Ele é um dos melhores atores da atualidade, mas não parece
muito entusiasmado com isso. Daniel Day Lewis é seu fã e a Warner Brothers o
quer como o vilão do principal filme do estúdio em anos, a sequência de O homem
de aço que oporá Batman e Superman. Joaquin Phoenix pode não desprezar
Hollywood, mas sente, ou demonstra sentir, uma profunda indiferença por suas
reminiscências. Apesar de já ter feito parte de superproduções, como Gladiador,
ele se dedica ao cinema independente e ao cinema autoral americano, o que o fez
trabalhar, desde que regressou de sua experiência transcendental em que simulou
ter abandonado a carreira e enlouquecido (para manter curta uma história longa)
para rodar um documentário sobre a prevaricação e nocividade da fama, com
cineastas como James Gray (antigo parceiro), Paul Thomas Anderson e Spike
Jonze. Em 2013 concorreu ao Oscar, mesmo sem fazer campanha para isso e
demonstrar total desinteresse pela cerimônia, pelo arrebatador trabalho em O
mestre, de Anderson. Neste ano, Phoenix está novamente no páreo, novamente como
um underdog, por Ela, o agridoce filme de Spike Jonze sobre nossa crescente
dependência da tecnologia, mas também sobre nossa necessidade de conexão, sobre
solidão e outras peculiaridades que nos fazem humanos.
Ao lado de Reese Whiterspoon em raro editorial de moda à época que divulgavam Johnny & June, filme pelo qual ambos concorreram ao Oscar |
“Ele sempre me dizia não”, disse Paul Thomas Anderson que já
recrutou Phoenix para seu novo filme, atualmente sendo rodado, Inherent Vice. O
ator não esconde sua rabugice de quem quer que seja. Seja um jornalista, seja
um interlocutor qualquer. Phoenix não acha que deve exercer fascínio ou
suscitar qualquer interesse que seja e considera desajustado quem quer que
identifique nele um bad boy hollywoodiano. Ele jura que não faz tipo, mas se
ajusta ao folclore da cidade dos anjos e à fogueira de vaidades que nela
queima.
Phoenix não é um bad boy convencional, mas sua postura
desdenhosa em entrevistas tampouco sugere que se trata de alguém apenas avesso
ao mundinho de Hollywood. Para citar uma referência já aventada nesta
reportagem, Daniel Day Lewis é um gentleman quando promovendo um filme e depois
desaparece. Ninguém vê e ninguém sabe de Daniel Day Lewis a não ser que ele
esteja divulgando um filme. É bem verdade que com Phoenix acontece mais ou
menos a mesma coisa, mas a falta de paciência do ator para com os tramites
inerentes de seu ofício o notabilizam como alguém que faz questão de ser
antipático. O lado genioso do ator costuma aparecer, inclusive, com colegas de
profissão.
Mesmo com todos esses contras, Phoenix é irresistível. Ator
mediúnico, expressivo, poderoso e que empresta de sua personalidade esse
aspecto indomável para compor personagens fascinantes em trabalhos de atuação
sempre primorosos. A possibilidade de voltar ao Oscar, de maneira consecutiva,
é real. E por mais que maldiga o prêmio e todo o circo que o gravita, quem não
quer ganhar um Oscar? Ainda mais quando se faz cinema...
Phoenix ao lado de seu novo best friend artístico, o diretor Paul Thomas Anderson: ambos são reconhecidos por certa arrogância no trato diário e descobriram que nutrem, também, afinidade artística...
Nenhum comentário:
Postar um comentário