Terror interno
Em mais de uma oportunidade, o produtor Guillermo Del Toro
disse, em entrevistas promocionais, que o que o atraiu em Mama (EUA/ESP/CAN
2013) foi a "ideia de uma mulher lutando literalmente contra ser mãe.
Fisicamente rejeitando essa possibilidade". Além de ser uma leitura saborosa do
conflito da personagem de Jessica Chastain no filme, reside nesta abordagem de
fundo psicológico e emocional a força de Mama enquanto cinema. Ao abraçar esse
subtexto do filme de Andrés Muschietti, em uma estreia robusta no cinema, o espectador
irá se deparar com um tipo de terror muito mais genuíno e prolixo. O poder de
uma emoção, seja um trauma violento ou o desejo de pertencer a uma família, é o
motor do desenvolvimento do roteiro e a chave do, até certo ponto,
anticlimático desfecho.
Mama começa com um prelúdio devastador. Um homem mata seu
sócio, a esposa e sequestra as duas filhas pequenas para matá-las e depois se
suicidar. Um acidente os leva a uma cabana retirada onde ele decide levar seu
plano a cabo. No entanto, uma criatura o mata impedindo que ele faça mal às
duas meninas, Lilly (Isabelle Nélisse) e Vitória (Megan Charpentier).
Jessica Chastain está perfeita no papel de uma mulher que resiste à condição de ser mãe: um filme que investiga sob a ótica do terror traumas e angústias
Passam-se cinco anos e sabemos que o irmão desse homem, o
desenhista Lucas (Nikolaj Coster-Waldau) jamais desistiu de procurar por suas
sobrinhas e financia um grupo independente para tanto. Certo dia eles a acham e
elas estão completamente animalizadas. Resgatadas, inicia-se um intenso
tratamento psicológico para tentar recuperar a humanidade nas meninas que
sobreviveram por cinco anos se alimentando basicamente de cerejas e, algo que
vai se desvendando aos poucos, sob a proteção de Mama – a tal da criatura vista
pela primeira vez na cabana e assim nomeada pelas meninas.
Muschietti não faz um filme de terror enclausurado em si. Ainda que
apresente recursos sonoplastas aqui e acolá e pregue sustos circunstanciais, Mama é
um filme sobre o terror interno. De uma mulher que não quer ser mãe, e o
desenho da personagem Annabel, uma roqueira cheia de atitude e com certa
descompostura, é muito bem delineado por Chastain; e sobre a proeminência de um
trauma tão profundo e remissivo como o abandono que aflige essas duas crianças.
A figura catalisadora de Mama, também ela com uma história traumática, torna
tudo mais catártico. Um personagem, em um dado momento do filme, define: “um
fantasma é uma emoção deformada”. É de emoções deformadas que trata Mama.
Tudo pela ótica inusitada do terror. O que faz do filme de Muschietti uma das
melhores surpresas do ano no cinema.
Assisti a esse filme no final de semana e achei uma obra assustadora e agoniante, apesar de algumas coisas serem muito mentirosas e apesar de seguir vários clichês desse gênero. De todo jeito, uma obra satisfatória.
ResponderExcluirFui ver no final de semana e não gostei do final. Achei longo e melodramático demais. De qualquer forma é um bom programa e Jessica Chastain, de peruca, rs arrasa! Atriz cada vez mais notável e seu papel de tia/madrasta caiu como uma luva.
ResponderExcluirSabia que não levei sequer um sustinho? No geral, a galera na plateia pulava nas poltronas. Gostei do argumento, da ideia central e o filme tem muito do toque fantástico do Del Toro, mas nada que o eleve. Achava que seria melhor.
Abs.
O filme deixa a gente tenso mesmo, e com medo das paredes. Mas, o roteiro me incomodou bastante, ele poderia ter simplificado em uma história em vez de duas e deixar as coisas melhor amarradas.
ResponderExcluirbjs
A tia das meninas não precisava existir e o Lucas não precisava ter voltado do hospital e, se voltasse (o que ocorreu), deveria o ser para ter morrido (e não sobrevivido!; 2x??? Pow, assim é demais! Fica chato! Nem carismático ele era, até pq o roteiro não lhe dá essa oportunidade).
ResponderExcluirRoteiro fraco. Premissa boa. Chastain hilária.
De terror? Só as infiltrações me deram (um pouquinho, é verdade) medo. rsrsrs
Abs
Kamila: Acho que o filme se aproveita de certos clichês para interiorizar nos personagens o que chamamos de filme de terror. É um filme que pede para ser contemplado de maneira menos objetiva.
ResponderExcluirBjs
Rodrigo Mendes: Eu achava que isa ser pior. Vc vê como é, né? O trailer me desmotivou bastante. Mas o filme tem uma pegada autoral que eu não via no gênero há muito tempo. Espero que o tempo faça justiça a "Mama".
Abs
Amanda: Estamos com um fórum aberto sobre o filme, né? rsrs. Enfim, é um ótimo filme na minha avaliação.
Bjs
Cássio Bezerra: Esses dois pontos sobre a existência da tia e as sobrevidas do Lucas eu concordo contigo. São exemplos claros de que o roteiro se beneficiaria de mais um tratamento. Conforme coloco na crítica, acho "Mama" um filme que trabalha de maneira poderosa com alguns símbolos e investe bem nas alegorias de fundo psicológico. Agora, precisamos entender que é um filme de estúdio e para um público majoritariamente jovem. É preciso fazer concessões. E nessa muito se dilui!
Abs
Acabei de assistir o filme.achei um pouco chato.....na verdade e um terror bem melo dramático mesmo.....o final e sem noção.....pow nada ver as irmãs se separarem.....preferiria ver o do tom cruise....ainda mas com o preço do cinema brasileiro que o preço e bem caro.....dica espera sair em bluray....
ResponderExcluirBruno: Pois é... não é um terror ao gosto da audiÊncia moderna, podemos dizer. Acho que o remake de "A morte do demônio" talvez lhe agrade mais.
ResponderExcluirAbração