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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Oscar Watch 2014 - A peleja dos atores


Da esquerda para a direita: Matthew McConaughey (Clube de Compras Dallas); Leonardo DiCaprio (O lobo de Wall street); Bruce Dern (Nebraska); Chiwetel Ejiofor (12 anos de escravidão) e Christian Bale (Trapaça)

Al right, al right, al right...

É o lema do ano. É daquelas “catchy phrases” e Matthew McConaughey soube grafá-la muito bem logo no início da temporada de premiações. O fato de remeter ao início da sua carreira deixa tudo mais apoteótico para o ator texano que concorre pela incrível performance em Clube de Compras Dallas, mas traz na bagagem umas dez atuações louváveis que redefiniram sua carreira no cinema.

Prós:
- Redefiniu sua carreira e Holywood adora reinvenções
- Colin Firth, outro saído das comédias românticas para os filmes de prestígio, foi premiado a pouco tempo
- Interpreta um personagem que vivencia grande transformação emocional. Isso costuma computar votos no Oscar
- Precisou passar por grande transformação física para viver o personagem, outro fator que conta votos a favor
- As excelentes performances dos últimos três anos negligenciadas pela Academia pesam a seu favor
- Está fantástico na série da HBO True detective e também em outro filme concorrente, O lobo de Wall Street, é muito McConaughey para se resistir
- Ganhou todos os prêmios significativos da temporada
- O lobby por sua vitória é dos maiores dos últimos anos na categoria

Contras:
- O buzz em torno de DiCaprio, único ator que não competiu diretamente contra McConaughey na temporada, cresceu muito nas últimas semanas
- O inevitável desgaste de quem assume o favoritismo muito cedo na corrida
- Entre astros em busca de redenção, DiCaprio busca há mais tempo
- Colin Firth não ganhou em sua primeira indicação, porque facilitar para McConaughey?
-A força da categoria em que todos os candidatos estão mais ou menos no mesmo nível

Primeira indicação

Essa metamorfose ambulante

Christian Bale olha para Matthew McConaughey e diz: eu já fiz isso (perder peso em demasia para um papel) há uma década. Christian Bale recebe sua segunda indicação ao Oscar por mais um trabalho de inserção em um personagem totalmente diferente em sua carreira. Congregando vulnerabilidade com garra e malandragem, o vigarista que interpreta em Trapaça é o ponto alto de uma carreira cheia de grandes destaques que vai se refinando mais e mais.

Prós:
- Está no elenco mais prestigiado do ano e isso pode contar pontos a seu favor
- É uma atuação que transita pela comédia e pelo drama, exigindo fruição que só encontra par na performance de DiCaprio

Contras:
- Não ganhou nenhum prêmio significativo na temporada
- A pecha de que a indicação já é reconhecimento suficiente
- Venceu o Oscar há três anos
- É bem claro que não defende a melhor atuação do ano

Segunda indicação
Indicação anterior
Ator coadjuvante por O vencedor em 2011
Vitória anterior
Ator coadjuvante por O vencedor (2011)

Um lobo maduro

Leonardo DiCaprio fará 40 anos em novembro deste ano. A maturidade como intérprete, no entanto, já havia se manifestado. Ator de muitos recursos e escolhas profissionais ainda mais interessantes, DiCaprio chega novamente ao Oscar defendendo a melhor e mais complexa atuação de sua carreira. Como o fraudador Jordan Belfort, esse poderoso lobo do cinema dá seu uivo mais potente.

Prós:
- Há um consenso na Academia de que é preciso premiar DiCaprio e esta é uma bela oportunidade de fazê-lo
- É uma atuação complexa e cheia de nuanças, uma das melhores dos últimos anos
-Geralmente avesso a campanha, DiCaprio – também produtor do filme – se engajou na promoção do filme e de sua candidatura nesta temporada
-Pode-se beneficiar da política de “prêmios pelo conjunto da obra”
- Ainda não disputou prêmio com McConaughey nas premiações principais e a rixa do Oscar com ele é mais antiga

Contras:
- Ainda é muito novo para um Oscar competitivo com jeitão de “conjunto da obra”
- A forte campanha de difamação a qual o filme foi vítima pode minar suas chances
- Sem McConaughey no Bafta, perdeu para Chiwetel Ejiofor
- O fato de seu personagem ser o único desprezível disposto na categoria

Quarta indicação
Indicações anteriores
Ator coadjuvante por Gilbert Grape – aprendiz de sonhador em 1994
Ator por O aviador em 2005
Ator por Diamante de sangue em 2006

Atuando para dentro

Bruce Dern traz para a contenda do Oscar o trabalho mais introspectivo e minimalista da competição. Suave, seu desempenho em Nebraska corta como lâmina espartana de tão denso que é nas miudezas. Mas é preciso prestar atenção. Sua performance não tem “momentos providos pelo roteiro” ou auxílio de trilha sonora e closes. É tudo ele. É um trabalho de escavação de um grande ator esquecido no baú empoeirado de Hollywood e que aos 77 anos vive a fase mais laureada de sua carreira.

Prós:
- Ganhou a Palma de Ouro em Cannes e isso foi presságio de prêmios para figuras como Javier Bardem e Christoph Waltz
- É da antiga Hollywood e compõem uma dinastia de atores no cinema americano. Isso costuma ter alguma representatividade
- Ganhou alguns prêmios da crítica
- Seria a zebra ideal

Contras:
- É o menos badalado dos indicados e esse perfil de candidatura não costuma triunfar
- A pecha de que a indicação já é reconhecimento suficiente
- Não tem trabalhado muito e, portanto, muita gente simplesmente não o conhece. O que pode pesar contra suas chances de amealhar votos indecisos
- É uma atuação minimalista em uma categoria que não costuma premiar esse tipo de composição

Segunda indicação
Indicação anterior
Ator coadjuvante por Amargo regresso em 1979

O inglês tranquilo

O nome é difícil e carrega a origem nigeriana de Ejiofor. Você já o viu em muitos filmes, talvez não tenha se impressionado com ele, mas sempre o aprova. Assim é Chiwetel Ejiofor, que foi pessoalmente selecionado por Steve McQueen para atuar em 12 anos de escravidão, o grande highlight de uma carreira sólida, mas de poucos protagonismos. De Simplesmente amor a Cinturão vermelho, passando por fitas de Woody Allen e Spike Lee, a versatilidade do inglês que surge como o coringa dessa corrida pelo Oscar de melhor ator é seu principal cartão de visitas.

Prós:
- É a alma do filme e isso costuma sensibilizar muitos votantes
-Ganhou o Bafta no momento em que os votos para o Oscar iniciaram
- É negro e a categoria foi a que apresentou maior incidência de vencedores negros entre as categorias de atuação nos últimos dez anos
- É uma performance expansiva e cheia de momentos, do tipo que o Oscar gosta de comungar

Contras:
- A performance de McConaughey também é  expansiva e cheia de momentos
- A pecha de que a indicação já é reconhecimento suficiente
- O filme que defende parece em descenso na temporada e isso pode minar suas chances

Primeira indicação


2 comentários:

  1. Um pena que não pude ver Nebraska ainda, mas a categoria está com um nível alto mesmo. Eu tendo a Chiwetel Ejiofor, mas ficaria feliz com McConaughey e DiCaprio também.

    bjs

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  2. Amanda: Ganhe quem ganhar, não ficarei chateado. É a categoria mais acima de qualquer suspeita do ano. Mas mu voto, não é segredo, seria para o DiCaprio.
    Bjs

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