quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Oscar Watch 2013 - A peleja dos diretores

Da esquerda para a direita: David O. Russell (O lado bom da vida); Steven Spielberg (Lincoln); Benh Zeitlin (Indomável sonhadora); Michael Haneke (Amor); Ang Lee (As aventuras de Pi)



(Des)spielbergizado

Há cineastas que são grifes e há Steven Spielberg. Um filme com sua chancela ou dirigido por ele pode ser reconhecido à milhas de distância. Lincoln, no entanto, exige um olhar mais atento. Muitas das idiossincrasias do cinema spielberguiano não estão em seu filme mais adulto. Ele pode ganhar o Oscar por sua contenção e comedimento em ser o Spielberg que todos conhecemos. Não deixa de ser inusitado.

Prós:
- É o diretor mais Hollywoodiano entre os indicados
- Em um ano sem um favorito declarado na categoria, o peso de seu nome pode prevalecer
- É certo que merece ser elevado à grandeza dos diretores vencedores de três Oscars
- Defende um trabalho pouco intervencionista, mas como um escultor de bom texto e atuações. A academia costuma premiar esse perfil de direção

Contras:
- Já tem um Oscar e o último diretor a ganhar o Oscar já tendo sido vitorioso previamente foi Clint Eastwood em 2005
- É certo que merece ser elevado à grandeza dos diretores vencedores de três Oscars, mas muitos podem pensar que este ainda não é o momento
- Muitos votantes podem entender que os grandes méritos de Lincoln são o texto de Tony Kushner e a atuação de Daniel Day Lewis
- Está longe de ser o melhor trabalho de direção de Spielberg dentre os que ele foi nomeado ao Oscar
- O fato de seu filme ter perdido força na temporada de premiações

Décima quinta indicação
Indicações anteriores
Diretor por Contatos imediatos do terceiro grau (1978)
Diretor por Os caçadores da arca perdida (1982)
Diretor por E.T – o extraterrestre (1983)
Produtor por E.T – o extraterrestre (1983)
Produtor por A cor púrpura (1986)
Diretor por A lista de Schindler (1994)
Produtor por A lista de Schindler (1994)
Diretor por O resgate do soldado Ryan (1999)
Produtor por O resgate do Soldado Ryan (1999)
Diretor por Munique (2006)
Produtor por Munique (2006)
Produtor por Cartas de Iwo jima (2007)
Produtor por Cavalo de guerra (2012)
Produtor por Lincoln (2013)

Vitórias anteriores:
Diretor por A lista de Schindler (1994)
Produtor por A lista de Schindler (1994)
Diretor por O resgate do soldado Ryan (1999)

Entre o espetacular e o sensível

Ang Lee é daqueles cineastas que a cada novo trabalho nos surpreende de maneira efusiva. Capaz de destrinchar narrativas épicas ou intimistas faz maravilhas com o material tido como infilmável do livro de Yann Martel. Seu trabalho em As aventuras de Pi, exuberante visualmente e profundo em termos de discurso, é dos mais encantadores do ano.

Prós:
- É o melhor uso do 3D no ano
- Lee alia exuberância técnica a esmero narrativo no desenvolvimento do plot, uma qualidade que não pode ser desprezada
- Assim como Spielberg é o único dos indicados ao Oscar que foi nomeado para o prêmio do sindicato dos diretores
- Esteve em todas as listas de melhores diretores do ano
-Seu filme tem forte apelo emocional
- É um diretor que reúne muitos admiradores
- Fora Affleck e Bigelow, que não estão indicados, é o único que ganhou prêmios da crítica na temporada

Contras:
- Já tem um Oscar e conquistado em sua última indicação
- A pecha de que a indicação já é suficiente
- A impressão de que seu filme mereça mais distinção por seu apuro técnico do que por suas qualidades narrativas pode lhe roubar votos importantes nesta categoria
- Até hoje nenhum diretor ganhou o Oscar por um filme rodado em 3D

Quinta indicação
Indicações anteriores
Produtor por O tigre e o dragão (2001)
Diretor por O tigre e o dragão (2001)
Direção por O segredo de Brokeback mountain (2006)
Produtor por As aventuras de Pi (2013)

Vitória anterior
Diretor por O segredo de Brokeback mountain (2006)

Crescendo e aparecendo

Desde que despontou na cena independente do cinema americano dos anos 90, David O. Russell chamou atenção. Diretor de técnica invejável, com um bom olhar para personagens disfuncionais e com talento para escrever roteiros também, Russell esbarrava em seu gênio difícil. São célebres seus desentendimentos com figuras da estampa de George Clooney. De uns tempos para cá, no entanto, Russell parece ter posto a casa em ordem. Seu cinema nunca esteve em melhor forma. Alcança sua segunda indicação ao Oscar, e por trabalho consecutivo, pela direção minimalista, mas crucial, em O lado bom da vida – um filme moderno e inteligente como poucos deste novo século.

Prós:
- É notável diretor de atores e isso pode lhe valer votos do brunch dos atores, o maior da Academia
- Está em alta junto ao acadêmicos que preferiram nomeá-lo ao indicar uma segunda vez o vencedor do Oscar no ano em que concorreu, o inglês Tom Hooper que estava no páreo com Os miseráveis
- Dirige o filme que conseguiu emplacar nomeações no chamado big five (filme, direção, roteiro, ator e atriz). O último a conquistar isso foi Menina de ouro em 2005 e Clint Eastwood venceu como diretor naquele ano
- Dirige um filme independente e nos últimos seis anos o diretor vencedor do Oscar dirigia um filme independente. Lee e Spielberg dirigem produções de estúdio
- Apareceu em algumas listas de melhores do ano como no Critic´s Choice Awards
- A história de que dirigiu o filme como uma forma de se comunicar com seu filho, também bipolar, pode conquistar alguns votos decisivos

Contras:
- Não ganhou nenhum prêmio na temporada
- Não estava na lista do sindicato dos diretores
- Diretores de comédias não costumam prevalecer nesta categoria

Segunda indicação:
Indicação anterior:
Diretor por O vencedor (2011)

Gênio do cinema

É muito justo que Michael Haneke, em 2013, seja o cara do Oscar. Há muito tempo ele já se inscreveu como um dos mais importantes e significativos cineastas de nosso tempo. Com Amor, ele concorre em quatro categorias no Oscar (direção, roteiro original, produção estrangeira e produção do ano). Não é pouca coisa. Pelo menos um Oscar ele leva para casa.

Prós:
- É uma direção calculista e inteligente na manipulação dos sentimentos e do espaço físico
- O irresistível apelo de reconhecer um diretor cult com um prêmio da indústria do cinema
- O fato de dirigir um filme duro, triste, mas de apelo universal pode lhe valer votos indecisos

Contras:
- Diferentemente de Lee, é um estrangeiro que dirige um filme falando em língua estrangeira
- O fato de diretores estrangeiros terem vencido nos últimos dois anos
-A pecha de que a indicação já é suficiente

Primeira indicação

A adorável surpresa

Ninguém, absolutamente ninguém esperava por Benh Zeitlin entre os indicados a melhor diretor no Oscar. Nem o próprio Zeitlin. Mas se ponderações forem feitas sobre os concorrentes do ano e sobre o trabalho de Zeitlin em Indomável sonhadora, ficará bem óbvio que a nomeação deste americano de apenas 30 anos é mais do que justa.

Prós:
- Já foi elemento surpresa uma vez e pode ser novamente
- Seu filme tem encantado plateias e sua contribuição para isso é perceptível
- É um filme em que se percebe a mão do diretor até mesmo no trabalho dos atores (semiamadores)
- Pode se beneficiar de alguns votos de protesto de acadêmicos insatisfeitos com a configuração final da categoria no Oscar

Contras:
- Trata-se de um filme de estreia e um filme independente de estreia. Será que Hollywood se renderia incondicionalmente assim?
- A pecha de que a indicação já é suficiente
- Ser muito jovem também pode pesar contra suas chances de vitória

Primeira indicação

5 comentários:

  1. A indicação de Benh Zeitlin foi mesmo a maior surpresa. Adoraria que Michael Haneke ganhasse, mas, acho que vai acabar dando Steven Spielberg. Vejamos.

    bjs

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  2. A indicação de Zeitlin foi uma surpresa mesmo. Como não vi o filme, tiraria ele e colocaria Hooper ou mesmo, Affleck. Mas queria muito que o Haneke vencesse, mas acho que dará Spielberg.

    Beijos! ;)

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  3. Sem as presenças de Ben Affleck, Kathryn Bigelow e Tom Hooper, ao que tudo indica, a vitória cairá nas mãos de Spielberg bem facilmente. Mas, vai que dá a doida na AMPAS e ocorre uma surpresa, tipo uma vitória de Michael Haneke ou David O. Russell???

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  4. Amanda: Também acho que Spielberg leva, mas essa categoria é dinamite pura esse ano...
    bjs

    Mayara: Let´s see!
    Bjs

    Kamila: Vitória de Russell não seria exatamente "a doida", mas uma vitória de Haneke ou Zeitlin faria valer o adjetivo...
    bjs

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  5. Eeeeita categoria que me deu dor de cabeça hahaha!
    Spielberg quer ser o próximo John Ford, isso é fato. E até no número de vitórias no Oscar, né? No entanto, sei lá, eu não consigo vê-lo ganhando, cara. Sério...
    Confesso estar bastante indeciso nesta categoria. Ficaria feliz com a vitória de todos, menos a do dito favorito rs.

    No fim das contas, apostei no comandante de "O Lado Bom da Vida", que faz um ótimo trabalho e com muita personalidade. Ficaria feliz com sua vitória, mas meu coração bate mais forte por Haneke, o cinema autoral de Zeitlin e a parábola inspiradora de Lee.

    Meu ranking:

    1 - Haneke
    2 - Zeitlin
    3 - Lee
    4 - O. Russell
    5 - Spielba


    Abs!

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