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domingo, 10 de fevereiro de 2013

Oscar Watch 2013 - Por que "O lado bom da vida" merece ganhar o Oscar?

O diretor David O.Russell orienta seu protagonistas Bradley Cooper e Jennifer Lawrence no set de O lado bom da vida


É a grande sombra do cinema independente em um ano que desde os primeiros alinhamentos da temporada de premiações se sedimentou como de desforra para os estúdios de cinema. Em meios aos candidatos da Fox (As aventuras de Pi), da DreamWorks (Lincoln), da Warner (Argo), da Universal (Os miseráveis) e da Sony (A hora mais escura), O lado bom da vida (The Weinstein company) é seguramente o filme mais querido, o que não quer dizer que seja o mais apreciado.
Primeiro porque é uma comédia, ainda que com forte centro gravitacional dramático (família disfuncional e transtornos psicológicos diversos); segundo porque é percebido como um filme “de atores”; terceiro porque parece vestir bem a carapuça de “feel good movie do ano”; e, por último, por ser uma produção independente em um ano talhado para a festa dos estúdios.
Analisando esse cenário, se percebe o quão improvável – ainda que plenamente possível – é o triunfo de O lado bom da vida no Oscar. O que não quer dizer que não mereça o troféu de melhor filme do ano.
A fita de David O. Russell é um acerto tremendo, em primeiro lugar, pelo olhar que dispensa a personagens inesperadamente reais. Diferentemente de tantos outros, até do mito Lincoln – cinematográfico embora verídico – Pat Solitano, Pat Solitano Jr., Tiffany e os demais personagens do filme são decalcados dos tempos e idiossincrasias que vivemos. Russell faz mais. Enxerga humor em um tema tão delicado quanto a bipolaridade, mas sem deixar de falar sério a respeito. Não obstante, Russell, também roteirista, concilia com equilíbrio e harmonia impensáveis a estrutura de comédia romântica ao drama familiar expandindo a margem de alcance de seu filme.
Como se esses predicados já não falassem por si, O lado bom da vida sobeja nos principais aspectos que caracterizam o bom cinema: direção, roteiro, atuação, montagem, trilha sonora e fotografia. Essa fruição garante um filme contemporâneo que apela à razão sem prescindir de cativar o espectador. É um retrato moderno – ainda que menos anticlimático e analítico – dos tempos em que vivemos assim como o é A rede social de David Fincher.
Mas a principal razão pela qual O lado bom da vida merece ganhar o Oscar de melhor filme é porque entretém como nenhum outro dos indicados na categoria. É prova residual de que um bom filme, sério, concatenado com seu tempo, criativo e inteligente não precisa ser pomposo ou vanguardista. O simples, às vezes, e no caso deste Oscar em particular, é mais do que suficiente. 

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