quinta-feira, 29 de abril de 2010

Cenas de cinema

O que rola em Tribeca 1
Está rolando em Nova Iorque, o badalado festival de Tribeca, criação do nova-iorquino por excelência Robert De Niro. Muita gente bonita compareceu nessa semana no festival da big apple, mas quem não deve ter gostado muito da recepção foi a atriz Renée Zelwegger. Seu mais recente filme, My own love song, que debutou no festival, recebeu críticas negativas. A Vanity Fair foi especialmente virulenta: “Não dá para aguentar o filme!”, vaticinou a revista.


Renée faz cara de quem comeu e não gostou: não gostaram do filme dela...


O que rola em Tribeca 2
Um dos filmes que mais atraiu presenças ilustres no festival até agora foi Monogamy. A fita que mostra um fotógrafo do Brooklyn que é contratado por uma mulher endinheirada para tirar fotos anônimas dela, levou gente como Liev Schreiber e a mulher Naomi Watts, Chris Pine e Zack Quinto para a premiere. O filme deve chegar no mercado americano em setembro.
Outro filme que deu o que falar em Tribeca foi o brasileiro Elvis & Madonna. O drama mostra a relação de uma lésbica de classe média com um travesti que se prostitui. A Vanity fair escreveu: “Apesar de costurar clichês, o filme envolve pela força das interpretações”. É para ficar de olho.

Os trekkers Chris Pine e Zack Quinto mostram estilo na premiere de Monogamy; enquanto que Liev Schreiber, que estrela Every day -também em exibição no festival - levou a mulher para ver o filme de título gugestivo


O que rola em Tribeca 3
Nova Iorque prestigia os seus. Edward Burns, outro notório nova-iorquino, também estreou seu mais recente filme, Nice guy Johnny, no festival. Dirigido e protagonizado por Burns, o filme mostra um sujeito que tenta agradar a todas as pessoas de quem gosta. Por sua noiva, ele está disposto a largar seu trabalho dos sonhos por um que a satisfaça. Até que nesse momento de vulnerabilidade, ele conhece uma garota que vai fazê-lo repensar suas prioridades. A comédia romântica de Burns, que faz comédias tipicamente nova-iorquinas, agradou ao público do festival.

Edward Burns na pré-estréia de seu filme no festival de tribeca

O letreiro fica!
Há cerca de um mês, você ficou sabendo, aqui em Claquete, que um dos maiores símbolos de Hollywood estava a perigo. Um empreendimento imobiliário ameaçava o famoso letreiro localizado ao norte de Los Angeles. O governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger anunciou esta semana que o fundo financeiro criado para impedir a venda do terreno que abriga o letreiro, conseguiu o valor necessário para manter as coisas como estão. A doação mais generosa dos cerca de U$ 15 milhões arrecadados foi do criador e proprietário da Playboy. O milionário Hugh Hefner desembolsou U$ 950 mil para poder continuar olhando para esse símbolo da cidade.

Perdeu o marido, adote um bebê!
Tudo bem! O título é sensacionalista. Mas não há como negar que o anúncio de Sandra Bullock, que ganhou capa esta semana em várias publicações americanas, não tenha um q de sensacionalismo. Depois de se ver ás voltas com uma crise conjugal que foi parar nas bancas de jornais, a estrela revelou o filho que acabou de adotar. Louis Bardo Bullock, nascido em Nova Orleans, já morava com Sandra desde janeiro em caráter de experiência. O processo de adoção deve ser finalizado nas próximas semanas. A adoção, a principio, seria uma ação do casal (Bullock e o marido James), mas com a iminente separação a estrela anunciou a People: “Serei a mãe solteira mais feliz do mundo”. No que Jesse James reagiu na US Weekly: “Estou arrasado!” As celebridades tem um jeito todo especial de se vingar.


Não é para levar a sério!
E a People ainda não divulgou sua lista dos homens mais sexies do mundo. Essa lista só deve sair no final do ano. Mas uma muito parecida deve pintar em maio, no inicio do verão americano. Intitulada como “As pessoas mais bonitas do mundo”. Essa, certamente, é uma lista interessante de se ver. Mas basta uma rápida espiada em alguns nomes que a publicação já adiantou, para esse interesse diminuir. Nomes como Kristen Stewart, Justin Bieber e Ashley Greene figuram nas primeira posições. Ainda bem que os bispos de sempre, como Angelina Jolie, George Clooney e Julia Roberts estão lá para salvar o dia.


Pois é! George Clooney está atrás de Justin Bieber na lista da People...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Top 10 especial: Discursos/Monólogos do cinema

5 – “Are you a news man or a business man?”, Al Pacino em O informante


Existem atores que transcendem credibilidade. Al Pacino é um desses atores. Em O informante, ele vive o jornalista e produtor do programa jornalístico de TV 60 minutes (muito popular nos EUA). Era preciso que Pacino usasse todo o seu capital para fazer esse personagem crível. Pacino o fez. Em uma de suas últimas grandes performances no cinema, o ator dá um show. Nessa cena em especial. Lowel Bergman (Pacino) se oposiciona à direção da emissora de TV CBS que vetou a participação de Jeffrey Wigand (Russel Crowe), testemunha ocular de um importante e virulento processo envolvendo a indústria tabagista, no programa.
Além do vídeo que Claquete apresenta, para que o leitor possa ter noção de seu efeito, há a principal parte da fala de Lowell Bergman transcrita aqui. Poucas vezes as relações corporativas foram tão bem capturadas em um discurso a ganhar vida no cinema.


“You pay me to go get guys like Wigand, to draw them out. To get him to trust us, to get him to go on television. I do. I deliver him. He sits. He talks. He violates his own fucking confidentiality agreement. And he's only the key witness in the biggest public health reform issue, maybe the biggest, most-expensive corporate-malfeasance case in U.S. history. And Jeffrey Wigand, who's out on a limb, does he go on television and tell the truth? Yes. Is it newsworthy? Yes. Are we gonna air it? Of course not. Why? Because he's not telling the truth? No. Because he is telling the truth. That's why we're not going to air it. And the more truth he tells, the worse it gets!"

Tradução:
Você me paga para pegar caras como Wigand, para colocá-los para fora. Para fazê-lo confiar em nós, para pô-lo na TV. E eu faço isso. Ele senta. Ela fala. Ele viola a porra do acordo de confidencialidade dele. E ele é simplesmente a testemunha chave no maior caso de reforma de saúde pública, talvez o maior, mais caro caso de malignidade corporativa na história dos EUA. E Jeffrey Wigand, que está no limbo, ele vai na televisão e fala a verdade? Sim. É notícia? Sim. Vamos levar isso ao ar? Claro que não. Por quê? Porque ele não está falando a verdade? Não. Porque ele está falando a verdade. Essa é a razão de nós não levarmos isso ao ar. E quanto mais ele fala a verdade, pior fica!”


Critica - Uma noite fora de série

Um filme que honra sua proposta

É preciso julgar um filme por sua proposta e pela forma como a mesma foi desenvolvida. As expectativas do julgador e do público para quem ele se dirige devem ser mantidas a distância. Consideradas, mas não proeminentes. Essa pequena contextualição sobre o ofício da crítica (algo que parece óbvio, mas que poucos conseguem executar com a eficiência e sofisticação inerentes) se faz necessária como introdução a apreciação de Uma noite fora de série (Date night, EUA 2010).
O filme que mostra um casal às voltas com uma rotina massacrante e exaustiva que, justo na noite que resolvem fugir à rotina, se envolvem em uma aventura cheia de perigos não traz nada de novo. A proposta do filme? Colocar dois dos comediantes mais bem sucedidos da atualidade, com berço na TV americana, para juntos brilharem. Nesse sentido, Uma noite fora de série é muitíssimo bem sucedido. A química de Steve Carell (da série The Office) e Tina Fey (criadora e protagonista de 30th rock) que já era apurada, conforme demonstrado por aparições da dupla em premiações e programas especiais, aqui está em ebulição.
Tina Fey, Steve Carell e um descamisado Mark Wahlberg: uma das melhores piadas do filme


A idéia de colocá-los juntos em um longa metragem era algo que parecia questão de tempo.
Coube ao diretor Shawn Levy (responsável por algumas das comédias mais bem sucedidas dos últimos anos) orquestrar o show destes dois. Levy, sabiamente, se afasta de qualquer responsabilidade e deixa seus atores no comando. O roteiro é fraco e esburacado, mas com Carell e Fey em ótima forma, isso não chega a ser um problema. As piadas, mesmo as mais manjadas, funcionam bem e o filme entretém. No final das contas, essa era a proposta.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Numerologia


Noite de estréia aqui em Claquete. A seção Numerologia faz seu debute hoje aqui no blog. Mês que vem ela estará de volta. Maior e melhor.

Destaques Gerais

O 3D encolheu
O superlançamento Fúria de titãs teve seu lançamento adiado em duas semanas nos EUA para que pudesse ser convertido para o 3D. As cópias 3D certamente ajudaram a inflar o recorde obtido pelo filme de maior abertura do feriado da páscoa (U$ 61,4), mas o que impressionou é que apesar da maior oferta de cópias em 3D, a maior procura pelo filme (e a maior venda de ingressos) ocorreu em salas 2D, segundo informe do Access Hollywood.

Aos trancos e barrancos
Era grande a expectativa pelo desempenho da comédia Caçador de recompensas nos cinemas, mas depois de um mês em cartaz nas salas americanas, a expectativa se converteu em fracasso. Até o momento, a fita estrelada por Gerard Butler e Jennifer Aniston, arrecadou pouco mais de U$ 75 milhões. Quantia bem abaixo das expectativas (sempre elas) da Sony, estúdio responsável pela produção.

Quando o 3D dificulta a real percepção
Por dois fins de semana seguidos tivemos uma estimativa divulgada no domingo à tarde em que um filme era apontado como o campeão da batalha pelas bilheterias, para que na segunda, o resultado oficial contrariasse, ainda que por pouca diferença, essa estimativa.
No segundo fim de semana do mês Fúria de titãs manteve a liderança, por pequena margem, quando dados preliminares davam conta de que Uma noite fora de série seria o vencedor. Já no fim de semana subsequente, ocorreu o mesmo envolvendo Como treinar seu dragão e a estréia Kick Ass – quebrando tudo. O primeiro foi declarado vencedor nas estimativas de domingo, para ter sua posição corrigida na divulgação oficial de segunda.
Essas correções raramente acontecem. Contudo, com a profusão de filmes em 3D torna-se mais difícil o cálculo matemático que orienta essas estimativas dos estúdios. Tendo em vista que o ingresso 3D é mais caro, sempre pode haver surpresas de última hora. De qualquer jeito, nos dois fins de semana os filmes que atraíram mais público foram os lançados em formato tradicional.

It ain´t over till is over
Como diria Rock Balboa, só acaba quando termina. E nesse mês, estúdios e produtores de cinema, assim como os fãs, ficaram em suspense até o último momento para saber os campeões de bilheteria dos fins de semana. Viradas apertadas e os filmes em 3D faturando menos do que se esperava, mas confundindo a apuração dos dados mais do que imaginado, pautaram o duelo pelas bilheterias nesse mês que precede o verão americano.



Fim de semana 1 (2,3 e 4 de abril)

Perseu destrona Miley Cyrus
Ambos os filmes foram massacrados pela crítica. Tanto a nova versão de Fúria de titãs (protagonizada pelo astro em ascensão, Sam Worthington) quanto o romance adolescente The last song, que traz a estrela teen como protagonista. No embate que se anunciava entre os dois, melhor para o herói grego que chegou em cópias 3D e 2D.
Outra estréia que se deu muito bem foi o novo filme do diretor e comediante Tyler Perry. Why did I get married too? estreou em segundo lugar, relegando o antigo líder, Como treinar seu dragão, para o terceiro lugar.


Enquanto isso no Brasil...
O filme nacional Chico Xavier, sobre o famoso médium brasileiro, estreou registrando a melhor estréia de um filme nacional na história. Com 600 mil espectadores no fim de semana de estréia, Chico Xavier deixou para trás a antiga marca, do ainda campeão de bilheteria Se eu fosse você 2, que no ano passado levou 540 mil aos cinemas em seu fim de semana de estréia.



Fim de semana 2 (9,10, 11 de abril)

Aos 45 minutos do segundo tempo
A principal estréia da semana, Uma noite fora de série (Date night), que teve lançamento simultâneo em vários países, não conseguiu tirar Fúria de titãs da liderança. O filme estrelado por Steve Carell e Tina Fey agradou ao público e quase desbancou a aventura grega do topo. Nos dados preliminares divulgados no domingo, parecia que o filme conseguiria tirar Fúria de titãs do topo. Mas essa impressão não se confirmou. De qualquer maneira, o interesse pela fita estrelada por Sam Worthington despencou em mais de 70%. Um dado muito negativo e preocupante para a Warner, uma vez que o filme ainda será lançado em outros mercados internacionais.
Sem muitas estréias, as posições permaneceram praticamente inalteradas. Em terceiro lugar, a animação Como treinar seu dragão somou mais U$ 25, 4 milhões e chegou a marca de U$ 134 milhões. Depois de seis semanas entre os cinco primeiros, Alice no país das maravilhas saiu do top 5.


Enquanto isso no Brasil...
Apesar da estréia de Uma noite fora de série, o nacional Chico Xavier permaneceu na liderança e atingiu, rapidamente, a marca de 1 milhão de espectadores.


Fim de semana 3 (16,17,18 de abril)

O 3D embola o meio campo
Uma comédia de ação carregada no humor negro e aguardada por Nerds de plantão chega aos cinemas com pompa, apesar da censura R (que proíbe a entrada de menores de 17 anos desacompanhados de um maior). Quebrando tudo venceu, de forma apertada, a animação Como treinar seu dragão. A estréia angariou U$ 19,8 milhões, enquanto que a animação da Dreamworks ficou com U$ 19,6. Há dois dados interessantes aí. O primeiro deles é que ao contrário de outro grande filmes em 3D em cartaz, Fúria de titãs, Como treinar seu dragão tem mantido sua média de público quase intacta, o que lhe valeu após um mês em cartaz a briga pela liderança das bilheterias, enquanto Fúria de titãs após 2 semanas já não se encontra mais nessa briga. O outro dado é a falsa percepção de sucesso que o 3D dá a determinado filme. Mais do que nunca, essa constatação se fez presente nesse fim de semana. Quebrando tudo teve um lançamento bem menor do que os outros filmes em cartaz, cerca de 1000 salas a menos do que os dois filmes em 3D por exemplo, e tem censura R. Mesmo assim foi visto por mais pessoas. O que os dólares arrecadados não indicam, já que os ingressos para Como treinar seu dragão são mais caros. A estréia de Quebrando tudo foi inferior as estimativas do estúdio, mas foi melhor do que um primeiro olhar sugere.


Enquanto isso no Brasil...
O reinado de Chico Xavier nas bilheterias continua!



Fim de semana 4 (23,24,25 de abril)

Economizando para o verão
No fim de semana mais fraco do ano, Como treinar seu dragão voltou ao topo das bilheterias americanas, mesmo depois de um mês em cartaz. A animação da Dreamworks arrecadou mais U$ 15,4 milhões e teve desempenho melhor do que as estréias Os perdedores e Plano B. Ainda merece destaque o campeão de bilheteria Alice no país das maravilhas que na décima posição, somou mais U$ 2,26 milhões aos seus U$ 328 milhões nas bilheterias americanas. O fraco desempenho das bilheterias nesse fim de semana pode ser um indicador de que as pessoas não se cativaram pelos filmes em cartaz e estão mesmo na expectativa pelos lançamentos que começam a chegar na semana que vem.


Enquanto isso no Brasil...
O aguardado Alice no país das maravilhas finalmente estreou e acabou com o reinado de Chico Xavier nas telas brasileiras. E foi em grande estilo. Quase 1 milhão de pessoas foram ver o novo filme de Tim Burton nos cinemas, o que valeu uma renda bruta de R$ 10 milhões. Foi a melhor estréia de uma produção Disney no mercado brasileiro na história.

Kate Winslet é uma Musa Claquete!


A briga pelo primeiro título de musa Claquete se entrincheirou entre a espanhola Penelope Cruz e a inglesa Kate Winslet logo nos primeiros momentos da votação. A musa de Almodóvar largou na frente, mas no final da semana passada, ela foi ultrapassada pela ex-mulher de Sam Mendes. Kate abriu vantagem e cravou 43 % da preferência do eleitorado, deixando La Cruz com 35%. A francesa Eva Green e a americana Halle Berry, coadjuvantes nessa disputa, ficaram em terceiro e quarto lugares, respectivamente. Além da beleza, é possível supor que o talento extraordinário de Kate tenha pesado junto ao (e) leitores do blog. As outras candidatas voltarão a pleitear o título de musa mais adiante, mas a primeira Musa Claquete é Kate Winslet e você já pode apreciá-la na página de musas do blog.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Movie Pass

A cinematografia argentina é, seguramente, a mais pulsante da América Latina. Não obstante o Oscar de produção estrangeira recebido pelo filme O segredo de seus olhos, de um dos maiores expoentes do cinema daquele país, o diretor Juan José Campanella, o cinema argentino já garantiu presença no próximo festival de Cannes, com o novo trabalho do cineasta Pablo Trapero, Carancho. Em comum, ambos os filmes têm o ator Ricardo Darín. O mais respeitado e prestigiado ator argentino. Aos 53 anos, Darín já coleciona mais de 30 produções em sua filmografia. Muitas delas de prestigio e notoriedade internacional, como essas duas mais recentes. Outro filme recente estrelado por Darín, que participou da mostra Um certo olhar do festival de Cannes de 2007, é XXY.
A fita, dirigida por Lucía Puenzo, traz o ator em um papel secundário, mas intenso. O filme mostra um casal às voltas com um problema inusitado. Seu filho nasce com características dos dois sexos. Após muitas consultas médicas para tentar entender o problema e procurar soluções, o casal opta por não realizar uma cirurgia que entendem ser uma violência contra o corpo de seu filho. Eles, então, se retiram para cuidar da criança em um local isolado.
O filme evolui muito bem e aproveita todo o potencial que a história oferece. Sexualidade, proteção, preconceito e amor são debatidos com firmeza na produção que chegou a ser exibida em cinemas brasileiros, mas não foi prestigiada a contento.
O Movie Pass destaca XXY na seção deste mês por se tratar de um filme que dentro da cinematografia cult por excelência de um país e de um ator, permanece como um filme a ser descoberto e apreciado. A força do cinema argentino e toda sua criatividade autoral estão registradas nesse pequeno filme da terra de Messi.







A seção Movie Pass deste mês é oferecida como homenagem ao amigo, e leitor de Claquete, Paulo Soares.

domingo, 25 de abril de 2010

Os 25 melhores filmes da década: 5 - O segredo de Brokeback mountain

“Se você não pode consertar, você tem que suportar!”


Sinopse
Jack Twist e Ennis Del Mar são dois jovens que se conhecem no verão de 1963, após serem contratados para cuidar de ovelhas na montanha de Brokeback. Jack deseja ser cowboy e está trabalhando no local pelo 2º ano seguido, enquanto que Ennis pretende se casar com Alma tão logo o verão acabe. Vivendo isolados por semanas, eles se tornam cada vez mais intímos e iniciam um relacionamento amoroso. Ao término do verão cada um segue sua vida, mas o período vivido naquele verão irá marcar suas vidas para sempre.

Comentário
Um filme que suscitou muita polêmica e atenção à época de seu lançamento. Mas O segredo de Brokeback mountain antes de ser um melodrama romântico ou o filme dos caubóis gays (como é pejorativamente chamado), é das mais contundentes e prolíficas análises sobre a solidão. Solidão no sentido mais amplo e periférico que o termo sugere. Estar sozinho, afinal, pode mais do que qualquer coisa ser um estado de espírito. É essa imposição metafísica que Ang Lee captura com soberba maestria e ritmo. A história de dois homens que vivem uma incendiária paixão em um verão de 1963 e que tornam-se prisioneiros dela é de uma beleza tão fugaz quanto obliqua.
Jack Twist e Ennis Del Mar reagem de forma diferente a essa realidade. Enquanto um é mais receptivo ao sentimento que o consome, e tenta reconquistá-lo sem sucesso em outras relações homossexuais esporádicas, o outro sucumbe a um doloroso litígio com sua consciência.
O elenco está formidável, mas é Heath Ledger quem explode na tela. O ator equilibra-se muito bem no registro de um homem que esconde seus desejos e sensibilidade na virilidade abrutalhada que a sociedade espera dele. Um filme que tem na dimensão da atuação de Ledger sua força bruta.


Prêmios
3 Oscars (direção, roteiro adaptado e trilha sonora); 3 Baftas (filme, roteiro adaptado e ator coadjuvante); 4 Globos de ouro (filme/drama, direção, roteiro e canção original); melhor filme e direção para a associação de críticos de Boston; 3 critic´s choice awards (filme, direção e atriz coadjuvante); Melhor filme, ator e roteiro para a associação de críticos de Ohio; Melhor fotografia e trilha sonora para o círculo de críticos de Chicago; 4 prêmios da associação de críticos de Dallas (filme, direção, roteiro e trilha sonora); prêmio do sindicato dos diretores; 4 prêmios do círculo de críticos da Flórida (filme, direção, roteiro e trilha sonora); 2 independent Spirit awards (filme e direção); 4 prêmios do círculo de críticos de Las Vegas (filme, direção, ator e trilha sonora); melhor filme e direção pelo círculo de críticos de Londres; melhor filme e direção pela associação de críticos de Los Angeles; Melhor diretor e ator coadjuvante pelo National Board of Review; 3 prêmios do círculo de críticos de Nova Iorque (filme, direção e ator); prêmio do sindicato dos produtores; 6 prêmios da associação de críticos de Phoenix (filme, roteiro, ator, ator coadjuvante, atriz coadjuvante e trilha sonora); 3 prêmios do círculo de críticos de São Francisco (filme, direção e ator); prêmio do sindicato dos roteiristas; leão de ouro em Veneza;

Curiosidades
- Cineastas homossexuais como Gus Vant Sant e Joel Shumacher estavam cotados para dirigir o longa
- O conto no qual o filme se baseia fora publicado originalmente na revista New Yorker
- Heath Ledger tornou-se persona non grata em algumas cidades do Wyoming, onde se passa a história do filme
- Naomi Watts, namorada de Heath Ledger à época, o encorajou a assumir o papel
- Grupos extremistas religiosos relacionam a morte de Ledger a “castigo divino” pelo papel que o ator fez aqui
- Daniel Day Lewis considera a performance de Ledger nesse filme como a mais incrível que ele já assistiu
- Por este filme, Ang Lee foi o primeiro asiático a receber o Oscar de direção
- O segredo de Brokeback Mountain é considerado por várias entidades ligadas ao movimento GLS como o melhor filme sobre a temática homossexual já concebido


Ficha técnica
título original:Brokeback Mountain
gênero:Drama
duração:02 hs 14 min
ano de lançamento:2005
estúdio:Paramount Pictures / Good Machine
distribuidora:Focus Features / Europa Filmes
direção: Ang Lee
roteiro: Larry McMurtry e Diana Ossana, baseado em estória de Annie Proulx
produção:Diana Ossana e James Schamus
música:Gustavo Santaolalla
fotografia:Rodrigo Prieto
direção de arte:Laura Ballinger
figurino:Marit Allen
edição:Geraldine Peroni e Dylan Tichenor
elenco: Heath Ledger, Jake Gyllenhaal, Michelle Williams, Anne Hathaway e Randy Quaid
Fonte: arquivo pessoal



ESPECIAL HOMEM DE FERRO 2 - Foi em Los Angeles!

Em primeira mão, Claquete traz algumas imagens da premiere internacional de Homem de ferro 2. O evento foi realizado ontem a noite na cidade de Los Angeles, depois de ter sido remanejado de Londres em função do vulcão islandês que paralisou todo o tráfego áereo da Europa esta semana. Todo o elenco compareceu ao evento, como atestam as fotos a seguir. Homem de ferro 2 estréia no Brasil na próxima sexta-feira. Nos EUA, a estréia ocorre uma semana depois, no dia 7 de maio.




Gwyneth Paltrow sorri para as câmeras




Para onde olho? Elenco e diretor reunidos, mas cada um olhando para uma câmera diferente





Uma das grandes atrações do novo filme, Scarlett Johansson também foi destaque na noite de sábado em Los Angeles



Obviamente, Robert Downey Jr. foi o mais concorrido star da noite. O ator também causou ótima impressão com sua escolha de roupa

Fotos:Getty images

Insight

Para onde está indo a carreira de Jennifer Aniston?

Ela é seguramente uma das mulheres mais bonitas do cinema. Por algum tempo foi uma das mais invejadas também. Casada com o ator Brad Pitt entre 2000 e 2005, dividiu os holofotes de sua vida pessoal com os holofotes do estrondoso sucesso na sitcom americana Friends. Antes do fim (traumático e difamatório) do casamento com Pitt, acabou o ganha pão de Jennifer na TV americana. Em muito por força da vontade da própria atriz que já ambicionava uma carreira no cinema mais ativa (algo difícil de conciliar com um programa de TV no ar), em parte porque o programa já caminhava para seu esgotamento.
Apesar de participações em alguns filmes e seriados, a carreira de Jennifer Aniston não existia antes de Friends. Como todo ator de sucesso na TV nos anos 90, a atriz foi convidada a se experimentar no cinema. O cinema independente foi o primeiro a abrir suas portas. Nosso tipo de mulher (1996) surgiu enquanto Friends ainda não era um sucesso absoluto. O filme, dirigido por Edward Burns, não exigia absolutamente nada de Jennifer, mas ela demonstrou desenvoltura cômica e potencial dramático na comédia romântica agridoce de Burns. Seguiram-se filmes mais comerciais que, de uma forma ou de outra, obedeciam ao arquétipo deixado pelo filme de Burns. Paixão de ocasião (1997), A razão do meu afeto (1998) e Como enlouquecer seu chefe (1999) traziam Jennifer em filmes como quem a acompanhava semanalmente na TV gostaria de vê-la. Ou seja, afastando-se um pouco da icônica Rachel Green, mas não muito. Foi a partir da união com Pitt e da consolidação de Friends como maior acontecimento midiático da TV no período (cada membro do elenco chegou a ganhar U$ 1 milhão por episódio entre 2001 e 2004), que Jennifer passou a perceber que tinha potencial para ser uma legítima estrela de cinema tal qual Julia Roberts, a maior daquele momento.



Enquanto dizia sim para projetos que a direcionavam para esse objetivo, como Todo poderoso (2003) e Quero ficar com Polly (2004), Jennifer tornou a se aventurar pelo cinema independente. Rock Star (2001) e Por um sentido na vida (2002) colocaram a atriz fora de sua zona de conforto. No primeiro filme, ela faz um papel coadjuvante simplório em um filme com pretensões artísticas nunca alcançadas, enquanto que no segundo, ela se experimenta em um papel dramático bastante diferente da maneira como o público se acostumou a vê-la. Embora Jennifer tenha sido bem sucedida (do ponto de vista da atuação) nas duas incursões, os filmes não renderam (tanto na bilheteria quanto na crítica) o esperado. E Friends continuava, para o bem e para o mal, como parâmetro para tudo que Jennifer experimentasse.

O recomeço após o fim
Com Friends e Brad Pitt para trás era hora de trilhar o caminho para o sucesso do jeito que ela queria. E Jennifer Aniston alternou projetos seguros (e por seguro entenda-se que encontraria um público saudoso de sua persona na TV) como Dizem por aí (2005) com apostas em outros gêneros como no thriller Fora de rumo (2005). De qualquer maneira o projeto de ser um sucesso comercial eclipsava qualquer pretensão artística. E mesmo estrelando uma comédia romântica diferente, como Separados pelo casamento (2006) ou uma comédia dramática mais sofisticada, como Amigas com dinheiro (2006), Jennifer Aniston encontrava dificuldade em se desvencilhar da forma como as pessoas a queriam ver. Como a mulher traída de Brad Pitt que só sabe fazer comédias e olhe lá. Se em 2008 ela esteve em um verdadeiro campeão de bilheteria, esse fato pouco se deve a ela. Marley & eu seria um sucesso de qualquer maneira. Adaptado de best seller, filme família, de cachorro e lançado na época de natal é receita certa e vacinada. Jennifer teve a sorte de aí sim, escolher um projeto com timing perfeito. No principio de 2009 ela acertou de novo ao entrar para o elenco do sucesso de bilheteria estrelado, Ele não está tão a fim de você. Mas de novo, o filme já era um acerto, independentemente de Jennifer. Ainda em 2009, ela estrelou um filme renegado pelo público americano (que segue a mesma linha “comédia romântica madura” de Separados pelo casamento), O amor acontece foi para a atriz o que seus dois filmes anteriores não tinham sido. Uma tragédia em termos de timing. Caçador de recompensas (seu mNegritoais recente lançamento nos cinemas) pena nas bilheterias americanas e não deve chegar aos U$ 100 milhões (quantia necessária para deixar de ser considerado um fracasso). A comédia de ação traz Jennifer Aniston novamente como a Jennifer Aniston dos tempos áureos de Friends. Só que agora o público parece cansado dessa imagem. O mesmo público que não permitiu que ela mudasse de imagem.
Em dezembro de 2008, à época do lançamento de Marley & eu, a atriz foi capa da Entertinment weekly: mais um recomeço para Jen


Novos rumos
Recentemente a atriz manifestou ao site Contact music a vontade de dirigir. Alegou que chegou naquele ponto da carreira em que se cansou e gostaria de se experimentar. Como atriz ela tem engatilhado, ainda para esse 2010, The Switch, mais uma comédia dramática em que Jennifer se vê em apuros em uma relação conjugal.
Na verdade, a idéia de dirigir (segundo o site Contact music o projeto já estaria até mesmo em desenvolvimento), oriunda dessa dificuldade de assumir o controle de sua carreira propriamente dita. Jennifer Aniston tinha um plano. Mas os caprichos da vida e do público, que a fama com Friends e Brad Pitt constituiu, não permitiram que ele fosse executado a contento. A direção vem como mais um grito de socorro. Como parecem ter sido essas comédias dramáticas em que sua personagem não necessariamente tem um final feliz.

Jennifer recebe um globo de ouro por sua atuação em Friends: depois do fim do seriado ele nunca mais voltou as cerimônias de premiação como indicada


O contraposto de Friends nunca veio. Há quem diga que a atriz é a mais reconhecível e mais bem sucedida do elenco do antigo seriado. Essa impressão é apenas uma impressão. Jennifer Aniston está exatamente no mesmo ponto da carreira cinematográfica que estava quando atuava no seriado. A única coisa que está maior é o desgaste do público para com ela. Vale lembrar que ela era a única com pretensões de virar estrela de cinema. As pretensões dos demais atores, evidentemente mais modestas, podem até mesmo não ter sido plenamente realizadas, mas em termos de proporcionalidade, eles foram mais felizes em seus intentos.
Jennifer Aniston é boa atriz. Já mostrou isso em mais de uma oportunidade. Contudo, parece impossível evitar o pensamento de que é uma daquelas atrizes que foram engolidas pela celebridade que nela afloraram.

Critica - Caçador de recompensas

Tudo no devido lugar
Fazer comédia de ação é algo muito comum no cinema americano. De uns tempos para cá, no entanto, uma improvável variante se deu. A comédia de ação romântica. Desde o acachapante sucesso de Sr & sra. Smith (EUA 2005). A fórmula vem sendo repetida sem o mesmo resultado nas telas e nas bilheterias. Caçador de recompensas (The bounty hunter, EUA 2010) é o mais novo filme desse sub-gênero. Estrelado pela ex do Sr. Smith Brad Pitt e por Gerard Butler (ator facilmente identificável em filmes de ação e em comédias românticas), a fita dirigida por Andy Tennant (dos agradáveis Doce lar e Hitch – conselheiro amoroso) é uma conjunção de química do casal protagonista, fórmulas batidas e bem sucedidas do filme de 2005 e clichês mais velhos do que aquela dentadura esquecida no banheiro.
O filme não vem fazendo o sucesso esperado nas bilheterias americanas. Mas isso se deve mais ao fato do espectador já estar saturado da proposta do filme (um segundo Sr & Sr. Smith está nos planos da FOX) do que a algum problema desta fita propriamente dito. Caçador de recompensas peca por sua irregularidade. Tennant não sabe adornar bem um filme de comédia que também tem uma trama de ação. Ora o filme é cômico, ora é sério. O diretor encontra dificuldades para fazer o que Doug Liman fazia com relativa naturalidade no filme de 2005. A parte esse pequeno desnível, Caçador de recompensas é um deleite. Tem boas piadas, Butler e Anniston esbanjam química, a trilha sonora pop é boa e os coadjuvantes funcionam bem.

Gerard Butler e Jennifer Aniston em cena do filme: química, fórmulas repetidas e boa trilha sonora

Tudo é previsível no filme, o que já era de se esperar, mas Butler e Anniston brilham imensamente e criam personagens simpáticos e contundentes, mesmo com um roteiro esburacado. A química da dupla é realmente impressionante. O que ajuda a entender o porque do envolvimento entre eles na vida real (só para não perder o bonde, tal qual ocorrera no filme de 2005).

sábado, 24 de abril de 2010

Contexto

Quando a adolescência é o foco


Mano e suas 1001 sensações são flagrados em As melhores coisas do mundo


Todo mundo sabe que os adolescentes formam o maior contingente dos frequentadores de cinema no mundo. Há toda um produção orquestrada para agradar seus gostos. De Crepúsculo a Homem-aranha. De American Pie a High School Musical. Os produtos voltados para o público adolescente são o carro chefe de estúdios que sabem que ali está o ouro que buscam nesse negócio chamado cinema. Porém, essa produção para adolescentes poucas vezes busca se comunicar e oferecer perspectiva ao mesmo. Ou seja, poucas vezes o cinema reproduz o universo adolescente de maneira fidedigna sem impulsos maniqueístas em seu entorno. As melhores coisas do mundo (Brasil, 2010) é, portanto, cinema de vanguarda dentro desse cenário. O fato de ser um filme brasileiro só aumenta o seu clamor.
A história de Mano (Francisco Miguez) é universal. Os dilemas do menino de classe média paulistana são os mesmos de 70% dos jovens nessa faixa etária e a maneira como Laís Bodansky dá voz a eles, é das mais acertadas. Visto na tela do cinema parece fácil, mas alcançar o nível de fidelidade e acuidade na reprodução do universo mostrado não é tarefa das mais simples. O flerte com o clichê é indesviável e a adesão a ele é tentadora. É justamente pela via mais fácil que caminham todos os filmes que exploram o universo adolescente, caso de grandes sucessos do cinema como American Pie (1999) e Clube dos Cinco (1985). Há caso de filmes que são bem sucedidos em abordar o universo adolescente, ainda que de maneira superficial, e também atingem sucesso comercial junto a seu público alvo. Como o clássico Curtindo a vida adoidado (1986) e o fofinho Amor ou amizade (2000).


O cinema teen embala a pergunta que aflige os adolescentes: Você namoraria o seu melhor amigo?



Justin Timberlake e Emile Hirsch em cena de Alpha dog: A incosequência é o pior dos pecados...

As ansiedades e neuras adolescentes já foram visitadas por diferentes cineastas e por variados primas. Nenhum foi tão ousado, experimental e questionador quanto Gus Vant Sant. Ele realizou dois “filmes de mestre” sobre a temática. Elefant e Paranoid Park se assemelham na tentativa do cineasta de entender o espaço tempo da adolescência. Mas seus filmes não foram feitos para adolescentes. Foram feitos para sociólogos e teóricos do cinema.

O clássico e o cult: um jovem Matthew Brodderick no clássico da sessão da tarde, Curtindo a vida adoidado e o jovem angustiado de Elefant no cult e premiado trabalho de Gus Van Sant


Por isso tudo, um filme como As melhores coisas do mundo se destaca. A fita de Laís Bodansky evita a pretensão sociológica inerente aos trabalhos de Van Sant e abraça seu público sem falso moralismo. Não cede a tentação de justificar seus personagens, nem tem para com eles uma postura paternalista. As melhores coisas do mundo é um cinema adolescente em estado bruto. É comercial, poético, questionador, surpreendente e, em certa medida, previsível. Solar, como deve ser essa fase da vida, e insidioso, como se espera de um jovem ansioso por descobrir o mundo. Bodansky certamente não descobriu a pólvora, mas parece ter descoberto uma fórmula que tanto o cinemão quanto o cinema independente não possuem por inteiro.


Ellen Page é Juno: um novo estereótipo de adolescente é descoberto pelo cinema

Se você gostou desse artigo e deseja repercutir o tema abordado a partir de variados pontos de vista, Claquete recomenda os seguintes filmes:

Houve uma vez dois verões, de Jorge Furtado (Brasil, 2002)
Aos treze, de Catherine Hardwicke (Thirteen, EUA 2003)
Amor ou amizade, de Robert Iscove (Boys and girls, EUA 2000)
Elefant, de Gus Vant Sant (EUA 2003)
Paranoid Park, de Gus Vant Sant (EUA 2007)
Juno, de Jason Reitman (Juno, EUA 2007)
Alpha dog, de Nick Cassavetes (Alpha dog, EUA 2007)

De olho no futuro...

Novo filme do 007 é adiado indefinidamente
Quando tudo parecia engatilhado para o início da produção do novo filme de James Bond, um balde de água fria. Os produtores da franquia do espião inglês anunciaram essa semana que estão paralisando a pré-produção do vigésimo terceiro filme de Bond indefinidamente. Isso ocorre, segundo comunicado oficial, devido a incerteza quanto ao futuro da MGM (estúdio que distribui e co-produz os filmes do agente secreto). A MGM carrega um processo de falência já há algum tempo e não emite sinais de recuperação. Tão pouco há compradores interessados em adquirir o estúdio. Além de atrasar a próxima aventura de Bond, a paralisação pode prejudicar os contratos já firmados. Como, por exemplo, com o diretor Sam Mendes e a nova Bond girl, Frieda Pinto.

Os best sellers de auto ajuda vão ao cinema
As comédias românticas passam por um período de reinvenção. E não há indício mais sintomático disso do que as novas fontes para alguns filmes do gênero, os livros de auto ajuda. Depois do imenso sucesso de Ele não está tão a fim de você há dois anos, outro best seller da área deve chegar aos cinemas em breve. Trata-se de "Homens são de marte, mulheres são de Vênus". A Summit Entertainment, estúdio responsável pela saga Crepúsculo, comprou os direitos do livro para TV e cinema. O livro, que se desdobrou em uma série com mais cinco exemplares, foi um dos precursores na literatura que trata do convívio entre os sexos opostos.


Só se for em 3D
E tudo parece girar em torno do 3D esses dias em Hollywood. Já há algum tempo na fase de boatos, Homens de preto 3 acaba de ser confirmado pela Columbia pictures. MIB 3D, que será como entrega o nome em 3D, trará Will Smith e Tommy Lee Jones novamente no elenco. Josh Brolin e Sacha Baron Cohen também são cotados para estrelar o filme. A confirmação do filme, que segundo consta só recebeu o ok para ser gravado em 3D, contrasta com a mais nova polêmica que cerca a produção do novo filme do Batman. Wally Pfister, diretor de fotografia de A origem, declarou essa semana que ele, Chris Nolan e a Warner entraram em desacordo quanto a tecnologia que será usada para rodar o próximo filme do homem morcego. Nolan e Pfister querem usar película e são resistentes ao 3D enquanto que a Warner trabalha para que todos os seus blockbusters sejam lançados em 3D. E aí? Cara ou coroa?

Tommy Lee Jones e Will Smith voltarão a viver K e J, respectivamente: Mesmo em 3D, MIB não seria nada sem eles


Um filme interessante
Natalie Portman em uma comédia romântica? É isso mesmo. A atriz irá se juntar a Brad Pitt no filme Important artifacts. O filme, adaptação da obra homônima de Leanne Shapton, será escrito e dirigido por Greg Mottola, o responsável por pérolas como Superbad e Férias frustradas de verão (adventureland, para os hypados). É um projeto interessante. Nomes pouco afeitos a comédias românticas e um diretor criativo e com uma linguagem pop a frente de tudo. O filme será produzido por Brad Pitt, através de sua produtora, a Plan B.



Mais novidades sobre o novo longa de Woody Allen
O diretor Woody Allen é conhecido por batizar seus filmes na sala de montagem. Dessa vez, ele resolveu inovar. Seu próximo e muito antecipado projeto que será rodado no verão europeu na França já têm nome definido, Midnight in Paris. Allen adiantou também um pouco da história. “O filme irá explorar a ilusão que as pessoas têm de que uma vida diferente da própria é melhor”, definiu o diretor americano. Allen confirmou, ainda, as presenças de Michael Sheen, Kathy Bates e Rachel McAdams no elenco. Eles juntam-se aos já previamente confirmados Owen Wilson, Marion Cotillard e a primeira dama francesa, Carla Bruni.

Rachel McAdams e Owen Wilson em cena do sucesso Penetras bons de bico: eles voltarão a contracenar sob as ordens de Woody Allen

sexta-feira, 23 de abril de 2010

ESPECIAL HOMEM DE FERRO 2 - Cantinho do DVD

Faz sentido, dentro de um especial planejado para alimentar, e ao mesmo tempo saciar as expectativas do leitor, comentar o primeiro filme da aguardada continuação que chega daqui a uma semana. O post Revendo o primeiro filme contextualizou as circunstâncias da produção do primeiro filme e a percepção dos envolvidos no projeto com o sucesso da fita. Chegou a hora de ir mais a fundo nessa revisão. A seção Cantinho do DVD dessa semana, portanto, apresenta a critica do primeiro Homem de ferro, o filme que avalizou a Marvel como estúdio de cinema.


* Vale lembrar que a critica foi escrita à época do lançamento do filme.



Tudo certo!

Homem de Ferro (Iron Man, EUA 2008) não é só responsável por abrir o verão americano de 2008, época dos grandes lançamentos cinematográficos, ele é também a grande ficha da Marvel, para se firmar na industria cinematográfica. Depois de licenciar seus personagens para outros estúdios, a editora através do recém criado Marvel Studios bancou sozinha os 200 milhões para produzir o filme, e fechou um acordo com a Paramount para distribuí-lo.
Homem de Ferro é portanto o cartão de visitas da Marvel em Hollywood e também representa as chances da editora em evoluir para um estúdio. Se depender do filme, o futuro será próspero. A fita dirigida pelo bom ator e inexperiente diretor Jon Favreau é um triunfo em todos os sentidos possíveis e imagináveis. E como comprova a esmagadora bilheteria do fim de semana de estréia (U$105 milhões), o público endossa.
A história do Homem de ferro, para os não iniciados. Tony Stark é um quarentão bilionário e cuja principal jóia do pool de empresas que possui é uma empresa armamentista. Depois de ser capturado e torturado sob a mira das próprias crias, ele resolve bancar o herói, construindo um traje e combatendo o mal. Como não poderia deixar de ser, o filme é um filme de origem, mas o ritmo impresso pelo diretor Jon Favreau é certeiro. O diretor consegue preservar a essência dos quadrinhos, á parte algumas concessões necessárias -como a substituição do Vietnã pelo Afeganistão, como o país em que Stark é capturado -e abraça com gosto a narrativa cinematográfica vigente em produções de ação contemporâneas, entretenimento aliado a inteligência.
É justamente desse último fator que surge a mais inusitada característica da fita. Sua agenda politica. Ora, um blockbuster de verão que tem como linha mestra de sua narrativa criticar de forma tão aberta e direta o comércio de armas e o papel do governo americano na questão é deverás inesperado. Mas Favreau orquestra sua critica com tamanha habilidade que não permite que o discurso se sobreponha a ação nem que o inverso ocorra.
Alias, Favreau é mais uma grata surpresa. Sua segurança e eficiência em conduzir um processo de criação tão complexo quanto um filme de verão, com expectativas redobradas, devido as apostas da Marvel e a sempre perturbadora marcação dos fãs, é salutar tanto para a critica as voltas com um novo talento para criticar, tanto para o público que passará a conhecê-lo de fato.
Mas não nos enganemos, Homem de Ferro tem alguns problemas. Mas tem também Robert Downey Jr. No que pode ser considerado o papel de sua vida. Não por ser um blockbuster, mas por representar mais uma chance de redenção para o astro que passou os anos 90 imerso em drogas e prisões. Downey Jr. recheia seu Tony Stark de auto referências, cinismo e um delicioso charme blasê. É sem dúvida na presença magnética do ator que o filme ganha seu Status Quo. Downey Jr. pode não ter nascido para viver Tony Stark. Mas de tão bom ator que é, você jura que ele não pode ter nascido para outra coisa.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Cenas de cinema

Good night and good luck
Depois de duas décadas de união estável, a despeito dos escândalos de bebida e dos ataques de anti semitismo, Mel Gibson parece ter tomado gosto pelo “não sou de ninguém”. Depois de engatar um romance, e promover a carreira, da cantora russa Oksana Grigorieva (pivô do fim de seu casamento) no final do ano passado, o ator acaba de anunciar sua separação da dita cuja. A revista People apurou que apesar do anúncio oficial de separação cordial, o buraco foi mais embaixo. Grigorieva, segundo apurou a publicação, daria verdadeiros chiliques diariamente e a todo tempo insinuava possível infidelidade de Gibson. Além das tradicionais queixas de falta de atenção a família (o detalhe aí é que eles ainda não haviam constituído uma família). Gibson resolveu dar um basta e se separou. Revoltada, a russa anunciou que irá abrir para a imprensa detalhes nem um pouco lisonjeiros da rotina do casal. Ah, essas celebridades...

Mel Gibson sorri, mas por dentro ele está chorando...


Quem realmente se deu bem com essa história?
Que Hollywood adora um babado todo mundo sabe. Que você tem grandes chances de faturar uma boa grana sendo um paparazzi freela na cidade dos anjos, também não é nenhuma novidade. De qualquer jeito, algumas notícias ainda são capazes de causar certa estranheza em nós mortais. Como essa última envolvendo a separação de Sandra Bullock e seu infiel companheiro, o apresentador de reality show, Jesse James. Uma foto da atriz em um restaurante sem aliança foi leiloada no final de semana passado entre diversos veículos da celebrity gossip. Faturou o leilão informal, pela quantia de U$ 60 mil, o tradicional programa de TV Entertainment tonight. O preço da exclusividade sobre uma coisa tão dispensável como essa diz muito sobre nós mesmos enquanto sociedade. Diz muito também sobre o quão mal remunerados estamos cá com nossos trabalhos.


Quero ser grande
Todo cinéfilo que se preza já está em contagem regressiva para o festival de Cannes, que começa no próximo dia 12 de maio. Porém, antes dele, outro festival de grandes aspirações dá sua largada. O festival de Tribeca surgiu como uma homenagem do ator Robert De Niro a cidade de Nova Iorque após os atques terroristas de 11 de setembro e como mais um reduto da produção independente americana. Aos poucos, o festival foi ganhando notoriedade e projetando maiores ambições. Ontem, a edição 2010 do festival teve inicio com a pré-estréia mundial do quarto filme do ogro Shrek, Shrek para sempre. Ainda estão previstos para exibição em Nova Iorque os novos trabalhos de Michael Winterbottom e Woody Allen. Trabalhos que também estarão em Cannes. Qualquer semelhança não é mera coincidência.



Um vulcão que atrapalha muita gente
O vulcão que entrou em erupção na semana passada na Islândia, impediu o tráfego aéreo na Europa e acarretou o maior prejuízo financeiro paras as companhias aéreas desde o 11 de setembro, também atrapalhou os planos dos grandes estúdios as voltas com a promoção de seus super lançamentos. A premiere mundial de Homem de ferro 2, prevista para ocorrer em Londres essa semana, foi remanejada para Los Angeles. O mesmo ocorreu com a coletiva de imprensa de Robin Hood que ocorreria em Londres alguns dias depois. O estúdio Universal achou por bem transferir o compromisso para Los Angeles e Nova Iorque.


Esse não é Jack Bauer!

Foto:reprodução The Sun
Kiefer é posto no carro à força: babando, trôpego e ofegante. Não é a imagem que seus fãs gostariam de ver...
Kiefer Sutherland apronta das suas não é de hoje. Bad boy convicto, beberrão e imprudente, muitos acreditam que Kiefer não sagrou-se astro de cinema devido a esses pequenos empecilhos. Achou seu canto na TV na badalada, e atualmente em sua última temporada, 24 horas. Essa semana Sutherland, que já cumpriu pena por dirigir embriagado tendo a carteira caçada, foi visto trôpego e totalmente embriagado saindo de um clube de strip tease, ou melhor sendo retirado do clube por seguranças mal encarados. Será a depressão com o fim da carreira de Bauer na cultura pop? Ou a vontade de se impor ao legado que o super agente deixa no imaginário cultural e em sua carreira?

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Tira - teima

Dia 30 de abril chega aos cinemas brasileiros o primeiro filme do verão americano de 2010. Homem de ferro 2 chega nos EUA uma semana depois, junto com o remake de A hora do pesadelo, para abrir a temporada mais lucrativa do cinema. Teremos muitos filmes aguardados, bons, surpreendentes e decepcionantes pelos próximos três meses. Para ajudar o leitor de Claquete a entrar no clima, a seção Tira-teima deste mês passa a régua nas duas últimas temporadas de blockbusters americanos. E aí, nas margens do verão de 2010, qual deixa mais saudade? O de 2008 ou o de 2009?







Principais Filmes

Arrecadação total:
2008 – Aproximadamente U$ 3,5 bilhões
2009 – Aproximadamente U$ 3,7 bilhões

O primeiro lançamento da temporada:
2008 – Homem de Ferro
2009 - X-men origens: Wolverine

A maior bilheteria:
2008 – Batman – o cavaleiro das trevas = U$ 1.100 bilhões
2009 – Harry Potter e o enigma do príncipe = U$ 933 milhões




A continuação desnecessária:
2008 – A múmia: Tumba do imperador dragão
2009 – Transformers – a vingança dos derrotados






O filme que decepcionou:
2008 – Hancock
2009- X-men origens:Wolverine

O “melhor” filme ruim:
2008 – O procurado
2009 – GI Joe: A origem do cobra




O filme que mobilizou a imprensa mundial:
2008 – Batman-o cavaleiro das trevas

2009 - Nenhum

TOP 10 Especial: Discursos/Monólogos do cinema

6 – “You gotta give them the Razzle Dazzle”, Richard Gere em Chicago

Espera-se de um bom advogado que ele seja capaz de reverter desvantagens. De fazer o ruim parecer bom. De convencer uma audiência de que o culpado é na verdade a vítima. O mecanismo dessa arte de ludibriar é belamente devassado em Chicago. O musical de Rob Marshall tem muitas cenas esplendorosas. Sejam pelo vigor visual, pela exacerbação técnica ou pelo sentido matador que apresentam. As vezes tudo isso junto. Como nessa cena em que o advogado cafajeste vivido por Richard Gere explica a sua cliente, uma assassina desequilibrada emocionalmente (Renée Zellweger) como ele irá manipular o júri, a mídia, e todos os demais componentes desse teatro social que é o tribunal do júri.
Pode-se argumentar que a percepção de Billy Flynt (Gere), além de moralmente condenável, é um tanto ultrapassada e repetitiva. Mas é infalível. Os cânones sociais e da cultura de celebridades são balançados enquanto Gere sapateia com voracidade. Para se ter sucesso em Chicago, ou qualquer outro lugar, é preciso dar o Razzle Dazzle.


TOP 10

Em homenagem a dois filmes (Uma noite fora de série e Caçador de recompensas), atualmente em cartaz nos cinemas, que apresentam casais com maneiras bem peculiares de expressar o amor que sentem, Claquete elaborou um top 10 diferente. 10 casais românticos de uma maneira bem especial.


10 – Cher Horowitz (Alicia Silverstone) e Josh (Paul Rudd) de As patricinhas de Bevely Hills
No filme que marcou a adolescência de muitas moças brasileiras e a carreira de Alicia Silverstone, testemunhamos um caso clássico de paixão. Cher não suporta o enteado de seu pai. Contudo, da implicância absoluta surge uma atração irresistível. Um delicioso imbróglio adolescente que preserva o charme até hoje.


9 – John Smith (Brad Pitt) e Jane Smith (Angelina Jolie) em Sr. & sr. Smith
Eles fingem ter a união perfeita. A paixão de outrora cedeu a conveniência das aparências. Quando ambos, espiões altamente letais, são destacados para matar um ao outro, a paixão reaparece. Uma inusitada crônica das reminiscências da vida de casado.


8 –Alvy Singer (Woody Allen) e Annie Hall (Diane Keaton) em Noivo neurótico e noiva nervosa
Imagine-se em uma relação amorosa com Woody Allen. Aqui temos a mais perfeita tradução do que quer que tenha surgido no exercício de imaginação proposto.


7- Andy Stitzer (Steve Carrel) e Trish (Catherine Keener) em O virgem de 40 anos
Como se relacionar com alguém que mantém a virgindade aos 40 anos? Essa indagação move o interesse da platéia enquanto assiste o misto de insegurança e insinuação de Andy. Trish, como toda mulher que deixa florescer o instinto maternal, acolhe o garotão.


6 – Harry Tasker (Arnold Schwarzenegger) e Helen Tasker (Jamie Lee Curtis) em True Lies
Muitos maridos vivem por aí uma vida dupla. Schwarzenegger traía sua mulher aqui com o governo dos EUA. Não é mole. E ela descobriu isso da pior maneira, quando sua vida, e de sua família, foi posta em risco por causa da profissão secreta do maridão. A pendenga acabou reforçando os votos de amor eterno. E tornou-os mais cúmplices do que nunca, como revela o bem sacado final.


5- Randy “o carneiro” robinson (Mickey Rourke) e Cassidy (Marisa Tomei) em O lutador
Um lutador de luta livre fracassado e enfartado cheio de arrependimentos e uma stripper que já está velha demais para a profissão. Se isso não é poesia cinematográfica, o que será? O que aproxima essas duas almas solitárias é justamente o que impede que fiquem juntos, em um romance doído e verdadeiro como poucos que se viu na história do cinema.


4- Mickey Knox (Woody Harrelson) e Mallory Knox (Juliette Lewis) em Assassinos por natureza
Existe algo mais romântico do que sair matando pessoas através dos EUA? Não para esses dois lunáticos que cruzam a América aos beijos e munidos de suas metralhadoras na concepção romântica mais absurda e ultrajante que o cinema já concebeu.


3 – Jack Perry (Josh Lucas) e Melanie Smooter (Reese Witherspoon) em Doce lar
Ter que ir atrás do ex-marido para conseguir o divórcio às vésperas de seu casamento é algo, no mínimo, chato. Principalmente se você “sumiu” sem dar explicações. Pois essa é a situação de Melanie. Ela só não contava com os desmandos de seu coração nessa comédia romântica bobinha, mas irresistível.


2- Jake (Alec Baldwin) e Jane (Meryl Streep) em Simplesmente complicado
O que um ex-casal com filhos em comum e um divórcio que já passa dos 10 anos pode fazer na véspera da formatura do filho do meio? Transar, oras. No filme de Nancy Meyers Jake e Jane resolvem suas pendências emocionais na cama.


1- Nikolai (Viggo Mortensen) e Anna (Naomi Watts) em Senhores do crime
Pode a mesma visão de mundo estabelecer uma conexão entre pessoas de mundos diferentes? Sim. É o que ocorre entre o gangster vivido por Viggo Mortensen e pela enfermeira interpretada por Naomi Watts. Essa conexão, no entanto, nunca avança. Seria, por demais, imprudente.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Critica - Zona verde

O thriller definitivo sobre o Iraque!

Era grande a expectativa pelo novo trabalho de Matt Damon e do diretor Paul Greengrass depois do desfecho da trilogia Bourne. Zona verde (Green zone, EUA 2010) foi anunciado com pompa, depois adiado e finalmente lançado em uma época de marasmo nas bilheterias americanas (o mês de março).
Essa evolução se deu em virtude do árido tema que o filme aborda. O Iraque e a inexistência de armas de destruição em massa que justificaram a guerra ao país então comandado por Saddan Hussein. Mas Zona verde não é apenas um filme sobre esse tema. É o filme sobre esse tema. Depois da eloquência do filme de Greengrass, ficará difícil, para não dizer desnecessário, retomar o tema. O diretor entrega aqui um filme ágil, um thriller de ação quase ininterrupta, um tenso painel político e uma audaciosa e aberta crítica a forma como as coisas foram conduzidas pelo governo americano. O sucesso de bilheteria, apesar de Damon e da memória de Bourne que ambos evocam, era, por consequência, um objetivo distante.
No filme, Damon vive Roy Miller, um subtenente do exército americano que lidera um pelotão encarregado de recolher armas químicas em lugares hostis destacados pelo serviço de inteligência. Com o passar do tempo, Miller começa a se inquietar pelo fato de perder homens e não achar absolutamente nada nesses locais. Ele então passa a colaborar com um agente da CIA (Brendan Gleeson) que além de descontente com a atuação americana na reconstrução do Iraque, desconfia dos motivos que levaram os EUA ao país do Oriente Médio.
A jornalista vivida por Amy Ryan tenta se aproximar do subtenente vivido por Damon: um país que recobra a consciência

Greengrass não deixa seu público respirar. A ação do filme se desenvolve em ritmo alucinante, assim como os diálogos inteligentes e repletos de sarcarsmo e sentido duplo. Zona verde não é para um público amplo. Não é indicado para quem gosta de cinema de ação sem conteúdo (maior parte da produção de ação americana), muito menos para quem não lê jornais e não está por dentro do contexto sócio-político do qual o filme trata. Para quem não tem interesse nesses pontos, é bom passar longe de Zona verde. É o que está fazendo o público americano. Um desperdício, na verdade. O filme é um tratado dos mais inteligentes sobre os desmandos de governos bélicos, sobre a facilidade que os mesmos têm de manipular a imprensa e sobre conscientização. Mais do que nunca, os americanos, pelo menos os que se preocupam com a questão do Iraque, estão se conscientizando. Assistir esse híbrido de ficção e documentário realizado por Paul Greengrass é algo capital nesse sentido.

ESPECIAL HOMEM DE FERRO 2 - Perfil: Mickey Rourke


Uma jornada incrível

Filho de pais separados e batizado Phillip Andre Rourke Jr., Mickey Rourke, que em setembro deste ano completará 58 anos, tem uma daquelas histórias extraordinárias que só Hollywood parece comportar. Foi ao olimpo para descer vertiginosamente ao inferno. Para quando menos se esperava, tornar a sair dele. Uma história que cativa, envolve e apesar de ser coisa de cinema é dolorosamente real.
Rourke em recente aparição pública: uma figura bizzara que pode ser lida como um homem que carrega as moléstias da vida que viveu


O começo
Na adolescência Rourke queria ser lutador profissional (seu pai, modelo direto, fora lutador de luta livre por um tempo). O jovem Rourke levava jeito. Aos 12 anos já como pugilista de boxe vencia suas primeiras lutas amadoras. Em 1971, após sofrer uma série de lesões e concussões na cabeça, Rourke foi aconselhado por médicos e treinadores a se afastar do esporte. Essa imposição da vida conciliou-se com a mudança de Rourke para Nova Iorque, onde começou a se interessar por teatro. Alguns pequenos papéis no cinema e no próprio teatro lhe valeram convites para filmes de realizadores que estavam em busca de novos talentos. Francis Ford Coppola era um deles. Ele escalou Rourke, assim como os jovens Matt Dillon, Diane Lane, Chris Penn e Nicolas Cage para O selvagem da motocicleta (1983). Antes disso, o ator já havia chamado atenção no thriller erótico Corpos ardentes (1981), estrelado por William Hurt e Kathleen Turner.
Ainda em papéis coadjuvantes, o ator continuava a chamar atenção em produções como Quando os jovens se tornam adultos (1982) e Nos calcanhares da máfia (1984). O estrelato parecia questão de tempo para Mickey Rourke.


O colírio da década

A cara de uma revolução sexual no cinema americano


Quando o diretor do hit da década de 80, Flashdance (1983) escalou Mickey Rourke para fazer par com a atriz Kim Basinger em um suspense erótico, não parecia que seria aquele o filme que transformaria definitivamente o status do ator em Hollywood. Pois 9 e ½ semanas de amor (1986) virou febre cult e fenômeno de bilheteria ao mesmo tempo. Na cidade de São Paulo, para se ter uma idéia do frisson causado pelo filme, a fita ficou em cartaz por dois anos e meio. Recorde absoluto e que dificilmente será quebrado. O filme de Adrian Lyne modificou a cultura pop da época e deu inicio a uma revolução sexual nos filmes americanos. E Mickey Rourke foi a cara dessa revolução. Era o astro do momento. O sexy simbol de uma geração em processo de auto-descobrimento. Ele era o que os homens queriam ser e o que as mulheres queriam ter.
Seguiram-se elogiados projetos como Coração satânico (1987), de Alan Parker, em que rouba a cena de Robert De Niro, Condenados pelo vício (1987), de Barbet Schroeder e Chance de vencer (1988), de Michael Seresin. Foi neste último, que o próprio Rourke escreveu e no qual vive um pugilista de boxe, que o ator voltou a alimentar o desejo de lutar profissionalmente. Desejo que havia sido deixado de lado com o estrelato em Hollywood.

A queda
Rourke passou então a alternar projetos em Hollywood com a tentativa de se profissionalizar no boxe. O fato de beber alucinadamente e frequentemente ter brigas homéricas com sua esposa na época, Debra Feuer, não o ajudaram em nenhum de seus propósitos. Apesar de ainda fazer filmes de relativo sucesso (todos cópias descaradas de 9 e ½ semanas de amor) como Orquídea selvagem (1990), Rourke já não conseguia capitalizar tão bem quanto outrora. Seu foco estava distorcido e seu problema com o alcoolismo só aumentava.
Em 1991, o ator anunciou que iria priorizar o boxe. E assim o fez. Embora tenha continuado com uma média de 1 filme por ano, entre 1991 e 1995, Rouke era um boxeador que também atuava em filmes B como Caçada sem tréguas, Areias brancas e Cúmplices do desejo.
O acumulo de lesões desfiguraram a face de Mickey Rourke que teve de recorrer a inúmeras cirurgias plásticas corretivas e tornou-se adepto do botox. A beleza viril e ao mesmo tempo sofisticada dos anos 80 ficara definitivamente na lembrança. Em 1995, exaurido e totalmente deformado pelo boxe, além de empobrecido, Rourke se afastara das lutas para retornar ao cinema.

Recomeço
Mas não foi fácil. Mickey Rourke não deixou muitos amigos no ramo. Muitos escândalos, esnobadas (Rourke sempre foi conhecido por ser dono de um gênio difícil) e atritos diretos lhe valeram uma considerável porção de inimizades. Rourke decidiu então fazer o caminho óbvio. Escreveu e produziu uma sequência constrangedora de seu maior sucesso. 9 e ½ semanas de amor 2 (1997) era tão vexamoso quanto Rourke desfigurado tentando posar de galã.
Pontas em filmes de amigos como Jean Claude Van Damme, A colônia (1997), e Francis Ford Coppola, O homem que fazia chover (1997), valeram uma sobrevida ao ator. E no limiar Rourke foi vivendo em Hollywood. De migalha em migalha ia tirando sua sobrevivência. Pequenos papéis em filmes de amigos foram sua realidade por dez anos. Dessa forma, ele participou de filmes de mediana exposição como O implacável (2000), com Sylvester Stallone, A promessa (2001), dirigido por Sean Penn, Era uma vez no México (2003), dirigido por Robert Rodriguez, Chamas da vingança (2004) e Domino (2005), de Tony Scoot.


A volta por cima
Em 2003, o camarada Robert Rodriguez o convidou para fazer um personagem de destaque em uma produção muito antecipada em Hollywood. Tratava-se de Sin City (2005) que debutou no festival de Cannes e foi sucesso absoluto de crítica e público. O melhor daquele filme? Mickey Rourke, todos diziam.
Sin city serviu para mostrar a gana que ainda movia o ator. Gana que Darren Arenofsky se interessou por potencializar e evidenciar em um filme que por diversas razões calçava o número de Mickey Rourke. O lutador (2008) foi o filme certo, na hora certa e com a pessoa certa. Se não fosse por Mickey Rourke, literalmente, essa elogiada e premiada produção não seria nem metade do que é.
O filme ilumina a trajetória de um homem que teve tudo e se afundou no nada. Mickey Rourke entrega uma atuação descomunal e ganhou diversos prêmios na temporada 2009. Seu nome estava novamente no mapa. Mickey Rourke era hype mais uma vez. Quem diria! Se aprendeu a lição? Tudo indica que sim. Rourke é bem mais afável hoje em suas declarações do que era na década de 80. Também prioriza os amigos. Dos 10 projetos futuros em que está envolvido, 8 deles são colaborações com quem sempre lhe estendeu a mão.
Em 2010, está no elenco do aguardado Homem de ferro 2 e de Os mercenários (filme de ação nostálgico dirigido pelo chapa Sylvester Stallone). Aliás, sua participação em Homem de ferro foi negociada no calor do Oscar 2009 (o qual Rourke concorria ao premio de melhor ator por O lutador). Rourke aproveitou para valorizar seu passe. Pediu mais do que estavam dispostos a pagar. Pagaram. Rourke vale a pena. Devem ter pensado os produtores do filme. Histórias como essa é sempre bom ter por perto.
Glória: Rourke ergue o globo de ouro que recebeu por seu desempenho em O lutador

segunda-feira, 19 de abril de 2010

ESPECIAL HOMEM DE FERRO 2 - Revendo o primeiro filme


Foram apenas dois anos, mas é possível afirmar que Homem de Ferro permanece como um filme acima da média, no tocante aos filmes de super heróis. Primeiro, por se tratar de um filme de origem (filmes de origem tendem a ser no mínimo aborrecidos). Segundo, por ser um filme dirigido por um diretor inexperiente e sem nenhum blockbuster no currículo (quem poderia pensar que Jon Fravreau se sairia tão bem a frente do filme, apenas o terceiro em sua carreira como diretor). Em um terceiro momento, o risco chamado Robert Downey Jr. Se hoje o ator lança o segundo filme com toda a pompa de astro que tem direito, no primeiro, a apreensão era generalizada e a resposta que Downey Jr. mais dava à época era acerca das semelhanças que compartilhava com o personagem (ambos têm problemas com bebida).
Havia ainda, em jogo, todo o capital financeiro da Marvel (até então uma grande editora de comics), na tentativa de se consolidar como estúdio de cinema.
Quem assistisse Homem de ferro sem a ciência desses fatos, não poderia supor que houvesse tamanha pressão para que esse filme desse certo. Mas nem mesmo os envolvidos esperavam tamanha repercussão positiva. “Foi um prazer fazer esse filme, mas não esperava que o público o abraçasse dessa maneira”, disse Jon Fravreau na faixa de comentários do DVD do filme. “Fiquei super feliz com todo o reconhecimento que o filme recebeu e só posso prometer que nos esforçaremos para fazer melhor no segundo”, acrescentou Robert Downey Jr. em entrevista que consta dos extras do DVD do primeiro filme.

Robert Downey Jr. faz pose na Comic Com do ano passado, onde apresentou o segundo filme: a aposta nele foi risco calculado ou tiro no escuro?


A Marvel garantiu o segundo filme logo após o arrasador fim de semana de estréia de Homem de Ferro. Foram U$ 105 milhões de dólares nas bilheterias americanas e outros U$ 170 milhões nas bilheterias internacionais. O sucesso de público e crítica do primeiro filme foram mais do que merecidos. Homem de ferro é um blockbuster com tudo que tem direito. Têm ação, diálogos ligeiros, efeitos especiais espertos e uma franquia genuinamente poderosa em ebulição. Contudo, a fita de Favreau não se resume somente a isso. É um filme que alia inteligentemente uma critica a indústria armamentista com o despertar da consciência de seu protagonista. Um arremedo dos mais vistosos a surgir no cinema para as massas e que legitima tanto o discurso do filme, quanto a motivação de Tony Stark em tornar-se um super herói.
Homem de Ferro ainda se beneficia do senso de humor inequivocamente particular (e sexy) de Robert Downey Jr. Sua caracterização do playboy aparentemente desalmado que na verdade é um fofo, cativa platéias. Sejam elas compostas por marmanjos, por crianças, por adolescentes, por gente bem casada ou por namoradas que acompanharam o namorado no primeiro filme e que agora os intimam a comparecer na estréia do segundo.
* Para saber mais sobre a realização do primeiro filme e da história da Marvel no cinema clique aqui!