Da esquerda para a direita: Matthew McConaughey (Clube de Compras Dallas); Leonardo DiCaprio (O lobo de Wall street); Bruce Dern (Nebraska); Chiwetel Ejiofor (12 anos de escravidão) e Christian Bale (Trapaça)
Al right, al right, al right...
É o lema do ano. É daquelas “catchy phrases” e Matthew
McConaughey soube grafá-la muito bem logo no início da temporada de premiações.
O fato de remeter ao início da sua carreira deixa tudo mais apoteótico para o
ator texano que concorre pela incrível performance em Clube de Compras Dallas,
mas traz na bagagem umas dez atuações louváveis que redefiniram sua carreira no
cinema.
Prós:
- Redefiniu sua carreira e Holywood adora reinvenções
- Colin Firth, outro saído das comédias românticas para os
filmes de prestígio, foi premiado a pouco tempo
- Interpreta um personagem que vivencia grande transformação
emocional. Isso costuma computar votos no Oscar
- Precisou passar por grande transformação física para viver
o personagem, outro fator que conta votos a favor
- As excelentes performances dos últimos três anos
negligenciadas pela Academia pesam a seu favor
- Está fantástico na série da HBO True detective e também em
outro filme concorrente, O lobo de Wall Street, é muito McConaughey para se
resistir
- Ganhou todos os prêmios significativos da temporada
- O lobby por sua vitória é dos maiores dos últimos anos na
categoria
Contras:
- O buzz em torno de DiCaprio, único ator que não competiu
diretamente contra McConaughey na temporada, cresceu muito nas últimas semanas
- O inevitável desgaste de quem assume o favoritismo muito
cedo na corrida
- Entre astros em busca de redenção, DiCaprio busca há mais
tempo
- Colin Firth não ganhou em sua primeira indicação, porque
facilitar para McConaughey?
-A força da categoria em que todos os candidatos estão mais
ou menos no mesmo nível
Primeira indicação
Essa metamorfose ambulante
Christian Bale olha para Matthew McConaughey e diz: eu já
fiz isso (perder peso em demasia para um papel) há uma década. Christian Bale recebe sua segunda indicação ao Oscar
por mais um trabalho de inserção em um personagem totalmente diferente em sua
carreira. Congregando vulnerabilidade com garra e malandragem, o vigarista que
interpreta em Trapaça é o ponto alto de uma carreira cheia de grandes destaques
que vai se refinando mais e mais.
Prós:
- Está no elenco mais prestigiado do ano e isso pode contar
pontos a seu favor
- É uma atuação que transita pela comédia e pelo drama,
exigindo fruição que só encontra par na performance de DiCaprio
Contras:
- Não ganhou nenhum prêmio significativo na temporada
- A pecha de que a indicação já é reconhecimento suficiente
- Venceu o Oscar há três anos
- É bem claro que não defende a melhor atuação do ano
Segunda indicação
Indicação anterior
Ator coadjuvante por O vencedor em 2011
Vitória anterior
Ator coadjuvante por O vencedor (2011)
Um lobo maduro
Leonardo DiCaprio fará 40 anos em novembro deste ano. A
maturidade como intérprete, no entanto, já havia se manifestado. Ator de muitos
recursos e escolhas profissionais ainda mais interessantes, DiCaprio chega
novamente ao Oscar defendendo a melhor e mais complexa atuação de sua carreira.
Como o fraudador Jordan Belfort, esse poderoso lobo do cinema dá seu uivo mais
potente.
Prós:
- Há um consenso na Academia de que é preciso premiar
DiCaprio e esta é uma bela oportunidade de fazê-lo
- É uma atuação complexa e cheia de nuanças, uma das
melhores dos últimos anos
-Geralmente avesso a campanha, DiCaprio – também produtor do
filme – se engajou na promoção do filme e de sua candidatura nesta temporada
-Pode-se beneficiar da política de “prêmios pelo conjunto da
obra”
- Ainda não disputou prêmio com McConaughey nas premiações
principais e a rixa do Oscar com ele é mais antiga
Contras:
- Ainda é muito novo para um Oscar competitivo com jeitão de
“conjunto da obra”
- A forte campanha de difamação a qual o filme foi vítima
pode minar suas chances
- Sem McConaughey no Bafta, perdeu para Chiwetel Ejiofor
- O fato de seu personagem ser o único desprezível disposto
na categoria
Quarta indicação
Indicações anteriores
Ator coadjuvante por Gilbert Grape – aprendiz de sonhador em
1994
Ator por O aviador em 2005
Ator por Diamante de sangue em 2006
Atuando para dentro
Bruce Dern traz para a contenda do Oscar o trabalho mais
introspectivo e minimalista da competição. Suave, seu desempenho em Nebraska
corta como lâmina espartana de tão denso que é nas miudezas. Mas é preciso
prestar atenção. Sua performance não tem “momentos providos pelo roteiro” ou
auxílio de trilha sonora e closes. É tudo ele. É um trabalho de escavação de um
grande ator esquecido no baú empoeirado de Hollywood e que aos 77 anos vive a
fase mais laureada de sua carreira.
Prós:
- Ganhou a Palma de Ouro em Cannes e isso foi presságio de
prêmios para figuras como Javier Bardem e Christoph Waltz
- É da antiga Hollywood e compõem uma dinastia de atores no
cinema americano. Isso costuma ter alguma representatividade
- Ganhou alguns prêmios da crítica
- Seria a zebra ideal
Contras:
- É o menos badalado dos indicados e esse perfil de
candidatura não costuma triunfar
- A pecha de que a indicação já é reconhecimento suficiente
- Não tem trabalhado muito e, portanto, muita gente
simplesmente não o conhece. O que pode pesar contra suas chances de amealhar
votos indecisos
- É uma atuação minimalista em uma categoria que não costuma
premiar esse tipo de composição
Segunda indicação
Indicação anterior
Ator coadjuvante por Amargo regresso em 1979
O inglês tranquilo
O nome é difícil e carrega a origem nigeriana de Ejiofor.
Você já o viu em muitos filmes, talvez não tenha se impressionado com ele, mas
sempre o aprova. Assim é Chiwetel Ejiofor, que foi pessoalmente selecionado por
Steve McQueen para atuar em 12 anos de escravidão, o grande highlight de uma
carreira sólida, mas de poucos protagonismos. De Simplesmente amor a Cinturão
vermelho, passando por fitas de Woody Allen e Spike Lee, a versatilidade do
inglês que surge como o coringa dessa corrida pelo Oscar de melhor ator é seu
principal cartão de visitas.
Prós:
- É a alma do filme e isso costuma sensibilizar muitos
votantes
-Ganhou o Bafta no momento em que os votos para o Oscar
iniciaram
- É negro e a categoria foi a que apresentou maior
incidência de vencedores negros entre as categorias de atuação nos últimos dez
anos
- É uma performance expansiva e cheia de momentos, do tipo
que o Oscar gosta de comungar
Contras:
- A performance de McConaughey também é expansiva e
cheia de momentos
- A pecha de que a indicação já é reconhecimento suficiente
- O filme que defende parece em descenso na temporada e isso
pode minar suas chances
Primeira indicação
Um pena que não pude ver Nebraska ainda, mas a categoria está com um nível alto mesmo. Eu tendo a Chiwetel Ejiofor, mas ficaria feliz com McConaughey e DiCaprio também.
ResponderExcluirbjs
Amanda: Ganhe quem ganhar, não ficarei chateado. É a categoria mais acima de qualquer suspeita do ano. Mas mu voto, não é segredo, seria para o DiCaprio.
ResponderExcluirBjs