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quarta-feira, 30 de junho de 2010

TOP 10

10 músicas que marcaram o cinema nos anos 90
Quem não gosta de uma boa música? Cinema e música se intercambiaram muitas vezes ao longo da história. Existem momentos, porém, em que essa sinergia alcança patamares estratosféricos. Claquete lista 10 músicas que, além de se eternizarem, ajudaram a eternizar os filmes que “estrelam”. Relembre as 10 músicas que fizeram a cabeça do cinema nos anos 90.

10 – Streets of Philadelphia, do filme Filadélfia
Não tem como pensar no filme Filadélfia e não pensar na bela canção de Bruce Springsteen, vencedora do Oscar de melhor canção original. A bela música pontua a jornada inspiracional do personagem de Tom Hanks e ainda faz o espectador ter vontade de se perder em Filadélfia.

9 – I don´t want to miss a thing, do filme Armageddon
Não há música mais indicada para embalar corações apaixonados do que esta melosa canção do Aerosmith composta especialmente para o filme estrelado pro Bruce Willis. A letra é linda, a melodia pegajosa e, bem, você já pegou a ideia...

8 – Hakuna matata, do filme O rei leão
Uma filosofia de vida. Essa é a melhor definição para essa música de gente zen. Hakuna matata virou febre e o lema entoado por Timão e Pumba ganhou sonoridade e adeptos ao longo dos anos, virando até mesmo comunidade do orkut.

7- When a man loves a woman, do filme Quando um homem ama uma mulher
Que mulher não gosta de um homem disposto a tudo por ela? A música de Michael Bolton composta para o filme de mesmo nome sublinha o que um homem é capaz de fazer por amor. A porção do inesperado é justamente essa. Já que estamos acostumados a ver e ouvir o que uma mulher faria por amor. O filme que traz Meg Ryan e Andy Gargia é bom, mas a música que embala a história é muito melhor.


6- I´ll always love you, do filme O guarda costas
Atire a primeira pedra quem nunca entoou um verso sequer dessa música. O guarda costas se tornou um clássico instantâneo muito em parte por causa da apaixonada e apaixonante canção composta e interpretada por Whitney Houston. A história do filme é bem clichê, mas a canção a torna especial.


5- Girl, you´ll be a woman soon, do filme Pulp fiction – tempos de violência
Todo mundo sabe que Quentin Tarantino tem um ouvido todo especial. Ele arrebenta nas trilhas de seus filmes e não poderia ser diferente no filme que o pôs definitivamente no mapa. A versão do Urge Overkill para a música Girl, you´ll be a woman soon não só é cativante, como matadora. Não tem como pensar em Pulp Fiction e não lembrar de Uma Thurman se mexendo ao som dessa música.

4-Unchained melody, do filme Ghost-do outro lado da vida
Dá para dizer que se você chora um amor interrompido, você chora ao som de Unchained melody. A música que marca a história do casal apaixonado separado pela morte em Ghost- do outro lado da vida, tomou as rádios e era lançada em quase toda coletânea que se prezasse. Afinal, todo mundo tem uma história de amor para lembrar e chorar.

3- Pretty woman, do filme Uma linda mulher
Outra canção que é imediatamente associável ao seu filme de origem é Pretty woman de Roy Orbison. Se toda mulher que ser como a personagem de Julia Roberts em Uma linda mulher, toda mulher que ter essa música como parte da trilha sonora de sua vida.

2- Íris, do filme Cidade dos anjos
Como expressar um amor mais forte que a vida. Íris é uma boa forma de tentar. A poderosa e apoteótica música do Go go dolls, composta especialmente para o filme Cidade dos anjos, é a mais perfeita declaração de amor que alguém pode fazer ou receber em forma de melodia. Até hoje causa impacto e arrepia corações apaixonados que dedicam a músicas a seus amores.

1- My heart will go on, do filme Titanic
Sério que você pensava que o topo seria de qualquer outra música que não a melosa canção de Titanic? Rádios dos mais diferentes estilos tocaram My heart will go on por meses. Diferentes versões, versões brasileiras e um Oscar ajudam a entender o fenômeno. A música interpretada por Celine Dion pode na ser a melhor, mas certamente é a mais inesquecível do cinema nos anos 90.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Numerologia

Queda de arrecadação em relação ao ano passado
Já era sabido que o verão de 2010 seria menos vistoso que o de 2009 que foi impulsionado pelos ótimos filmes da temporada 2008. Porém, os executivos dos estúdios não esperavam um desânimo tão grande por parte do público. É verdade que a Copa do mundo, realizada em junho, entra em choque com alguns dos maiores lançamentos da temporada, mas os números já vinham baixos desde antes do início do mundial. Filmes como Sex and the city 2, Príncipe da Pérsia:areias do tempo, Robin Hood, Esquadrão classe A e Shrek para sempre faturaram bem menos do que seus estúdios estavam esperando. Até o momento, a queda em relação ao ano passado neste mesmo período do ano é de 30%. Um verdadeiro rombo nas finanças que nem em 3D fica menos preocupante. A expectativa da indústria é que Eclipse, que estréia nesta semana, ajude a diminuir os prejuízos.

Um ogro dando a volta por cima
A estréia não parecia promissora, mas segundo dados da Exibithor relations, Shrek 4 é o filme de maior estabilidade nas bilheterias desse verão 2010. O fato de ter sido a única fita a liderar por três finais de semana consecutivos corrobora este dado. O filme depois de um mês em cartaz, mantém ótima média de público por sala e, diferentemente de outras produções também lançadas em 3D, atrai grande público para as cópias tradicionais.



Não deu nada certo
Ashton Kutcher na febre para promover seu mais recente filme, Par perfeito, ameaçou divulgar ilegalmente os 20 minutos iniciais da fita. Além do puxão de orelha que levou do estúdio Lionsgate (que não havia exibido o filme para imprensa temendo reações adversas), Kutcher viu sua comédia de ação naufragar nas bilheterias. Depois da fraca estréia em que arrecadou U$ 16 milhões, a fita despencou no ranking americano e, conforme previsto, amealhou péssima repercussão crítica. O Washington Post escreveu acidamente: “Há filme que nem a pirataria salvaria”.


Os anos 80 invadem 2010
No fim de semana mais nostálgico de 2010, a adaptação da série de TV Esquadrão Classe A e o remake de Karatê Kid disputaram a preferência do público americano. Entre os dias 11 e 13 de junho, o filme estrelado por Jackie Chan e Jaden Smith levou a melhor. A atualização da história de um mestre das artes marciais e seu pupilo faturou U$ 56 milhões contra U$ 26 milhões do filme estrelado pelo grupo de militares mercenários. O resultado foi acima do esperado para o filme produzido pela Sony, cujo orçamento foi de U$ 40 milhões. Já Esquadrão Classe A, do estúdio Fox, custou U$ 110 milhões e o estúdio trabalhava com a hipótese de uma abertura na casa dos U$ 40 milhões, além da liderança doméstica no primeiro fim de semana.

Enquanto a Copa rola...
E no Brasil não foi muito diferente. Esquadrão Classe A só conseguiu uma quarta colocação no ranking brasileiro em sua estréia. No primeiro final de semana da Copa do mundo, o Brasil registrou queda de 29% em relação ao final de semana anterior, segundo dados do portal Filme B. A aventura da Disney O príncipe da Pérsia: areias do tempo manteve a liderança.

O plano C de Jennifer Lopez
O mais recente filme de Jennifer Lopez não emplacou. Depois de um jejum de 4 anos afastada das telas era de se imaginar que o público americano fosse prestigiar o retorno de J LO (que ainda este ano lança um novo álbum também). Não foi o que aconteceu. Plano B que teve uma estréia razoavelmente satisfatória no mercado brasileiro (alcançou a terceira posição no ranking com um faturamento superior a R$ 1, 2 milhão), não teve boa carreira nos cinemas americanos. Depois de dois meses em cartaz, a fita alcançou U$ 36 milhões e inscreveu-se como um dos maiores fracassos de 2010, já que o filme custou U$ 35 milhões. O jeito é esperar pelo resultado dos CDs.


Não é brinquedo não!
Toy story 3 registrou a maior abertura da história de um filme Pixar. Com U$ 110 milhões arrecadados no primeiro fim de semana em cartaz, a fita também se inscreveu, pelo menos temporariamente, como a terceira maior estréia do ano. Atrás apenas de Homem de ferro 2 (U$ 128 milhões) e Alice no país das maravilhas (U$ 116 milhões).
Em seu segundo fim de semana em cartaz, o filme faturou mais U$ 59 milhões e já soma U$ 227 milhões. Uma marca expressiva para a Pixar e para a média de faturamento dos filmes nessa temporada.

O império Disney no Brasil
E a Disney está rindo à toa. No Brasil, os filmes do estúdio estão reinando em absoluto. Alice no país das maravilhas não só é o filme de maior bilheteria do ano até aqui no país, como detém a melhor bilheteria de estréia de 2010 no Brasil. Príncipe da Pérsia: areias do tempo que nem sequer chegou perto do topo das bilheterias americanas, liderou as bilheterias brasileiras por três semanas consecutivas até a chegada de outro filme Disney, a animação Toy Story 3. 2010, no Brasil, é o ano o rato. E o nome dele é Mickey Mouse.


O melhor de sua espécie
E por falar em Príncipe da Pérsia: areias do tempo, a fita dirigida por Mike Newell se tornou a adaptação de videogame mais rentável da história. No final deste mês, o filme alcançou a marca de U$ 300 milhões mundialmente. Com isso, deixou para trás o antigo campeão, Lara Croft: Tomb raider (2001) que tinha U$ 274 milhões. Contudo, nem tudo são flores para a produção de Jerry Bruckheimer. Nos EUA, o filme pena para chegar aos U$ 100 milhões. Atualmente conta com U$ 85 milhões em caixa. Se considerarmos que o orçamento do filme beijou os U$ 200 milhões, a performance da fita desaponta.

Príncipe da Pérsia já detém um recorde para chamar de seu

Inveja mata!
A DC comics e a Warner, estúdio que detém os direitos sobre todos os personagens da DC comics, se miram no exemplo da Marvel e tentam emplacar, no cinema, personagens pouco conhecidos. Jonah Hex é um deles. A história de cowboy com retoques sobrenaturais estrelada por Josh Brolin, Megan Fox e John Malkovich, no entanto, decepcionou. O filme arrecadou impressionantes U$ 5 milhões em seu fim de semana de estréia. Disparada a pior estréia de um filme de verão em anos.

Adam Sandler se recupera!
Ano passado, a antecipada união do comediante com o diretor Judd Apatow, Tá rindo do quê? arrecadou U$ 22 milhões em seu fim de semana de estréia e fechou com míseros U$ 51 milhões sua carreira nos cinemas americanos. Este ano, Sandler juntou um time de comediantes (entre eles Chris Rock, Kevin James, Rob Schneider e David Spade) para rodar a comédia Gente grande. A fita fez U$ 41 milhões, mas não conquistou o topo das bilheterias. Um dado atípico que ocorreu pela segunda vez consecutiva na carreira do comediante.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Contexto

O herói dentro de cada um

Nos últimos dez anos o cinema americano foi prolífero em apresentar heróis nas telas de cinema. Adaptações de HQs constituem o principal artífice dessa aparentemente inesgotável fonte de fazer dinheiro. Mas os heróis vêm também dos videogames, da literatura infanto-juvenil e, acreditem, até de brinquedos e parques de diversões.
Além de fazer dinheiro, e trazerem efeitos especiais de ponta, os filmes de superheróis trazem em seu eixo central uma questão para lá de interessante. A força interior de cada um de nós. No recente Kick Ass-quebrando tudo, o adolescente David Lizewski (Aaron Johnson) tem uma curiosa epifania. Por que nunca ninguém tentou ser super-herói antes? À parte a verborragia pop que acresce muito ao divertido filme de Mathew Vaughn, é uma indagação filosófica interessante. Ao que o próprio David em dado momento do filme subverte a famosa frase de um famoso herói dos quadrinhos e do cinema. “Sem grandes poderes, não há nenhuma responsabilidade. Exceto que isso não é verdade”. Pode parecer uma simplificação ridícula, mas, na verdade, é uma constatação da responsabilidade que cada um de nós temos para com o próximo e um mundo melhor. David é um adolescente, que em um surto de carência e ingenuidade, tenta fazer a diferença de uma maneira ufanista. Kick ass se vale da fantasia, e de uma fantasia regada a humor negro, para debater anseios e aflições bem humanas.

David trajado de Kick ass: Quem disse que para ser herói é preciso ter super poder?



Cartaz de Homem aranha 2: A trilogia do aranha é referência em potencialidade dramática nos filmes de superheróis

Outros filmes se valem do mesmo ofício. Homem aranha (o referencial explicito de Kick ass), por exemplo, nada mais é do que um drama sobre a adolescência de um rapaz tímido que perdeu os pais cedo e que não consegue se expressar de maneira satisfatória. Em O senhor dos anéis, a honra é um conceito mais forte do que podemos aferir em nosso cotidiano. A obstinação de Frodo, Sam, Aragorn, Legolas e os demais membros da irmandade do anel é um comentário sobre a nossa obstinação perdida. Harry Potter é outro que, dentro de uma faixa de público específica, reproduz celeumas humanas em um universo fantástico. O que Harry, Rony e Hermione querem é viver intensamente a fase da vida em que estão. Voldermont e o quadribol são apenas variantes.


Frodo é um símbolo de coragem e determinação: Um hobbit "qualquer" capaz de feitos extraordinários


De todos esses, Homem de ferro talvez seja o que melhor se alinhe ao aceitável. Um magnata dono de um pool de empresas que fornece material militar ao governo americano, após uma experiência de quase morte, resolve agir conforme sua consciência e salvar o mundo. Homem de ferro não disfarça nem advoga seu personagem principal. Não foi porque Tony Stark subitamente resolveu agir em prol da humanidade que ele deixou de ser um sujeito egoísta, egocêntrico, vaidoso e competitivo.
A moral é: Ser herói é ser humano. Todos nós carregamos nossas neuras, vícios e fantasias. Nem sempre nos abrigarmos nelas será a melhor coisa que faremos, mas é inegável que essa fase nos levará a algum lugar. A alguma realização. Essa é a moral alcançada em Kick ass e é essa moral que ajuda a fazer deste filme, uma antologia sobre os heróis nos cinemas e os humanos que vão prestigiá-los na sala escura.


Tony Stark no melhor jeito Tony Stark de ser: ele é herói sim, mas não se transformou como ser humano. A mudança, se houver, será, tal como na vida real, gradual

Se você gostou do tema abordado na seção deste mês e quiser repercuti-lo sob essa e outras perspectivas, Claquete recomenda:

- Watchmen (EUA 2009), de Zack Snyder

- Trilogia Homem aranha (EUA 2002, 2004, 2007), de Sam Raimi

- Batman begins (EUA 2005), de Christopher Nolan

- Trilogia O senhor dos anéis (EUA 2001, 2002, 2003), de Peter Jackson

- Homem de ferro (EUA 2008), de Jon Favreau

Movie Pass

David Lynch é daqueles cineastas, cuja aura cult suprime qualquer conteúdo. Não que ele não tenha, mas o hype em cima do diretor e de sua estética irascível destinam todo o resto a periferia de seu cinema. Cidade dos sonhos, destaque da seção Movie Pass deste mês, é, nesse sentido, a mais perfeita síntese do cinema de Lynch. Robusto, belo, intransigente e inconclusivo. Cidade dos sonhos, assim como grande parte da cinematografia de Lynch, não é para ser entendido. É para ser sentido. Justamente por isso é um tipo de cinema menos atraente, menos interpelatório, mais contemplativo. Ficou famosa a cena de amor lésbico entre Laura Harring e Naomi Watts. De fato, para os fetichistas, a cena é a brasa em um filme que nunca empolga, mas que não deixa de ser um exercício de estilo até certo ponto fascinante.

domingo, 27 de junho de 2010

Claquete destaca

Dia de pré-estréia aqui em Claquete. A seção Claquete destaca trará duas vezes por semana dicas, sugestões e novidades sobre o mundo do cinema e da cultura pop. Hoje, só para antecipar e deixar um gostinho de quero mais, um tira gosto da seção que estréia no mês que vem.


* Os vampiros são o grande destaque desta semana. Hoje estréia a terceira temporada da hypada série da HBO, True Blood, e na próxima quarta-feira estréia mundialmente o terceiro filme da saga Crepúsculo, Eclipse.



* Peter Jackson deve assumir a cadeira de diretor de O hobbit após a retirada de Guillermo Del Toro.


* A estréia de Encontro explosivo, novo filme estrelado por Tom Cruise, nos EUA foi decepcionante. A fita faturou apenas U$ 20 milhões de dólares. Toy Story 3 liderou a bilheteria americana pelo segundo final de semana seguido.



* O canal a cabo Warner Channel estreará na semana de 12 de julho a nova temporada da badalada Californication, série estrelada por David Duchovny. A série será exibida todas as segundas às 23h. A grade da Warner traz ainda uma novidade que promete ser interessante, a dramédia Men of a certain age, primeira série estrelada por Ray Romano depois do fim de Everybody loves Raymond.



* A rede telecine exibirá no dia 10 de julho o mais recente filme de Michael Mann. Inimigos públicos, estrelado por Johnny Depp e Christian Bale, mostra a trajétória romântica de um dos mais notórios ladrões de banco dos EUA, John Dillinger.



* Foi liberado neste final de semana o primeiro teaser de The social network, o aguardado filme de David Fincher sobre a origem do site de relacionamentos Facebook. A fita estrelada por Jesse Eisemberg, Andrew Garfield, Rashida Jones e Justin Timberlake chega aos cinemas americanos em outubro.


Insight

Por que Jim Carrey não é levado a sério?




Existem lugares comuns ou o que chamamos de “convencionices” em todo lugar e no cinema não poderia ser diferentes. Algumas dessas “convencionices” são: “o cinema americano é pura indústria”, “Angelina Jolie é puro mau humor”, “David Fincher faz filmes sobre psicopatas como ninguém” e “Jim Carrey nunca ganhará um Oscar”. Essa “convencionice” deriva, na verdade, do fato de que o ator canadense e exímio comediante é visto “apenas” como um comediante. E como um comediante, cuja expressão de humor já foi superada. O forte de Jim Carrey, revelado no histriônico Ace ventura – um detetive diferente (1994) é uma comédia física que remete diretamente a Jerry Lewis. Seu forte não é um humor cerebral como o de Jon Stewart ou pelo constrangimento como o de Chris Rock. Figuras que abraçam o papel de comediantes mais do que o de atores. Jim Carrey foi mais comediante do que ator nos filmes que ajudaram a consolidá-lo em Hollywood. O máskara, Ace ventura 2, O pentelho e Eu, eu mesmo e Irene são filmes que valorizam o comediante mais do que o ator. Mas Carrey começou a emitir sinais de que não estava confortável nesta carapuça. Ambicionava mais. O próprio O pentelho já era um filme mais sombrio em que compunha um tipo mais tridimensional, em que a caricatura não era exagerada. Era pensada. Não à toa, o público rejeitou a fita.



Cartaz de O mentiroso que destaca um slogan que o ator Carrey grifa a toda nova incursão dramática


Carrey lançou em seguida, ironicamente, o filme que estabeleceria de uma vez por todas sua identidade em Hollywood. O mentiroso foi um sucesso retumbante. A atuação de Carrey é primorosa e ter mostrado o grande comediante que era em um sucesso mundial pode ter sido a chave para uma das mais curiosas maldições cinematográficas dos nossos tempos. No ano seguinte Carrey ganhou o Globo de ouro de melhor ator dramático por seu papel em O show de truman. Uma atuação das mais contidas e enérgicas daquele ano. Carrey estava arrasador. O filme chegou ao Oscar. Teve indicações nas categorias de direção, roteiro original, ator coadjuvante (Ed Harris) e atriz coadjuvante (Laura Linney), mas Carrey ficou de fora. Muito se especulou à época acerca da razão da exclusão de Carrey que havia apresentado uma atuação excepcional em um ano especialmente fraco no que toca o desempenho dos atores. A teoria mais aceita foi de que a academia o havia rejeitado porque ele seria um “comediante”, não um “ator”. Carrey potencializou esta repercussão ao faturar seu segundo globo de ouro (de forma consecutiva) pelo papel dramático em O mundo de Andy (1999) e novamente ficar de fora da lista da Academia. O burburinho foi alto e o próprio Carrey soube rir da situação. Convidado para apresentar um prêmio durante a cerimônia ele fez piada sobre o assunto. Carrey, com bom humor, demonstrou que sabia que a academia não o levaria a sério porque o público não o levava a sério. Seus dois filmes “sérios” foram fracassos de bilheteria e suas atuações não chegaram a ser nenhuma unanimidade. Contudo, Carrey provara seu ponto de vista. Antes de ser um comediante de mão cheia, é um ator com mais recursos do que se podia intuir.

Jim Carrey no pôster de O mundo de Andy: um Jim Carrey que desafia convenções de gênero



O ator empunha um de seus dois globos de ouro


Dali em diante Carrey sabia que teria de nadar contra a maré. Para se exercitar como ator e desafiar-se dramaticamente (o que move todo ator que está no cinema pela paixão de atuar) teria de dar o que o povo queria. Então, enquanto participava de produções como Cine Majestic (2000) de Frank Darabont, Brilho eterno de uma mente sem lembranças (2004), de Michel Gondry e Número 23 (2007) de Joel Schumacher, Carrey podia ser visto sendo “Carrey” em Todo poderoso (2003), As loucuras de Dick e Jane (2005) e Sim senhor (2008). Nem todas as incursões dramáticas de Carrey são notáveis, o mesmo ocorre com sua contraparte cômica. Mas esse equilíbrio ajudou a dar serenidade a Carrey. Afastando-se dos sucessos de bilheteria, além do fato do humor praticado por Carrey já não encantar as novas gerações, o ator pôde se experimentar. Talvez seu trabalho mais ousado até hoje seja, justamente, o último que lançou. Em O golpista do ano, péssimo título nacional para I love you Phillip Morris, o ator vive um homem extremamente ressentido de si mesmo. Antes de continuar, é preciso pontuar que a escolha do débil título nacional só ratifica a desviada percepção que o público tem do ator. Já que O golpista do ano em momento algum se apresenta como comédia. No máximo, uma comédia dramática por força da necessidade de se rotular algo.


Com Ewan McGregor no inrotulável O golpista do ano


Na fita, é a primeira vez que Carrey tem a oportunidade de convergir alguns cacoetes de comediante com seu repertório dramático. Não é uma tarefa fácil. As armadilhas são muitas e capciosas. Carrey, no entanto, sai-se muito bem da enrascada. Mas, novamente, não há respaldo público. O filme que estreou há algumas semanas no Brasil, tem sua estréia nos EUA adiada repetidas vezes. A fita independente, uma co-produção entre EUA, Inglaterra e França, penou para arranjar distribuidor. O drama de Carrey acentua-se cada vez mais. Agora, receosos da má recepção a um Carrey “fora da fôrma”, distribuidores e estúdios se ressentem de apostar no “ator” Carrey. O sucesso nunca teve um gosto de fracasso tão grande quanto o que o ex-astro que queria (e merecia) um Oscar está tendo.

sábado, 26 de junho de 2010

De olho no futuro...

Shymalan prepara seu retorno em grande estilo
Pois é, M. Night Shymalan carrega a chama de ser a grande promessa do cinema que não vingou. Comparado precocemente a seu ídolo e referência, Alfred Hitchcock, o diretor indiano deixou de empolgar desde que cometeu um dos piores filmes da história do cinema, A dama na água. Este ano, o diretor lança uma de suas últimas cartadas pela sobrevivência, O último mestre do ar(baseado no desenho Avatar) é o primeiro filme de Shymalan não original e cujo roteiro não foi concebido por ele. O filme ainda não estreou, mas Shymalan já sentiu a correnteza a favor. Circula em Hollywood um roteiro do diretor que tem chamado a atenção de muita gente graúda. Bruce Willis, Gwyneth Paltrow, Bradley Cooper e Jude Law são alguns dos interessados. Não se sabe nada da história, nem se o roteiro já estaria finalizado, mas o burburinho é de que é um legítimo Shymalan. Resta saber o que seria um legítimo Shymalan. Um sexto sentido ou um Fim dos tempos?


Mais uma HQ cult ganha os cinemas com força
Kick ass ainda está arrebentando em cinemas brasileiros e uma nova adaptação de quadrinhos cult já se anuncia no horizonte. Red, baseado na HQ de Warren Ellis e Cully Hamner mostra um ex-agente da CIA (papel de Bruce Willis) que se vê obrigado a abandonar a aposentadoria para encarar um assassino high tech que está em seu encalço. No elenco, há, ainda, as presenças sempre interessantes de Morgan Freeman, Brian Cox, Helen Mirren, Karl Urban, Mary Louise Parker e John Malkovich. A estréia está prevista para outubro nos cinemas americanos.




Para medir forças com Vin Diesel
Foi confirmada esta semana a participação de Dwyane “The Rock” Johnson no quinto filme da série Velozes e furiosos, provisoriamente chamado de Fast five. O ator adiantou ao blog de cinema da MTV que irá interpretar um policial escalado para perseguir a dupla de foras da lei vivida por Vin Diesel e Paul Walker. Finalmente Brian (o personagem de Walker) se assumiu. Calma! Assumiu que é bandido e não mocinho....

Sério candidato a pôster do ano
O lançamento de George Clooney este ano é um filme que combina ação e drama e confia cegamente no status de seu protagonista. As primeira imagens de The american, em que Clooney vive um assassino profissional, não empolgaram; mas o primeiro cartaz...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Cantinho do DVD

O destaque da edição desta semana é uma das comédias românticas mais inteligentes dos últimos tempos e tão encantadora como uma história de amor deve ser. Três vezes amor é um filme fofo, esperto, divertido e original. Lendo a crítica em destaque na seção de hoje o leitor poderá ver que muitos outros adjetivos podem ser atribuídos ao filme que mostra um pai às vésperas de voltar a solteirice tendo que se virar para explicar para sua filha pré-adolescente porque sua mãe não é a mulher da vida dele. A engenhosidade do roteiro encontra par na graciosidade do elenco. Vale a pena alugar este filme para conferir entre um jogo e outro desta Copa sem muitas emoções.



Vivendo, amando e aprendendo a viver!

Já a algum tempo as comédias românticas vem se reinventando. Não que houvesse alguma coisa de errado com elas. As mentes criativas por trás delas simplesmente perceberam que não precisavam ficar presos a fórmulas para agradar a um público cada vez mais seletivo, amplo e sensível.
Terapia do amor e Separados pelo casamento são alguns dos precursores de um novo padrão de comédias românticas que o cinema americano vem desenvolvendo com a mesma competência com que desenvolve as histórias de cinderela e os filmes que deram fama a Julia Roberts e Meg Ryan. Três vezes amor (Definitly, maybe EUA/ING 2008) faz parte dessa “revolução”. É uma comédia romântica assumida, mas que não prescinde de inteligência, bom senso, verossimilhança e presença de espirito.
A fita dirigida por Adam Brooks, mostra as agruras por que passa Will (Ryan Reynalds) questionado por sua filha (Abigail Breslin) sobre como ele conheceu sua mãe, e porque ela não é o amor da vida dele, já que estão se separando. Will, passa a contar para sua filha, como tudo começou. Acompanhamos em flashback então, um jovem e idealista Will, mudando-se para Nova Iorque para colaborar na campanha de Bill Clinton. Vemos a dinâmica nada orquestrada dos relacionamentos que ele constrói com três mulheres diferentes, e, como isso afeta a sua vida e os seus sonhos.
Três vezes amor alia brilhantemente fofura com sagacidade. Faz critica politica e graça na mesma cena, comenta sobre desilusão amorosa e sobre ufanismo politico em outra, Adam Brooks é perspicaz ao extremo ao maximizar as metáforas em seu filme. Colocar um personagem para contar uma história de amor em grande parte do filme, não é só manobra metalinguística, é uma importante ferramenta para que o espectador consiga catalisar toda a emoção da história.
Brooks também acerta com seu elenco. Ryan Reynalds, um galã improvável, acerta o compasso entre drama e comédia, Isla Fisher é de uma graciosidade que dispensa talento, mesmo assim, este ainda sobra na jovem atriz, Rachel Weiz encanta, para variar, e Kevin Kline faz uma participação especial desencanada e divertida.
O grande mérito do filme no entanto, é se dirigir diretamente ao coração do espectador. Mostrando que ele não está sozinho no que concerne as coisas do amor. A vulnerabilidade, os erros cometidos, os arrependimentos, os amores não declarados, toda a dor vivida há de servir para alguma coisa. E o desfecho do filme, dos mais singelos e sublimes, faz-nos brotar aquele sorriso de esperança.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Crítica - Kick ass-quebrando tudo

Moral com muito humor

Baseado no HQ cult de Mark Millar, Kick ass – quebrando tudo (Kick ass EUA 2010) é um dos filmes mais geniais e multifacetados do ano. Explica-se: a fita dirigida com extrema eficiência por Matthew Vaughn é uma agradável comédia adolescente, uma paródia super esperta de histórias de super heróis, uma perola do humor negro americano e apresenta uma moral firme, mas sem ser piegas. Todos esses méritos se devem, maiormente, ao ótimo texto de Millar, que também atua como produtor e supervisor do roteiro escrito por Vaughn e Jane Goldman.
Na trama, Dave Lizewisk (o afinado Aaron Johnson) é um adolescente com imenso potencial geek. Usa óculos, não leva jeito com as mulheres, adora comics e anda com garotos que se ajustam a este mesmo perfil. Dave, em um surto causado por carência e indignação, resolve ser um super herói (e o raciocínio que ele desenvolve para justificar sua atitude é um dos grandes charmes da história), o Kick ass do título. Mas Dave não leva jeito para a coisa. O absurdo acontece quando ele é salvo por Hit girl (Chloe Moretz) e Big Daddy (Nicolas Cage). Uma menina de 11 anos desbocada e super talentosa no manejo de armas e seu pai, vigilantes mascarados que atuam para desbaratar o império do crime de Frank D´ Amico (Mark Strong).


Kick ass em ação: uma das cenas vitais para captar o espírito do filme
O filme é uma sucessão de gadgets de humor negro inspiradas, como a cena em que Big Daddy treina sua filha a como tolerar o impacto de uma bala. A história de Millar é brilhante porque é muito bem sucedida em combinar anseios adolescentes, e em colocá-los em evidência pela linguagem adotada, com as resiliências das histórias de super heróis. Essa metalinguagem pop é o ás de Kick ass. Mas a tradução desse primor para a tela grande só alcança sua plenitude graças ao olhar aguçado de Vaughn e ao elenco afiado. Mark Strong tira um sarro como uma espécie de Rei do crime, Nicolas Cage tem espaço para tirar uma onda de sua paixão pelas HQs, Christopher Mintz-Plasse (o McLovin do neo cult Superbad) tem uma boa aparição e Chloe Moretz dá show. Ela está um arraso como a polivalente e inacreditável Hit girl.
Kick ass acerta ao evitar o pieguismo, mas ao não deixar de lado o subtexto proposto. Vencer a insegurança da adolescência é uma tarefa para superherói. Nesse sentido, todos que passam esta fase com poucos traumas já podem ser considerados heróis da vida real, mesmo que sem o aposto “super”.

Cenas de cinema

Um Tom Cruise que já não empolga muita gente
Foi divulgado esta semana que a Paramount colocou a produção de Missão impossível 4 em espera. Os executivos do estúdio teriam ficado descontentes com o orçamento do filme e receosos de investir tanto em Tom Cruise, cujo contrato de exclusividade com o estúdio fora rompido após o fiasco do terceiro filme. A Paramount resolveu esperar o desempenho de Encontro explosivo, comédia de ação protagonizada pelo astro (e bancada pelo estúdio rival Fox), que estréia neste final de semana nos EUA. Se a fita for bem, Missão impossível 4 seguirá com algumas restrições, se não for...

Um encontro explosivo no Brasil
Coincidências à parte, Tom Cruise que já está divulgando o filme ao redor do mundo há duas semanas solicitou que a campanha de divulgação do filme seja intensificada. O Brasil passou, então, a fazer parte do itinerário da equipe de produção do filme. Cameron Diaz estará na comitiva do filme também. Encontro explosivo estréia no Brasil no dia 16 de julho. Os astros, porém, devem bater cartão aqui dez dias antes para depois seguirem para México e Argentina (novos destinos da campanha de divulgação intensificada).

Tom Cruise e Cameron Diaz (na foto em entrevista concedida a Jay Leno, apresentador de um talk show americano) virão ao Brasil divulgar a fita que marca a segunda colaboração entre eles. A primeira foi no insosso Vanilla Sky

Cruise e o Brasil
Encontro explosivo marcará a segunda vez de Tom Cruise no Brasil. O astro veio ao país para promover Operação valquiria, justamente seu último lançamento nos cinemas. A segunda vez de Cruise no país, pelo segundo ano consecutivo e por trabalhos consecutivos mostra que o ator já não goza do prestígio e apelo de outrora. Nos tempos em que Cruise arrastava multidões para os cinemas em qualquer parte do mundo, a América Latina (em especial um mercado tão pálido quanto o brasileiro) nunca foi digno de consideração. Hoje é considerada uma plataforma estratégica de lançamento.

A profecia do MTV Movie Awards
No bem sacado vídeo promocional do MTV Movie awards deste ano, o último grande personagem de Tom Cruise, o produtor de cinema Les Grossman (do filme Trovão tropical), dá conselhos ao galã da vez Robert Pattinson. O conselho em questão é para que Pattinson não corte (ou mesmo lave) seu cabelo, pois é aquele cabelo indomável que o caracteriza. Mas o conselho soa assim: “Eu sou você amanhã!” This is Hollywood baby!





Mais mudanças no Oscar
Se a mudança de 5 para 10 filmes na disputa para o Oscar de melhor filme este ano já dividiu opiniões, imaginem a que está sendo fomentada nos corredores da Academia. A Academia de Hollywood divulgou comunicado oficial em que adianta que está sendo articulada uma mudança na data da entrega dos Oscars, tradicionalmente realizada no final de fevereiro ou início de março.
Cogita-se transferir a cerimônia para janeiro, com o objetivo de encurtar a temporada de premiações do cinema que tem recebido críticas por ser longa demais (este ano foi especialmente longa já que o Globo de ouro foi em 11 de janeiro e o Oscar em 7 de março) e ter se tornado previsível.
Para os entusiastas da medida, isso diminuiria a margem de manobra de estúdios na campanha em favor de seus filmes e tornaria o voto do acadêmico mais “natural”. Contudo, bem se sabe que a teoria na prática é outra.
No franzir dos ovos, não há necessidade de antecipar o Oscar para janeiro. Assim como não é necessário realizá-lo no final de fevereiro.


A nova e unânime beleza de Hollywood
Se existe uma coisa que os filmes blockbusters fazem bem é revelar mulheres de extrema beleza e talento ainda por ser medido. Na falta de um blockbuster, a inglesa Gemma Artenton estrela dois nesta temporada de 2010 (Fúria de Titãs e Príncipe da Pérsia) e já esteve também em Cannes. O novo longa de Stephen Frears, Tamara Drewe, debutou por lá e a atriz foi muito elogiada.
Gemma há pouco tempo também teve seu nome especulado para substituir outra diva nascida dos blockbusters no terceiro Transformers, Megan Fox. Ela pode não ter sido escolhida para substituir Megan no filme dos robôs gigantes, mas já a substituiu no posto de musa blockbuster.
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Gemma em um editorial de moda: Ela ofusca Sam Warthington e Jake Gyllenhaal fácil, fácil...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Quero ser star


Quem quer que assista Kick ass –quebrando tudo, atualmente em cartaz nos cinemas brasileiros, se impressiona com essa garotinha de 13 anos. Absoluta em cena, Chloe Grace Moretz, nascida em Atlanta no estado da Geórgia (EUA), cativa com sua beleza e carisma. A heroína desbocada que dá vida em Kick ass é o principal personagem de uma carreira que pode não parecer, mas já é extensa. A atriz já teve participações em séries de sucesso como My name is Earl, Desperate housewives e na cancelada Dirty sexy money. Recentemente a atriz pôde ser vista como a “madura” conselheira do personagem de Joseph Gordon Levitt em 500 dias com ela e dando voz a dona de Bolt na animação Disney de mesmo nome. Chloe, em poucos trabalhos, já provou versatilidade e domínio de cena. A menina demonstrou talento, ainda, em fazer comédia (algo que muitos veteranos não conseguem fazer).

Entre três "imaturos no amor" em 500 dias com ela ...

... e como a habilidosa e desbocada hit girl em Kick ass-quebrando tudo
Envolvida em pelo menos 10 projetos para o futuro, Chloe está no elenco da primeira produção voltada para o público infantil do diretor Martin Scorsese, The invention of Hugo Cabret e, obviamente, na continuação de Kick Ass que o estúdio Universal já se movimenta para viabilizar.

Crítica - Príncipe da Pérsia: areias do tempo


Um bom entretenimento
Na onda de adaptações que assola Hollywood faz sentido insistir em uma seara que não tem se mostrado muito pródiga, mas que demonstra extremo potencial; as adaptações de videogames. Se Resident Evil, que teve um lucro modesto, continua sendo parâmetro para se medir o grau de satisfação de indústria, crítica e público para com as adaptações dos jogos, Príncipe da Pérsia: areias do tempo (Prince of Pérsia: The sands of time, EUA 2010) pode ser tomado como o exemplar mais bem sucedido até hoje somados os fatores roteiro, oportunidade e tratamento. Embora a fita faça carreira nas bilheterias inferior às expectativas dos produtores, Príncipe da Pérsia: areias do tempo é mais bem resolvido do que produções como Silent Hill e Street fighter. O orçamento de quase U$ 200 milhões e a produção do expert em blockbusters Jerry Bruckheimer ajudaram bastante neste sentido. No entanto, a fita dirigida por Mike Newell nunca avança além da diversão de matinê. Nenhum problema em relação a isso, exceto a frustração de algumas expectativas. A primeira delas, do séquito de fãs do game que não devem se empolgar suficientemente com a história e a segunda pela sombra de Piratas do Caribe (referência explicita para a produção). Falta ao filme um personagem carismático como o Jack Sparrow de Johnny Depp e Jake Gyllenhaal (que é ótimo ator, além de também ser bonitão) não tem o mesmo pedigree que Depp para compor personagens que flertem com a iconografia pop.

O belo e sarado Jake Gyllenhaal e a belíssima e estonteante Gemma Artenton demonstram boa química em um típico filme de verão




Por isso mesmo, apesar de ser uma boa, inteligente e movimentada fita de ação, Príncipe da Pérsia está fazendo bem menos dinheiro do que a Disney e Bruckheimer gostariam.
Na trama, o príncipe Dastan é acusado injustamente de ter assassinado seu pai, o rei Sharaman. Descobrir a real articulação que levou o assassinato de seu pai implica em descobrir os segredos das areias do tempo do título e protegê-las do mal.
O filme, carregado de aventuras e humor pueril, é diversão garantida. Em um verão americano bem abaixo das expectativas, não deixa de ser um relento.

terça-feira, 22 de junho de 2010

ESPECIAL TOY STORY 3 - Revendo o segundo filme

É natural que sequências sejam mais frustrantes. Afinal de contas, perde-se o frescor do original e ganha-se o desmedido peso das expectativas. Toy story 2, embora seja singularmente um bom filme, é uma tentativa de reproduzir o primeiro. Tanto na proposta quanto no discurso. Enquanto no primeiro filme Buzz se confrontava com a necessidade de se aceitar como é, no segundo é Woody quem é submetido a esse processo. Embora no primeiro filme ele já parecesse ter superado esta fase. De qualquer maneira, o argumento ainda funciona plenamente com o público alvo (as crianças) e não deixa de ser um valioso paliativo para mais uma aventura vigorosa desses brinquedos intrépidos.
Woody é sequestrado por um colecionador mal intencionado e seus amigos lançam-se em seu resgate. Existe humor, mas o filme não repete as esquetes bem sacadas do original.
Há a tentativa de amadurecer a ideia sobre as etapas da vida e de como a morte deve ser encarada (no caso aqui quando o dono já não se interessar mais pelos brinquedos), mas o desenvolvimento da ideia não chega a empolgar. Tudo indica que no terceiro filme isso será abordado de maneira mais satisfatória. Toy story 2 é um bom filme, mas enfraquece-se na comparação com o primeiro.

Que salada é o cinema?

Peço licença para fazer um convite ao fiel leitor de Claquete. Está surgindo na internet brasileira um novo site de cinema. Como todo começo de jornada, o início é difícil e pontuado por algumas adversidades que vão sendo superadas com brio e brilho. Salada de cinema é um projeto dos jornalistas André Sobreiro e Fernando Império, ao qual faço parte com muito orgulho como colaborador. Um site que pretende levar informação, análise e embasamento do que de melhor está acontecendo no mundo do cinema ao leitor.
Este site que tem ambição, gente talentosa e movida pela paixão pelo cinema e salada no nome já está no ar. Portanto, fica o convite para conhecer mais essa opção de entretenimento e informação a surgir na internet brasileira.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

ESPECIAL TOY STORY 3 - Revendo o primeiro filme

Visitar Toy story 15 anos depois de seu lançamento é uma senhora viagem. Além da nostalgia inerente a ação, é prazeroso constatar que a pureza da história foi preservada. Que em algum lugar ainda somos as mesmas pessoas (sonhadores dispostos a sonhar) que éramos há 15 anos. No filme que delimitou o território da Pixar no cinema e ajudou a construir o legado do mais criativo e autoral estúdio de cinema, vemos brinquedos como alegorias de nossas idiossincrasias.
É revigorante ver como se constrói belamente a amizade entre o cowboy Woody e o astronauta Buzz. Da rivalidade inicial provocada por ciúmes e vaidade, até a cumplicidade e admiração. Os coadjuvantes também têm seu charme. Toy story não propõe nada de novo em termos de moral e estrutura do que já estávamos acostumados em produções Disney, mas é inegável a desenvoltura do roteiro e a originalidade de dar vida e sentimentos humanos a brinquedos. Afinal de contas, todos nós já fizemos isso certa vez.
A fita converge muito bem ação, drama e humor. Talvez só encontre respaldo em sua contemporaneidade no filme Disney do ano anterior, O rei leão. John Lasseter mostra apuro no desenvolvimento da história e consegue fisgar a platéia com a neurose charmosa de Woody e a coragem desavisada de Buzz. Todos os brinquedos ganham personalidades suficientemente reconhecíveis pelas crianças, o que ajuda na identificação. Em Toy story, não há como adultos também não se identificarem.

domingo, 20 de junho de 2010

ESPECIAL TOY STORY 3 - Insight

Por que a Pixar é o estúdio mais criativo em Hollywood?
Parece ser um consenso mundial entre crítica e público que a Pixar é o estúdio criativamente mais bem sucedido de Hollywood na atualidade. A empresa que faz parte do grupo Disney desde 2006 é revolucionária na plataforma digital sem prescindir da qualidade dos roteiros.
A Pixar é hoje, no que dá a dimensão do cacife do estúdio, o único estúdio que a crítica se refere como se fosse um diretor. Um autor. Esse status autoral da Pixar não é algo que só crítico vê. A originalidade dos filmes da Pixar (todos sucessos de bilheteria também) cativa o público. Os filmes da Pixar, em uma escala bem maior do que as produções Disney do período pré-Pixar, arrastam adultos e crianças dispostos a mergulhar em mundos fantásticos que se comunicam com a nossa realidade de maneira leve e inspiradora.
A Pixar tem um time de roteiristas, diretores e artistas que são prestigiados dentro do estúdio e invejados e cortejados por estúdios concorrentes (basta lembrar de Brad Bird, diretor do oscarizado Os incríveis que dirigirá o novo Missão impossível para a Paramount). Mas não só. A Pixar segue uma cartilha essencial para se dar bem no mundo dos negócios. Não põe a carroça na frente dos bois. Se um filme precisa de seis anos para ser desenvolvido, o filme levará seis anos para ser desenvolvido com total suporte de John Lasseter (diretor de criação da Pixar e responsável pelo departamento de animação da Disney desde a fusão de 2006). Essa tranquilidade e absoluta liberdade para fazer o que precisa ser feito têm sido o grande diferencial da Pixar, principalmente se comparada a maior rival, a Dreamworks Animation. O estúdio de Shrek tem se repetido e a aposta em fórmulas consagradas se ainda encontra algum respaldo do público, já não agrada mais a crítica.

Família super poderosa mas com problemas super comuns: Os íncriveis é uma comédia das mais inteligentes dos últimos anos


Cena de Procurando Nemo: Filme que valeu a Pixar o primeiro Oscar de melhor animação
Foco nos personagens
Os filmes da Pixar podem ser engraçados, podem ser visualmente impressionantes, podem ser fofos e podem até ter valiosos subtextos dramáticos, mas o foco será sempre nos personagens. Essa opção é outra grande diferença dos filmes que o estúdio que ganhou status de autoral mantém dos demais. Com média de um filme por ano, a Pixar não se obriga a fazer filmes de gênero. Os filmes da Pixar constituem um gênero próprio e os personagens criados pelo estúdio, acabam por eternizarem-se. Reparem que todo e qualquer filme da Pixar é tomado como um evento tal qual um filme de Martin Scorsese. A comparação se justifica por que tanto um como outro reservam grande potencial comercial, mas são – no frigir dos ovos – filmes de arte. Pode-se argumentar que Scorsese seja mais prolixo vez ou outra, ou que falte a Pixar a diversidade da cinematografia de Scorsese, mas é inegável que ambos fazem parte de uma estrutura comercial que atingem o grande público (Scorsese frequentemente trabalha com o galã Leonardo DiCaprio e fez fama com os filmes de gangster), mas que agradam aos interessados em um cinema mais intimista, teórico e apaixonado. Forçando a comparação, Scorsese é um homem só. Seu legado é irretocável e, em grande parte, já foi majoritariamente construído. Já a Pixar, ainda tem muita história pela frente. A julgar pelo andar da carruagem, muitos cineastas nos próximos anos vão querer forçar uma comparação com o estúdio de Nemo, Woody, Buzz, Sulley, Relâmpago McQueen, Wall E e Carl Fredricksen.

Cena de Up-altas aventuras: o octogenário Carl Fredricksen foi o último grande personagem criado pelo estúdio

sábado, 19 de junho de 2010

ESPECIAL TOY STORY 3 - Tira - teima

Em que pé estava a animação:
Toy Story:
O conceito de animação digital ainda era uma ideia a ser desenvolvida até o lançamento de Toy Story em 1995. Desde então, o conceito foi aprimorado ano após ano, em grande parte pela própria Pixar.

Toy story 2: Se a animação digital ainda não era uma unanimidade, já era uma realidade para lá de sustentável em 1999. Os impressionantes avanços técnicos puderam ser comprovados, de fato, em Toy story 2. O terceiro filme da Pixar trazia notáveis avanços na renderização das imagens.


Prêmios:
Toy story
3 indicações ao Oscar (roteiro original, trilha sonora original para comédia e canção original)
Oscar especial pelo desenvolvimento das técnicas aplicadas aos longas de animação
8 Annie awards (premiação em que só concorrem longas de animação)
Melhor trilha sonora pela associação de críticos de Chicago
2 indicações ao Globo de ouro (melhor filme comédia/musical e melhor canção)

Toy story 2
Indicado ao Oscar de melhor canção
7 Annie awards
Critic´s choice awards de melhor longa de animação
Globo de ouro de melhor filme comédia/musical







Os diretores

Toy story: John Lasseter
O homem que ajudou a conferir uma identidade a Pixar foi o diretor do primeiro filme do estúdio. Lasseter mostrou-se tão criativo como diretor quanto como desenvolvedor de softwares.

Toy Story 2: John Lasseter & Ash Brannon
Depois do relativo fiasco de Vida de inseto, Lasseter foi escalado pela Disney para dirigir o segundo Toy story. Mas em um movimento para prestigiar o diretor de Vida de inseto e, ao mesmo tempo, para sinalizar que na Pixar o forte é a equipe, chamou Ash Brannon (o diretor de Vida de inseto) para co-dirigir Toy Story 2.

De olho no futuro...

Uma parceria para aguçar o senso cinéfilo
Depois de alguma especulação foi finalmente confirmado essa semana o nome de Leonardo DiCaprio como interprete de Edgar J. Hoover no filme que Clint Eastwood realizará sob produção de Brian Grazer. O roteiro assinado pelo vencedor do Oscar Dustin Lance Black (Milk – a voz da igualdade) já está pronto. O filme sobre o idealizador do FBI deve começar a fase de pré-produção ainda este ano, após a campanha de divulgação de Hereafter, último filme de Eastwood que será lançado comercialmente no final de 2010.

Fechando o elenco
Depois da confirmação de James Franco a frente do elenco do reboot de Planeta dos macacos, a Fox já se movimenta para completar o elenco principal do filme que se chamará Rise of the Apes. E os primeiros nomes sondados, segundo burburinhos na internet nesta semana, foram Don Cheadle e Freida Pinto. Ainda não há nenhuma confirmação, mas já dá para ter uma ideia de onde a Fox planeja ir com a nova produção.

O homem do baú vai ao cinema
Dono de uma das biografias mais brilhantes da vida pública brasileira, Silvio Santos vai virar filme. De acordo com o Jornal da Tarde está sendo preparada uma cinebiografia sobre o camelô que virou empresário e dono de TV. A produção, orçada em R$ 12 milhões, terá o ator Edson Celulari como protagonista. A história de Silvio merece um filme. Resta saber se dará um bom filme.

Edson Celulari está pronto para dizer "quem quer dinheiro?"
Parceria inusitada!
Depois de Máquina mortífera, juntar duplas heterogêneas de policiais em comédias de ação tem sido uma constante. Temos exemplares como Divisão de homicídios (que juntava Harrison Ford e Josh Harnet) e o recente Tiras em apuros (que une Bruce Willis e Tracy Morgan), que ainda está inédito no Brasil. O mais novo filme desse subgênero é Os outros caras que une Mark Wahlberg e Will Ferrel como uma desastrada dupla de policiais. O bom elenco conta, ainda, com Samuel L. Jackson (que tem uma vasta lista de policiais no currículo), Dwayne “The Rock” Johnson, Eva Mendes, Michael Keaton e Anne Heche. Claquete traz o trailer para você.


sexta-feira, 18 de junho de 2010

Cantinho do DVD

Hoje estréia nos cinemas brasileiros uma adaptação de uma HQ cult. Kick ass é baseado nos quadrinhos criados por Mark Millar. E se eu ou você resolvessemos ser super heróis? A partir dessa premissa, o texto ultra pop de Millar destila referências e faz uma das mais eloquentes demonstrações sobre força de espírito. Aproveitando a estréia de Kick ass -quebrando tudo, convém trazer avante a crítica da última adaptação de uma HQ cult a invadir os cinemas. Baseado na Graphic Novel de Alan Moore, Watchmen foi aguardado com extrema expectativa por fãs, crítica e cinéfilos de todo o planeta. A recepção foi dividida e a bilheteria, uma decepção.
Na seção Cantinho do DVD desta semana, a crítica de Watchmen para você.




Salada mal temperada!
Zack Snyder não é Christopher Nolan. Ok! Todo mundo sabe disso. Mas a despeito da tentativa do marketing de aproximar Watchmen (EUA 2009) de Batman – o cavaleiro das trevas, a comparação se faz ingrata para a produção de Snyder. Baseado calculadamente na cultuada graphic novel de Alan Moore, que para variar execrou e desautorizou essa adaptação, Watchmen é o inferno das boas intenções.
Snyder falha redondamente em tentar reproduzir o clima anárquico emulado por Moore em sua obra. O aspecto político também nunca ultrapassa uma incômoda superficialidade. É bem verdade que Snyder tinha um trabalho ingrato pela frente. O volumoso e intrincado trabalho de Moore era tido como inadaptável. Só que Snyder, com o filme pronto, acabou por ratificar essa percepção.
Não é preciso dizer que o visual do filme impressiona. Não era de se esperar algo diferente do diretor que concebeu o visualmente arrojado 300. Mas duas horas e meia de uma paleta de cores sofisticada e movimento de câmeras elaborado não fazem de Watchmen algo digno do material de origem. O pior é que mesmo para quem não conhece a obra original, o filme é cansativo.
Na trama, Nixon se elege para um terceiro mandato e os superheróis são reais. A guerra fria se aproxima de um desfecho trágico e os EUA vencem no Vietnã com a ajuda do insuperável Dr. Manhattan. Os heróis são postos de lado quando uma lei é sancionada proibindo a atividade mascarada. No entanto, quando o comediante, super-herói aposentado que colaborava com o governo Nixon, é assassinado, seus ex-colegas passam a sentirem-se ameaçados.
É, sem dúvidas, uma trama riquíssima e que possibilita metáforas mil. Moore fez uma obra atemporal e de imenso potencial reflexivo. Infelizmente, o filme de Snyder peca ao se perder no contexto político, ao apresentar poucas e insatisfatórias cenas de ação e personagens pouco carismáticos. Jeffrey Dean Morgan e Jackie Earle Haley se esforçam e conseguem alcançar bons resultados com seus papéis, mas no geral o resultado é decepcionante.
Como o material é muito bom, o final resgata um pouco do interesse do espectador, mas até que este chegue, Watchmen já terá se tornado uma imposição, não mais um prazer. Essa mudança de percepção da platéia para com o filme ajuda a entender a péssima recepção do filme junto a público e crítica.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Cenas de cinema

Para tirar a cereja do bolo dos detratores
Uma noite de cinema no teatro. O palco dos grandes atores e o prêmio destinado a eles (o Tony) foi entregue no último domingo nos EUA. Scarlet Johansson conseguiu o que muito ator/atriz tarimbado ainda persegue, um Tony de melhor atriz. É verdade que foi como atriz dramática convidada por A view from the bridge, mas é um Tony em sua estréia nos palcos. Um senhor começo. Um prêmio para calar a boca de uns e outros que teimam em rotular a atriz de Encontros e desencontros e Ponto final como uma loira sem conteúdo. Ela pode entrar para o seletíssimo rol dos atores que possuem os prêmios máximos do teatro e do cinema.


Scarlet segura seu Tony: consagração!


Outros premiados
E quem já está neste rol é Denzel Washington. O ator vencedor do Oscar duas vezes triunfou na noite de domingo como melhor ator dramático pela peça Fences. Catherine Zeta Jones também adentrou essa galeria de imortais ao faturar o Tony de melhor atriz em musical por A little night music. Viola Davis, também por Fences, foi eleita a melhor atriz dramática enquanto Douglas Houdge prevaleceu entre os atores de musical por uma nova montagem de A gaiola das loucas. A peça Red foi a grande vencedora da noite, ganhando inclusive o Tony de melhor peça. Memphis foi escolhido o melhor musical.


Denzel, que voltou aos palcos nesta última temporada, confirmou o seu favoritismo

Anfitriões: Daniel Radclife e Kate Holmes comandaram a festa

Passeio de turista
O ator americano John Travolta desembarcou nesta semana no Rio de Janeiro para o lançamento de um relógio do qual é garoto (?) propaganda. O lançamento ocorreu nesta quarta-feira (16) em um restaurante da zona sul carioca. O ator está hospedado em Ipanema e antes de seu compromisso oficial aproveitou para visitar o corcovado e o pão de açúcar. Na coletiva de imprensa, Travolta se disse apaixonado pelo Brasil. Disse que é sua quinta vez no país, que adora a arquitetura de Brasília e a sensualidade das mulheres brasileiras. O ator estava acompanhado da mulher, a também atriz Kelly Preston.

É, mas não é!
A última declaração sem pé nem cabeça no mundo das celebridades veio da loira Cameron Diaz. A pantera disse em entrevista à Plaboy americana que se sente atraída por mulheres, mas que isso não faz dela uma lésbica. Para Cameron, “ sexualidade e amor podem ser coisas diferentes”. Então tá!


O herói de ume geração subiu ao altar
Aconteceu esta semana, meio que na surdina, o casamento do ator Harrison Ford com a atriz Calista Flockhart. Segundo informe da coluna Page six do jornal New York Post, os pombinhos trocaram alianças na mansão do governador democrata Bill Richardson no Novo México, onde Ford filma seu novo longa, Cowboys & Aliens de Jon Favreau. Ford e Calista eram noivos desde fevereiro do ano passado e já namoravam há nove anos.

Indiana Jones não aposentou o chicote, mas arranjou uma razão para fazê-lo em breve...

Crítica - Esquadrão classe A

Entretenimento a moda antiga!

Esquadrão Classe A (The A-Team, EUA 2010) é sintoma, ao mesmo tempo, de três movimentos concomitantes no cinema de Hollywood. O primeiro deles, e por isso mesmo o de maior envergadura, é a opção por apostar em fórmulas consagradas que já agreguem uma base de fãs. A segunda, que deriva imediatamente da primeira, é adaptar produtos de outras mídias e plataformas. Sejam eles provenientes de video-games, HQs, brinquedos, filmes e séries de TV (como é o caso de Esquadrão Classe A). Essas duas “manias” de Hollywood já não são nenhuma novidade para quem acompanha minimamente os lançamentos de cinema nesta última década. Contudo, o mais novo dado desta equação são os remakes e ou adaptações de grandes sucessos dos anos 80. A nostalgia por uma das mais expressivas décadas da cultura pop voltou com tudo nos últimos três anos e Esquadrão Classe A, das produções com gosto dos anos 80 (Transformers, Comandos em Ação, A hora do pesadelo,etc, etc) talvez seja a que melhor dialogue com aquela época e com o público que passou a gostar de cinema naquela época. Essa é a melhor virtude do filme dirigido por Joe Carnahan.

Liam Neeson e Bradley Cooper em cena do filme: entretenimento com a cara dos anos 80 e linguagem atual

No filme, a unidade de elite comandada pelo coronel Hannibal Smith (Liam Neeson) é traída pelo Estado americano e se vê na contingência de limpar o nome e a honra de seus integrantes. A ação é sempre muito bem coreografada e o espírito da série é preservado, inclusive o jeitão dos personagens e a vinheta do programa.
Se há algo de novo é o advento de gadgets que antes pareciam muito forçadas e que hoje encontram respaldo, ao menos, nas produções de ficção científica. Há, também, algum deboche da cultura pop e a atual zombaria com a CIA (tão presente em filmes que vão desde a trilogia Bourne a Queime depois de ler, dos irmãos Coen).
No limiar, Esquadrão classe A é um legitimo filme de verão. Não desmerece o programa original e propiciará alguma nostalgia aos saudosos dos anos 80, para a nova geração, será um bom dinheiro gasto em pipoca.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

ESPECIAL TOY STORY 3 - TOP 10

A seleção da Pixar

Para aproveitar o clima de Copa do mundo e também o lançamento de Toy Story 3, a seção TOP 10 organizou a seleção da Pixar. Diferentemente dos gramados, essa seleção não tem onze (senão não seria TOP 10). Claquete selecionou por ordem de qualidade os 10 filmes que compõe a história da Pixar no cinema.

10 – Vida de inseto (1998)
O filme teve a “sorte” de ser lançado no mesmo ano de Formiguinhaz, filme muito parecido da rival Dreamworks (embora a rivalidade ainda não fosse algo nítido e admitido na época) que era muito mais enxuto e hypado. Além do mais, trazia Woody Allen como uma formiga neurótica. Com o 11º filme da Pixar chegando, Vida de inseto deve sair desse ranking.

9 – Monstros S.A (2001)
Partindo da bem sacada ideia de pegar os monstros daquelas historinhas para por medo em criança e fazer um filme fofo sobre eles, a Pixar realizou essa engraçada e espirituosa fábula em que bicho papão e seus colegas precisam encarar que estão ficando obsoletos. As crianças já não se assustam tão facilmente. O filme perdeu o primeiro Oscar de longa de animação para Shrek da rival, agora já declarada, Dreamworks.

8 – Toy Story 2 (1999)
Foi a primeira continuação da Pixar (a segunda será justamente o novo Toy Story) e ficou clara a imposição da Disney. O primeiro filme foi um sucesso retumbante e ajudou a redefinir o conceito de animação no cinema, mas Vida de inseto (como aventado nesta lista) perdeu na comparação para Formiguinhaz, a Disney (assim como qualquer gigante de Hollywood) gosta de atuar com margem de segurança e intimou Buzz e Woody novamente aos cinemas. Embora o filme seja ótimo (não há um filme da Pixar que não o seja) saiu perdendo na comparação com o original.

7 – Ratatouille (2007)
Uma ideia até certo ponto subversiva. Um rato chef de cozinha no paraíso gastronômico de Paris. Ratatouille não deixa de ser uma versão parisiense do sonho americano. O filme é muito bem amarrado e os personagens são carismáticos. A fita ganhou o Oscar de animação, mas isso ocorreu mais em virtude do cacife da Pixar e do ano fraco para animações do que pela qualidade da fita propriamente dita.

6 – Carros (2006)
Brincar com o fanatismo dos americanos por velocidade e carros de última geração e misturar ingredientes típicos de filmes Disney em uma embalagem digital de primeira linha. Como se não bastasse o elenco de vozes caprichado trouxe um dos últimos momentos do grande Paul Newman, um apaixonado por carros.

5 – UP – altas aventuras (2009)
Uma verdadeira revolução. A Pixar realizou uma história com um protagonista octogenário, uma casa voadora e uma aventura na selva. Cenas maravilhosas, moral contagiante e alguns momentos destinados a se tornarem clássicos. UP foi a primeira produção em 3D da Pixar, mas nem precisava disso para ganhar o quinto Oscar de melhor animação do estúdio.

4 – Toy Story (1995)
O filme que deu o pontapé inicial da Pixar no cinema. O filme que conferiu uma identidade ao estúdio que hoje integra a casa do Mickey Mouse. O maior mérito de Toy Story foi afastar de vez aquela incomoda pecha de que animação é coisa de criança.

3 – Procurando Nemo (2003)
Um road movie no fundo do mar. Um pai em busca de seu filho. Um adolescente descobrindo o mundo. O valor da amizade e uma charmosa peixinha desmemoriada. Procurando Nemo foi um divisor de águas na Pixar. Até bem pouco tempo ostentava o título de maior bilheteria entre os filmes de animação. O filme de 2003 foi o primeiro do estúdio a vencer o Oscar de animação e é, em última análise, a produção que melhor se comunica com um público multifacetado.

2 – Os incríveis (2004)
Talvez nunca haja paródia mais bem sucedida do que esta. Em Os incríveis a Pixar visita o mundo dos super heróis (as referências vão desde Watchmen até o Quarteto fantástico) e entrega um filme ágil, dinâmico, divertido, cheio de ação, emocionante e, antes de qualquer coisa, inteligente. Ganhou o Oscar de animação, poderia muito bem ter ganho o de melhor filme.

1 – Wall E (2008)
Não é todo filme que pode sair por aí sendo chamado de clássico moderno. A Pixar, com 10 filmes no portfólio, já tem um clássico para chamar de seu. Wall E é uma parábola encantadora sobre o homem e o meio. Feito no novo século com todos os recursos disponíveis, mas com alma do século passado. Um filme feito para a posteridade.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Crítica - Plano B


Um bom plano b
Jennifer Lopez está de volta aos cinemas em comédia romântica que honra o gênero



Apesar de afastada das telas de cinema a quase 4 anos, o retorno de Jennifer Lopez não rendeu o que se imaginava. O público americano torceu o nariz para Plano B (The back up plan, EUA 2010), nova comédia romântica estrelada pela diva do cinema e da música. Após quase dois meses em cartaz, o filme alcançou os U$ 35 milhões que custou para ser feito. Ou seja, é prejuízo homérico para o novo estúdio CBS films que com seu segundo longa metragem para cinema, o primeiro foi Decisões extremas estrelado por Harrison Ford, ganha sua segunda bomba financeira.
Contudo, o filme que estreou neste final de semana do dia dos namorados no mercado brasileiro não é ruim. Plano B, é bem verdade, abusa da boa vontade do espectador. Não bastasse as idiossincrasias características do gênero comédia romântica, a audiência tem que acatar a ideia de que Jennifer Lopez não só não consegue ser feliz em nenhum relacionamento, como não consegue um doador de esperma conhecido para gerar um filho artificialmente. A aventura de Zoe, papel de Jennifer, começa justamente na clínica de inseminação artificial. É na saída da clínica que nossa heroína (que mesmo sendo proprietária de uma pet shop, veste-se como uma diva da moda) encontra o amor de sua vida. O bonitão Alex O´Loughlin imita trejeitos de Gerard Butler (uma figura já veterana em comédias do tipo), mas tem brilho próprio e alcança boa química com Jennifer. Aliás, a atriz aparece bem confortável em cena. Algumas delas do tipo que não estávamos acostumados a ver J. LO em ação, como arrotando ou se lambuzando de ensopado. Essa comédia física mais afeita a filmes de Jim Carrey acaba se revelando um valoroso trunfo cômico que ajuda a fita a sair do lugar comum. O diretor Alan Poul segue a cartilha das comédias românticas direitinho e todos os momentos chave estão lá. As briguinhas, o momento “descobri que fui feito (a) para você ”, a particularidade do casal que sempre gerará consternação (no caso aqui é quem roubou o táxi de quem na chuvosa tarde em que se conheceram) e o felizes para sempre mais esperto possível. Plano B não inventa a pólvora, mas é um filme feito sob medida para quem gosta do gênero. E de Jennifer Lopez.

domingo, 13 de junho de 2010

Insight

Cinema comercial X cinema artístico e a questão da percepção

Na semana passada, a seção Insight focou o cinema de arte, suas adjacências e resiliências. Aprofundando a questão aventada no último domingo, é oportuno discutir a questão da percepção. Afinal, é ela a responsável direta na hora de eleger um filme como artístico ou comercial. Não é preciso ir muito longe para enxergar discrepâncias dentro da própria crítica cinematográfica. Há quem goste de Godard, apenas pelo seu significado cultural (mas na verdade não suporta seus filmes), há quem veja em Godard um rompimento estético saudável, mas pouco substancioso em termos estruturais e há quem pense que Godard é uma fraude. Todos classificam o octagenário cineasta francês como integrante da ala artística do cinema. Essa dicotomia ajuda a mapear o quão subjetiva, embora itinerante, é a crítica cinematográfica. Daí a dificuldade de rotular cineastas como o americano Steven Sodebergh (que alterna trabalhos autorais com projetos mais comerciais). Steven Spielberg é tido como o Midas do cinema blockbuster americano, mas seria injusto dizer que o homem que criou Parque dos dinossauros, E.T, Contatos imediatos do terceiro grau, A lista de Schindler, Munique e Minority report – a nova lei, não seja ele, um legítimo integrante do cinema artístico. Akira Kurosawa, maior cineasta nipônico de todos os tempos (cultuado como um dos pilares do cinema de arte por muitos formadores de opinião) inspirou seu cinema nos westerns americanos de Howard Hawks e John Ford. Almodóvar, sinônimo de cinema de arte nos quatro cantos da terra é sucesso de bilheteria na Espanha, seu país natal.

Godard: Diferentemente de seu parceiro, e posteriormente desafeto, François Trauffaut ele privilegiou um contante rompimento estético. A maioria da crítica admirou mais Trauffaut, mas não ignora Godard

O espanhol Pedro Almodóvar é mais amado pelo público do que pela crítica em seu país. No estrangeiro ocorre o inverso


No Brasil, Fernando Meirelles é um bom exemplo dessa bifurcação. Cidade de Deus, grande sucesso do cinema nacional e um dos catalisadores do bom momento que o nosso cinema vive, é, em última análise, um filme de arte. Tanto que arrebatou Cannes e toda a classe artística internacional que vira e mexe arranja uma brecha para exaltar o filme de Meirelles. Cidade de Deus é comercial? Também. Linguagem, ambientação e estrutura narrativa facilitam essa percepção. Ao confluir arte e indústria, Meirelles obteve sucesso em uma seara difícil. É lógico que um filme comercial não nega a arte, mas tão pouco a reafirma. Meirelles pensou primeiro no que tinha que dizer e depois na forma de fazê-lo. Essa é ainda a melhor maneira de se “pensar” cinema. E ao se contemplar um filme, é possível intuir qual foi a atitude do cineasta.


Fernando Meirelles exige controle criativo sobre seus filmes. Ele se incumbe de pensá-los primeiro


É lógico que há filmes que obedecem apenas a lógica mercantilista dos estúdios e mega produtores. Era assim na era de ouro de Hollywood e ainda é assim na era da internet. Existe uma horinzontalização da produção cinematográfica. Adaptações de HQs, remakes, reboots, continuações. Hollywood gosta de operar dentro de uma margem de segurança. Mas até mesmo nesse nicho tão bem resolvido existe espaço para divagações artísticas. O que dizer de filmes como Batman – o cavaleiro das trevas, Os bons companheiros de Scorsese, ou até mesmo O poderoso chefão de Coppola (uma superprodução dos anos 70)?
São filmes - a primazia - comerciais, mas com fortes componentes ligados ao cinema de arte.
Como pode se ver, a percepção no que toca a definição de artístico e comercial é traiçoeira. Roman Polanski é outro exemplo interessante. Campeão de bilheteria na França nos anos 60 e 70 e não tão valorizado por lá até bem pouco tempo atrás, Polanski sempre foi tido como expoente do cinema de arte em outros lugares do mundo (como no Brasil). A tal da percepção passou a ficar mais homogênea (ou influenciável) com o advento da internet e da indefectível globalização. A teoria do autor (teoria de cinema popularizada com o surgimento da Nouvelle Vague nos anos 60) ainda é parâmetro para se medir o cinema de arte. Mas já há concessões. A tolerância ao cinema de arte é hoje muito maior do que no passado. Prova disso foi a vitória do filme Uncle Boonmee Who can recall his past lives no festival de Cannes deste ano. O diretor Apichatpong Weerasethakul admitiu que gosta de filmar sem roteiro. Que se pudesse escrever o que gostaria de filmar, não faria um filme, faria outra coisa. Isso diz muito sobre a percepção de arte no cinema hoje. Os engajados nesse tipo de cinema que não necessariamente é arte, embora seja tomado como tal, se orientam pela lógica brilhantemente capturada pelo pensador Millôr Fernades: “Se se ganha dinheiro, o cinema é uma indústria. Se se perde, é uma arte!” No fim das contas, essa deturpação sociológica é dominante.


Cena de O escritor fantasma, último filme de Roman Polanski: Um diretor de forte identidade autoral que até bem pouco tempo atrás não era valorizado em seu país