são excelentes - destaque para Sigourney Weaver -, mas achei, no total, um desperdício de tudo. Não achei que foi um filme que tocou na ferida, mas sim um retrato superficial sobre as novos rumos sociais que estavam eclodindo naquela época. E sinto que o filme ficou um pouco em cima do muro, nesse sentido.

    Ang Lee é um grande diretor, mas esse e "Aconteceu em Woodstock", que tu citou na análise e eu já até fiz texto no meu blog, são 2 filmes bem aquém das suas outras produções... ah! E "Hulk" tbm xD


    [***]


    abs!

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  3. Alan: Assiste que vale a pena. Abs

    Elton:
    1) Obrigado. Teu feedback é muito importante cara!

    2)Entendo o q vc quer dizer com um pouco em cima do muro. Perguntinha básica: Vc viu esse filme depois de Beleza americana? Pq Beleza americana transformou profundamente a forma como se retrata o american way of life e a nossa percepção em relação a essas obras.
    Eu acho que tempestade de gelo é um filme eficiente sim. Longe de ser um grande filme, mas creio que não possa ser considerado um
    desperdício.
    Me lembro da tua crítica de Aconteceu em woodstock. Vi o filme depois de lê-la. Sinceramente, não achei de todo ruim, mas no geral concordo com a tua análise. Mas até mesmo Aconteceu em woodstock reafirma o vigor dessa obra de um Lee ainda desconhecido nos EUA.

    abs

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  4. Oi Reinaldo, não conheço este trabalho, mas gosto de filmes de Ang Lee como Desejo Perigo, O Segredo de Mountain Brokeback Mountain e o Tigre e o Dragao. Pelo menos, em sua incursão pela sociedade americana, ele se deu muito bem na universalidade da obra sobre o amor homossexual e, os orientais, bem ... este eu não preciso elogiar. Tentarei seguir esta sua dica.
    bjs!

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  5. Acho que vc vai gostar do filme madame. bjs

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  6. Tem que ler o livro pra entender o final dele.
    Nunca assisti meu pai chorar e sei que isso me marcaria se tivesse a idade do jovem que viu...

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