O publico que é frequentador ocasional de cinema talvez
custe um pouco a notar, mas quem não consegue viver sem a aura e o magnetismo
do cinema já sofria por antecipação, desde quando a novidade foi anunciada em
meados de fevereiro. O Brasil se referencia em países como Alemanha, Colômbia,
México e Argentina e desde a última quinta-feira (13) não mais programa as
estreias de cinema para as sextas-feiras e sim para as quintas.
A mudança paradigmática foi debatida e acordada entre
distribuidores e exibidores.
"O País já teve a quinta como dia de lançamento de
filmes até cerca de 25 anos atrás. Isso foi modificado pela necessidade de se
estrear um filme depois do lançamento nos EUA, mas atualmente não há mais esse
impedimento", disse à reportagem do jornal O Estado de São Paulo o
presidente da Federação Nacional das Empresas Exibidoras Cinematográficas.
"Era assim porque nos EUA a estreia é na sexta. E isso estava imposto. Mas
estamos meio saidinhos e demos um grito de autonomia", observou na
mesma reportagem o diretor da Distribuidora Downtown Filmes, Bruno Wainer.
Para dar mais corpo à justificativa, as distribuidoras
alegam que era uma demanda do público o lançamento de filmes as quintas e
apontam as concorridas pré-estreias como indicativo deste quadro. As
pré-estreias em questão são de filmes badalados como Jogos Vorazes e Crepúsculo
e que fazem fãs madrugar, qualquer que seja o dia.
Cena de Refém da paixão, um dos filmes que marcam a nova era nos cinemas brasileiros |
Apesar de serem taxativos, distribuidoras e exibidores não
têm nenhum plano de medição para aferir se a sensibilidade às supostas demandas
do público se verifica com o novo dia de estreias de cinema no país.
O que pode ser que esteja por trás dessa mudança
inegavelmente repentina é a necessidade de potencializar os ganhos de bilheteria
no primeiro fim de semana. O primeiro fim de semana, e essa é outra tendência
imposta pelo mercado americano, é crucial para o desempenho financeiro de um
filme. A expectativa, mais cercada de breu do que admitem distribuidores e exibidores brasileiros, é de que com mais um dia no fim de
semana, as bilheterias possam melhorar. Eles apostam no boca a boca do
trabalho, mas parecem ignorar que as redes sociais subjugaram essa dinâmica com
força atroz.
Sem investir na melhoria dos serviços, na abertura de mais salas em cidades com demanda reprimida ou em uma política que
flexibilize com maior propriedade o preço dos ingressos, muito dificilmente a
medida de aumentar o tempo útil do fim de semana de estreia produzirá efeitos
significativos.
De significativo mesmo, apenas a destituição de mais uma
tradição cinéfila. Da sexta-feira, o real crepúsculo de uma semana de trabalho
ou estudo, iluminar as estreias do cinema.
Pra mim, a mudança na data de estreia dos filmes no Brasil é somente uma mudança de data. Os distribuidores deveriam se preocupar, isso sim, é com a melhor distribuição dos filmes nas salas de cinema, com a qualidade das salas de cinema, com a qualidade no atendimento prestado. Cada vez mais está difícil ir ao cinema. Para atrair o público, os distribuidores precisam pensar de forma ampla e não olharem apenas pro seu próprio umbigo.
ResponderExcluirConcordo com Kamila, o que fará o público voltar aos cinemas é uma melhoria da experiência e não uma data. Para os cinéfilos essas melhorias vão além do público comum, significando também uma educação maior nas salas, que estão cada vez mais parecendo uma feira livre.
ResponderExcluirQuanto ao que você aponta, também concordo. Não há uma justificativa plausível, nem mesmo uma pesquisa à fundo. Vi em uma página uma enquete e a maioria dizia que a mudança não fazia diferente, pois eles nunca viam filmes na semana de estreia. rs. Mas, vamos ver como tudo se comporta.
bjs
Kamila: Ou seja, eles mudaram justamente a única coisa que não precisava ser mudada. O que o artigo coloca em evidência.
ResponderExcluirBjs
Amanda: Pois é, tem um relato do jornalista e crítico de cinema Luis Zanin, que cheguei até a tuitar, de um casal que entrou nas vias de fato con outro casal em Campinas pelo uso de celular na sala de cinema. Civilização pra que te quero, né?
Bjs