A hesitação da The Weinstein Company em confirmar o quinto filme
da série Pânico e a discussão sobre a possibilidade de reiniciar a série no
cinema lançam a pergunta: o gênero está esgotado? A franquia assinada por Wes
Craven, ele próprio um papa do gênero, foi o último grande sopro de
originalidade no cinema de horror. O quarto filme, lançado em 2011, no entanto,
não rendeu o esperado pelos produtores nas bilheterias. Nos últimos anos, salvo
uma ou outra pequena exceção, o gênero tem sido engolido por refilmagens pouco
imaginativas e derivados do último grande filme original do gênero: Jogos mortais.
Dois cineastas, no entanto, compõem a resistência. O
americano Sam Raimi e o mexicano Guillermo Del Toro, ambos com um histórico de
sucesso no gênero, patrocinam o que pode ser uma nova virada para o gênero. Del
Toro tem produzido novos nomes, majoritariamente latinos, em filmes como O
orfanato (2007), Não tenha medo do escuro (2010) e Mama, em cartaz nos cinemas.
Sam Raimi faz o mesmo. Ele esteve por trás de filmes como Possessão (2012) e 30
dias e noite (2007) e agora produz o remake do filme que lhe deu fama, A morte
do demônio.
A predileção por diretores latinos, o argentino Andrés
Muschietti é o responsável por Mama e o uruguaio Fede Alvarez o diretor de A
morte do demônio, está relacionada à gramática visual do cinema latino, mais
inventiva e porosa do que a de diretores emergentes de outros cantos do mundo.
Cena de Mama, filme de terror que mexe com as emoções: sobrevida no gênero
Vem do Uruguai, também, uma das últimas propostas ousadas no
gênero. Lançado em 2011, o uruguaio A casa foi rodado de maneira a parecer ser
um único plano-sequência de 80 minutos em uma câmera digital. O filme tem
remake americano garantido com supervisão do diretor do original, Gustavo
Hernández.
Esse movimento que parece buscar uma nova postura estética
para o cinema de horror tem a ver com a saturação do terror gore materializado
em filmes como O albergue e as sequências de Jogos mortais.
Muschietti foi selecionado por Del Toro depois que este viu
um curta dirigido pelo argentino na internet. Daí, o mexicano decidiu produzir
um longa a partir daquele curta. Assim surgia Mama, um dos primeiros sucessos
de público e crítica do ano. A trajetória de Mama para chegar aos cinemas é
sintomática tanto das possibilidades ensejadas pela internet como da carência
que aflige o cinema de horror no tangente a talentos e ideias. Mas também é um
sinal claro de que não há, neste momento, sinais de esgotamento. Sam Raimi, que
rodou em 2009 o último grande filme do gênero (Arrasta-me para o inferno)
acredita que a nova versão de A morte do demônio pode ser ainda mais hypada do
que a original. Seria um alento para um gênero que anda precisando...
"O filme mais aterrorizante que você verá": a promessa do slogan de A morte do demônio se cumprirá?
Ao que o medo e o terror nunca sairá de moda nos cinemas. O que precisa é mesmo de novo fôlego para as histórias. Mama, por exemplo, tem ótimos momentos de susto, tensão e medo, mas a trama é as mais bobas que já vi... Vamos ver se A morte do demônio é tudo isso mesmo, hehe.
ResponderExcluirbjs
Exato. O artigo trata justamente de talento e fôlego para a renovação do gênero. Algo que Raimi e Del Toro patrocinam com retidão. Acho que passa por aí o futuro do gênero. Agora, discordo de vc quanto a "Mama". Acho que é um filme bem rico na alegoria que propõe para traumas de ordem psicológica e angústias relacionadas à maternidade. Além da boa linguagem estética. Enfim, uma das boas surpresas do ano na minha avaliação.
ResponderExcluirBjs