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quinta-feira, 13 de junho de 2013

Especial O Grande Gatsby - Crítica

Frenesi romântico

Era uma aposta alta e O grande Gatsby (The great Gatsby, EUA 2013) de Baz Luhrmann compensa. Não é o filme que a complexa e obstinada obra de F. Scott Fitzgerald merece, mas é um filme oxigenado, esteticamente impressionante e que busca redimensionar a percepção da extravagancia e hedonismo característicos dos anos 20 com uma inspirada colagem da imortal percepção do amor romântico, com a esperança fomentada pelo capitalismo no pós-guerra como fluxo dramático a prover equilíbrio. A luz verde, tão importante na concepção e dimensão da obra de Fitzgerald, é o guia supremo de Luhrmann na confecção do que de mais assertivo seu O grande Gastby tem a oferecer. Nesse sentido, o diretor – que teceu o roteiro do filme em parceria com Craig Pearce – buscou alinhavar a crítica ao sonho americano do qual tão brilhantemente a obra original trata.
Se esse componente está preservado em O grande Gatsby, não deixa de estar, também, recodificado. O sonho americano, seu aspecto sombrio, o preço cobrado por ele e suas circunstâncias não constituem o foco primário de Luhrmann. Seu interesse reside, primeiramente, no fascínio por uma era de excessos e, em um segundo momento, no desenlace de uma história de amor urdida nos porões de almas aflitas e mentes inquietas.
A figura de Gatsby, nesse contexto, é imperiosa. Leonardo DiCaprio dá ao personagem sua cota de fascinação e charme. O ator sabe penetrar com desenvoltura nas camadas mais profundas de um homem que perde de vista a fronteira entre esperança e obsessão. Se Luhrmann não se aprofunda nesse minucioso recorte, DiCaprio, em sua habitual excelência, demonstra o que O grande Gatsby poderia ter sido.
Ao optar por dar relevo às extravagancias de uma época efervescente, Luhrmann acerta em cheio. Seu filme é inebriante em certos momentos e faz com que a audiência capture exatamente a sensação que tomava aqueles personagens em uma Nova Iorque de excitação fugaz. Nesse recorte em particular, a música do filme é muito feliz. Com produção executiva do rapper Jay Z, a fusão de hip hop e jazz propicia essa ebulição que ocorre tanto nos três protagonistas como no período em que o filme se desenvolve.
No entanto, essa construção que norteia a narrativa, esvazia o ranço analítico objetivado por qualquer obra cinematográfica que se debruce sobre aquele que é considerado o maior romance americano de todos os tempos.

Leonardo DiCaprio e Joel Edgerton são os responsáveis pelas melhores atuações de O grande Gatsby. Já Carey Mulligan falha no registro de Daisy, a grande idealização de Gatsby


Natural, além de compreensível, a grita de grande parte da crítica americana com o filme. Mas é preciso julgar a execução ante sua proposta e, como esclarecido anteriormente, a ideia de Luhrmann nunca foi investigar profundamente essa conflituosa época do período americano. A relação entre a América do passado e do presente pode até ser destacada por alguém mais entusiasmado com o filme, mas ela não está lá. Luhrmann não quer fazer críticas ou paralelismos. O que ele quer é dar viço ao frenesi romântico que marcou uma época. Dar cor e vibração ao romantismo de uma América sombreada pelo cinismo vigente. O otimismo de Gatsby , e o fim do personagem, levaram Nick Carraway (Tobey Maguire) – o narrador da estória -  ao hospício nessa versão de Luhrmann. Uma mudança que pode parecer desarranjada, mas particularmente diz muito sobre as expectativas. E está aí, na instabilidade das expectativas, a grande força desse O grande Gatsby.

6 comentários:

  1. Mesmo que tenha as suas falhas, quero muito ver, claro!

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  2. "fascínio por uma era de excessos" e põe excessos nisso, hehe. Mas, é isso, ele fez, como sempre, a sua escolha estética, mas deixa pistas para o que tem por trás da obra, principalmente no terceiro ato.

    bjs

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  3. Alan: Não acho que o filme tenha falhas Alan. A falha, se é que podemos apontar isso, reside na expectativa.
    Abs

    Amanda: É bem por aí...
    bjs

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  4. Madame: Obrigado madame! Um mês depois estou rspondendo seu comentário, né? Não tinha visto antes...
    bjs

    Marcos Farias: Muito obrigado Marcos. Por comentários e reconhecimentos como o seu qe dá gosto seguir adiante com este projeto que é Claquete.
    abs

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