Quando o filme de Alfonso Cuarón estreou, parecia que havia
sido lançado o melhor filme de todos os tempos. O que o tempo tem de impiedoso,
tem de justo também e pouco mais de dois meses depois de seu lançamento,
Gravidade é avaliado dentro de uma perspectiva mais adequada. Não é o favorito
absoluto na corrida pelo Oscar, mas é certeza entre os indicados a melhor filme
(como não poderia ser diferente em uma corrida com possibilidade de até dez filmes indicados).
Seu diretor, Alfonso Cuarón, é outro nome certo entre os diretores, mas a
vitória na categoria não é aventada por quase nenhum analista na indústria.
Com uma bilheteria superior a U$ 500 milhões, a maior das carreiras de
todos os envolvidos (incluindo George Clooney e Sandra Bullock), Gravidade é
inegavelmente um feito cinematográfico notável do ponto de vista do
estreitamento entre ferramentas tecnológicas e ambição narrativa. Mas isso vale
Oscar? O endosso do público ao maravilhamento proporcionado pelo cineasta mexicano
comoverá a Academia para além dos prêmios técnicos? Quais, afinal, são as
chances do filme na noite de 2 de março?
É histórica a resistência da Academia ao gênero de ficção
científica. Houve aqueles que conseguiram superar esse estigma, mas Gravidade
não tem a seu favor revolução narrativa ou insuspeito arrojo estético. Nesse
contexto, se assemelha mais a produções como Matrix (1999) e Parque dos
dinossauros (1993) do que 2001: uma odisseia no espaço (1968) e Blade runner- o
caçador de androides (1982). O mero avanço técnico não caracteriza, nos
padrões estabelecidos pela Academia, matéria digna de premiações mais nobres –
na vulga definição que damos – no Oscar. Portanto, ainda que haja clima
notoriamente favorável às indicações para Gravidade nas categorias de filme,
direção, atriz e montagem, é muito pouco provável que o filme prevaleça em
qualquer uma dessas categorias. Em montagem ainda há um pouco mais de chances,
mas elas se concentram mesmo nas divisões de som, edição de som, efeitos
especiais (a maior baba entre todas as babas) e fotografia – categoria em que
os votantes tem se deixado mesmerizar pelo alcance da fotografia digital,
grande força do filme de Cuarón.
O que não é exatamente má notícia. As últimas corridas pelo
Oscar têm sido bastante disputadas e tudo indica que essa tendência deva ser
potencializada em 2014. Gravidade, portanto, pode repetir As aventuras de Pi e
ganhar mais Oscars do que o vencedor de melhor filme. Não é um cenário provável
nessa altura da corrida, mas é mais admissível do que apostar na vitória de
Gravidade nas categorias de filme e direção.
Ótima análise, Reinaldo, realmente o impacto do filme foi grande por sua capacidade técnica de nos envolver e deixar ali no espaço junto com Sandra Bullock. Vamos acompanhar pra ver o que ele leva.
ResponderExcluirbjs
Obrigado Amanda. Vamos acompanhar!
ResponderExcluirBjs
Pôxa eu realmente gostaria que Gravidade tivesse um desempenho melhor no Oscar, achei a sequência da chuva de meteoros deslumbrante... Enfim, fico na torcida pra zebra ser a favor deles :P
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